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domingo, 1 de janeiro de 2017

3 de janeiro

3 de janeiro

1865 – Tropas paraguaias ocupam Corumbá
                                 Francisco Solano Lopes, ditador paraguaio



Após a tomada do forte de Coimbra no dia 28 de dezembro, as forças paraguaias, sem resistência, entram triunfalmente em Corumbá. O episódio é acompanhado pelo historiador Other de Mendonça:

A coluna paraguaia ao mando do Coronel Vicente Barrios, cunhado do marechal Solano Lopez, a 3 de janeiro de 1865, efetua desembarque e ocupação de Corumbá, abandonada desde o dia anterior.

Do navio-chefe, fundeado junto à Mesa de Rendas, o comandante da expedição assistiu ao desfilar das tropas, divididas em duas seções, sobressaindo o fardamento novo, de um vermelho vivo, dos batalhões sexto e sétimo, este ocupando a vanguarda. Parte da expedição já havia ocupado a povoação do Ladário.

Pelas ladeiras que punham em comunicação o porto com a parte alta da vila, a força invasora serpeava em marcha acelerada, armas em prontidão, penetrando desembaraçadamente nas poucas ruas então existentes na localidade.

De quando em quando ponteando aqui e ali, raros moradores apareciam, confiantes nas suas imunidades de estrangeiros e abrigados sob as bandeiras das respectivas nacionalidades; os naturais que não puderam fugir por água internaram-se, desamparados, pelos matos vizinhos, sem guia e sem recursos".¹

Sobre o episódio, Barrios encaminha ao ministro da guerra de seu país a seguinte parte:

"Viva a Republica do Paraguay.- Sr. ministro.-
Tenho a honra de participar a V. Ex. que se acham em
nosso poder Albuquerque e Corumbá.

O pavilhão nacional tremula nesta ultima desde 3 do corrente, dia da minha chegada.

A população brasileira e guarnição destes pontos tinham-se retirado antes da nossa chegada por notícias transmitidas oportunamente pelo barão de Villa Maria, segundo declarações tomadas.  Estamos pois de posse destes pontos sem queimar um só cartucho, tendo sido a fuga do inimigo tão precipitada que deixou, como em Coimbra, toda a artilharia, armamento geral, munições e apetrechos de guerra. 

A canhoneira Anhambahy foi perseguida e tomada por abordagem no dia 6 do corrente no rio S. Lourenço pelos vapores desta divisão.

O quartel de Dourados se encontrou também abandonado.

Os vapores Ipora e Apa que fizeram o reconhecimento do Rio de S. Lourenço aprezaram o já citado vapor Anhambahy, cuja tripulação pereceu em parte, escapando-se alguns, e prisioneiros outros, comportando-se bizarramente o 1º tenente de marinha, cidadão André Herreros, a quem havia confiado esta missão e
comandava o Ipora, que deu abordagem.

Os vapores Taquari e Marquez de Olinda estão no quartel dos Dourados, onde também o inimigo abandonou um grande parque.

O povoado de Corumbá caiu em nosso poder com a maior parte de suas casas saqueadas pelos poucos habitantes que se encontraram, porém desde a chegada das nossas tropas pôs-se termo a tal desordem. 

Informado que muitas famílias fugindo deste povoado se acham metidas pelas matas, dispus que dous vapores e força de terra as recolham e devolvam ás suas casas, e neste momento me avisam que chega o Paraguai com muitas famílias, e quando as tiver desembarcado voltará ao mesmo objecto.

Enquanto dou a V. Ex. uma parte detalhada, aproveito
o regresso do 2º tenente Godoy no vapor inglês Ranger, chegado ontem, para dar a V. Ex. esta primeira noticia.

Deus guarde a V. Ex. por muitos anos. Acampamento em

Corumbá, 10 de Janeiro de 1865.- Vicente
Barrios.

A S. Ex. o Sr. ministro da guerra e marinha.

Viva a Republica do Paraguay.²

Ainda sobre a ocupação do Corumbá, o coronel Vicente Barrios inclui detalhes neste amplo relatório aos seus superiores sobre os primeiros dias da invasão ao território brasileiro: 

As 5 e 1/2 da tarde do dia seguinte, depois de haver conferido o mando do ponto ao subtenente  Feliz Vera e de haver ordenado o embarque,  pus-me em marcha sobre Corumbá, não sem antes haver-me assegurado de que Albuquerque possuía recursos suficientes em gado e estabelecimentos agrícolas para a manutenção da guarnição, julguei prudente continuar por água com as forças de meu  comando, porque, embora haja um caminho terrestre, não possuía a mobilidade suficiente para esta operação de dispunha de uma pessoa de bastante confiança para servir de guia.

Pelos informe obtidos sabia por outra parte,que, há pouco menos de 2 léguas, poderia dispor de um sdesembarcadouro.

Na tarde do dia seguinte 3 do corrente, cheguei  ao lugar citado e ordenei  que a tropa do desembarque saltasse à terra, operação que se deu com brevidade. Pelo silêncio observado nas choças situadas na imediação se via o abandono do local e na noite foram feitas explorações que na manhã do dia seguinte levaram o capitão Fleitas com as 4 companhias de infantaria encarregadas por este serviço, adquirindo a notícia de que as autoridades civis e militares do lugar haviam fugido com sua guarnição e moradores para Cuiabá.

Ao mesmo tempo se observou uma bandeira branca em direção à povoação  e o Rio Apa foi despachado para saber o que importava aquele sinal no rio e encontrando pelo caminho uma canoa se apresentaram os negociantes estrangeiros D. Nicolas Canaria Manuel Cavassa e Juan Viacaba que vinham pedir auxílio e proteção a esta divisão contra os saqueadores de casas, que vinham destroçando a cidade abandonada e sendo trazidos à minha presença deram informes circunstanciados sobre o acontecido em Corumbá.

Tão pronto como recebi esta notícia mandei a competente ordem ao capitão Fleitas, destinando ao tenente Gorostiaga com sua companhia para restabelecer a ordem.

Segundo dados obtidos os vapores brasileiros Anhambay e Jauru e a escuna Jacobina haviam saído com tropas do porto de Corumbá, somente um dia antes de nossa chegada. Com esta notícia despachei os vapores Yporã e Rio Apa, que por seu calado permitiam subir o rio São Lourenço em perseguição dos navios brasileiros, assim como reconhecer e explorar aquele rio, porém, por falta de combustível suficiente estas embarcações não puderam partir se não na manhã do dia 4.

Confiei o comando desta expedição de exploração ao tenente de marinha Andres Herrero.

O tenente Jara não tendo encontrado colonos nem cavalos e somente gado trouxe informação de que o barão de Vila Maria tem cavalos e mulas.

A fuga dos chefes brasileiros foi tão precipitada que abandonaram todos os seus recursos, até seus próprios soldados, dispersos em diferentes direções.

A artilharia tomada aqui compõe-se de 23 peças de bronze das quais remeto 17, ficando 6.

A comissão naval de perseguição e exploração encontrou a 6 léguas mais ou menos acima de Corumbá a escuna Jacobina abandonada e atracada em terra. O tenente Herreros mandou tripular e navegar águas abaixo e apresentar-se ao capitão Meza, chefe da frota.

Das averiguações feitas a este respeito, resulta que esta embarcação é de propriedade estrangeira , a mesma em que haviam saído águas acima as tropas de Corumbá, razão porque a conservo para serviços ulteriores, como embarcação tomada em serviço do inimigo.

Para ter notícias de Albuquerque e principalmente para ver se tinha alguns cavalos, despachei no dia 5 o subtenente Manuel Delgado com 20 de tropa, que regressou dando conta de que não viu novidade daquela guarnição e de que não havia encontrado cavalos e somente gado bovino em abundância.

Não sendo de fácil vigilância a embocadura do rio Mbotetey, mandei apostar ali a guarda conveniente.

Quando nossas forças chegaram aqui, a maior parte das casas estavam abertas e saqueadas e em presença e em função disso foram tomadas medidas severas, estabelecendo uma polícia que responde pela segurança e tranquilidade pública. Foram apreendidos quatro criminosos estrangeiros no ato de roubar casas, que serão julgados segundo as leis militares.

Na tarde do dia 6 chegaram um cabo e 2 soldados brasileiros que vinham  de Miranda em canoa e foram tomados com as correspondências oficiais de que estavam encarregados, entre as quais três referentes à tomada das colônias de Miranda e Dourados por forças paraguaias, como o verá E. Exa.

Este chasque foi despachado da vila de Miranda no dia 1°, encontrou-se com outro que levava a notícia da tomada de Coimbra e Albuquerque.

Como o quartel de Dourados, situado a poucas léguas da embocadura do São Lourenço à coisa de 30 acima deste lugar, pudesse haver resistência o Yporã e o Rio Apa, no caso menos provável de que houvesse sido abandonado este lugar, que se pode chamar de arsenal militar, dispus que os vapores Taquari e Marquês de Olinda arribassem até lá para dele apoderar-se.

Das declarações indagatórias tomadas a estrangeiros e brasileiros, resultam que o tenente-coronel Porto Carreiro, comandante de Coimbra, no momento em que chegou a Corumbá havia sido posto em prisão e enviado na qualidade de réu a Cuiabá a bordo do vapor Corumbá pelo comandante de armas Carlos Augusto de Oliveira.

Os vapores Anhambay e Jauru partiram daqui na véspera de nossa chegada, transportando famílias e tropas. Um pailebot brasileiro, uma escuna e uma chalana de propriedade estrangeira serviram também para o transporte de pólvora e de mais de 3.000 homens de tropa.

Os canhões, munições  e demais petrechos de guerra que estão aqui havia sido trazidos, segundo parece, recentemente de Miranda por disposição do comandante de armas.

Segundo a declaração do cabo vindo de Miranda aquele ponto está guarnecido pelo 14 de Caçadores com nove oficiais, sob o comando do capitão Motta, contando com duas peças de artilharia.

A guarnição de brasileira de Corumbá havia feito preparativos de defesa, colocando baterias no barranco em frente à cidade e a três quartos de légua abaixo, estendendo correntes através  dó rio para impedir a passagem de nossos vapores.

Na tarde do dia 8 chegou aqui de regresso o Yporã trazendo a notícia do encontro e tomada do vapor inimigo Anhambay que ganhando a embocadura do rio São Lourenço foi perseguido águas acima em sua precipitada fuga pelo Yporã, sendo mais lenta a marcha do Rio Apa que o IYporã.

Nesta perseguição e durante seis léguas o Anhambay havia feito forte fogo sobre o Ypora que sem contestá-lo procurava dar-lhe caça, como  com efeito lhe deu, tomando-lhe por abordagem por sua tripulação e os poucos infantes comandados pelo alferes Pedro Garay.  O último tiro dado pelo Anhambay antes das abordagem acertou o subtenente  Gregório Benitez que guardava bem seu posto, sendo esta a única baixa que tivemos.

A maior parte da tripulação do Anhambay foi morta atirando-se n’água , de onde escaparam alguns, fazendo-se sete prisioneiros entre eles o 2° comandante.

Imediatamente que o tenente Herreros tomou o Anhambay içou em seu topo a bandeira nacional e tripulando seguiu adiante em perseguição aos demais vapores brasileiros depois de haver despachado o Ypora a trazer-me a notícia do sucesso, os prisioneiros feitos e o aviso do recente abandono do quartel de Dourados com muitos artigos de guerra.

O Taquari e o Olinda estão atualmente no quartel de Dourados, de onde o alferes Fernandez, comandante do Ypora trouxe também quatro canhões e seis lanchões carregados de pólvora e outros objetos bélicos.

O Rio Apa acompanha agora o Anhambay e dentro de breves dias espero notícias da exploração e perseguição encomendada ao tenente Herreros.

Vão chegando as famílias que se buscam nos desertos destes arredores. A população deste lugar foi extraviada nos morros e pantanais pelas aterradoras notícias que lhes foram trazidas pelo barão de Vila Maria e confirmadas pelos fugitivos de Coimbra.³


FONTE: ¹Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2ª edição, Governo de Mato Grosso, página 19; ² Antonio Correa do Couto, Dissertação sobre o atual governo da República do Paraguai, Tipografia do Imperial Instituto Artístico, Rio de Janeiro, 1865, página 44. ³El Semanário (PY) Assunção, 14 de janeiro de 1865.


3 de janeiro

1866: Condecorados defensores de Coimbra

Hermenegildo Porto Carreiro, o comendante da resistência


Decreto do governo imperial condecora os defensores brasileiros que resistiram ao ataque das forças inimigas na guerra do Paraguai. Foram agraciados os seguintes cidadãos:

Ordem Imperial do Cruzeiro
Oficial: tenente-coronel Hermenegildo de Albuquerque Porto Carreiro.
Cavaleiros: Capitão Antonio José Augusto Conrado, segundo tenente João de Oliveira Melo, segundo cadete Manoel Eugênio Barbosa e o segundo sargento Firmino Cesário Monteiro.
Ordem da Rosa: primeiro-sargento Antonio Luiz Vieira, o amanuense da polícia Manoel Nonato da Costa Franco, os guardas da alfândega Justino Urbano de Araújo. Laurindo Antonio da Costa, Manoel Sabino Melo, Evaristo Paes de Barros, o paisano Américo de Albuquerque Porto Carreiro, os componentes da guarda nacional Estêvão Antonio, Caetanos Paes Rodrigues e Francisco Campos e o operário contratado Amaro Francisco dos Santos.

A justificativa para o reconhecimento pelo Marquês de Olinda, ministro do Império, nos seguintes termos:

Atendendo aos relevantes serviços prestados no ataque do forte de Coimbra, nos dias 27 e 28 de dezembro de 1864, pelos oficiais e praças do exército e da guarda nacional e paisanos, cujos nomes constam da relação que com este baixa, assinada pelo marquês de Olinda, conselheiro de estado, presidente do conselho de ministros e ministro e secretário dos negócios do Império, e de conformidade com os §§ 1º e 3º do art. 9° do decreto n. 2.858 de 7 de dezembro de 1861, hei por bem conferir-lhes as condecorações que se acham designadas na mesma relação.

Palácio do Rio de Janeiro, em 3 de janeiro de 1866, 45° da independência e do Império. - Com a rubrica do S.M. o Imperador. - Marquêz de Olinda.

FONTE: Diário do Rio de Janeiro (RJ) 11 de janeiro de 1866


3 de janeiro

1888 – Nasce em Cuiabá, Antero Pais de Barros



Nasce em Cuiabá, Antero Paes de Barros. Professor primário público e particular. Inspetor de ensino primário no Sul do Estado, coletor federal e estadual de Campo Grande, inspetor de Fazenda, vereador e presidente da Câmara Municipal, intendente geral de Campo Grande deposto pela revolução de 30. Fundador do jornal “Correio do Sul”, empastelado por ocasião da vitória da revolução de 30.


FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Matogrossense, edição do autor, Cuiabá, 1971.



3 de janeiro

1961 - Criada companhia administradora da construção da hidrelétrica de Jupiá




É criada em São Paulo a empresa interestadual, destinada a administrar a construção da hidrelétrica de Jupiá, no rio Paraná. O evento, pela importância econômica da obra, teve ampla repercussão:

Em solenidade realizada no Palácio dos Campos Elísios, sob a presidência do governador Carvalho Pinto, foi constituída, em 3 do corrente mês, a empresa que se encarregará do aproveitamento do Salto de Urubupungá: Centrais Elétricas do Urupupungá S.A. - CELUSA. Com exceção do sr. Bias Fortes, de Minas Gerais, estiveram presentes todos os demais governadores dos Estados participantes da Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai: srs. João Ponce de Arruda, de Mato Grosso; José Feliciano Ferreira, de Goiás; Moisés Lupion, do Paraná; Heriberto Hulse, de Santa Catarina e Leonel Brizola, do Rio Grande do Sul. Compareceram também à solenidade os governadores eleitos de Minas Gerais, sr. Magalhães Pinto; do Paraná, major Ney Braga; de Santa Catarina, sr. Celso Ramos; de Mato Grosso, Fernando Correa da Costa, bem como o sr. Walfrido do Carmo, representando o novo governador de Goiás, sr. Mauro Teixeira.

As Centrais Elétricas de Urubupungá constituem o maior aproveitamento hidrelétrico projetado no país e mesmo um dos maiores do mundo: cerca de 4 milhões de HP, beneficiando vasta região dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Paraná, dentro de um raio de 600 quilômetros.

A diretoria da empresa ficou assim constituída: Presidente, sr. Hélio Bicudo; Diretores: sr Diogo Nunes Gaspar, eng. Souza Dias, sr. Nilde Ribeiro dos Santos e sr. Demóstenes Martins. - Conselho Fiscal: titulares - srs. Plínio Queiroz, Fernando de Oliveira e José Pauloni Neto: suplentes - srs. Mário Laranjeira de Mendonça e Antonio Ponzio.

Demóstenes Martins era o representante de Mato Grosso na diretoria da empresa. Iniciada em abril desse mesmo ano, a usina de Jupiá iniciou suas operações em 14 de abril de 1969.

FONTE: revista Brasil-Oeste (SP), janeiro de 1969, página 20.

domingo, 6 de março de 2011

17 de agosto


17 de agosto



1872 Instalada câmara municipal de Corumbá


Suprimido o município em 8 de novembro de 1869, em consequência da ocupação inimiga e restaurado pela lei provincial de 7 de outubro de 1871, sancionada pelo governador Francisco José Cardoso Junior, instala-se a Câmara Municipal de Corumbá.

A primeira sessão é presidida pelo vereador José Joaquim de Sousa Franco e secretariada pelo vereador mais moço, Miguel Henrique de Carvalho. Presentes os demais vereadores: Antônio Joaquim da Rocha, José Gomes Monteiro, João Pimenta de Moraes e Dionísio Pimenta da Mota.”



FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd, página 68.





17 de agosto



1924 - Rebeldes desembarcam am Jupiá



Vencidos em São Paulo, os rebeldes ao governo de Arthur Bernardes tomam o rumo de Mato Grosso. “Pretendiam atingi-lo através da estrada de ferro Noroeste, mas cientes de que forças governistas esperavam-nos em Três Lagoas, derivaram pela estrada de ferro Sorocabana, para o porto Epitácio, à margem do rio Paraná.

Não existindo estrada de rodagem para o acesso ao território sul-mato-grossense – por esse ou por outros motivos de natureza tática e estratégica – os rebelados resolveram tomar Três Lagoas, dominando a via férrea, para marcharem rumo ao oeste.


De Porto Epitácio, ao qual foi dado o nome de Porto Joaquim Távora – irmão de Juarez, morto em combate na cidade de São Paulo - pequena tropa subiu em dois barcos para as proximidades de Três Lagoas, para bater os governistas.


Em 17 de agosto de 1924, sob o comando de Juarez Távora (foto), os rebelados desembarcaram no porto Jupiá, pouco abaixo de Três Lagoas. O batalhão de Juarez estava reforçado com 570 homens pouco ou nada afeitos às armas – imigrantes alemães e italianos, aos quais os revolucionários prometeram terras no pós vitória. Em marcha forçada sobre os areais e um calor abrasador, sem provisão alguma, os soldados do major Juarez avançaram.


Uma patrulha governamental localizou os rebelados e trocaram-se alguns tiros. Os rebeldes avançaram, acampando à margem de pequeno regato, onde saciaram a sede, mas não a fome.


Ao amanhecer, a pequena coluna de Juarez marchou rumo à cidade para atacá-la. Tão logo chegada aos arrabaldes da pequena cidade ferroviária, as metralhadoras do inimigo despejaram rajadas sobre ela. Ordens são dadas em altos brados – em português, italiano e alemão – do ‘avançar’, e a soldadesca obedece! Os briosos rebeldes ultrapassam uma, duas trincheiras inimigas colocadas em meio a altos capinzais ressequidos, sob o fogo de metralhadoras. O flanco direito dos legalistas foi ultrapassado pelos rebeldes, sob fogo de fuzilaria e metralha pela retaguarda. Resistiram. Tomam as posições inimigas da vanguarda legalista, nela incluída a cozinha, ensejando matar a fome de muitos.


Juarez, confiante, ouvia o movimento das locomotivas, parecendo demonstrar que os legalistas estavam fugindo ao seu pequeno exército de inexperientes soldados. Ledo engano! Os legalistas, conhecedores do terreno, atearam fogo às macegas, fazendo-os recuar, ocasião em que investiram resolutos, causando enormes baixas aos rebelados. Era a derrota dos bravos de Juarez”.


Em seu livro de memórias, o comandante Juarez defere a versão da história e completa

...após duro combate de várias horas, obrigado a retirar-se, já sem munições e sob ameaça de envolvimento por fogo ateado à macega e por elementos inimigos que se deslocavam sobre um de seus flancos, encobertos pela fumaça da queimada. Deixava o Batalhão, no campo de combate, entre mortos, feridos e aprisionados, um terço de seu efetivo, aí incluídas suas duas Seções de Metralhadoras Pesadas.



FONTE: ¹Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999, página 261. ²Marechal Juarez Távora, Uma vida e muitas lutas, Biblioteca do Exército/Livraria José Olímpio Editora, Rio de Janeiro, 1974,página 150.

FOTO: fernandomachado.blog.br http://bit.ly/dNT8UD)

terça-feira, 1 de março de 2011

5 de julho

5 de julho

1846 - Leverger registra fenômeno espacial não identificado

Um dos mais antigos relatos de OVNIs publicados no Brasil deve-se a Leverger. Em 5 de julho de 1846, A bordo da barca-canhoneira Dezoito de Julho, que seguia para o Paraguaiacompanhada da embarcação Vinte e Três de Fevereiro, Augusto Leverger observou um fenômeno incomum nos céus, sobre o qual escreveu o seguinte relatório: :

 Observei esta noite um fenômeno como nunca antes vira. Às 5h57min, estando o céu perfeitamente limpo, calma, termômetro 60º F [o equivalente a 15º C], um globo luminoso com instantânea rapidez descreveu uma curva de como 30º, ao rumo de NNO. A direção fazia com o horizonte ângulos de, aproximadamente, 75º e 105º o agudo aberto pelo lado oeste. Deixou subsistir uma faixa de luz de 5 ou 6° de comprimento e 30 a 35° de largura, na qual distinguiam-se três corpos cujo brilho era muito mais vivo que o da faixa, e igualava, se não excedia, em intensidade, o da lua cheia em tempo claro. Estavam superpostos e separados uns dos outros. O do meio tinha a aparência quase circular; o inferior parecia um segmento de círculo de 120º com os raios extremos quebrados; a forma que apresentava o de cima era de um quadrilátero irregular; a maior dimensão dos discos seria de 20 a 25°. Enfim acima deles via-se uma lista de luz muito fraca em forma de zigue-zague de como 3° de largura e 5° ou 6° de comprimento. A altura angular da faixa grande sobre o horizonte parecia de 8° (receoso de perder alguma circunstância do fenômeno não recorri ao instrumento para medir essas dimensões). Foi tudo abaixando com não maior velocidade aparente do que os astros no seu ocaso, porém os globos luminosos mudaram de aspecto tomando a forma elíptica de cada vez mais achatada, e embaciando até parecerem pequenas nuvens. A faixa grande inclinou-se para N até ficar quase horizontal, mas o zigue-zague sempre conservou a mesma direção. Depois de 25’ tudo desapareceu, e não houve o mais leve sinal de perturbação na atmosfera. Na cidade de Assunção, conversei com o ministro do Brasil e diversas outras pessoas que testemunharam esta, para nós todos, singular aparição. Uma circunstância que me pareceu muito digna de notar-se, é a direção em que o dito Ministro observara o fenômeno; não houve engano, pois referia a observação a um muro cujo azimute era fácil verificar, e esta direção era proximamente de ONO, fazendo por tanto um angulo de 45° com a de NNO, que eu notara. Submeti ao cálculo trigonométrico esta enorme paralaxe combinada com as posições geográficas de Assunção e do lugar onde eu observei, e achei que o fenômeno devera verificar-se na região atmosférica e tão somente a 59 léguas de distância de Assunção.
 

FONTE: Gazeta Official do Império do Brasil. 26 de dezembro de 1843.


5 de julho

1867 – Varíola de Corumbá chega a Cuiabá




Levada pelos retirantes de Corumbá, aporta em Cuiabá avassaladora epidemia de varíola, conforme relata Virgílio Correa Filho:


Se, considerando apenas o desfecho militar, a expedição a Corumbá assinalou-se pelo aniquilamento da guarnição inimiga e derrota de maior contingente no combate de Alegre, o reverso lhe derivou da epidemia, que grassava na localidade e malogrou a vitória como se fora vingativa arma de ação retardada.


Quando a tropa iniciou a retirada, depois de alcançar o objetivo imediato, que lhe inspirava a investida, já se havia contaminado irremediavelmente.
Ainda se achava em Corumbá o primeiro Batalhão Provisório, quando se registraram casos fatais. Durante a morosa viagem, a convivência de bordo multiplicaria os contágios. Em Cuiabá, o soldado Joaquim de Assunção Batista iniciou a 5 de julho, a série de variliosos, cujo número montou, nesse dia, a seis. Em 17 dias contavam-se por 72 os mortos pela pestilência, que se limitava ainda ao acampamento. A 23 porém sucumbiu Januário, o primeiro bixiguento entre a população civil, logo seguido por dezenas de vítimas, 16 no dia 26 de julho, 19 no dia 27 e mantendo-se em cifras elevadas, com o mínimo de 11 no dia 29, até o fim do mês, num global de 183 para o período de 5 a 31 de julho. (...) Somente em outubro começou a declinar a mortandade, que exigiu a abertura de cemitério especial, de Nossa Senhora do Carmo, ou Cai-Cai. Não se apurou ao certo o número total, pois que o próprio registro oficial se embaralhou, após o falecimento a 7 de setembro, do cônego Jacinto, Vigário Geral, que zelosamente cuidava dos assentamentos, até que a doença o prostasse. Pelos registros pereceram 183 pessoas em julho e 484 em agosto. No mês seguinte as falhas não permitem estimativa satisfatória, embora figurem 293. Houve ocasião porém, a 7, de 52 enterramentos.¹

Testemunho ocular da tragédia, cuja família fora vitimada, Joaquim Ferreira Moutinho, descreve a epidemia com toda emoção e revolta do calor da hora:

A cidade tomou um aspecto indiscriptivel : de todas as casas via-se sahirem cadaveres, que erão condusidos em rêdes para os campos, e de muitas fecharão-se as portas, porque os seus habitantes haviam perecido, desde o chefe da familia até o ultimo escravo! Fundou-se um lazaretto no lugar denominado Coxipó, para onde eram condusidas as praças do exercito atacadas de bexigas; mas, faltando commodidade ultimamente para novos enfermos, deu-se alta a grande numero d'elles ainda no periodo da dissecação. Foi um mal sobre tantos outros. 

Em tres dias (estavamos então a 15 de Agosto) a peste tocou o extremo: cahirão, victimas d'ella, familias inteiras-velhos, crianças, moços, escravos... A cidade era toda presa do horrivel flagello ! Em nossa casa, em dous dias, tivemos vinte doentes, contando nossa familia vinte e duas pessoas! Mesmo assim não fomos dos mais infelizes; eramos duas a tratar das outras, embora sem o auxilio dos medicos que desampararão os enfermos para que podessem velar sobre suas familias. Eramos forçados a fazer toda a sorte de serviços, e tanto o rico como o pobre gemião sob o peso da extrema miseria; porque tanto não havia assucar por preço algum, nem vélas, nem galinhas e nem ao menos a lenha indispensavel para coser-se os medicamento e acudir-se ás necessidades urgentes como o caldo para os doentes. Mesmo a agua faltou, pois não se encontrava quem fosse buscal-a eis fontes. 

Não havião mais lençóes, toalhas, pano branco qualquer, e só cobertor que rasgava-se em tiras podia-se cobrir os leito. No meio da desgraça geral tivemos tambem a nossa vez de pagar um tributo ao flagello, e esse tributo foi bem pesado e cruel! Esposa e filhos ao mesmo tempo gemendo num leito de dores, sem que podessemos levar-lhes um lenitivo qualquer, porque nem a medicina ministrava mais os seus soccorros-foi o quando que offerecemos nossa casa por espaço de muitos dias, nos quaes, conscio da nossa impotencia para arredar o mal, só tínhamos conforto nas lagrimas, embora fossem ellas sangue vertido do coração! 

A vitalidade do corpo como que se enfraquece com o acabrunhamento do espirito, e então o homem se reveste da coragem que nasce do proprio desespero, e só na dôr encontra lenitivo á propria dôr ! Em poucos dias perdemos um cunhado, duas escravas, duas aggregadas, e finalmente um filho, na tenra idade de quatro mezes, e, o que é ainda mais doloroso, talvez fosse a fome a causa principal da sua morte! Aqeueles que no correr da vida não passarão ainda por trance semelhante, não podem avaliar a profundeza da ferida que nos deixa n'alma o passamento de um ente tão caro! Continuaremos a nossa narração. 

O anjo da morte continuava-incançavel-a sua obra de destruição. A policia mandou arrombar as portas de muitas casas para proceder-se ao enterramento de familias inteiras que erão encontradas já em estado de putrefacção. O numero dos mortos, crescendo extraordinariamente, montou a mais de duzentos por dia. A atmosphera da cidade estava viciada de um fetido nauseabundo que a viração do campo não conseguia dissipar, porque vinha tambem carregada de miasmas que exhalavão de centenares de corpos que lá se achavão espalhados. 

De 1.505 casas que existem na capital, não sóbe a 40 o numero das que não tiverão doentes. O chefe de policia já n'este tempo havia dado ordens para que sepultassem os corpos no celebre carrascal do Caecae, onde se reprodusião as scenas de horror começadas na cidade. Não havendo pessoal sufficiente para abrir vallas que podessem conter centenares de cadaveres, sobrepunhão uns aos outros e lançavão-lhes fogo que os não queimava, mas assava, para depois servirem de pasto aos corvos, aos porcos e aos cães, que cevavão-se n'esse estranho banquete de carne humana. 

As ruas estavão desertas, e n'ellas só se encontrava defuntos e cães que arrastavão fragmentos de corpos, ou membros inteiros arrancados violentamente. Causou tão grande horror á população esse espectaculo repulsivo, que preferia ela d'ahi em diante enterrar dentro de casa ou nos quin- taes os restos das pessoas que lhe erão caras. Não ha pena que possa descrever tão siugular quão horrenda situação! 

Creanças abandonadas-vagavão pelas ruas pedindo misericordia, porque seus paes, irmãos ou parentes havião morrido, e não lhes restava quem lhes mitigasse a fome e os padecimentos produsidos pela enfermidade que soffrião. Moças-mendigavão ao desamparo um abrigo á sua honra. Velhos-esmolavão quem lhes enterrasse os filhos, para que os mesmos não virassem pasto aos vermes dentro de suas proprias casas. Quão grande foi o crime daquelle povo! 

Em 34 a carnificina dos portuguezes, e precisamente 34 annos depois a peste ceifadora e cruel!... Estranha coincidencia ! Seria um castigo que o Senhor enviou para reparação dos crimes praticados contra irmãos? Talvez. O que é certo é que de uma população de 12.000 almas mais de metade succumbio, e parte levantou-se disforme. Cremos mesmo que succumbiria toda ella senão se achasse na capital o 2º batalhão de artilharia a pé, composto de soldados vaccinados, filhos de diferentes provincias onde a variola é conhecida, assim como o seu tratamento pratico. 

Foi este punhado de homens que praticaram os unicos serviços que por ali houverão dignos de encomios. E pelo que conta-se a respeito desses factos (infelizmente exactos) que fazem desmerecer muito o brilho d'esses serviços; que, apezar das tropelias e actos da mais requintada perversidade praticados por alguns, bradão bem alto os soccorros que prestarão, embora o interesse imediato que exigião de prompto fosse o motor que os compelisse á "caridade". Sem o auxilio desses homens, que não querião tratar de enfermos visitados por medicos, muitos morrerião ao abandono e na miseria. 

Outro serviço por elles prestado foi a conducção dos cadaveres para o Caecae. Que importa que, movidos pela mais insoffrega ambição, atirassem os corpos ao primeiro mato que encontravão, afim de poderem com brevidade receber outros, e cobrassem por esse trabalho 30, 40, 50, até 100$000, conforme a condição de cada um? O povo cuyabano, esquecendo a falta d'esses homens, deve ser-lhe extremamente grato, porque sem eles- os corpos conservados no interior da cidade infeccionarião ainda mais a atmosphera, e maior seria o numero das victimas. 

Os empregados publicos, atacados em geral pela peste, deixarão de ir ás repartições, e só o inspector da thesouraria ali comparecia por ser vaccinado. o governo creou um lazaretto no lugar denominado- May Bonifacia,- e depois o removeu para o centro da cidade, sem que possamos saber qual o motivo do seu proceder. Perece essa medida uma verdadeira aberração dos dictames da rasão. O comandando das armas, nos dia maís luctuosos, instalou peça de artilharia em diversas ruas da cidade, e dar fogo de manhã e de tarde. Ignoramos lambem o fim d'essa medida. Pretenderia afugentar a epidemia com tiros de canhão? 

Esse pretendido recurso hygienico foi a causa de tornar-se mais grave o estado  de muitos enfermos; pois ao primeiro estàmpido levantavão-se em delírio e procuravão fugir, julgàndo que erão os paraguayos que se achavão na cidade. 
Todas as casas sendo fócos de podridões, o cheiro da polvora era impotente para desinfectal-as. O mal estava feito e era já tarde para atalhal-o, o que ao principio seria facil se houvessem as autoridades sido mais previdentes. 

Para prova temos mesmo na provincia um exemplo. O então commandante de Villa Maria, tenente coronel Luiz Benedicto Pereira Leite, logo que soube do desenvolvimento da peste, colocou cordões sanitarios em todos os pontos da Villa, prohibindo expressamente, o ingresso de qualquer pessoa; e no momento em que sabia existir um bexiguento dentro ela mesma villa, mandava sem demora retiral-o para algum lugar mais ou menos remoto, onde recebia o competente tratamento. Foi assim que Villa Maria e a cidade de Matto-Grosso nada soffrerão, quando a capital, o Diamantino, Poconé e outras povoações forão completamente devastadas. 

A policia só teve em vista livrar da peste as futuras gerações, prohibindo o enterramento dos mortos no cemiterio, e ordenando que só fosse feito no campo e no Caecae, monumento eterno de sua incapacidade para o lugar que exercia. Hoje está esse lugar murado e ornado de uma capellillha sob a invocação de Nossa Senhora do Carmo; mas rarissimas são as pessoas que sabem em que parte desse cemiterio descanção os restos mortaes de suas familias. Ahi procuramos a sepultura de nosso innocente filho, e não foi-nos possivel encontral-a. Seria elle enterrado? Pesa-nos até hoje não ter satisfeito o desejo que tivemos ele ir pessoalmente sepultal-o; e, a não ser pedir a um um amigo, teriamos praticado este doloroso acto. Encerramol-o, porém, em um caixão de taboas grossas; que pregamos, depois de cobrir o cadaver' com cal, e assim o entregamos ao guarda do cemiterio. Consta-nos que o sr. dr. chefe de policia lhe recomendára o nosso anjinho, e mandára colocar uma Cruz sobre a sepultura. De coração agradecemos a esse senhor, que como nós comprehende a dor que causa a perda de um filho, embora duvidemos que suas ordens fossem cumpridas. 

Voltemos ao Caecae, scenario de horrores que desejamos deixar; mas o dever que nos impozemos de narrar os factos taes quaes como se derão nos obriga ainda a algumas palavras. Os corpos, como dissemos, erão condusidos em rêdes, as quaes, unidas ás roupas que os envolvião, servião de combustivel ás fogueiras levantadas no carrascal, ou erão levados em caixões apenas chanfrados e forrados de panninho preto, orlados de cadarço branco estreito, que erão vendidos, ou antes emprestados, pelo preço de 70 a 80$OOO, e até 100$OOO se erão ornados de espiguilha amarela. Dissemos- emprestadas-porque, depois de lançado o defunto na valla ou na pyra, servião novamente para conducção de outros. O fornecedor d'esses caixões fez-se rico com a especulação, e seguia para a Europa, onde foi gosar a fortuna tão funebremente ganha. 

Os restos mortaes do velho como da moça, do innocente ou da virgem, ao chegarem ao lugar onde tinhão de ser devorados pelas chammas ou pelos vermes-recebião ainda os mais grosseiros e brutaes improperios das boccas da canalha infernal encarregada de dar-lhes um destino, o que só fazião dopois de insultaI-os da maneira a mais atroz! As immediaçães d'esse lugar, onde tantas cruezas se praticavão, sentia-se um fetido tão repellente, que diflicultosamente se podia aproximar; por isso as pessoas que ali se achavão erão obrigadas a fazer uso continuo da cachaça, o que contribuia muito para a pratica d'esses actos impiedosos de que vimos de falar. 

Se realisou-se a terrivel prophecia do sr. dr. Generoso Alves Ribeiro, que o digão o Caecae, e o tumulo que vamos regar com as nossas lagrimas. Nem ao menos esta falhou quanto á morte do sr. dr. Neves, que, não podendo suportar a dor da perda de quasi toda a sua familia, succumhio com o seu pezar. 

Altos juizos de Deus!

Alveja á entrada do cemiterio um tumulo sobre o qual se ergue uma Cruz que ahi mandamos collocar. N'elle jazem, encerrados em uma carneira de cedro, os restos mortaes de uma senhora, esposa de um nosso amigo. Mãe extremosa, esposa exemplar e virtuosa, nunca em seu coração se aninhou um sentimento que não fosse a expressão da bondade. Seus labios tinhão sempre uma palavra de animação e consolo aos infelizes que a ella recorrião, e por isso foi a sua morte por todos sentida e chorada. 

Foi um anjo, não devia viver na terra, vôou ao seio do infinito!


FONTE: ¹Virgílio Correa Filho, História de Mato Grosso, Fundação Júlio Campos, Varzea Grande, 1994, página 550. ²Joaquim ferreira Moutinho, Notícia sobre a província de Mato Grosso, Typographia de Henrique Schroeder, S. Paulo, 1869, página 100.

FOTO: A cidade de Cuiabá, extraída do livro de Joaquim Ferreira Moutinho.




5 de julho

1922 - Campo Grande adere à revolução de 1922






A Circunscrição Militar de Mato Grosso, com sede em Campo Grande, adere ao movimento revolucionário, iniciado nessa data com o episódio no Rio de Janeiro, que ficou conhecido como “18 do Forte”. Solidário com os rebeldes cariocas, o comandante da região militar, general Clodoaldo da Fonseca, publica o seguinte manifesto:

"Matogrossenses, a situação política angustiosa e aflitiva que há muito vem atravessando a nossa querida pátria, chegou ao termo já previsto: a reação armada na capital federal. Diz-nos a consciência que, com reiterados apelos que fizemos no sentido de se conseguir uma fórmula honrosa e digna, afim de, sem grandes abalos, reivindicar à República os verdadeiros princípios, cumprimos os nossos deveres, firmes nessa resolução que visa, principalmente, evitar a anarquia em nossa pátria. Resolvemos deixar o nosso Estado, ao qual desejo de todo o coração, continue em paz e franca prosperidade, para marcharmos ao encontro dos nossos concidadãos que se batem pelo regime republicano. Tendo assim cumprido o nosso dever, esperamos que vós cumprireis o seu".¹

Ato contínuo, o general "sublevou a 9a. Circunscrição Militar, acompanhado pelos regimentos da fronteira, inclusive o 11° RCI de Ponta Porã, que fez convocação de reservistas. As tropas da Circunscrição foram todas concentradas em Campo Grande, marchando para Três Lagoas e chegaram até à barranca do rio Paraná, com o objetivo de atravessar o rio, e seguir por São Paulo até à Capital Federal. Depararam, porém, com tropas legais, que já estavam estacionadas no outro lado, guarnecendo a passagem pelo porto Jupiá.

"Veio então um grupo de oficiais a fim de parlamentarem com o general Clodoaldo, informando-lhe do fracasso da revolta no país e a conveniência da rendição de suas forças. Mostraram-lhe jornais do Estado de São Paulo e do Rio, os quais noticiavam tudo, detalhadamente.

Convencido de que o movimento havia fracassado desde o início, o general Clodoaldo da Fonseca deu a revolta em Mato Grosso por terminada, assumindo a responsabilidade por tudo, e entregou-se, seguindo com os oficiais, a fim de se apresentar no Rio de Janeiro".²


FONTE: ¹Correio da Manhã (RJ), 13 de junho de 1922. ²Pedro Ângelo da Rosa, Resenha Histórica de Mato Grosso (Fronteira com o Paraguai), Livraria Ruy Barbosa, Campo Grande, 1963, página 70.











OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...