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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

7 de janeiro

7 de janeiro
1887 – Epidemia de cólera em Corumbá





Relatório do presidente da Câmara Municipal, Antônio Antunes Galvão, aos demais vereadores, aponta a principal causa da cólera que ataca a população da cidade e revela números da tragédia : “Há muito a nossa cidade precisa de saneamento que não se tem podido realizar. Pelo obituário comparado ao Rio de Janeiro, cidade taxada de pestilenta, vê-se que aqui morre sempre 8 a 10 vezes mais que naquela cidade”.

A propósito, a historiadora Lucia Salsa Correa, observa:

No período de 1867, ocasião da retomada de Corumbá, até o ano de 1920 a cidade padeceu com o surgimento de 34 epidêmicos, dos quais a Varíola foi a mais frequente, malgrado as campanhas e os esforços quase sempre infrutíferos das autoridades municipais.

A desastrosa epidemia de cólera em Corumbá (1886/1887), por exemplo, conforme detalhados relatórios do então presidente da Câmara Municipal, provocou uma profunda crise em todos os setores da cidade, desenvolvendo-se de forma avassaladora. Um cálculo aproximado revelou ter sido em número de mil as pessoas atingidas pelo Cólera em Corumbá, sendo que as autoridades locais não possuíam de fato meios adequados para enumerar e avaliar as perdas e danos causados nessas circunstâncias.

Quanto a origem da doença, além do contágio através do porto e da absoluta falta de saneamento básico na vila, "os aspectos mais dramáticos das epidemias parecem ter sido o abandono dos doentes pobres pelas ruas e até de cadáveres, a falta de medicamentos e de hospitais mesmo provisórios, além das fugas em massa da população para os campos, o que causava maior descontrole sobre as doenças e os óbitos".

Até a década de 18 do século XX, esse quadro de vulnerabilidade às endemias perdurou na cidade, vindo a rarear a partir de 1918, quando Corumbá e outros municípios do Estado, entre eles Campo Grande, foram alcançados pela temível gripe espanhola.

FONTE:  Lúcia Salsa Correa, Corumbá: um núcleo comercial na fronteira  de Mato Grosso 1870 - 1920, edição da autora, Corumbá, 1981, página 92.


7 de janeiro

1921 - Greve no porto de Corumbá isola Cuiabá

Paralisação dos trabalhadores no porto de Corumbá que já dura mais de um mês e uma super enchente no rio São Lourenço, que interrompeu as comunicações com a capital, isolaram Cuiabá. A crise tem repercussão em todo o Brasil, aqui resumida pelo Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro:

" Há cerca de um mês todo o pessoal da navegação declarou-se em parede, estando amarradas embarcações em Corumbá e suspensas assim as comunicações com Cuiabá.

O governo do Estado tem procurado conciliar os paredistas com os armadores, mas até agora sem resultado positivo.

É difícil a situação, pois isolando a capital, está criando embaraços de toda a ordem ao comércio e à população.

A extraordinária enchente do rio São Lourenço interrompeu as comunicações telegráficas com o sul do Estado, havendo aqui cerca de oitocentos despachos que não podem seguir o seu destino.

O general Rondon, que visitou a zona de interrupção, comunica que é impossível o restabelecimento das linhas antes da vazante, pois os fios estão em baixo.

A diretoria dos Telégrafos prestaria grande serviço determinando que S.Paulo encaminhe os telegramas para o Sul do Estado, inclusive Corumbá, por intermédio da Paulista e da Noroeste".¹ (Jornal Commercio 7/1/1921)

A greve, ainda segundo a imprensa carioca reinvindica aumento salarial e é pacífica.

A navegação começou a ser normalizada no dia 21 de janeiro: 

"Devido aos esforços do comandante da Circunscrição Militar, ficou restabelecido definitivamente o tráfego fluvial, tendo já algumas lanchas subido o rio em viagem para diferentes destinos".²

FONTE: ¹Jornal do Commercio (RJ) 07/01/1921, ²O Jornal (RJ), 22/01/1921.


7 de janeiro

1930 - Tomam posse prefeito e vereadores de Campo Grande





São empossados o último intendente geral Antero Paes de Barros e os vereadores de Campo Grande da chamada República velha, abolida pela revolução de Getúlio Vargas, no dia 10 de outubro. O ato é registrado pelo Jornal do Comércio:

"Conforme fora previamente anunciado, realizou-se ontem ao meio dia, no Paço Municipal, a solenidade de compromisso e posse dos vereadores e intendente que administrarão o município no triênio de 1930 a 1932.

Depois de empossados os vereadores, estes elegeram o seu presidente o dr. J.P. Teixeira Filho. Em seguida, a câmara deferiu o compromisso ao Intendente, cel. A. Antero Paes de Barros. Após o ato, o presidente da Câmara proferiu uma brilhante alocução com a qual frisou, que tanto ele, como seus companheiros de Conselho, se sentiam animados dos melhores sentimentos no sentido de promoverem por todos os meios possíveis, o engrandecimento e progresso do Município.

Usou depois da palavra o intendente Cel. Antero de Barros que, em eloquente discurso, explanou as suas ideias sobre o que já se tem feito em Campo Grande e quais as obras que em sua administração pretende levar a efeito para que o nosso município atinja o ponto culminante que lhe será reservado, esperando a sincera e leal colaboração do legislativo para conseguir o seu desideratum.

À cerimônia estiveram presentes as autoridades, pessoas gradas e grande massa popular".

Assumiram ainda os vereadores Martinho Barbosa Martins, Aureliano Pereira da Rosa, Arnaldo Estevão de Figueiredo, Sebastião Inácio de Sousa, Nestor Martins Costa, José Marcondes Olivetti, José Jaime Ferreira de Vasconcelos, Plotino de Aragão Soares e Victor Pace. 


FONTE: Jornal do Comercio (Campo Grande) 8 de janeiro de 1930.  

domingo, 1 de janeiro de 2017

2 de janeiro

2 de janeiro
1841 – Escravas recebem carta de liberdade em Paranaíba

São alforriadas por dona Anna Angélica de Freitas as negras “Joana Creoula, depois de servir mais cinco anos no cativeiro; Maria Banguela depois de servir vinte anos e Theresa Affricana depois de servir trinta e cinco anos, as quais gozarão de plena liberdade, logo que se concluam os mencionados prazos que lhe são relativos”.

FONTE: Arquivo Público Estadual, Como se de ventre livre fosse... Cartas de liberdade, revogações, hipotecas e escrituras de compra e venda de escravos. (1838 a 1888) Ministério da Cultura e Governo de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1994.

2 de janeiro

1865 – Abandonada a vila de Corumbá



Planta da vila de Corumbá em 1864


Em ato tido como desastroso, o coronel Carlos Augusto de Oliveira, comandante das armas da província de Mato Grosso, ordena e efetua o abandono da vila de Corumbá, que no dia seguinte é ocupada, sem a menor resistência, pelas forças paraguaias sob o comando do coronel Vicente Barrios, que em 28 de dezembro haviam tomado o forte Coimbra.

O insólito episódio é descrito pelo historiador:

Pelas 9 horas da manhã do dia 2 de janeiro levantava ferros o Anhambaí, comandado pelo 1° piloto José Israel Alves Guimarães. Impaciente e temeroso, o coronel Carlos Augusto de Oliveira foi o primeiro a embarcar, secundado pelos oficiais e por um séquito de apaniguados. Seguia também no posto de honra o comandante da flotilha. Ia de tal modo superlotada a embarcação, que navegava com a linha de segurança submersa. A reboque iria a Jacobina, na qual se amontoavam praças de pré, paisanos, mulheres e crianças. Era demasiado o encargo para o pequeno vapor de guerra. Diante do impasse, determinou fosse a chata largada à própria sorte, com os seus ocupantes, à margem do rio. Ergueram-se protestos e clamores e a soldadesca rebelava-se contra os superiores, solidária com o sentimento dos civis. Ruíra fragorosamente o respeito à hierarquia e, com ele, a derrocada da ordem e da disciplina. Todos se nivelaram na ânsia incontida de escapar ao inimigo, cada vez mais perto do porto.

Antes de embarcar com sua tropa com destino a Cuiabá, o comandante ainda retornou aos quartéis desertos, onde encravou a artilharia e as armas portáteis e providenciou "o lançamento ao rio das pólvoras e dos cunhetes de munição, para que não caíssem em poder dos invasores. Isso feito voltou ao posto abnegativo para conduzir, em memoráveis jornadas através dos pantanais, a massa heterogênea de retirantes."

Sem seus defensores oficiais, na vila abandonada poucos permaneceram:

Alguns ainda tentaram tardiamente escapar, utilizando canoas, igarités e embarcações de todos os tipos para, adiante, infalivelmente, cair prisioneiros. Outros, sem aqueles recursos, internaram-se nos matos e galgaram os montes, onde os foram buscar as patrulhas paraguaias. Os cônsules deixaram-se ficar, certos de duas imunidades diplomáticas, resolução de que muito haveriam de se arrepender.

No dia seguinte, 3 de janeiro de 1865, o invasor, sem encontrar resistência, ocupou Corumbá.


FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd, página 56.


2 de janeiro
1865 - Ocupada a vila de Nioaque

Exército paraguaio, comandado por Francisco Resquin, ocupa a vila de Nioaque, notícia foi dada pelo chefe da invasão, publicada em primeira mão pelo jornal oficial do governo Solano Lopes:

Concluida a passagem decidiu adiantar o capitão Rojas com dois esquadrões para posiciona-se da população de Nioaque, onde não encontraram mais que dois indivíduos, um espanhol e outro português europeu. Eu tomei campo em frente da povoação e ordenei o reconhecimento das casas de arruamentos e demais casas de armamentos e coisas, porém na sede do comando não se encontraram mais que seis carabinas de casa e seis espadas de tropa: depois foram encontrados os armamentos, caixões de balas , pólvora e papeis enterrados no fundo do curral do comando e também algum armamento e munições foram encontrados nas casas, que mandei visitar, como V.E. pela minuta vigente.

O arquivo aparece completamente destroçado e os papéis tomados são os que foram encontrados, enterrados nos 26 caixões pólvora empacotada e onze de pólvora solta. Demais não foram encontrados mais que comestíveis e trastes, que não puderam levar na fuga.

A povoação consta de cento e trinta casas, sendo trinta principais, tento uma igreja e um espaçoso quartel, composto de uma frente que dá ao Oeste, da praça sobre a rua de Leverger. O comando é composto também de toda uma frente para leste da mesma praça, na rua Santa Rita, podendo aquartelar 500 homens.

É designado para comandante desta ponto o tenente Pascual Rivas, colocando às suas ordens os alferes Alejo Gomes e Waldo Jimenes.

No dia 5 me proponho seguir adiante minha marcha sobre a vila de Miranda a curtas jornadas para não fatigar a cavalhada, com o excessivo calor.

No percurso tomamos vários papéis  e entre eles aparecem as comunicações juntadas.

Nioac, 3 de janeiro de 1865. FRANCISCO RESQUIN.

FONTE: El Semanário, Assunção, PY, 14 de janeiro de 1865



2 de janeiro

1927 - Fazenda Alegre: último combate da coluna Prestes 





Deu-se no município de Corumbá, na fazenda Alegre, às margens do São Lourenço, num lugar denominado Sepultura, o último combate da coluna Prestes com forças legalistas, antes dos rebeldes alcançarem o território boliviano, onde se exilaram.

A notícia foi veiculada no jornal "A Manhã", do Rio de Janeiro, que transcreveu de "O Democrata" (Cuiabá), entrevista do comandante da guarnição da Marinha de Ladário, Jerônimo Gonçalves:

Pela seus horas da manhã de 2 do corrente, ao passar o Itajuí pelo lugar chamado sepultura, campos da fazenda Alegre, o seu comandante notou algumas embarcações ali ancoradas e movimento de gente acampada. Quando parava para mandar o escaler de bordo reconhecer aqueles que ali se encontravam, recebeu a lancha um ataque de fuzilaria vindo da barranca. Ao manobrar para fazer a volta, encalhou a Itajui num bando de areia ali existente. Com uma calma e coragem admiráveis, o seu comandante, que é um sargento da marinha nacional, respondeu valentemente ao ataque, travando uma luta que durou cerca de uma hora e um quarto.

Livre do encalhe, tendo já ferido o comandante e um tripulante, a Itajui regressou ao Amolar, de onde a fiz seguir para Corumbá afim de medicar os feridos. 


Preparava o rebocador "Nenê" para vir em busca dos rebeldes, quando ali chegou a Iguatemi, recebendo eu uma ordem do senhor comandante da flotilha para comboiá-la até aqui, o que fiz sem novidades nem contratempos.


À pergunta de que não havia encontrado mais revoltosos às margens dos rios, respondeu:

- Ao passar pelo Limoeiro, porto da Fazenda Triunfo, notei ali movimento anormal de grande número de pessoas e várias fogueiras acesas. Penso que eram eles que ali se achavam, pois esse porto é despovoado. Passamos de luzes apagadas, evitando qualquer combate, porque a minha missão a cumprir era conduzir e defender a Iguatemi, na qual vinham armas e munições do Estado, e, portanto, devia evitar qualquer luta que poderia prejudicar a nossa viagem.

Sobre eventuais baixas no combate da "Sepultura", esclareceu:

- Não posso afirmar ao certo. Informou-me o comandante da Itajui que, vendo a lancha encalhada, trataram eles tomá-la pela abordagem, descendo alguns deles para uma embarcação que tinham na margem, e que desistiram desse intento ante a cerrada fuzilaria dos nossos. Nesse momento vários deles tombaram ao chão, não sabendo o meu informante se mortos ou feridos ou apenas amedrontados.

Quanto ao comportamento dos revoltosos disse que "as informações que colhi são de que saqueiam o dinheiro, joias e objetos de valores que encontram e que destroem os gêneros alimentícios e tudo o mais que pode ser de utilidade às forças legais; entretanto, não tive notícia de nenhum desrespeito a famílias, nem atentados contra a honra e nem mesmo de assassinatos e espancamentos".


FONTE: jornal A Manhã, (RJ), 9 de fevereiro de 1927. 
FOTO: reprodução www.publico.pt

Telégrafo no Pantanal

1° de janeiro

1904 – Telégrafo no Pantanal




Inaugurada estação telegráfica de Corumbá, que se liga a Cuiabá. Rondon, responsável pela extensão da rede dá conta do fato com um estranho ao ato:

“Viria o Gen. Sampaio inaugurar a linha. Estava ele na fronteira – em vista de certas demonstrações pouco amistosas de nossos irmãos bolivianos – comandando uma divisão formada por batalhões de diversos Estados; no do Rio Grande do Sul, servia Getúlio Vargas, como cabo de esquadra do 25º. batalhão de infantaria de Porto Alegre, para onde se recolheu, aliás, no fim de pouco tempo.”

Fonte: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 169.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

15 de dezembro

15 de dezembro

1943 – Baianinhos aterrorizam o sul do Estado





Desmentindo informações das autoridades locais, a agência de notícias Meridional, através de seu correspondente em Corumbá, distribui para a rede de órgãos dos Diários Associados, a seguinte notícia:

Diante dos sucessivos assaltos de um bando que usa metralhadoras de mão, a população matogrossense pergunta: Lampeão, Corisco e Silvino Jacques terão encontrado sucessores aperfeiçoados? É o que vem acontecendo com o aparecimento dos ‘baianinhos’, grupo de bandoleiros que fazem incursões na região sul de Mato Grosso, tendo nos últimos dias de novembro efetuado ataques a cerca de 11 fazendas.

Silvino Jacques, como se sabe, assolou com sua gente o nordeste do Estado, oferecendo combate a 3.000 homens de forças regulares até que foi morto pela polícia estadual. Agora os irmãos Batista vão construindo uma lenda em torno de suas façanhas. Quem são os irmãos Batista? 

João Batista, chefe supremo do bando, Rolin Batista e Cardoso Batista são três irmãos de uma família em que só um dos quatro irmãos, cujo nome não deve ser revelado, é um rapaz morigerado e ordeiro, servindo numa unidade militar. Descendem de uma família de algumas posses, tendo o pai cumprido pena de prisão por homicídio. Pessoas que conhecem a família dizem que quando um dos filhos completa 15 anos a própria mãe lhe faz presente de um revólver 38 com esta expressiva recomendação: "Tome este revólver e não desmoralize o seu nome".

Na revolução de 32 um dos irmãos Batista, segundo os que então o conheceram, teria servido como ajudante de ordens do general Bertoldo Klinger, sendo mais tarde morto depois de atentar contra a vida de um oficial do Exército. Ficou assim a irmandade desfalcada de um de seus elementos.
Ao contrário dos cangaceiros de sinistra memória, os ‘baianinhos’ são rapazes de relativa instrução e aparência simpática, tendo frequentado a sociedade de Campo Grande, que hoje recorda, entre revoltada e curiosa, os dias ainda recentes em que os irmãos Batista (os chamados ‘baianinhos’) circulavam nessa cidade sem que se suspeitasse da evolução que iriam sofrer.


Há cerca de um ano organizaram os irmãos Batista um pequeno grupo armado, que desde então tem aumentado, vivendo de assaltos e saques nas fazendas e povoados e até a algumas aldeias indígenas.

Como nos filmes de gangsters – até que ponto a influência desses filmes age sobre a mentalidade dos ‘baianinhos’ é o que resta apurar – os irmãos Batista e sua gente passaram dos pequenos assaltos iniciais a ações de mais envergadura, praticando mortes e assaltando mulheres.
Seu método pode ser assim resumido: chegam às fazendas durante a noite, amarram os empregados e exigem dinheiro dos fazendeiros. Vários fazendeiros alarmados, abandonaram suas propriedades, dirigindo-se para esta cidade, Aquidauana e Campo Grande.


Avalia-se em cerca de 300 mil cruzeiros o produto dos últimos assaltos. Na fazenda Buriti, de propriedade do sr. Antonio Trindade, assaltada em meados de novembro, a cerca de 3 léguas de Aquidauana, três homens do bando extorquiram 10 mil cruzeiros, tendo o sr. Trindade dado parte mais tarde às autoridades na referida cidade.

Em Nhecolândia sucedem-se os assaltos, e a polícia está sendo concentrada em Aliança, próximo a essa região. Alega-se a existência de "coiteiros" - expressão que no nordeste designa os que escondem bandoleiros - prestigiosos que estariam dificultando a ação das autoridades, especialmente a das forças volantes que percorrem toda a região infestada.

Na região de Nhecolândia, no pantanal matogrossense, existem cerca de 400 fazendas, constituindo um dos grandes centros de criação de gado do país.

As zonas de Campo Grande e Aquidauana também têm sido visitadas pelos "baianinhos" que devastam os rebanhos bovinos ali existentes. Uma parte da extração da borracha de mangabeira tem sido dificultada pelo temor que inspira a presença ou a alegada proximidade do bando dos irmãos Batista.

TÁTICA MODERNA DA QUINTA-COLUNA

A tática moderna da "Quinta Coluna" também é empregada pelos Batista, que antes dos assaltos mandam às fazendas indivíduos à procura de trabalho e pouso.

Com a tradicional hospitalidade dessa região, tais indivíduos são bem recebidos e podem então preparar melhor a entrada de seus asseclas.

Embora não seja conhecido o total exato dos homens que compõem o bando, calcula-se em cerca de vinte, armados, segundo afirmam os que com eles têm lutado, de metralhadoras de mão. As "Capturas", que é o nome dado aqui às forças volantes, já tem estabelecido contato com os "baianinhos", resultando choques como o da fazenda "Boa Sorte", em Nhecolândia, no qual a polícia teve de recuar diante da superioridade em armas do "baianinhos", dotados, ao que se diz, das já mencionadas metralhadoras de mão que todos conhecem através do cinema.

Entre as fazendas já assaltadas pelos "baianinhos" figuram as seguinte: "Rio Negro" de dona Tomasia Rondon, "Tupanceretan" do dr. Antonio Rondon, "São Sebastião" do sr. Aniceto Rondon, "Boa Sorte" de José Maria, "Divino", de Estêvão da Silva, "Pouso Alto" de Paulino de Barros, "Baia do Braz de João Wenceslau de Barros, "Baia das Pedras" de José Coelho Lima, "Boa Vista" de Antonio Saboia, "Figueiral" da Sociedade Barros & Fragelli, "Aldeia" de José Nina Rodrigues, todas em Nhecolândia. Na fazenda "Itiquira", município de Coxim, os Batista, depois de incendiar a propriedade raptaram o proprietário.

Tratando-se de região onde o gado é abundante e está alcançando preço até hoje desconhecido por ali - já se paga 380 cruzeiros por boi de corte, nessa zona - é fácil avaliar os prejuizos que a ação dos cangaceiros vem causando. O governo estadual, reconhecendo a importância do problema, com a colaboração do governo de Goiás, vem dando combate aos "baianinhos", sendo dificultada a sua ação, porém, pela extensão das terras e a escassez de comunicações, que facilitam as sortidas e manhas dos cangaceiros, que já tem chegado até o norte do Paraná.

 


FONTEOclécio Barbosa Martins, Pela Defesa Nacional, Estudo Sobre Redivisão Territorial do Brasil, edição do autor, Campo Grande, 1944, página 157

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

15 de dezembro

15 de dezembro

1913 – Expedição Roosevelt-Rondon chega a Corumbá
Roosevelt e seu cicerone o sertanista coronel Cândido Rondon

A comissão do ex-presidente americano, Theodore Roosevelt, ciceroneada pelo coronel Cândido Rondon, em sua viagem do Prata rumo ao norte de Mato Grosso, chega a Corumbá. Theodore Roosevelt depõe:

A 15 de dezembro alcançamos Corumbá. Três a quatro milhas antes, começa a elevação do solo em aflorações rochosas que terminam ao longe em fortes escarpados. A região circunvizinha era evidentemente bastante populosa. Vimos os gaúchos vaqueiros – que correspondem aos nossos cowboys – cavalgando ao longo das margens. As mulheres se entregavam à lavagem da roupa, enquanto seus filhos nuzinhos se punham a banhar nas praias. Informaram-nos que os jacarés e as piranhas dificilmente se arriscam aos lugares freqüentados e que os acidentes geralmente se verificam em pontos ermos e sombrios do rio. Várias embarcações vieram ao nosso encontro acompanhando-nos mais de vinte quilômetros, com bandas de música e aclamações do pessoal, como se estivéssemos em alguma cidade nas margens do Hudson.

Corumbá se ergue na escarpa da montanha, com ruas largas e mal calçadas, algumas arborizadas como espécimes de flores escarlates; as casas são bem construídas, a maioria de um só pavimento, porém algumas com dois e três andares.


Fomos alvo de manifestação do Conselho Municipal e de um banquete especial.


O hotel, dirigido por um italiano, era o mais confortável possível, com pisos de pedra, pé direito muito alto, vastas portas e janelas, um pátio agradável e aberto e um chuveiro.


Naturalmente Corumbá é ainda cidade de fronteira. Os veículos são carros puxados a bois e burros; não há outros meios de condução; bovinos e muares são empregados para esse fim. A água vem de grande poço central; e em torno se agrupam os apanhadores que, em seguida, fazem a entrega do líquido precioso nas residências. As famílias apresentam as características gerais de mistura de raças das populações brasileiras.


Uma senhora, após haver deixado fotografar seus filhos em trajes comuns, pediu que voltássemos para fotografá-los em roupas domingueiras, no que foi atendida.


Dentro de um ano, a estrada de ferro alcançará Corumbá, e então esta cidade, bem como toda a região que a circunda, obterá grande desenvolvimento.


Na noite de Natal a expedição deixa Corumbá com destino à sua grande aventura no Norte de Mato Grosso.





FONTE:  Theodore Roosevelt, Nas selvas do Brasil, Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1976, página 53.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Corumbá elevada à condição cidade

15 de novembro

1878 - Corumbá elevada à condição cidade




Pela lei n° 525, Corumbá recebe os foros de cidade. "O aspecto urbano era então - constata o historiador - o mais agradável: ruas largas, bem alinhadas, boas construções, comércio ativo e o porto com desusado movimento, nele fundeando vapores das mais variadas bandeiras, conferindo-lhe ar festivo e colorido. Chegavam mercadorias dos mais longínquos empórios, Havre, Paris, Londres, Sounthampton, Amsterdan, Lisboa, Gênova, e dele saiam os produtos da terra, peles, ipeca, charque, penas, etc. Aí se processava o transbordo para as embarcações menores destinadas a Cuiabá, Cáceres, Miranda, Coxim e escalas."

FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd, página 70.

sábado, 14 de dezembro de 2013

31 de dezembro



31 de dezembro

1866 - Camisão assume comando dos expedicionários de Laguna

Procedente de Cuiabá, chega a Miranda e assume o comando das forças brasileiras, o coronel Carlos Camisão. A primeira providência tomada pelo novo comandante foi alterar os planos de seu antecessor que havia definido o destino das tropas para Corumbá. Camisão decidiu tomar o rumo de Nioaque, tendo como objetivo a ocupação do Paraguai pelo rio Apa, com a tomada de Bella Vista.

Camisão substituiu o coronel Carvalho, que deixou o comando para responder a conselho de guerra em Cuiabá.

FONTE: Correio Mercantil, 27 de junho de 1867.


31 de dezembro

1915 – Nasce em Corumbá, José Fragelli

Filho do médico e político Nicolau Fragelli, nasce em Corumbá, José Manoel Fontanilhas Fragelli. Advogado, promotor público em Campo Grande, José Fragelli iniciou na política em 1947, elegendo-se deputado estadual constituinte, pela UDN, União Democrática Nacional, destacando-se como parlamentar, líder da oposição ao governador Arnaldo Estevão de Figueiredo. 

No governo seguinte, de Fernando Correa da Costa, foi secretário do Interior, Justiça e Finanças. Em 1954 elege-se deputado federal, tendo participado dos debates parlamentares do final da chamada era Vargas. Encerrado seu mandato federal, afasta-se da política e instala escritório de advocacia em Campo Grande. 

A 3 de outubro de 1970, por indicação da Arena, é escolhido para governar o Estado de Mato Grosso, em eleição indireta, substituindo ao governador Pedro Pedrossian, com quem rompe em seguida. 

Em 1978, na primeira eleição depois da divisão de Mato Grosso, candidata-se pelo Sul, a senador numa sub-legenda da Arena e, habilita-se à vaga de primeiro suplente, de acordo com a lei eleitoral vigente. Com o afastamento do titular, Pedro Pedrossian, que é nomeado para o governo do Estado, assume a vaga no Senado, chegando à presidência da Casa (1985/1987). Por alguns dias, na ausência do presidente da República e do presidente da Câmara dos Deputados, ocupou a presidência da República.

Deixando o Congresso, Fragelli aposentou-se da política e retornou ao seu refúgio em Aquidauana. Faleceu em Campo Grande em 30 de abril de 2010.


FONTERubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Mato-Grossense, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 70

21 de dezembro

21 de dezembro


1913 – Roosevelt mata onça no Pantanal




Em sua excursão pelo Brasil o ex-presidente dos Estados Unidos caça em fazenda pantaneira, em Corumbá. Rondon, que guiava a comitiva de Theodore Roosevelt registrou a façanha em seu diário:

A estada na fazenda das Palmeiras foi muito agradável. Matou o sr. Roosevelt a sua primeira onça, um magnífico exemplar da nossa canguçu-açu, o maior e mais terrível felino sul-americano. No dia imediato, matava Kermit a segunda onça – um casal. Deu-se o sr. Roosevelt por satisfeito e tratou de apressar a viagem. Esforçava-se por levar a cabo a expedição, sacrificando, porém, tudo quanto lhe não parecesse indispensável à realização do plano traçado. É que muito o preocupava a feição que vinham tomando os acontecimentos entre os Estados Unidos e o México. Chefe de partido, não queria ficar ausente senão o tempo essencial, isso mesmo, porque tinham todos a atenção voltada para a sua expedição. Fora por isso cancelada a visita à fazenda do Firme, rico viveiro de onças e dos grandes mamíferos da América do Sul, que faltavam no museu.


A expedição que chegou a Corumbá no dia 15 de dezembro permaneceu na cidade até a véspera do Natal, quando subiu o rio Paraguai.


FONTEEsther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 373 

FOTO: extraída do livro Viagens e caçadas em Mato Grosso, de H. Pereira da Cunha.




21 de dezembro

2011 - Caso Maiana Mariano comove população de Mato Grosso

É assassinada em Cuiabá, a mando de um comerciante com quem convivia, a jovem estudante Maiana Mariano Vilela, 16 anos. O empresário Rogério Silva Amorim, de 38 anos, separado da esposa, mantinha relação com Maiana há cerca de cinco meses. O relacionamento começou a se complicar, por razões não conhecidas, e ele teria, com a ajuda da ex-esposa, bolado um plano para se livrar da garota.

Contratou Paulo Ferreira Martins, de 44 anos e Carlos Alexandre da Silva, de 34 anos para matá-la. No dia do crime, pediu-lhe que passasse no banco, descontasse um cheque de R$ 500,00 e levasse o dinheiro para Paulo Ferreira em uma chácara próxima. Maiana, em uma moto, que lhe fora presenteada pelo amásio, descontou o cheque e levou o dinheiro, conforme combinado. Deu-se conta da cilada, apenas quando chegou ao local.

Dominada com facilidade por Paulo, que a esperava, foi asfixiada até a morte. Em seguida, o assassino, com o auxílio de Carlos Alexandre, conduziu o corpo até a ponte do Coxipó do Ouro, onde houve o sepultamento, em uma cova rasa. (Olhar Juridico 10/o3/2018)

Apenas cinco meses depois, o corpo da estudante foi encontrado, após escavações feitas pelo corpo de bombeiros. A ossada foi recolhida pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e foram presos, além do mandante Rogério Silva Amorim e sua ex-esposa Calisângela de Moraes, mais seis pessoas envolvidas. 

Os cinco meses entre a morte de Maiana e a descoberta de seu corpo, foram acompanhados por Max Aguiar, do site HNT:

O relógio marcava 17h30 do dia 21 de dezembro de 2011, quando Suely Mariano Vilela, mãe de Maiana Mariano Vilela, que estava em viagem para o Paraná, recebeu um telefonema de Rogério Amorim, condenado por ser mandante, dizendo que a sua filha estava fora de casa há mais de 24 horas e ninguém sabia do paradeiro da adolescente. Mal sabia a mulher que quem lhe informava o desaparecimento de Maiana já tinha encomendado a morte dela.

Suely veio para Cuiabá e começou uma "caçada" por sua filha, que demorou cinco meses. O que mais chamou a atenção em todo esse tempo era que Rogério ajudava nas buscas, inclusive dizendo que ela poderia estar em São Paulo.

Entretanto, em maio de 2012, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Família concluiu que Rogério mandou matar Maiana porque não estava suportando dois relacionamentos. "A pressão na mente dele foi tanta que ele resolveu torar a vida dela. A esposa de Rogério descobriu e pediu pra ele acabar com isso e Maiana não era fácil de soltar. Queria moto, roupas e outras coisas caras", disse a delegada que investigou o crime, Anaide Barros.² (HNT, 28/12/2016)

CONDENADOS - Em julgamento realizado em 19 de outubro de 2016, os indiciados foram condenados pelo Tribunal do Júri de Cuiabá, presidido pela juíza Mônica Catarina Perri. O empresário Rogério da Silva Amorim, foi sentenciado a 20 anos e 3 meses em regime fechado, como mandante do crime e por homicídio tipicamente qualificado. Paulo Ferreira Martins foi condenado a 18 anos e 9 meses e Carlos Alexandre da Silva a 1 ano e 6 meses em regime aberto.

FONTE: ¹Olhar Juridico, Cuiabá, 10/03/2018), ²HNT, Cuiabá, 28/12/2016









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