1887 – Epidemia de cólera em Corumbá
Relatório do presidente da Câmara Municipal, Antônio Antunes Galvão, aos demais vereadores, aponta a principal causa da cólera que ataca a população da cidade e revela números da tragédia : “Há muito a nossa cidade precisa de saneamento que não se tem podido realizar. Pelo obituário comparado ao Rio de Janeiro, cidade taxada de pestilenta, vê-se que aqui morre sempre 8 a 10 vezes mais que naquela cidade”.
A propósito, a historiadora Lucia Salsa Correa, observa:
No período de 1867, ocasião da retomada de Corumbá, até o ano de 1920 a cidade padeceu com o surgimento de 34 epidêmicos, dos quais a Varíola foi a mais frequente, malgrado as campanhas e os esforços quase sempre infrutíferos das autoridades municipais.
Quanto a origem da doença, além do contágio através do porto e da absoluta falta de saneamento básico na vila, "os aspectos mais dramáticos das epidemias parecem ter sido o abandono dos doentes pobres pelas ruas e até de cadáveres, a falta de medicamentos e de hospitais mesmo provisórios, além das fugas em massa da população para os campos, o que causava maior descontrole sobre as doenças e os óbitos".
Até a década de 18 do século XX, esse quadro de vulnerabilidade às endemias perdurou na cidade, vindo a rarear a partir de 1918, quando Corumbá e outros municípios do Estado, entre eles Campo Grande, foram alcançados pela temível gripe espanhola.
FONTE: Lúcia Salsa Correa, Corumbá: um núcleo comercial na fronteira de Mato Grosso 1870 - 1920, edição da autora, Corumbá, 1981, página 92.
7 de
janeiro
1921 - Greve no porto de Corumbá isola Cuiabá
Paralisação dos trabalhadores no porto de Corumbá que já dura mais de um mês e uma super enchente no rio São Lourenço, que interrompeu as comunicações com a capital, isolaram Cuiabá. A crise tem repercussão em todo o Brasil, aqui resumida pelo Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro:
" Há cerca de um mês todo o pessoal da navegação declarou-se em parede, estando amarradas embarcações em Corumbá e suspensas assim as comunicações com Cuiabá.
O governo do Estado tem procurado conciliar os paredistas com os armadores, mas até agora sem resultado positivo.
É difícil a situação, pois isolando a capital, está criando embaraços de toda a ordem ao comércio e à população.
A extraordinária enchente do rio São Lourenço interrompeu as comunicações telegráficas com o sul do Estado, havendo aqui cerca de oitocentos despachos que não podem seguir o seu destino.
O general Rondon, que visitou a zona de interrupção, comunica que é impossível o restabelecimento das linhas antes da vazante, pois os fios estão em baixo.
A diretoria dos Telégrafos prestaria grande serviço determinando que S.Paulo encaminhe os telegramas para o Sul do Estado, inclusive Corumbá, por intermédio da Paulista e da Noroeste".¹ (Jornal Commercio 7/1/1921)
A greve, ainda segundo a imprensa carioca reinvindica aumento salarial e é pacífica.
A navegação começou a ser normalizada no dia 21 de janeiro:
"Devido aos esforços do comandante da Circunscrição Militar, ficou restabelecido definitivamente o tráfego fluvial, tendo já algumas lanchas subido o rio em viagem para diferentes destinos".²
FONTE: ¹Jornal do Commercio (RJ) 07/01/1921, ²O Jornal (RJ), 22/01/1921.
7 de janeiro
1930 - Tomam posse prefeito e
vereadores de Campo Grande
São empossados o último intendente geral Antero Paes de Barros e
os vereadores de Campo Grande da chamada República velha, abolida pela
revolução de Getúlio Vargas, no dia 10 de outubro. O ato é registrado pelo
Jornal do Comércio:
"Conforme fora previamente anunciado, realizou-se ontem ao meio dia, no Paço Municipal, a solenidade de compromisso e posse dos vereadores e intendente que administrarão o município no triênio de 1930 a 1932.
Depois de
empossados os vereadores, estes elegeram o seu presidente o dr. J.P. Teixeira
Filho. Em seguida, a câmara deferiu o compromisso ao Intendente, cel. A.
Antero Paes de Barros. Após o ato, o presidente da Câmara proferiu uma
brilhante alocução com a qual frisou, que tanto ele, como seus companheiros de
Conselho, se sentiam animados dos melhores sentimentos no sentido de
promoverem por todos os meios possíveis, o engrandecimento e progresso do
Município.
Usou depois
da palavra o intendente Cel. Antero de Barros que, em eloquente discurso,
explanou as suas ideias sobre o que já se tem feito em Campo
Grande e quais as obras que em sua administração pretende levar a efeito
para que o nosso município atinja o ponto culminante que lhe será
reservado, esperando a sincera e leal colaboração do legislativo para conseguir
o seu desideratum.
À cerimônia
estiveram presentes as autoridades, pessoas gradas e grande massa popular".
Assumiram
ainda os vereadores Martinho Barbosa Martins, Aureliano Pereira da Rosa,
Arnaldo Estevão de Figueiredo, Sebastião Inácio de Sousa, Nestor Martins Costa,
José Marcondes Olivetti, José Jaime Ferreira de Vasconcelos, Plotino de Aragão
Soares e Victor Pace.
FONTE: Jornal do Comercio (Campo Grande) 8 de janeiro de
1930.