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domingo, 15 de setembro de 2013

17 de setembro

17 de setembro 

1801 Espanhóis atacam Forte de Coimbra


O forte de Coimbra

Sob o comando de D. Lázaro de Ribera, forças navais espanholas, baseadas em Assunção, no Paraguai, tentam tomar a fortificação brasileira de Forte Coimbra, então sob o comando de Ricardo Franco:

Neste último dia pela manhã, observadores postados no pico da Patrulha avistaram a frota espanhola que avançava a todo pano. Eram três sumacas ou goletas grandes e uma menor, armando as maiores três mastros e a menor dois.


Cada uma artilhada com duas peças por banda, de grosso e médio calibre nas maiores e de pequeno calibre na menor. Ao todo 16 peças.
Mais de 20 a 30 canoas paiaguás engrossavam a frota espanhola.
A tropa de desembarque era de 600 homens e uns 100 formavam a tripulação. Contavam ainda com cerca de 200 índios das canoas e mais uma tropa de reforço de 200 homens que seguiu por terra margeando o Paraguai, mas não conseguiu chegar até o teatro das operações em virtude de os campos estarem alagados. 


De que forças dispunha Coimbra para repelir os invasores? Apenas 49 praças e 60 paisanos, muitos deles sem condições de luta. A artilharia era pouca e de pequeno calibre: 3 canhõezinhos de 1 libra e 2 roqueiras de ½ libra. As munições e víveres eram escassos e não havia possibilidade de receber reforços e suprimentos em tempo hábil se o cerco se prolongasse. Só havia no forte duas ou três pequenas canoas.


Não resta dúvida de que, computadas as forças em confronto, não havia a mínima possibilidade de Coimbra resistir com êxito.


Quando, pelas 16 horas, as sumacas, ultrapassando o canal de Além da Ilha, iam navegando em direção ao forte, Ricardo Franco mandou hastear a bandeira e disparar um tiro de aviso com o canhão de maior calibre. Prosseguindo, o inimigo, foi disparado o segundo tiro. D. Lázaro fez içar então a bandeira e ordenou o bombardeio do forte, mantendo violento fogo até às ave-marias.


Vendo que a nossa artilharia não os alcançava, fundearam os espanhóis as sumacas na margem oposta ao forte.

Os combates durariam até o dia 24, quando "as embarcações espanholas começaram a descer o rio, ante o olhar atônito da guarnição, que mal podia acreditar no que via: a poderosa frota, com força suficiente para esmagar a diminuta resistência, batia em retirada".

FONTE: Carlos Francisco Moura, O forte de Coimbra, Edições UFMT, Cuiabá, 1975, página 46.



17 de setembro


1866 Guerra do Paraguai: força brasileira chega a Miranda


Retirada da Laguna, quadro de Ruy Martins Ferreira



Após vários meses no trajeto entre São Paulo e Coxim e daí para o sul da província, chega finalmente a Miranda, sob o comando do tenente-coronel Manoel Cabral de Menezes, a força expedicionária que deveria viver a dramática retirada da Laguna, da qual fazia parte o tenente Taunay, autor do seguinte relato:

Com uma légua de marcha encontrou-se uma capelinha coberta de telha, que fora respeitada pelos paraguaios e outrora servia de núcleo para a aldeia Grande, ocupada pelos terenas, comandados pelo capitão Pedro da Silva Tavares. Mais adiante achavam-se os vestígios de pequenos aldeamentos, que todos concorriam para o abastecimento da vila de Miranda.


A este ponto chegou-se a uma hora da tarde, acampando-se na praça principal depois de ocupadas pelas repartições anexas as ruínas das casas ainda de pé. A marcha foi de 3 ½ léguas.


A vila apresentava-nos o mais assinalado padrão de ocupação paraguaia. O bonito quartel em parte destruído, a matriz desrespeitada com as paredes derrubadas, as casas quase todas aniquiladas pelo incêndio que por muitos dias lavrou no povoado, contristavam as vistas e davam patente mostra da brutalidade dos nossos inimigos.


A posição de Miranda não tem significação alguma sob o ponto de vista militar: nenhuma condição preenche para que mereça a qualificação preconizada por vários, de chave do Baixo-Paraguai. Considerado quanto à razão sanitária, o local é o pior possível, por isso que é foco de febres intermitentes perigosas. Debaixo pois da influência climatérica a que tem sido sujeita a expedição desde o rio Negro, a epidemia ali adquirida e que já tantas vítimas tem feito na fileira dos oficiais, recrudesce presentemente com grande intensidade, falecendo dela no primeiro mês de estada quatro oficiais e começando a atacar com violência a soldadesca que se conservara até o presente mais ou menos preservada.



FONTE Taunay, Em Mato Grosso Invadido, Companhia Melhoramentos de S. Paulo, sd, página 84.



17 de setembro

1933 – Realizadas novas eleições em Mato Grosso

Generoso Ponce Filho, constituinte eleito em 1933


Anuladas as eleições de 1º de maio pelo Superior Tribunal de Justiça Eleitoral, realizam-se outras para a escolha dos representante de Mato Grosso na Assembleia Nacional Constituinte. São eleitos em primeiro turno: Generoso Ponce Filho, João Vilasboas, Alfredo Correa Pacheco. Em 2º turno: Francisco Vilanova; suplentes do Partido Liberal Mato-grossense: - José dos Passos Rangel Torres, Partido Constitucionalista: - dr. Gastão de Oliveira e o capitão Antonio Leôncio Pereira Ferraz. 

FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 171.

FOTO: Jornal Correio da Manhã, (Rio), 1933.


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

7 de Setembro


7 de setembro

1833 - Criada a Sociedade Zelosos da Independência

É criada em Cuiabá, a Sociedade Zelosos da Independência, associação que reunia brasileiros natos em defesa da independência, contra a volta de D. Pedro I, que abdicara do trono e de reação ao predomínio dos portugueses nas atividades econômicas da província. Os zelosos foram responsabilizados pela noite de terror de 30 de maio de 1834, conhecida com A Rusga. 

Silva Manso, fundador da entidade, sintetiza a sua finalidade em discurso 
na Câmara dos Deputados, na ordem do dia, da sessão de 11 de julho de 1835:

"O sr. Manso depois de ter feito uma larga narração sobre o estado político da província de Mato Grosso e da conduta dos diferentes presidentes que foram para ali nomeados, tratou da sociedade que se formou em Cuiabá, com a denominação de Sociedade dos Zelosos da Independência, cuja sociedade fora instalada em sete de setembro e cujos estatutos foram públicos; e disse que a sociedade tinha por fim reunir cidadãos brasileiros para, por meio da sua instrução, sustentarem a independência do Brasil e resistirem à tirania; que nessa época houve toda a razão para suspeitar-se que haviam restauradores, porque a mensagem do Governo assim o disse e as folhas públicas apareceram recheadas de protestos e outros documentos a semelhante respeito; que enfim o que a província de Mato Grosso precisava era de instrução, e concluiu dizendo que ele, deputado desejava que a Câmara apoiasse certas providências que pedia para aquela província e remetia à mesa".

FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 13 de julho de 1835.


1910 - Inaugurada a ferrovia entre Porto Esperança e Miranda



É inaugurado o primeiro trecho da Noroeste do Brasil, na frente iniciada em Porto Esperança. A solenidade aconteceu em Miranda, de acordo com relato do enviado especial jornal O Brazil, integrante da comitiva de convidados de Corumbá:

"Duas horas depois de posto em marcha, o comboio fez a sua primeira parada em Atibaia no quilômetro 62, onde foi servido adorante café, daí seguimos detendo-nos no quilômetro 100 onde fizemos confortável refeição, d'onde seguimos até o quilômetro 136 denominado Saloba, onde existe uma ponte com 120 metros de comprimento a 30 a 40 metros de altura sobreo talweg do rio Miranda.

Do Saloba o comboio foi arrastado por uma locomotiva menor e transposta a monumental ponte chegamos à vila de Miranda às 2 horas da tarde.

Aí éramos esperados pela patriótica comissão de festejos que reunida a todos os habitantes formavam uma compacta massa de povo, que ao aproximar-se do comboio inaugural manifestou indescritível contentamento.

Por essa ocasião estrugiram nos ares inúmeras girandolas acompanhadas de ensurdecedora salva, achando-se as ruas da vila feericamente engalanadas.

Por uma especial distinção que muito nos penhora o ilustre e correto cavalheiro dr. Kesselring, convidou o nosso representante para tomar lugar junto a ele, no limpa trilhos da locomotiva, onde instalados transpuseram o triunfal arco colocado sobre a via permanente e lateral à vila de Miranda. 

Terminados os conceituosos e bem elaborados discursos de recepção e tomadas algumas vistas fotográficas, formou-se luzido préstito que era puxado pela banda musical do 3° Batalhão de Artilharia, indo à frente as gentis, elegantes e belas mirandenses que com as suas graciosas fisionomias davam a nota alegre, seguindo-se após as diversas autoridades e demais convidados os quais dirigiram-se para a casa do sr. Rebuá, onde fidalgamente recebidos, descansaram.

As 5 1/2 horas da tarde afluiram à residência do sr. Rebuá todos os convidados os quais ladearam duas compridas msas com 70 talheres cada uma, sendo ela repetidas.

À noite realizou-se animado baile onde as distinções feitas aos convidados não diminuíram".

FONTE: jornal O Brazil (Corumbá) em 18 de setembro de 1910.

FOTO: primeira estação de Miranda, do Album Graphico de Matto-Grosso, 1914.



7 de setembro


1919 - Rosário Congro deixa a prefeitura de Campo Grande



Após um ano de governo, na condição excepcional de interventor municipal, nomeado pelo governador Dom Aquino Correia, deixa o cargo, transmitindo-o ao seu sucessor, eleito por voto direto, o deputado Rosário Congro. O registro é da imprensa cuiabana:

Campo Grande, 8 - Ontem 2 horas da tarde realizou-se na câmara municipal a cerimônia de posse dos novos intendente, vice-intendentes, vereadores e juízes de paz, cerimônia assistida por cerca de 300 pessoas. O coronel Rosário Congro leu a exposição de sua gestão causando magnífica impressão. Depois deu posse ao vereador mais votado que convidou os demais vereadores, intendente, vice-intendentes a prestarem o compromisso legal. Abrilhantou a cerimônia a banda de música da polícia tocando partituras nos intervalos da cerimônia. Compareceram crianças escolares cantando hinos patrióticos. Cerca de 8 horas da noite teve lugar na praça municipal animado baile municipal oferecido aos novos gestores pelas principais pessoas da cidade, prolongando-se até 3 horas da manhã. Houve além disso várias festas civis e militares comemorativas da data nacional.¹

Assumem a intendência geral o engenheiro agrônomo Arnaldo de Figueiredo e a câmara municipal, os vereadores Trajano Balduino de Souza (presidente), Manoel Máximo da Fonseca, Augusto Ilgenfritz, Hermínio Pereira Mendes, Cecílio Mascarenhas, Aureliano Pereira da Rosa e Antonio Benjamim Correa a Costa.²

FONTE: ¹O Matto-Grosso, (Cuiabá), 11 de setembro de 1919. ²Anais da Câmara Municipal de Campo Grande.



7 de setembro

1919 - Gripe espanhola mata 580 pessoas no Estado


Em relatório aos deputados estaduais, o governador Dom Aquino Correa, dá conta da passagem da epidemia de gripe que assolou o estado nos últimos meses do ano anterior. Os números oficiais, apontaram 580 mortes. Em sua mensagem aos parlamentares, Dom Aquino dá as seguintes informações:

Em fins de novembro e princípios de dezembro, após a chegada da lancha Cáceres e do paquete Coxipó, observou a Inspetoria de Higiene os primeiros casos de influenza em alguns tripulantes e passageiros procedentes de Corumbá.

Estes casos foram benignos e não apresentaram a disseminação característica da influenza pandêmica. Vários dias depois dessa notificação, foi que a gripe se manifestou sob a sua forma epidêmica, atacando principalmente os bairros pobres. Funcionou desde então o posto de socorros instalado na residência presidencial, onde, sob a direção verdadeiramente apostólica do Rvdo. padre Manoel Gomes de Oliveira foram distribuídos medicamentos e gêneros alimentícios a grande número de pobres. Posteriormente, passaram a funcionar mais dois outros postos, um no seminário arquepiscopal e outro no Liceu Salesiano, por caridosa iniciativa de S.Exa. Revm. o sr. arcebispo metropolitano e sob a zelosa direção dos reverendos padres franciscanos e salesianos.

Estas providências muito concorreram para que a gripe não encontrasse terreno propício às suas devastações, manifestando-se, geralmente, com caráter benigno e pequena disseminação.

De fato, nesta capital, onde foram atacadas para mais de 3.000 pessoas, registram-se apenas 11 óbitos de gripados no mês de dezembro e 18 no mês de janeiro, sendo que, neste último mês, foi 15 o número de óbitos por causa ignorada. Na segunda quinzena de janeiro a epidemia entrou em franco declínio e na última semana desse mês, não tendo ocorrido nenhum caso novo, foi pela Inspetoria, declarada extinta a epidemia.

Os municípios do Estado foram, quase todos, invadidos pela pandemia, tendo o governo prestado à maioria deles, auxílio pecuniário para assistência médica e medicamentos.

O Estado despendeu com esses serviços extraordinários a importância de 116.908$728 réis.

Pelos dados estatísticos fornecidos pelos intendentes municipais, verifica-se que o número aproximado de atacados e de mortos pela terrível epidemia foi o seguinte:



                                                               ATACADOS   FALECIDOS

Corumbá................................................. 4.500           160
Campo Grande......................................... 2.000             36
Porto Murtinho.........................................    272             32
Miranda...................................................   400              28
Rosário Oeste........................................... 2.000             27
Diamantino..............................................    437             22
Três Lagoas.............................................    500             20
Registro do Araguaia.................................    850               1
Cáceres...................................................  3.000              -
Nioac......................................................        -                -
Bela Vista................................................ poucos              -
Aquidauana..............................................    900             26
Santo Antonio do Rio Abaixo.......................  2.000            35
Livramento...............................................  1.000            19
Mato Grosso.............................................     702           105
Ponta Porã................................................     -                  5
Santana do Paranaíba.................................     -                20
Coxim......................................................  3.000             75
Poconé.....................................................     500               6
Santo Antonio do Rio Madeira......................  2.000             30


FONTE: Mensagem do governador de Mato Grosso ao deputados estaduais, em
7 de setembro de 1919, página 50.



7 de setembro

1922 - Campo Grande comemora centenário da independência





Apaixonado pela natureza, o prefeito Arlindo de Andrade Gomes, de Campo Grande, faz uma homenagem ecológica ao centenário da proclamação da independência. Conta-o Ulisses Serra:

"No dia 7 de setembro de 1922, com o Brasil todo a comemorar o primeiro século da nossa Independência, plantou dois jequitibás adolescentes na atual praça Ari Coelho. Ele próprio os fora buscar na mata nativa. Trouxe um, atravessado no serigote da sua montada; Manuel Leite, seu secretário, o outro. Entrou na cidade alegre, festivo, gesticulante e triunfal. Como não tivesse bronze e mármore para um monumento escultórico, levantaria um monumento verde, com a mais gigantesca árvore das nossas selvas, a que se liberta das árvores circundantes para receber, nas alturas, os beijos fecundantes e loiros do sol".

Os jequitibás do dr. Arlindo sobrevivem até os dias atuais, graças aos cuidados dos botânicos do município.


FONTE: Ulisses Serra, Camalotes e Guavirais, Editora Clássico-Científica, São Paulo, 1971, página 77.


FOTO: Passeio público (atual praça Ari Coelho), acervo do ARCA.



7 de setembro

1932Rebeldes desfilam em Campo Grande



Transformada em capital de Mato Grosso, sob o regime da chamada revolução constitucionalista de São Paulo, a cidade de Campo Grande assiste desfile do dia da Pátria com a participação dos chamados batalhões patrióticos, compostos por civis combatentes voluntários, entre os quais, este da Vacaria, comandando por Kiki Barbosa:

Combinado a marcha para Campo Grande afim de receber armamento para poder brigar, seguiram no dia certo setenta veículos conduzindo mais de quinhentos homens. Foi pernoitar no Lageado, retiro à beira do riacho do mesmo nome, a fim de receber ali incorporações, o que se deu, engrossando em cerca de oitocentos homens, força considerável em se tratando da pequena população do planalto de Maracaju. 


A disciplina imposta pelo comando era digna de ser imitada pelos grandes condutores de homens, Kiki revelou-se de carreira errada, devia ser militar para ser bem aproveitado.


Trinta vacas gordas ‘herefor’ foram abatidas, um eito de mandiocal foi arrancado e o laranjal dos ingleses ficaram como se tivessem sido assaltados por uma nuvem de tucuras. Lembro-me com saudade da bela costela que comi assada, a seguir cuiadas de chimarrão, que me puseram de boca doce até a sede da nova região militar, onde o coronel Horta Barbosa me aguardava com armamento para apenas 400 homens.


Com chapéus de todos os feitios e variados trajes, desde as simples calças, às bombachas enfeitadas, desfilaram a 7 de setembro de 1932 pela avenida Afonso Pena os 800 homens do Kiki. Vieram buscar o armamento prometido e seguir para o campo de batalha a bem da democracia e da divisão territorial do Brasil, em Estados homogêneos, proporcionais.

FONTE: Emílio G. Barbosa, Panorama do Sul de Mato Grosso, Editora Correio do Estado, Campo Grande, 1961, página 178.


7 de setembro

1935Constituinte toma posse

Eleita a 14 de outubro de 1934, toma posse a Assembleia Constituinte de Mato Grosso, as 13 horas, com a presença dos deputados eleitos e diplomados: Francisco P. de Oliveira, José Silvino da Costa, Henrique José Vieira Neto, Gabriel Vandoni de Barros, Nicolau Frageli, Luiz de Miranda Horta, João Leite de Barros, Armindo Pinto de Figueiredo, Júlio Muller, Deusdedit de Carvalho, Filogônio de Paula Correa, Miguel Ângelo de Oliveira Pinto, Agrícola Paes de Barros, João Ponce de Arruda, Bertoldo Leite da Silva Freire, Rosário Congro, Caio Correa, Benejamim Duarte Monteiro, Corsino Bouret, Josino Viegas de Oliveira Pais, José Gentil da Silva, Estevão Alves Correa, Joaquim Cesário da Silva e João Evaristo Curvo. 

Esta assembleia que escolheu o governador e dois senadores (João Vilasboas e Vespasiano Barbosa Martins) seria extinta em 1937 com o golpe do Estado Novo.

FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembleia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 171.


7 de setembro

1939 - Corumbá: o primeiro trem

É inaugurado o ramal ferroviário entre Corumbá e Ladário. Estacionado em Porto Esperança, desde a primeira década do século, o trilho da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, a cidade de Corumbá, destino nacional da ferrovia, viria a ter o trem de ferro graças a uma iniciativa da Comissão Mista Brasil-Bolívia, que decidiu estender, através de um ramal, da esplanada, onde seria construída a estação da cidade à vila de Ladário. Foi o principal ítem da programação local das solenidades de comemoração da independência do Brasil.

O registro é da imprensa cuiabna:

"Foi um dos acontecimentos mais significativos da vida desta cidade, a inauguração, ontem, entre as grandes festas comemorativas de nossa independência do primeiro trecho da grande ferrovia Brasil-Bolívia, constituído pelo ramal Corumbá-Ladário.

O trem inaugural, lotado pelas principais autoridades civis e militares e grande número de pessoas de representação social, partiu de Ladário às 12,30 entre grandes manifestações de entusiasmo popular.

A histórica viagem foi vencida galhardamente por uma pequena locomotiva de serviço e foi com a maior alegria e emoção que a população corumbaense saudou a entrada da primeira composição ferroviária a correr nesse trecho na esplanada da futura estação de Corumbá.

Toda Corumbá se comprimia no local em que se acha a estaca zero do ramal do Ladário e ao ver transformado em realidade um velho sonho dos corumbaenses, deu o povo expansões ao seu grande entusiasmo, vivando e clamando o Presidente da República, o interventor federal e os chefes da construção da Estrada Brasil - Bolívia.

Participaram do ato o prefeito Agostinho Mônaco, comandante Afonso Ribeiro de Camargo, tenente-coronel Orlando Verney Campelo, comandante do 17° BC, coronel Nicola Scaffa, general Eovollo do Exército boliviano, dr. João Leite de Barros, tenente-coronel Manoel Pereira da Silva, prefeito de Três Lagoas, dr. Amaro de Pais Barreto, juiz de Direito da comarca, dr. Vicente Bezerra Neto, promotor público e vários oficiais do Ecército e da Armada Nacional".

Era presidente da República, Getúlio Vargas e interventor em Mato Grosso, Júlio Müller.

FONTE: O Estado de Mato Grosso (Cuiabá), 12 de setembro de 1939.




segunda-feira, 7 de março de 2011

25 de agosto

25 de agosto

1866 - Invasores paraguaios dão boas notícias de Corumbá

Correspondência de Corumbá, publicada pelo jornal oficial do governo paraguaio em Assunçao, mostra aparente tranquilidade de Corumbá, sob o jugo inimigo desde 3 de janeiro de 1865:

"Tivemos este ano grande abundância de mantimentos, graças ao zelo e dedicação do incansável tenente-coronel Cabral. Este lugar que desde sua criação (cuja origem se remonta há muitos anos) nunca se havia prestado à agricultura, segundo dizem seus aborígenes, este ano produziu tudo o que foi semeado em seu solo. Os fatos falam bem alto a este respeito. Grande abundância de arroz, mandioca, outros mantimentos e boas ervas e verduras de diversas espécies, mostrando que a esterilidade deste terreno era somente pela inação de seus habitantes. Por outro lado, tem diminuído, extraordinariamente,  até nos arrabaldes desta vila, a imensa quantidade de mosquitos, que antes era um de seus maiores flagelos. São palpáveis os melhoramentos de Corumbá, durante a administração do tenente-coronel Cabral, razão pela qual não podemos deixar de deixar patente nossa gratidão a este digno servidor da Pátria, que tanto tem cooperado para a felicidade de Corumbá, por tantos e tão importantes serviços".

FONTE: El Semanario, 25 de agosto de 1866, Assunção (PY).




25 de agosto

1929 - Criada em Campo Grande a Aliança Liberal





Por iniciativa dos irmãos cuiabanos o engenheiro Ytrio e o médico Fernando Correa da Costa, filhos do ex-governador Pedro Celestino, é criado em Campo Grande o diretório da Aliança Liberal, partido de oposição que dá apoio à candidatura de Getúlio Vargas para presidente da República, que concorre com Júlio Prestes, cuja vitória na eleição de 3 de maio de 1930, desencadearia a Revolução de 30 e o início da chamada era Vargas. Foram eleitos para a direção, Ytrio Correa da Costa, José Passarelli, José Valeriano Maia, Fernando Correa da Costa, Alfredo C. Pacheco, Alcides Alves da Silva e Piolino de Aragão Soares.

Dos integrantes da executiva, Fernando Correa da Costa viria a ser prefeito de Campo Grande (1947), governador do Estado de Mato Grosso (1950/55 e 1960/65) e senador da República por dois mandatos. Seu irmão Ytrio foi prefeito nomeado de Campo Grande e deputado federal por vários mandatos.

FONTE: Jornal A Campanha, Campo Grande, 1º de setembro de 1929.




25 de agosto

1932 - Rebeldes se retiram de Quitéria

Henrique Martins, comandante rebelde
Na revolução constitucionalista, após se refazer da refrega do dia 12 de agosto, quando teve que recuar depois de renhida resistência dos rebeldes sul-matogrossenses, a força legalista volta a atacar, até a retirada dos revolucionários para o Sucuriu, o que se deu após três dias de combates:

Após a reunião conduzimos o contigente à margem do rio onde havia vau e acomodamos a tropa debaixo do arvoredo. À hora exata iniciamos a travessia do rio com água na cintura, operação que levou algum tempo porque os soldados despidos conduziam suas roupas e armamentos na cabeça. Às 5 horas, três pelotões já estavam em posição, escalonados numa frente de 300 metros, aproximados, os patriotas do batalhão Atanagildo França foram agrupados e intercalados nos espaços vazios da formação de nosso contingente. [Esse batalhão reunido não dava o efetivo de 50 homens].


Às 6 horas da manhã do dia 22, nossa artilharia iniciou o ataque com o bombardeio de tiros contínuos de granadas. O inimigo revidou à altura e a luta se travou bateria contra bateria, num duelo de granadas incendiárias que atearam fogo no campo ressequido, impedindo que as manobras previstas fossem realizadas, ante às imensas labaredas que atingiram proporções impressionantes, reduzindo a carvão e cinza toda a vegetação agreste da região, ofuscada pela fumaça. Diante do sinistro, nossa tropa que se estendia em linha sinuosa para o ataque, retroagiu ao ponto de partida, protegendo-se na orla do mato, à margem direita do rio. O 21° B.C. e o Btl. Carvalhinho também tiveram frustradas as suas missões. À tarde o campo em que se travaria o combate estava cinério, enfumaçado, a noite caiu nesse ambiente desolador.


Na manhã seguinte o inimigo nos molestou com inquietantes disparos de artilharia. Enquanto bombardeava as posições do 21° B.C. e do capitão Corroberto, também nos atacava com petardos de obuses que explodiam no ar, espargiam balins de chumbo nas árvores que nos cobriam. Por três dias ficamos estacionários, garantindo apenas as nossas posições e fechando por circunstância imperiosa uma brecha (abertura) ao longo da nossa defesa, pela deserção de alguns patriotas do batalhão Atanagildo.


O incêndio interrompeu todo o plano de luta. Mais de um quilômetro quadrado da região, partido da estrada de rodagem, ao longo da linha de crista do terreno até a orla do rio, transformou-se em mar de cinza, deixando em destaque os relevos do solo antes ocultos por capim e vegetações ressequidas.


"O dia 23 de agosto amanheceu chuvoso e calmo na linha de frente, mas na manhã de 24, sob um chuvisqueiro inoportuno, o inimigo nos molestou com disparos de obuses sem partir para o ataque. (...)


A 25 o QG planejou novo ataque para ser desencadeado à noite do dia 26, sem o auxílio de nossa artilharia, objetivando surpreender o inimigo. A manobra seria a mesma que foi frustrada pelo incêndio do dia 22, apenas com detalhes diferentes, empregados em operações noturnas. À noite de 25 o inimigo rompeu o silêncio, metralhando o nosso setor de vigilância, ataque que revidamos e o tiroteio cessou. O dia 26 amanheceu tranquilo sem que o inimigo desse sinal de vida, sintoma bastante estranho, contrário aos dos dias anteriores. Por volta das 14 horas, como a trégua continuasse, organizamos uma patrulha sob o comando do sargento Aderbal Antunes, com missão de investigar o que estava acontecendo. Palmilhando no leito do córrego do Pinto, trecho coberto de vegetação e camuflagem, os patrulheiros penetraram rastejantes no terreno adversário e após acurada observação, constataram que o inimigo se retirara.¹


A propósito deste combate, Emílio Barbosa, que participou da revolução constitucionalista como voluntário, depõe:


Em novo setor fui prestar serviço e lá na Quitéria o major [Dutra] pediu reforço para fazer a retirada. Seguiu o Ênio com 120 voluntários e todos queriam ir, gente brava. Vinte e quatro horas combatendo, deram tempo para o major retirar os seus homens e até um caminhão das nossas forças foi utilizado, tendo o Ênio que voltar a pé, brigando e conseguiu salvar toda a companhia, com um extraviado apenas um voluntário, que ergo preces para que não tenha a morte o acometido.


Feito o recuo de Quitéria e do Desbarrancado conduziu Henrique [Martins] (foto) os 400 homens para a margem direita do Sucuriu, no lugar chamado Porto do Galiano e se entrincheirou. Vigiando 40 k marginais do rio, localizados nos pontos fracos as metralhadoras, aguardou o inimigo que não se fez esperar.²

FONTE: ¹Lindolpho Emiliano dos Passos, Goiás de ontem, memórias militares e políticas, edição do autor, Goiânia, 1987, página 105. ²Emilio G. Barbosa, Panoramas do Sul de Mato Grosso, Editora Correio do Estado, Campo Grande, 1961, página 174. (foto de Henrique Martins, reproduzida do livro Memórias Janela da História de seu filho Wilson Barbosa Martins)






25 de agosto


1961Jânio Quadros renuncia





Frustrando toda a nação, que o elegera com consagradora votação, renuncia, denunciando pressão de forças ocultas, o presidente Jânio Quadros, que assumira o governo nove meses antes. Foi o filho de Campo Grande que ascendeu mais alto na política brasileira pelo voto direto.

Sua renúncia foi oficializada na seguinte carta ao Congresso Nacional:

"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.

Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.

Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.

Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.

Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.

Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."

Brasília, 25 de agosto de 1961.

Jânio Quadros"









24 de agosto

24 de agosto


1833 – Aprovados estatutos de sociedade nativista

Fundada em 12 de agosto, em Cuiabá, são sancionadas as bases da Sociedade dos Zelosos da Independência, cujas diretrizes políticas defendiam também idéias republicanas. A iniciativa dessa entidade foi de Pascoal Domingos de Miranda, seguido por Silva Manso, Braz Mendes, José Alves Ribeiro, Joaquim de Almeida Falcão e Miguel Dias de Oliveira, todos nativistas radicais. Para cambatê-la os portugueses, também conhecidos como adotivos, criaram a Sociedade Filantrópica.

A luta entre as duas organizações serviu como combustível para a Rusga, cujo desenlace foi o morticínio de 30 de maio de 1834, em Cuiabá e várias cidades da província, inclusive Miranda e Coimbra, no sul. 




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 110.




24 de agosto


1954Suicídio de Getúlio Vargas








Com um tiro no peito, matou-se no Rio, o presidente Getúlio Vargas, eleito em 1950. Pressionado a renunciar por militares e oposição civil, liderada por Carlos Lacerda, prefere a medida extrema contra a própria vida. A repercussão de sua morte no Estado de Mato Grosso é maior na região da grande Dourados, onde implantara o Colônia Agrícola Nacional de Dourados, então, tido como o maior projeto de reforma agrária do Brasil. Como presidente, na ditadura, extinguiu o monopólio da Mate Larangeira no Sul de Mato Grosso e criou o Território Federal de Ponta Porã, ainda abrangendo a região meridional do Estado, mais precisamente os municípios de Porto Murtinho, Bela Vista, Dourados, Miranda, Nioaque e Maracaju, com capital em Ponta Porã.

Junto ao corpo de Vargas foi encontrada a seguinte

Carta-testamento:
 
Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente. Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história“.




domingo, 6 de março de 2011

12 de agosto

12 de agosto

1833 - Fundada a Sociedade dos Zelosos da Independência

É fundada em Cuiabá a Sociedade dos Zelosos da Independência. Inspirada na congênere nacional Sociedade Defensora da Liberdade e da Independência Nacional, do Rio de Janeiro, tinha por finalidade, segundo seu estatuto, "procurar ligar pelos mais estreitos laços os verdadeiros Brasileiros, habitantes da Província de Mato Grosso, por meio de Instrução nos seus deveres e de mútua coadjuvação para assegurar a Independência do Brasil e fazer resistência legal à tirania, onde quer que esta se achar”.

Foram seus fundadores Antonio Patrício da Silva Manso, Dr. Pascoal Domingos de Miranda, Braz Pereira Mendes, José Alves Ribeiro, Joaquim de Almeida Falcão e Miguel Dias de Oliveira.

O ponto culminante de seu ativismo político foi a Rusga, em 30 de maio de 1834, em Cuiabá, quando sob sua direção, brasileiros natos confrontaram  empresários portugueses e estrangeiros, a quem pretendiam expulsar do Brasil.

FONTE: Rubens de Mendonça, Histórias das revoluções em Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1970, página 32.



12 de agosto

1835 -  Pena de morte para escravos



É sancionada pelo presidente da província de Mato Grosso, Antonio Pedro d'Alencastro, a lei n° 8, que pune com pena de morte, escravos que matarem, ferirem ou cometerem grave ofensa física ao seu senhor, administrador, feitor ou suas mulheres e filhos. Na íntegra o texto da nova lei:

Art.1 - Serão punidos com pena de morte os escravos de qualquer qualidade e sexo que matarem por qualquer maneira que seja, ferirem ou fizerem outra grave ofensa física a seu Sr., administrador, feitor ou suas mulheres e filhos. Se o ferimento ou ofensas forem leves a pena será de açoites e galés perpétuas, segundo as circunstâncias mais ou menos atenuantes.

Art. 2. - Nos delitos acima mencionados e no de insurreição serão os delinquentes julgados dentro do município do lugar onde cometeram o delito por uma junta composta de seis juízes de paz, presidida pelo juiz de Direito da comarca, servindo de escrivão aquele que for do mesmo juiz de Direito.

Art. 3. - Os juízes de paz terão jurisdição em todo o município para processarem tais delitos até a pronúncia.

Art. 4. - O juiz de Direito, reunida a junta dará princípio ao processo, mandando autuar todos os que tiver recebido sobre o mesmo delito, em um só e ajuntar a ele a nomeação dos vogais.

Art. 5. - Satisfeitos estes atos judiciais, se proferirá a sentença final, vencendo-se a decisão por quatro votos, e decidindo, no caso de empate, o juiz de Direito. A sentença, sendo condenatória, será executada no mesmo lugar do delito, sem recurso algum na forma determinada pelo art.38 e seguintes do Código Criminal, presidindo a execução o mesmo juiz de Direito, que deverá fazer assistir ao ato uma força armada e os escravos mais vizinhos em número correspondente à força.

Art.6. - Ficam revogadas todas as leis e mais disposições em contrário.

Esta lei foi revogada em 18 de abril de 1836, por José da Silva, vice-presidente em exercício.
 

FONTE: Coleção das leis provinciais de Mato Grosso, Cuiabá, 1835, edição 00001, página 41.



12 de agosto

1867 - Deputados aprovam moção aos heróis da retomada de Corumbá

Por iniciativa do deputado Silva Pereira e assinatura de 11 deputados, o plenário da Câmara, no Rio de Janeiro, "cheio de entusiasmo, pelo modo heroico porque se portaram as forças de Mato Grosso", no combate contra o inimigo na batalha pela retomada de Corumbá:

A Câmara dos Deputados aplaude com toda efusão de seu patriotismo, o ato glorioso da tomada da cidade de Corumbá, no dia 13 de junho do corrente ano, pela expedição sob o comando do tenente-coronel de comissão Antonio Maria Coelho, organizada e dirigida pelo presidente da província de Mato Grosso, dr. José Vieira de Couto Magalhães, e consigna, outrossim um voto de reconhecimento aos bravos das forças expedicionárias.

FONTE: Correio Mercantil (RJ), 13 de agosto de 1867.



12 de agosto 


1932 - Revoltosos vencem legalistas em Santa Quitéria







Na revolução constitucionalista, após ocupar Paranaíba, no dia 7 de agosto sem resistência, as forças do governo, sob o comando do capitão Odilio Dennys, batem-se com os revoltosos de Campo Grande às margens do rio Santa Quitéria. O relato é de Lindolfo Emiliano dos Passos, da polícia goiana, que, ao lado dos legalistas, participou do combate:

“O dia 12 de agosto amanhecia. Ao raiar do sol, ofuscado pela fumaça das queimadas, o inimigo rompeu o silêncio nos saudando com alguns disparos de sua artilharia, sendo os primeiros de festim para desencadear, após, insistente bombardeio com granadas.


Foi como prevíamos: preparavam o combate para a infantaria, o que, na verdade aconteceu, cessado o canhoeiro. Enquanto o comandante Carvalhinho atacava o inimigo no seu flanco esquerdo, nós o combatíamos pela frente e na suas posições defensivas, das quais não arredava um passo, impedindo-nos de progredir pelo maciço fogo de suas metralhadoras e obuses. O tempo passava e a luta continuava com o mesmo ardor . Na retaguarda inimiga o fogo parou com o fracasso da missão de Carvalhinho que caiu nas malhas do inimigo, resultando à debandada geral dos patriotas. Às 14 horas mais ou menos a situação continuava a mesma e o desgaste dos nossos soldados já se fazia sentir não só pelo cansaço, como pela sede e pela fome. A nossa munição escasseava e não tínhamos provimentos de material e pessoal para sustentar a luta contra o adversário que, no peito e na garra, não cedia um palmo de terreno de suas posições defensivas, tendo ainda por garantia a proteção do rio Quitéria. À certa altura da refrega o comandante do 3º pelotão não conseguiu conter o pânico de alguns elementos que, supondo-se cercados pelo inimigo, abandonaram suas posições. Foi o quanto bastou para que o pelotão inteiro se retirasse, seguido também pela 2ª parte do 1° pelotão. No auge da debandada o coronel Salomão de Faria embarcou no seu carro determinou ao motorista sargento Neves, que tocasse para Santana e o mesmo destino tomou o major Benedito Quirino. Diante da fuga desses chefes a balbúrdia recrudesceu, correndo os soldados em direção dos caminhões, com os motoristas manobrando os veículos para zarparem na maior confusão. "Tomando medida drástica, determinei ao tenente Varanda que bloqueasse a estrada com um caminhão e ordenei ao sargento Pedro Moreno que ficasse junto ao mencionado caminhão e metralhasse o veículo que tentasse fugir. Despachei um caminhão para a cabana Agda onde estava o tenente Almiro, com o pessoal do aprovisionamento e rancho, para os conduzirem ao rio Santana, onde deviam estacionar. Garantindo nossa retirada, as duas secções de metralhadoras pesadas e os fuzis metralhadores Z. B. fizeram a cobertura, mantendo um fogo contínuo contra o adversário enquanto os pelotões eram organizados e embarcados nos caminhões. Por fim recolhemos as metralhadoras e os elementos de suas guarnições e nos retiramos com absoluta ordem. Ao cair da noite todo o contingente estava bivacado à margem direita do caudaloso rio Santana, a 9 quilômetros da cidade. Nessa refrega apenas duas praças sofreram ferimentos contusos. O rancho da tropa foi servido à noite. A nossa retirada não constituiu derrota, mas uma necessidade premente diante da escassez de meios para continuarmos combatendo um adversário, cuja superioridade ficou claramente evidenciada. Não possuindo os nossos soldados equipamentos de campanha não podiam prosseguir numa luta encarniçada, passando por agudas privações, sobretudo sede e fome. Lutamos durante oito horas consecutivas, sem um minuto de trégua e neste espaço de tempo foi consumida quase toda a munição bélica que possuíamos no local, num total de 60 mil tiros. Sem reservas para a substituição da tropa, a única saída viável era sua retirada do terreno da luta, manobra já prevista pelo capitão Odílio dentro de um critério tático e, se não aconteceu do modo previsto, contudo, nos retiramos em absoluta ordem, embora se tornasse necessária tomar medidas para efetivação da manobra, que redundaria num caos se processada à revelia. Não tivemos outra alternativa".



FONTE: Lindolpho E. Passos, Goiás de ontem, memórias militares e políticas, edição do autor, Goiânia, 1987, página 96.


FOTO: Reprodução. Meramente ilustrativa.




12 de agosto


1941Vespasiano nomeado prefeito de Campo Grande

Reconciliado com a ditadura de Vargas, a qual combateu em 1932, quando aderiu à revolução constitucionalista, Vespasiano Barbosa Martins aceita nomeação para prefeito de Campo Grande, a convite do interventor Júlio Müller. Permaneceu no cargo até 12 de setembro de 1942, sendo substituído por Carlos Hugueney Filho.


FONTE: Demosthenes Martins, Campo Grande,aspectos jurídicos e políticos do município, Academia de Letras e História, Campo Grande, 1972, página 39.


sexta-feira, 4 de março de 2011

29 de julho

29 de julho


1866Paraguaios comunicam deportação de brasileiros de Corumbá


Charge do presidente paraguaio Francisco Solano Lopes, publicada durante a guerra



Ocupada ao final de 1864 por tropas paraguaias, no início da guerra da tríplice aliança, nessa data, o comando militar dos invasores, decide deportar para Assunção todos os homens da vila. O imigrante italiano Manoel Cavassa, sujeito desta história, ocorrida em Corumbá, faz o seu relato:

A 29 de julho de 1866, ao meio dia, chegou de Assunção um vapor paraguaio e as 2 horas da tarde o general mandou reunir no quartel-general todos os homens aqui existentes, sem distinção de nacionalidades, e disse-lhes que tinha recebido ordem do seu Supremo Governo para fazê-los seguir, os homens, todos sem exceção, para Assunção e que deviam todos estarem prontos para o dia da saída do vapor, sob pena de ser passado pelas armas aquele que então não estivesse pronto ou que opusesse obstáculo ao embarque.


Permaneciam todos calados; eu, porém, que não queria deixar aqui minha família, disse ao general que sem ela eu não embarcaria e seria o primeiro a ser passado pelas armas. Respondeu ele que minha família iria comigo se o vapor houvesse espaço. Retiramo-nos dali, cada qual o mais temeroso e preocupado pela sorte de sua família, pois que era manifesto empenho dos bárbaros, que ficassem aqui as famílias sós a mercê dos seus brutais caprichos. O meu vizinho Nicola Canale, que, além da sua família tinha a seu cargo a de seu cunhado, ausente, veio à minha casa chorando, desesperado ante a idéia de abandonar essas famílias às brutalidades daqueles homens. Repeti-lhe o que havia dito ao general: que sem minha família não embarcaria, lembrou-se então ele que tinha uma chata, na qual podiam ir nossas famílias, se eu conseguisse com o general que ela fosse a reboque do vapor. Concordei com ele e quando nos dirigíamos à residência do general, encontramo-nos com o commte., que, inteirado do que íamos fazer, disse-nos que não procurássemos naquela ocasião ao General, que estava ocupado, e que ele se encarregava de falar-lhe acerca da nossa pretensão. E de fato, no dia seguinte comunicou-me ele pessoalmente que o general, mesmo contra sua vontade, nos permitia levarmos nossas famílias na chata a reboque. Tratamos de preparar-nos, aprontamos a chata com a maior abundância de provisões de víveres, roupas, etc., levando para minhas despesas em Assunção, o dinheiro que então tinha em moeda papel brasileiro, na importância de cento e tantos contos.


A deportação ocorreu no dia 1° de agosto de 1866.



FONTE: Valmir Batista Correa e Lúcia Salsa Correa, Memorandum de Manuel Cavassa, Editora UFMS, Campo Grande, 1997, página 32.


29 de julho

1959 - Assassinado vereador que denunciou contrabandistas



É assassinado em Corumbá o vereador Edu Rocha (PSD). O principal suspeito como mandante do crime foi o chefe da alfândega da cidade, Carivaldo Salles, denunciado pelo edil como chefe de uma quadrilha de contrabandistas de automóveis. As denúncias veiculadas pela revista "O Cruzeiro", então o principal orgão da imprensa brasileira, ganharam repercussão nacional. O homicídio, segundo a revista carioca, ocorreu por volta das 21,30 h e foi descrito em detalhes:

Nessa noite havia sessão na Câmara de vereadores local. Edu Rocha era o líder da bancada pessedista e também o vereador mais votado do município. Já exercera as funções de presidente da câmara e era apontado como o mais forte candidato a prefeito da cidade. Nessa noite, Carivaldo Salles, que nunca antes comparecera à câmara, assistiu à sessão, desde o começo e quase até o fim. Estava extremamente nervoso. Fumava um cigarro após outro. Durante todo o tempo em que permaneceu no recinto pelas janelas da câmara podia-se ver, furtivamente, a cabeça de elementos notoriamente apontados como pertencentes à "gang" de contabandistas. Esses capangas olhavam para dentro do recinto, de soslaio, pelos cantos das janelas, um de cada vez, como se revezando na tarefa de dar cobertura ao "chefe" em caso de algum imprevisto. Quando Edu Rocha terminou seu discurso sobre assunto rotineiro da vida da cidade (nome a ser dado a uma praça pública), Carivaldo saiu e foi sentar-se em seu automóvel vermelho e capota cinza. Tal qual uma fera traiçoeira, ali fora esperar sua vítima. As declarações de numerosas testemunhas permitem compor fielmente o cenário do crime: o "jeep" de Edu Rocha estava estacionado diante da residência da sra. Laura Provenzano, ao lado da Câmara de Vereadores. A uns 5 metros adiante do "jeep", de frente para este e inclusive na contramão), estava parado, sob uma árvore, o carro de Carivaldo. No volante do automóvel, vigiava o capanga do inspetor, de nome César Aral, vulgo "Papito", pistoleiro de má fama e temido pela sua periculosidade. Viera do Paraguai, e em Corumbá prestava serviços a Carivaldo como guarda-costas e como motorista. No assento traseiro do veículo, meio oculto na penumbra, Carivaldo, que abandonara o recinto da Câmara antes do término da sessão, esperava a hora do drama. Quando os vereadores sairam, no final dos trabalhos, muitos deles permaneceram na calçada, conversando em grupos. Edu Rocha e seu colega Arquibaldo Andrade foram os últimos a deixar a porta da Câmara. Palestraram sozinhos durante alguns instantes, e, por fim, a convite de Edu, resolveram tomar um cafezinho. Edu passou por trás do seu "jeep" para alcançar o lado esquerdo do veículo. Quando abriu a porta para sentar-se ao volante, ouviu-se a rajada fatal, entrecortada por um gemido fraco. Arquibaldo Andrade, que se aprestava para entrar no "jeep" pela porta direita, mal teve tempo de voltar a cabeça e ainda assim sentiu grãos de pólvora bateram em seu rosto como chuvisco. Nesse momento, o porteiro da Câmara, Feliciano Rodrigues, que fechava a porta do edifício, caia ao chão, contorcendo-se em dores e pedindo socorro. Arquibaldo Andrade pode ver o carro vermelho de Carivaldo arrancar em debalada carreira, desaparecendo no fim da praça. Ao correr para pedir socorro, Arquibaldo viu, saindo de "um ponto qualquer do jardim", o lugar-tenente de Carivaldo, o valentão Artigas Vilalva, de quem tanto falamos em nossas reportagens sobre o contrabando. (...) 


Ao tombar ao solo, Edu Rocha já não tinha mais vida. Não era para menos. A rajada de metralhadora foi disparada quase à queima roupa, a mais ou menos dois metros de distância, de vez que o carro do assassino passou rente ao jipe do vereador. A metralhadora empregada foi do tipo "piripipi", muito usada na Bolívia e Paraguai. O laudo do exame cadavérico, assinado  pelos cirurgiões que autopsiaram o corpo de Edu, atesta a brutalidade do crime. O vereador foi atravessado por 5 balas que penetraram: a) na boca, destruindo os incisivos superiores;b) na região frontal esquerda; c) na região frontal direita;d) na região external (peito) no seu terço médio; e) na região paraexternal esquerda, para dentro da linha mediana.


Levado a juri em 24 de outubro de 1963, Carinaldo foi absolvido por 5 a 2.


FONTE: Revista O Cruzeiro (RJ), 27 de agosto de 1959.






29 de julho


1962 - Morre Manol Secco Thomé




Faleceu no Rio de Janeiro, aos 75 anos, de problema renal, o empresário português Manoel Secco Thomé, que chegou a Campo Grande em 1913, dedicando-se ao ramo da construção civil. Várias obras marcaram e ainda marcam sua longa passagem por Campo Grande e Sul de Mato Grosso. Em Campo Grande, os quartéis do bairro Amambaí; as vilas do oficiais do Exército na rua Barão do Rio Branco, avenida Duque de Caxias e praça Newton Cavalcanti; o Educandário Getúlio Vargas; o Hospital São Julião; a Santa Casa de Misericórdia; os Correios e Telégrafos, da avenida Calógeras com a Dom Aquino; a Associação dos Criadores, na rua 13 de Maio; o relógio da 14 com a Afonso Pena, demolido na década de 70; o canal do córrego Maracaju; e o obelisco da avenida Afonso Pena.
Em Miranda, sua firma construiu o colégio dos padres, a igreja matriz e a ponte sobre o rio para abastecimento da cidade; em Bela Vista, os quartéis do Exército; em Terenos, Ribas do Rio Pardo e Três Barras, unidades escolares no governo de Arnaldo Estevão de Figueiredo”. 



FONTE: Emilcy Thomé Gomes, Campo Grande 100 anos de construção, Enersul, Campo Grande, 1999, página 310.


29 de julho

1968 - Ditadura confina ex-presidente em Corumbá

                 
Janio Quadros no Hotel Santa Mônica, sua casa no exílio


O ministro da Justiça,  Gama e Silva, por ordem do presidente Costa e Silva, assina portaria impondo confinamento de 120 dias em Corumbá, ao ex-presidente Jãnio Quadros, acusado de práticas subversivas. Nos "considerandos" o documento apresenta como base da punição, o fato do ex-presidente vir se "manifestando sobre assunto de natureza política", qualificado como delito, nos termos da legislação em vigor. Revela que o ex-presidente, segundo investigação da Polícia Federal, "não só confirmou as entrevistas de natureza política, que concedeu à imprensa do país, assim como acrescentou que após ter sido seus direitos políticos suspensos, tem mantido constantes visitas e solicitações de natureza política, envolvendo ou interessando o declarante".

A decisão do governo acrescenta ainda como justificativa, que Janio Quadros "revela o indisfarçável propósito de promover movimentos da opinião, contrariando os princípios da Revolução de 31 de Março, podendo por em risco a propria ordem política e social, cuja preservação deve ser mantida pela autoridade pública, impondo-se, portanto, no interesse geral, a aplicação conveniente e adequada medida de segurança, sem prejuízo da ação penal correspondente à infração cometida".¹ 

FONTE: Diário de Notícias - RJ - 30 de julho de 1968.  

FOTO: Jornal do Brasil, 9Rio).








OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...