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sábado, 14 de dezembro de 2013

27 de dezembro

27 de dezembro

1864 – Paraguaios atacam forte Coimbra




Sob o comando coronel Vicente Barrios, as forças de invasão de Solano Lopez, protegidas por denso nevoeiro, se aproximam da fortificação brasileira no rio Paraguai e somente “quando a fumaça das chaminés dos navios foi avistada pelas sentinelas, Coimbra tomou conhecimento do avanço paraguaio.”

A frota de Barrios, segundo Carlos Francisco Moura, “capitaneada pelo Igurey, era formada por 5 vapores e 5 grandes embarcações a reboque e totalizava 39 canhões de bordo. Vieram a reboque também balsas-curral com gado para o abastecimento da tropa e cavalos. As tropas de combate formavam 4 batalhões, num total de 3.200 homens. Traziam também 12 peças de campanha.”


As forças de Coimbra, ainda conforme o mesmo autor, a “artilharia era constituída de 31 canhões velhos, dos quais apenas 11 estavam em condições de atirar, mas como o número de artilheiros era insuficiente, só 5 podiam ser manejados.


Ao amanhecer, o comandante brasileiro recebe o seguinte ultimatum:


Viva la República Del Paraguay! A bordo del vapor de guerra Igurey. Deciembre 27 de 1864. El Coronel Comandante de la Division de Operaciones del Alto Paraguay, em virtud de órdenes expressas de su gobierno, viene a tomar posesió del fuerte de su mando, y quiriendo dar una prueba de moderacion y humanidad invita á V. para que dentro de una hora lo rinda, pues que no hacerlo asi, y cumplido el plazo señalado, procederá a tomarlo á viva fuerza quedando la guarnición sugeta ás leyes del caso. Mientras espera su pronta respuesta, queda de V. atento, Vicente Bárrios. Al Señor Comandante del Fuerte de Coimbra.

 
Mesmo em completa desvantagem o comandante brasileiro respondeu ao inimigo com altivez:


Distrito Militar do Baixo-Paraguai, no Forte de Coimbra, 27 de dezembro de 1864. O tenente-coronoel , comandante deste Distrito Militar, abaixo assinado respondendo à nota enviada pelo coronel Vicente Bárrios, comandante da Divisão em Operações no Alto-Paraguai, recebida às 8 1/2 horas da manhã, na qual lhe declara que, em virtude de ordens expressas de seu governo, vem ocupar esta fortaleza; e querendo dar uma prova de moderação e humanidade o intima para que a entregue, dentro do prazo de uma hora, e que, caso não a faça, passará a tomá-la à viva força, ficando a guarnição sujeita às leis do caso: - tem a honra de declarar que, segundo os regulamentos e ordens que regem o Exército Brasileiro, a não ser por ordem de autoridade superior, a quem transmite neste momento cópia da nota a que responde - só pela sorte e honra das armas a entregará; assegurando a S. S. que os mesmos sentimentos de moderação que S. S. nutre, também nutre o abaixo assinado. - Pelo que o mesmo comandante, abaixo assinado, fica aguardando as deliberações de S. S., a quem Deus guarde.


Hermenegildo de Albuquerque Portocarrero, tenente-coronel.


O ataque paraguaio ao forte foi autorizado com o desembarque de suas tropas em ambas as margens do rio:

Os paraguaios romperam fogo às 11 horas com canhões de bordo e a seguir com os canhões de campanha instalados do outro lado do rio, no morro da Marinha. Como entretanto os projéteis não alcançaram o forte, Portocarrero só respondeu o fogo às 14 horas.
A infantaria passou também ao ataque, avançando por entre a vegetação, mas era castigada pela artilharia e pela fuzilaria do forte.
As 19,30 a infantaria paraguaia cessou fogo e recolheu-se aos navios.
A guarnição do forte estava exausta, pois durante todo o dia combatera sem tréguas.(...)


Prosseguiu depois a fuzilaria e o canhoneio até à noite, quando novamente os paraguaios se recolheram aos navios.


Nessa noite o comandante Portocarrero reuniu um conselho de oficiais para discutir a gravidade da situação. Não era possível prosseguir a resistência, pois só restavam 1.000 cartuchos e não havia meios para confeccionar outros em número suficiente para resistir no dia seguinte. 


A conclusão a que chegaram todos foi a de que deviam abandonar o forte.
As 21 horas começaram os preparativos no maior sigilo para não levantar suspeitas aos paraguaios. Às 23 horas a Anhambai partiu rio acima. Nele embarcaram todos, soldados e civis e mulheres e crianças que residiam na aldeia. Apenas os índios aliados preferiram seguir por terra, seguindo as trilhas do sertão que bem conheciam. A guarnição levou consigo a bandeira do forte e a imagem da padroeira.


No dia seguinte, Barrios ocupa o forte abandonado.

FONTE: Carlos Francisco Moura, O forte de Coimbra, sentinela avançada da fronteira, Edições UFMT, Cuiabá, 1975, página 60.

FOTO: TV Morena/Campo Grande.


27 de dezembro

1947 - Localizado avião desaparecido entre Cáceres e Corumbá

Aviões da FAB localizam avião e pilotos desaparecidos em voo entre Cáceres e Corumbá:

"Segundo noticiaram os jornais de ontem, o piloto Renato Pedroso, em virtude de uma avaria no avião que conduzia, de volta de Cáceres, havia desaparecido na última sexta-feira. Grande número de aparelhos da F.A.B. e de particulares, após ter conhecimento da notícia, puseram-se em campo à procura do conhecido aviador.

Felizmente três aparelhos, sendo dois da Força Aérea Brasileira, procedentes de Campo Grande, que estiveram pesquisando o local do desaparecimento do avião pilotado por Renato Pedroso, conseguiram localizar o desaparecido que se encontra, são e salvo na fazenda do Cecro, distante vinte quilômetros desta cidade. Falando ao jornalista, declarou o aludido aviador que quando regressava de Cáceres, ocorreu uma pane no motor do avião, em consequência do que se viu obrigado a uma aterrissagem forçada, no prado da fazenda onde se encontra. Teve êxito a manobra, sofrendo o aparelho ligeiros desarranjos".

FONTE: Jornal de Notícias (SP), 30/12/1947.


27 de dezembro

2021 - Vítimas fatais do coronavírus tem dia de memória em Campo Grande

O Diário Oficial de Campo Grande publicou a lei 6.768, de iniciativa da Câmara Municipal, estabeledendo o 13 de abril, como o “Dia em Memória das Vítimas Fatais da Covid-19”l.

Com isso, a data passou a ser incluída no Calendário Oficial de Eventos do Município de Campo Grande.

O dia 13 de abril foi escolhido por ser a data em que foi registrado o primeiro óbito pela doença no município.


Ainda como lembrança dos mortos da covid 19, em julho, o prefeito autorizou a criação de memorial em homenagem aos mortos da Covid-19, sendo denominado "Apóstolo Edilson Vicente da Silva", pai do vereador Epaminondas Vicente Silva Neto, conhecido como 'Papy'.

O local tem como principal objetivo “guardar a memória dos cidadãos e prestar homenagem às vítimas”, que deverá conter a foto, nome completo e data de morte do homenageado.


FONTE: Correio do Estado, Campo Grande, 27/12/2021.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

12 de dezembro

12 de dezembro

1826 – Langsdorff chega ao rio Paraguai



Após diversos dias navegando pelo Taquari, a expedição científica Langsdorff, patrocinada pelo governo russo alcança finalmente o rio Paraguai:

Pela manhã de 12 de dezembro entramos na águas do Paraguai, caudal célebre nos anais das missões espanholas e portuguesas pelas vantagens excepcionais que sua navegação proporciona aos vastos territórios em que corre. Tem as cabeceiras do Alto Diamantino, na chapada central da América Meridional; dirige para o sul o majestoso curso e recebe o contingente de sete grandes rios até confluir com o Paraná, onde perde injustamente o nome para cedê-lo ao afluente. Grandes embarcações podem sulcá-lo desde Buenos Aires até Vila Maria e, subindo pelo rio Cuiabá, até a capital de Mato Grosso. É uma extensão de 600 léguas, livre do menor obstáculo, sem cachoeiras, nem corredeiras: em todo o percurso deslizam mansas águas fundas e largas. É o mais belo canal que a natureza formou para permitir ao homem devassar desertos tão dilatados, para povoá-los e dar-lhes as regalias de ativa navegação e imenso comércio. Em qualquer ponto achariam os barcos a vapor florestas para abastecê-los de combustível abundante e fácil. (...)


Abicamos na margem do Paraguai em frente à boca do Taquari e, como nos devíamos demorar até o dia seguinte para deixar o astrônomo fazer suas observações, aí acampamos. À tarde vimos passar o próprio a que acima aludi e que fora a Cuiabá pedir socorros contra os guaicurus.


Quando anoiteceu, ergueram-se do lado dos campos, que na véspera havíamos deixado, grandes clarões, acompanhados de muita fumaça. Eram fogos ateados pelos índios, pois decerto nenhum brasileiro se arriscaria, depois do rompimento de hostilidades, a andar tão arredado de Miranda, o povoado dali mais próximo, e a percorrer as vastidões em que imperam aqueles selvagens.


A todos os camaradas distribuiu o cônsul espingardas, pistolas, pólvora e balas e mandou colocar as sentinelas que durante a noite estiveram alerta afim de impedir qualquer surpresa.

FONTE: Hercules Florence, Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1941, página 68.



12 de dezembro
 
1899 – Nasce em Cuiabá Maria Constança de Barros Machado


Filha de Israel de Arruda Barros e Joana da Costa Barros, iniciou seus estudos na Escola Barão de Melgaço, no tempo da palmatória. Concluiu o Normal em 1917, na Escola Normal Pedro Celestino de Cuiabá e no ano seguinte mudou-se para Campo Grande, nomeada para lecionar na primeira escola pública isolada do sexo feminino, onde foi, por durante quatro anos, professora, secretária e diretora. Em 1922 foi designada para o Grupo Escolar Joaquim Murtinho. Em 1937 é nomeada vice-diretora e no ano seguinte assume a diretoria dessa instituição de ensino. Em 1939, no governo o interventor Júlio Müller, instalou e organizou o Liceu Campo-Grandense, mais tarde denominado Ginásio Estadual Campograndense.

Em 1951, a convite do governador Fernando Correa da Costa, assume a direção do Colégio Estadual e da Escola Normal Joaquim Murtinho, em substituição ao professor Múcio Teixeira Júnior. Em 1954 passa a integrar a Camapanha Nacional de Educadores Gratuitos, idealizada em Recife pelo professor Felipe Tiago Gomes. De 1956 a 1961, durante o governo de João Ponce de Arruda, permaneceu fora do Estadual e da Joaquim Murtinho, por questões políticas, retornando à direção das duas entidades, com a volta de Fernando Correa da Costa ao governo, em 1961.

Maria Constança de Barros Machado dá nome ao colégio que ela construiu e dirigiu


Faleceu em Campo Grande em 7 de abril de 1996.

FONTE: Maria da Glória Sá Rosa, Memória da Cultura e da Educação em Mato Grosso do Sul, UFMS, 1990, página 62


12 de dezembro

1912 – Realiza-se o primeiro júri na comarca de Campo Grande

Inaugurado no dia 12 de maio, com a posse do juiz Arlindo de Andrade Gomes, que renunciou 50 dias depois, somente nesta data foi realizado o primeiro júri em Campo Grande, sob a presidência do novo juiz, dr. Abreu. O réu chamava-se José João Bernardo de Freitas, acusado da morte de Francisco Veloso. Foi absolvido assim como os dois outros acusados, João Manoel dos Santos, soldado do Exército, e João Manoel da Silva, submetidos a julgamento nos dias seguintes, 13 e 14. No final a municipalidade foi condenada a pagar as custas, na importância de 557$000.” 

FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, página 19.


12 de dezembro

1950 - Lançada pedra fundamental da igreja São Francisco em Campo Grande

É lançada a pedra fundamental da igreja São Francisco, em Campo Grande, fato revisto 68 anos após, pela imprensa local:


Foto antiga da paróquia e convento  de São Francisco de Assis, localizada na rua 14 de Julho, hoje sede da Província Franciscana. (foto: Reprodução Livro/A Missão Franciscana de Mato Grosso)Foto antiga da paróquia e convento de São Francisco de Assis, localizada na rua 14 de Julho, hoje sede da Província Franciscana. (foto: Reprodução Livro/A Missão Franciscana de Mato Grosso)
São quase 68 anos desde que a pedra fundamental da igreja São Francisco de Assis foi lançada no lugar em que o prédio surgiu imponente, no estilo imperial. No dia 12 de dezembro de 1950, o então prefeito de Campo Grande de Mato Grosso, Fernando Corrêa da Costa, fez o lançamento oficial da obra e naquele momento também renomeou a região que seria uma das mais importantes da cidade: “A partir dessa data, o Bairro Cascudo passa a se chamar Bairro São Francisco", decretou.
O paraibano Frei João Francisco Neto assumiu como pároco da São Francisco de Assis neste ano e, com muita simpatia, guiou o Lado B pela estrutura histórica do prédio construído por freis alemães, que depois passou por ajustes e expansões para abrigar a ordem dos Franciscanos.
O terreno onde hoje se encontra a paróquia foi doado por Luziano dos Santos, antigo dono do bar Vai ou Racha - antigamente localizado na outra esquina da quadra. No projeto, os religiosos tomaram a frente de tudo. O arquiteto foi o Frei Valfrido Stahie, o pedreiro o Frei Proto Schurr e a marcenaria ficou por conta do Frei Luís Kunkel. Assim as paredes foram subindo com ajuda de outros frades e apoio da comunidade.
A obra finalmente terminou em junho de 1956 e se tornou desde então um dos cartões postais da Capital. Discretos, os freis que ali moram passam despercebidos por muitos, assim como o convento, hoje considerado sede da Província Franciscana do Estado. 

Fachada permanece a mesma até hoje, quase 68 anos desde a inauguração da pedra fundamental (Foto: Kisie Ainoã)Fachada permanece a mesma até hoje, quase 68 anos desde a inauguração da pedra fundamental (Foto: Kisie Ainoã)
Brasão da Ordem Franciscana representa os braços de Jesus Cristo e São Francisco de Assis. (Foto: Kisie Ainoã)Brasão da Ordem Franciscana representa os braços de Jesus Cristo e São Francisco de Assis. (Foto: Kisie Ainoã)
Todos os vitrais da Igreja Matriz contam a história da vida de São Francisco de Assis. Eles, assim como a imagem do santo que se encontra no alto da igreja, foram trazidos de São Paulo, de onde também veio a inspiração, semelhante ao Convento dos Franciscanos de Pari. "Esta imagem dos dois braços é o Brasão da Ordem Franciscana e representa o braço de Jesus Cristo e de São Francisco de Assis", explica o pároco João Francisco a respeito de uma imagem que está constantemente representada na paróquia.
Mas esta não foi a primeira casa dos franciscanos em Mato Grosso do Sul. Antes mesmo de 1950, no ano de 1941, se situavam em uma discreta casa na Rua Antônio Maria Coelho, no número 804. "Eles vieram pro o Brasil primeiro para Petrópolis, no Rio de Janeiro, por conta da 2ª Guerra Mundial. Lá já havia uma sede Franciscana. Em terras brasileiras, aprenderam o idioma e vieram para Mato Grosso do Sul em seguida", detalha o Frei.
Em área doada por dono de bar, paróquia surgiu há 68 anos e mudou nome de bairro
Na parte interna da paróquia, o imenso pé direito da construção tem uma justificativa plausível: o calor campo-grandense. "Dessa forma, os engenheiros conseguiram que aqui dentro ficasse mais fresco. Imagine na época, não tinha luz, muito menos ar condicionado".
Apaixonado pela estrutura, o Frei brinca que é "suspeito", mas acredita que a paróquia de São Francisco de Assis é a mais bela da cidade. 
Olhando de fora não dá para ter noção da gigante estrutura franciscana. Mas ao entrar no convento, caminhar até a seguinte construção anexa, criada anos depois da entrega da paróquia, chegando até a imensa horta que mais parece uma floresta em que os olhos perdem a noção de seu fim.
Só é possível realmente entender a dimensão da estrutura quando o olhar se volta para o externo e nota-se os condomínios de grandes construtoras, o que dá a entender que o terreno já está na Avenida Ernesto Geisel.
Nos detalhes da construção as marcas do tempo. Nas pedras que servem como revestimento na área externa do prédio, as manchas de terra são prova de que passaram-se anos desde sua instalação.
Três sinos estão dispostos em pontos distintos da paróquia e do convento, e cada um toca em um horário diferente: às 6h, às 12h e às 18h. "O único horário em que todos soam juntos é às 18h", diz o frei.
Umas singela capela fica disposta nos fundos da construção, ao lado de um belo mural que teve sua restauração finalizada ontem (08). "No piso superior do convento são os dormitórios, aqui embaixo temos a enfermaria em que ficam os freis mais idosos caso houver necessidade", detalha.
Uma das portas de acesso no último conjunto do prédio, em frente a ala dos retiros. (Foto: Kisie Ainoã)Uma das portas de acesso no último conjunto do prédio, em frente a ala dos retiros. (Foto: Kisie Ainoã)
Um dos três sinos do prédio, este está localizado na área interna do convento. (Foto: Kisie Ainoã)Um dos três sinos do prédio, este está localizado na área interna do convento. (Foto: Kisie Ainoã)
Frei João Francisco mostra o azulejo instalado na sacristia desde a construção do prédio. (Foto: Kisie Ainoã)Frei João Francisco mostra o azulejo instalado na sacristia desde a construção do prédio. (Foto: Kisie Ainoã)

Festa - Com uma vida focada do celibato e na abdicação total de riquezas, o Frei João Francisco permanece por 6 anos como pároco da paróquia e, pela primeira vez, movimenta a Quermesse em comemoração ao dia do santo. A festa acontece hoje (10), com missa de celebração às 18h.
"Estamos trabalhando nessa celebração desde agosto. É muito trabalho a ser feito mas agora estamos mais tranquilos. Devido ao 1º turno das eleições e a matriz ser zona eleitoral, não foi possível realizar o evento no início do mês de outubro, próximo a data que fazemos lembrança de São Francisco de Assis, dia 04, e assim o evento foi transferido para esta data", pontua.
Após a missa, a comunidade pode desfrutar das barracas e festejos, com direito à show de prêmios com cartelas a R$ 15,00. Os prêmios neste ano são em dinheiro, indo de R$ 200,00 a R$ 2 mil.
FONTE: Thais Pimenta, Em área doada por dono de bar, paróquia surgiu há 68 anos, Campo Grande News, 10 de novembro de 2018.

12 de dezembro

1969 – Inaugurado asfalto Porto XV- Campo Grande

C

Com a presença do presidente recém empossado, general Garrastazu Médici, do governador Pedro Pedrossian, dos ministros Elizeu Resende (Interior) e Mario Andreaza (Transportes), do comandante da 9a. Região Militar, general Ramiro Tavares, do deputado federal Marcílio de Oliveira Lima, é entregue a pavimentação asfáltica das BRs-267 e 163, entre Campo Grande e Porto XV. A rodovia recebeu o nome de Manoel da Costa Lima, o primeiro a completar a ligação São Paulo-Mato Grosso, através de uma estrada boiadeira, inaugurada a 8 de outubro de 1906.¹

O fato foi registrado pela imprensa cuiabana, que deu destaque ao rápido discurso proferido pelo Diretor Geral do DNER, engenheiro Elizeu Resende:

A integração de Mato Grosso à economia nacional é um dos parâmetros diretores do planejamento rodoviário que se estabeleceu no país.

Parte deste objetivo é hoje alcançado com a entrega ao tráfego do complexo rodoviário formado pelas BRs 267 e 163.

Pela primeira vez uma rodovia pavimentada penetra ao Estado de Mato Grosso, beneficiando diretamente toda a região Sul, que pela sua riqueza e pelo seu potencial, representados por notável e crescente produção agropecuária, estava a clamar por ligação asfáltica que a colocasse em direta conexão com os grandes centros consumidores do país e com os portos que assegurassem a exportação de seus produtos.

FONTE: ¹Edgard Zardo, De Prosa e Segredo Campo Grande Segue seu Curso, Funcesp/ Fundação Lions, Campo Grande, 1999 página 36. ²O Estado de Mato Grosso, Cuiabá, 13 de dezembro de 1969.


12 de dezembro

1969 - Anunciada criação da Universidade Federal de Mato Grosso




Por ocasião de sua primeira visita a Mato Grosso, onde inaugurou o asfalto entre Campo Grande e a divisa de São Paulo, o presidente general Garrastazu Médici assinou mensagem ao Congresso Nacional, criando a Universidade Federal de Mato Grosso, com sede em Cuiabá.

A solenidade realizou-se na sala do comandante da Base Aérea de Campo Grande, com a presença dos ministros Jarbas Passarinho, da Educação e Cultura e Mário Andreazza, dos Transportes, do governador Pedro Pedrossian, do deputado Renê Barbour, presidente da Assembleia Legislativa, do senador Fernando Correa da Costa, dos deputados federais Rachid Saldanha Derzi e Marcílio de Oliveira Lima e dos secretários Gabriel Novis Neves e Leal de Queiroz, da Educação e Interior e Justiça.

A universidade foi criada em 10 de dezembro de 1970, pela Lei n° 5647, a partir da fusão da Faculdade de Direito de Cuiabá (que foi criada em 1952) e do Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá. Nesse ano foram abertos os 11 primeiros cursos, oferecidos no campus universitário, na região do Coxipó. Foram criados os primeiros centros e iniciadas as obras de construção dos blocos.

FONTE: O Estado de Mato Grosso, 13 de dezembro de 1969.

sábado, 12 de outubro de 2013

3 de novembro

03 de novembro
 
1867 – Morre o governador Frederico Campos

Frederico Campos não chegou a conhecer o Estado
 
Preso em Assunção pelo governo paraguaio quando se dirigia a Cuiabá para tomar posse, o presidente Frederico Campos, de Mato Grosso, sucumbe em prisão no país inimigo.


Bacharelou-se em Matemática. Assentou praça em 14 de janeiro de 1822. Segundo-tenente em 20 de junho de 1823. Participou da Guerra da Independência, tendo então recebido medalha. Promovido a primeiro-tenente em 12 de outubro de 1824, a capitão em 25 de janeiro de 1828, a major em 13 de setembro de 1837, a tenente-coronel graduado em 7 de setembro de 1842 e a efetivo no posto em 14 de maio de 1844, chegando a coronel em 2 de dezembro de 1855.
Pertenceu ao Corpo de Engenheiros.
Presidiu a Província da Paraíba. Em 12 de novembro de 1864, nomeado presidente de Mato Grosso, viajava, para tomar posse, no paquete “Marquês de Olinda”, que foi atacado e capturado por Solano Lopez, um dos fatos que dariam início à guerra contra o Paraguai. Frederico Carneiro de Campos foi feito prisioneiro.

Comendador da Ordem de Avis e dignitário da Ordem do Cruzeiro. Admitido como sócio correspondente do IHGB em 10 de novembro de 1842.

FONTE: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, 2017.



03 de novembro

1869 – Frei Mariano libertado se apresenta em Cuiabá

Livre de sua prisão no Paraguai, frei Mariano se apresenta aos seus superiores em Cuiabá e acresce ao seu currículo a seguinte manifestação de seu superior:

Atestamos e certificamos que o missionário revdo. Frei Mariano de Bagnaia desde que chegou neste bispado em dias de outubro de 1847 tem-se empregado sempre no serviço da igreja, já como exercendo todas as funções eclesiásticas de que nos encarregamos, e sempre com muito zelo, devoção e exemplar fervor, merecendo por isso toda a nossa confiança, amor e particular estima. Sua vida pública e mesmo particular tem sido constantemente honesta e cheia de virtudes e por isso mesmo tem recebido e gozado geral estima de todos os filhos dessa diocese. Jamais o ocupamos, que não fôssemos atendidos prontamente com edificação e humildade, e nomeando-o ultimamente como vigário da comarca eclesiástica de Baixo-Paraguai e pároco encomendado da igreja da comarca de Miranda, ali cumpriu seus deveres com tanto zelo e exatidão que só temos de engrandecê-lo de louvores pelo muito que fez a benefício da igreja e de seus filhos espirituais. Ali se edificou a igreja, despendendo nesta obra quase o que havia de seu ordenado e emolumentos,onde conservou com firmeza apostólica até a fatal invasão dos paraguaios, na esperança de que não fosse ao menos destruída a sua igreja e aprisionados seus paroquianos.

Tivemos porém que lamentar sua prisão realizada em princípio de 1865 e muitas vezes o nosso coração encheu-se de amarguras ao saber de seus sofrimentos assim arrebatado violentamente e arrebatado de sua igreja, foi por isso que deixou de remeter como cumpria os mapas dos sacramentos administrados depois de sua prisão. Logo, porém, que se viu salvo pelas mãos da Providência em primeiro lugar e depois pelo valor de nossas armas militares, em agosto do corrente ano procurou imediatamente recolher-se para esta cidade apresentando-se a nós cheio de amor e declarando que está pronto para continuar o serviço da S. igreja como melhor nos parecer, o que foi para nós de extrema alegria e de muita consolação. Pois estamos outra vez com um cooperador eclesiástico de toda a confiança, zelo e instrução e fervoroso no serviço de Deus e de sua igreja.

Cuiabá, 3 de novembro de 1869.
D. José Bispo de Cuiabá.

FONTE:  Frei Alfredo Sganzerla, A história de Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992página 403





03 de novembro


1918 – Gripe espanhola em Campo Grande



Relatório do intendente geral do município Rosário Congro, dá detalhes da passagem da gripe por Campo Grande:

“Depois de haver semeado o luto e a dor na bela capital da República, em São Paulo e inúmeras cidades do território nacional, o morbo atingiu também o nosso Estado, onde, felizmente, se manifestou em caráter benigno, apesar de seu extraordinário poder de expansão.


Não logrou esta cidade passar indene, e a 3 de novembro do ano findo irrompia o mal em Campo Grande alcançando, em poucos dias, proporções assustadoras.

A falta de todos os recursos profiláticos e de isolamento, além de outros, converteram a cidade num vasto hospital, sendo de uma louvável dedicação, digna de todos os encômios, o ilustrado corpo clínico, em sua árdua tarefa.
"Na impossibilidade de organizar um serviço de hospitalização, pela falta de um edifício que reunisse as condições exigidas de higiene e conforto, resolvi organizar um serviço ambulatório, deficientíssimo ainda assim, pela carência de pessoal, mesmo a soldo e mandei distribuir o seguinte boletim:
‘A pandemia reinante alastra-se por toda a cidade, menosprezando todos os recursos profiláticos, como se tem verificado no Rio, em São Paulo e nas grandes capitais européias, onde ainda perdura.


A moléstia tem-se manifestado, felizmente, benigna; a situação porém agrava-se por terem enfermado vários membros do nosso dedicado corpo clínico, sobrecarregando de atividades e trabalho os demais doutores, já exaustos por certo e igualmente ameaçados.


Uma farmácia fechou suas portas por ter caído todo o seu pessoal e começa a escassear, pela mesma causa, o fornecimento diário dos gêneros alimentícios indispensáveis aos doentes, como leite, galináceos e outros.
O intendente municipal no intuito de minorar a situação que se apresenta, pede a notificação de todos os casos em que se verifique a necessidade, não só de medicamentos como de outros recursos, inclusive de pessoal.
Cento e cinqüenta e seis receitas foram aviadas por conta da intendência e muitos remédios foram remetidos para a zona suburbana e rústica, onde era grande o número de enfermos e dos quais, diariamente afluíam os pedidos de socorros.


No edifício da escola municipal, tendo adquirido leitos e roupas, hospitalizei seis doentes que, com o dr. delegado de higiene, encontrara num casebre distante uma légua da cidade, sem recursos de qualquer espécie, tendo-se verificado ali, pela manhã desse dia, o falecimento de um outro morador, cujo enterramento providenciei.


Posteriormente, outros doentes receberam tratamento no mesmo edifício.
Imagino por este fato, quão elevado devia ter sido o número de enfermos entre os habitantes da campanha em toda a enorme extensão do município.
Sem a possibilidade de uma estatística, calculo entretanto em mais de dois mil os casos verificados nas distantes povoações de Entre Rios, Jaraguari, Rio Pardo e na cidade, sendo que somente nesta os notificados ultrapassaram de mil.


O número de óbitos na cidade foi apenas de trinta e seis, o que atesta a benignidade com que o mal nos visitou.
Devo registrar o gesto nobre e altruístico do sr. dr. Antonio Ferrari, enviando-me para socorro aos doentes pobres um quilo de quinino.
Esta preciosa dádiva chegou a meu poder quando a epidemia estava já em franco declínio, o que me permitiu dividi-la com o sr. dr. Nicolau Fragelli, intendente de Corumbá, a quem , espontaneamente fiz oferta telegráfica, ante a virulência com que grassava ali a terrível enfermidade.
Devo ainda por em destaque a atitude pronta, solícita e incansável do sr. dr. José Gentil da Silva, delegado de higiene, atendendo com presteza a todos os enfermos por mim indicados, colocando-os sob seu tratamento, e fazendo visitas domiciliares não só no perímetro urbano como nas zonas mais afastadas.


Os gastos totais feitos pela intendência, com os socorros por ela prestados, atingiram à soma de 4:658$300, conforme balancete discriminado de 30 de abril do corrente ano, publicado no Correio do Sul”. 


FONTEJ. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, Edição do autor, Campo Grande, 1980, página 139

FOTO: Campo Grande no ínicio da década de 20 do século passado.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

6 de outubro

6 de outubro

1778 - Fundação de Cáceres


Vista aérea de Cáceres em foto de 1953


A vila de São Luís de Cáceres foi fundada em 6 de outubro de 1778 pelo tenente de Dragões Antônio Pinto no Rego e Carvalho, por determinação do quarto governador e capitão-general da capitania de Mato Grosso, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.

Cáceres, com o nome de Vila-Maria do Paraguai, em homenagem à rainha reinante de Portugal. No início, o povoado de Cáceres não passava de uma aldeia, centrada em torno da igrejinha de São Luiz de França. A Fazenda Jacobina destacava-se na primeira metade do século XIX por ser a maior da província de Mato Grosso em termos de área e produção. Foi lá que Sabino Vieira, chefe da Sabinada, a malograda revolução baiana, refugiou-se e veio a morrer em 1846.

O historiador Natalino Ferreira Mendes conta em seus livros que, em meados do século passado, Vila-Maria do Paraguai experimentou algum progresso, graças ao advento do ciclo da indústria extrativa, que tinha seus principais produtos no gado, na borracha e na ipecacuanha, o ouro negro da floresta, e à abertura da navegação fluvial.

As razões paraa fundação do povoado foram a necessidade de defesa e incremento da fronteira sudoeste de Mato Grosso; a comunicação entre Vila Bela da Santíssima Trindade e Cuiabá e, pelo rio Paraguai, com a capitania de São Paulo; e a fertilidade do solo no local, com abundantes recursos hídricos

Em 1860, Vila-Maria do Paraguai já contava com sua Câmara Municipal, mas só em 1874 foi elevada à categoria de cidade, com o nome de São Luiz de Cáceres, em homenagem ao padroeiro e ao fundador da cidade. Em 1938, o município passou a se chamar apenas Cáceres. Em fevereiro de 1883, foi assentado na Praça da Matriz, atual Barão do Rio Branco, o Marco do Jauru, comemorativo do Tratado de Madri, de 1750. Junto com a Catedral de São Luís - cuja construção teve início em 1919, mas só foi concluída em 65 -. os dois monumentos estão até hoje entre os principais atrativos turísticos da cidade.

A navegação pelo Rio Paraguai desenvolveu o comércio com Corumbá, Cuiabá e outras praças, e o incremento das atividades agropecuárias e extrativistas fez surgir os estabelecimentos industriais representados pelas usinas de açúcar e as charqueadas de Descalvados e Barranco Vermelho, de grande expressão em suas épocas

Em 1914, São Luís de Cáceres recebeu a visita do ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, que participava da Expedição Roosevelt-Rondon. Conta-se que ele ficou encantado com o comércio local, cujo carro-chefe era a loja 'Ao Anjo da Ventura', de propriedade da firma José Dulce & Cia, que também era dona do vapor Etrúria. As lanchas que deixavam Cáceres com destino a Corumbá levavam poaia (ou ipecacuanha), borracha e produtos como charque e couro de animais e voltavam carregadas de mercadorias finas, como sedas, cristais e louças vindas da Europa.

No início de 1927, Cáceres viveu dois acontecimentos marcantes: a passagem da Coluna Prestes por seus arredores, que provocou a fuga de muitos moradores, e o pouso do hidroavião italiano Santa Maria, o primeiro a sobrevoar Mato Grosso. .

A partir de 1950, as mudanças passaram a ser mais rápidas.No início dos anos 60, foi construída a ponte Marechal Rondon, sobre o rio Paraguai, que facilitou a expansão em direção ao noroeste do Estado. A chegada de uma nova leva migratória,causada pelo desenvolvimento agrícola que projetou pólo de produção no Estado e no pais, mudou o perfil de Cáceres, cuja ligação com a capital, Cuiabá, foi se intensificando à medida em que melhoravam as condições da estrada ligando as duas cidades. É nesse período que ocorre a emancipação dos novos núcleos sócios-econômicos.

Assim, emanciparam-se de Cáceres: o distrito de Mirassol D'Oeste, Rio Branco, Salto do Céu, Jauru, Porto Esperidião, Pontes e Lacerda, São José dos Quatro Marcos, Araputanga, Reserva do Cabaçal, Figueirópolis, Porto Estrela, Glória D'Oeste e Lambarí D'Oeste.

ATIVIDADES ECONÔMICAS

A pecuária é a principal atividade econômica da cidade, que possui um dos maiores rebanhos de gado bovino do Brasil

A criação de jacaré do pantanal em cativeiro tem levado Cáceres ao mundo. No dia 01 de julho de 2008, o Primeiro e Unico Frigorifico de Jacaré da America Latina foi agraciado com o SIF - Serviço de Inspeção Sanitária, o que permitirá a comercialização da carne para todo o território nacional e para outros países.E tudo acontece em Cáceres, são 3 criatórios comerciais, um frigorifico e um curtume. A indústria do turismo vem crecendo muito nos últimos anos, destacando-se a pesca esportiva que atrai milhares de pessoas anualmente, onde no mês de setembro, é realizado o Festival Internacional de Pesca de Água Doce.

INFRA-ESTRUTURA

Nos últimos anos, Cáceres procurou estruturar-se como importante porto fluvial no contexto matogrossense, incorporando-se à política de Integração Latino-Americana, buscando a implantação do sistema de transporte intermodal, e a ligação por rodovia com a Bolívia e conseqüentemente uma saída para o Pacífico, evidenciando-se como grande opção para profundas transformações, não só para sua economia, como para Mato Grosso.

CLIMA 

A temperatura média anual é de 22,6°C,o clima é mais ameno devido ao pantanal, em Julho o clima torna-se mais frio, tendo a temperatura média 19,1°C (mínimas de 13°C e máximas de 26°C). Em Janeiro é quente, a temperatura média é 26,4°C (mínimas de 22°C e máximas de 33°C), porém as temperaturas podem chegar a 40°C. Devido a massas de ar polar atlântica, em julho, as temperaturas pode chegar a 5°C. A menor temperatura feita na cidade foi de -3,5°C (1975) registrando uma forte geada e sua maior 41,8°C em 1998. As geadas são raras registrando uma a cada 5 anos. Sua precipitação é de 1370mm anuais tendo, o perido chuvoso vai de outubro a março, os demais meses o clima fica muito seco em agosto a umidade pode chegar a 10%.

FONTE: IBGE


6 de outubro
 
1856 – Aberta navegação do rio Paraguai



Deixa Buenos Aires com destino a Corumbá a escuna Leverger, a primeira embarcação dirigida a Mato Grosso, após a reabertura da navegação do rio Paraguai pelo governo da República vizinha. As informações são do cônsul brasileiro na capital Argentina ao Ministério dos Negócios Estrangeiros:

Cumprindo a ordem que V. Exa. transmitiu-me por despacho de 13 do corrente mês, a respeito da comunicação das notícias relativas ao movimento do comércio e navegação brasileiros para a província de Mato Grosso, tenho a satisfação de levar ao conhecimento de V. Exa. que consta aqui haver chegado no porto de Assunção a escuna brasileira Leverger, notícia que foi comunicada ao consignatário dessa embarcação nesta cidade, sem ser acompanhada de nenhuma informação sobre a facilidade ou dificuldade que tenha encontrado a mesma embarcação para continuar a sua navegação.


É, porém, exato ter informado o sobrecarga da dita escuna que até Vila do Pilar (setenta léguas abaixo de Assunção) sempre encontrou toda a benevolência da parte das autoridades da República, mas, também é certo que, tendo o sr. presidente Lopez suspeitado que uma casa comercial desta praça cuja firma é Machain & Irmãos, que são cidadãos paraguaios, tem uma parte no carregamento do Leverger, mandou lavrar um decreto contra o chefe dessa casa comercial declarando-o fora da lei.


Como comuniquei a V. Exa., além da escuna Leverger, se preparavam aqui outras duas embarcações denominadas Diamantina e Pedro II, que deste porto sairão para o de Albuquerque, a primeira no dia 6 e a segunda no dia 27 deste mês.


Estas três expedições comerciais são de uma importância regular, pois que, segundo um cálculo que tenho feito, e dando um desconto à exageração dos preços das faturas apresentadas neste consulado mediante as quais se organizaram os manifestos de carga, julgo que se elevaram a cifra de setenta a oitenta mil pesos fortes, a fora o valor do frete.


É de supor que estas três escunas sejam os navios que tenham de inaugurar a nevegação fluvial para a província de Mato Grosso, e por este motivo eu sinto um verdadeiro prazer pela glória que me cabe de haver sido a primeira autoridade brasileira que despachou navios para aquele destino, glória que me foi proporcionada pelas estipulações do tratado de 6 de abril deste ano, negociado pelos plenipotenciários do Brasil e do Paraguai.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses(2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973página 191

FOTO: Porto de Corumbá no início do século XX. 



6 de outubro

1862 - Autorizada construção do novo prédio da alfândega de Corumbá

O Ministério da Fazenda do Império libera 20:000$ destinados ao início da construção de prédio para a alfândega de Corumbá, antiga reivindicação do governo da província e do comércio daquela cidade. A boa nova vem na seguinte comunicação oficial ao presidente da província de Mato Grosso:

"À presidência de Mato Grosso, declarar que, em vista do seu parecer n° 13 de 14 de maio último, fica autorizada para construir o novo edifício da alfândega da mesma localidade em que se acha, isto é, na antiga povoação de Albuquerque, hoje mais conhecida pelo nome de Corumbá.

E, atendendo este ministério ao movimento atual do comércio direto da província, e mesmo do futuro próspero que geralmente se lhe augura, entendendo não convir desde já levar-se a efeito uma obra grandiosa como qualquer das orçadas em 273:498$, 180:000$, ou mesmo a de 100:000$, e por isso fica por enquanto adotado o projeto de construção apresentado pela última presidência e planejado pelo engenheiro Lobo d'Essa, cuja planta e orçamento, na importância de 49:580$, ora se remetem para que mande executar a obra por meio de contrato, com as garantias e fiscalização do estilo, se aparecer para isso pretendente, ou por administração no caso contrário.

Nesta data é autorizada a tesouraria da fazenda da província a despender com o começo da dita obra no corrente exercício a quantia de 20:000$".

FONTE: Correio Mercantil (RJ), 29 de outubro de 1862.






quarta-feira, 18 de setembro de 2013

19 de setembro

19 de setembro


 
1857Frei Mariano nomeado vigário forâneo do Baixo Paraguai, com sede em Corumbá





Frei Mariano de Bagnaia é nomeado vigário da comarca eclesiástica do Baixo-Paraguai, com sede em Corumbá:

“D. José Antonio dos Reis por graça de Deus e da S. Sé apostólica, bispo desta cidade de Cuiabá, Bom Jesus de Cuiabá. Aos que esta provisão verem, saúde, paz e bênção em Jesus Cristo.

Fazemos saber que sendo necessário prover-se o lugar da sede da Vara da Comarca Eclesiástica do Baixo-Paraguai que se acha vaga e reconhecendo no reverendo frei Mariano de Bagnaia as qualidades necessárias para o bom desempenho deste emprego por isso havemos por bem e pela presente nossa provisão nomeá-lo, provê-lo e instituí-lo vigário da Vara da dita Comarca Eclesiástica enquanto bem servir e não mandarmos o contrário e para cujo exercício lhe confiamos todas as faculdades e jurisdição marcados no F. J. 9 do Regimento do auditório eclesiástico da constituição do Bispado com a restrição dos casos incompatíveis com as leis do Império devendo antes de entrar no exercício passar perante nós ou a nossa provisão e vigário geral o respectivo juramento na forma da citada constituição do bispado. Neste emprego haverá todos os emolumentos, provas e percasos que por direito lhe pertencerem. Muito exortamos aos nossos caros e prezados filhos da sobredita comarca para que conheçam com cumpre ao mencionado vigário da Vara.

Data e passada nesta cidade de Cuiabá, sob o nosso sinal e selo de nossas armas, aos 19 de setembro de 1857”.


FONTE: 35 - Frei Alfredo Sganzerla, A história do frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992, página 392.


19 de setembro

1963 - Morre no Rio, o general Zenóbio da Costa





Faleceu no Rio de Janeiro, o general Euclides Zenóbio da Costa nasceu em Corumbá (MS), então no estado de Mato Grosso, no dia 9 de maio de 1893, filho do general José Zenóbio da Costa e de Hermínia Mendes Gonçalves da Costa.

Realizou os primeiros estudos em sua cidade natal e, em 1905, aos 12 anos de idade, matriculou-se no Colégio Militar do Rio de Janeiro, então capital da República. Concluiu o curso em dezembro de 1911 e nesse mesmo mês assentou praça, ingressando na Escola Militar do Realengo. Realizou os cursos de cavalaria, infantaria e artilharia e em abril de 1915 foi declarado aspirante-a-oficial.

Por essa época foi convocado para integrar as tropas do governo que combatiam no Sul a Revolta do Contestado. Essa era a denominação do território disputado pelos estados do Paraná e Santa Catarina na região dos rios Saí e Iguaçu. Como as terras do Contestado fossem muito férteis, fazendeiros influentes começaram a desalojar os antigos ocupantes da área, pequenos agricultores que, por isso mesmo, passaram a se armar e a se organizar em torno de líderes messiânicos. A repercussão nacional do conflito levou o governo federal, a partir de outubro de 1912, a enviar várias expedições militares para combater os posseiros. As 13 primeiras expedições foram destroçadas, morrendo em combate 20 oficiais e perto de trezentos soldados do Exército. Cerca de três mil camponeses fanatizados perderam a vida lutando contra tropas regulares. Somente em outubro de 1916, ante o poderio de fogo das forças comandadas pelo general Fernando Setembrino de Carvalho, a revolta foi esmagada.

De regresso ao Rio de Janeiro, Zenóbio foi indicado para secretariar o 55º Batalhão de Caçadores (BC). Em julho de 1917, promovido a segundo-tenente, passou a comandar a 4ª Seção da 1ª Companhia de Metralhadoras. Em 1921 serviu na Bahia e em janeiro do ano seguinte foi promovido a primeiro-tenente voltando então ao Rio para juntar-se à 4ª Companhia de Metralhadoras Pesadas. Nessa época, os meios militares andavam agitados com a campanha presidencial que opunha os candidatos Artur Bernardes, presidente de Minas, e Nilo Peçanha, senador pelo estado do Rio. A jovem oficialidade, base do movimento tenentista, mobilizou-se contra a candidatura de Bernardes, afinal eleito em 1º de março de 1922, e inflamou-se quando o presidente Epitácio Pessoa, em 4 de julho seguinte, ordenou a prisão disciplinar do marechal Hermes da Fonseca por este ter protestado, na qualidade de presidente do Clube Militar, contra a utilização de tropas do Exército numa disputa eleitoral em Pernambuco. No dia 5 de julho, a guarnição do forte de Copacabana rebelou-se contra o governo, contando com a adesão dos cadetes da Escola Militar do Realengo e de alguns contingentes da Vila Militar. O movimento foi controlado em algumas horas, tendo Zenóbio tomado parte na repressão aos rebeldes. No dia 15 de novembro, Artur Bernardes assumiu a presidência da República.

Em 1924 Zenóbio servia como instrutor na Escola Militar do Realengo quando foi destacado pelo general João Álvares de Azevedo Costa para comandar uma coluna legalista que combatia no Sul os revolucionários que se insurgiram contra a permanência de Bernardes no poder. A Revolução de 1924 iniciou-se em São Paulo, também no dia 5 de julho, segundo aniversário da revolta do forte de Copacabana. Era comandada pelo general Isidoro Dias Lopes, cujas tropas durante vários dias mantiveram a capital paulista sob ocupação. A cidade, entretanto, foi logo inteiramente bloqueada e incessantemente bombardeada pelos legalistas. Para não sacrificar a população civil, Isidoro recuou para o Sul do país. Alguns de seus oficiais e soldados exilaram-se em Buenos Aires e Montevidéu. Outros se juntaram às tropas sob o comando do capitão Luís Carlos Prestes, que marchavam de Santo Ângelo (RS) em direção a Mato Grosso com o objetivo de continuar a ação revolucionária. A junção da unidade revoltosa de Santo Ângelo com os remanescentes da tropa de Isidoro foi a origem da Coluna Prestes, que durante dois anos percorreria mais de dois mil quilômetros do território brasileiro, dando combate a destacamentos do Exército e a batalhões das polícias militares de vários estados que se movimentaram para defender o governo federal.

Colocado em 1926 à disposição do governador do Maranhão, José Pires Sexto, Zenóbio da Costa acumulou naquele estado a chefia de polícia e o comando da Força Pública, tendo exercido ainda, durante alguns dias, as funções de prefeito de São Luís. Já no posto de capitão, ao qual foi promovido em julho de 1928, retornou ao Rio de Janeiro em meados de 1930, em pleno período de agitação revolucionária contra o governo Washington Luís. Comandante, entre outubro e dezembro daquele ano, da 6ª Companhia do 1º Regimento de Infantaria, aquartelado na Vila Militar, tomou posição discreta a favor do movimento revolucionário. Com a posse do Governo Provisório de Getúlio Vargas, foi de novo enviado ao Maranhão para apurar irregularidades administrativas que teriam sido praticadas pelo governo de José Pires Sexto, deposto, como o de Washington Luís, em 24 de outubro de 1930. Encerrada sua tarefa no Maranhão, foi enviado a Belém, onde permaneceu à disposição do comandante da 8ª Região Militar (RM). Em janeiro de 1932 foi chamado novamente ao Rio para comandar a 1ª Companhia do 3º Regimento de Infantaria (RI).

Encontrava-se nesse comando quando estourou em São Paulo, no dia 9 de julho de 1932, a Revolução Constitucionalista, deflagrada pelas correntes políticas do estado em aliança com os efetivos locais do Exército e da Força Pública, com a finalidade de depor o Governo Provisório. Iniciada a contra-ofensiva governamental no vale do Paraíba, sua unidade recebeu ordens para incorporar-se ao destacamento do coronel Manuel Daltro Filho, travando contato com o inimigo nas proximidades de Itatiaia (RJ). Ocorreu, então, o primeiro recuo da vanguarda constitucionalista comandada pelo coronel Euclides Figueiredo. Na frente leste os combates entre paulistas e federais foram mais assíduos e violentos, com as forças legalistas tentando chegar a Campinas e dali abrir caminho para a ocupação militar da capital bandeirante. A atuação de Zenóbio foi posta em evidência pelos despachos do coronel Daltro, assegurando sua promoção a major no dia 5 de agosto de 1932, menos de um mês após o início das hostilidades.

A revolução paulista terminou em 2 de outubro de 1932, com o pedido de armistício dirigido ao chefe do Governo Provisório pelo general Bertoldo Klinger, comandante do chamado Exército constitucionalista. Concluída a rendição, Zenóbio regressou ao Rio e, no início de 1933, assumiu o comando do 1º Batalhão do 3º RI. Entre maio daquele ano e janeiro de 1934 freqüentou também os cursos da Escola de Infantaria.
Quando Pedro Ernesto Batista, interventor e, a partir de 1935, prefeito do Distrito Federal, decidiu criar a Polícia Municipal, Zenóbio da Costa foi convidado para comandá-la, sem prejuízo de sua condição de aluno da Escola de Estado-Maior do Exército, que cursou de fevereiro de 1935 a dezembro de 1936. Nesse período, participou da repressão ao movimento insurrecional do 3º RI, que se sublevou contra o governo em 27 de novembro de 1935. Também nessa época, em maio de 1936, foi promovido a tenente-coronel.

Em agosto de 1937, Zenóbio assumiu o comando do 8º BC, sediado em São Leopoldo (RS), por indicação do general Daltro Filho, comandante da 3ª RM, que então dava execução ao processo de deposição do governador Flores da Cunha. Desde fins de 1936, Flores vinha acentuando suas divergências com o governo federal, aumentando os efetivos da Brigada Militar gaúcha e mantendo mobilizados os chamados batalhões provisórios, grupos de voluntários que haviam sido equipados com armamentos do Exército em 1932 para combater a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Diante das posições de Flores, que apoiava a candidatura de Armando Sales à presidência da República, em oposição a José Américo de Almeida, o candidato semi-oficial, e se recusava sistematicamente a atender aos pedidos de devolução dos armamentos formulados pelo Ministério da Guerra, o governo federal foi apertando o cerco até federalizar a Brigada gaúcha em outubro de 1937, o que provocou a renúncia do governador e sua fuga para o Uruguai. A 10 de novembro seguinte, com a desarticulação de todas as resistências prováveis, Vargas instituiu o Estado Novo, suprimindo a Constituição de 1934, extinguindo todos os órgãos legislativos do país e todos os partidos políticos existentes, suspendendo as eleições marcadas para janeiro de 1938 e adotando uma Carta autoritária que iria vigorar até 1946.

Em 3 de maio de 1938 Zenóbio chegou à patente de coronel. Nessa época, tomou a defesa de Pedro Ernesto, denunciado pelo chefe de polícia do Distrito Federal, Filinto Müller, e processado pelo Tribunal de Segurança Nacional sob a acusação de cumplicidade com a revolta do 3º RI em novembro de 1935. De agosto de 1938 a janeiro de 1940, comandou o 14º RI, em São Gonçalo (RJ). Daí foi transferido, em maio deste último ano, para Campo Grande, então no estado de Mato Grosso, e hoje capital de Mato Grosso do Sul, onde ficou à disposição do comando da 9ª RM até agosto seguinte. Promovido a general-de-brigada em agosto de 1941, já em outubro foi transferido para Belém com a missão de comandar a 8ª RM.

Iniciaram-se a essa altura, em plena Segunda Guerra Mundial, as primeiras conversações entre as autoridades militares e diplomáticas do Brasil e dos Estados Unidos com vista à montagem de sistemas defensivos no Norte e Nordeste do país contra possíveis ataques alemães a partir de bases controladas no litoral da África Ocidental por franceses ligados ao governo colaboracionista de Vichy. Temia-se que os alemães pusessem em risco a segurança do tráfego marítimo no Atlântico Sul. No comando da 8ª RM, Zenóbio travou conhecimento com alguns oficiais que se encontravam em Belém na qualidade de emissários do governo norte-americano para estudar a localização das futuras bases defensivas. Em março de 1943 foi exonerado daquela função e transferido para Caçapava (SP), onde assumiu no mês seguinte o comando da Infantaria Divisionária da 2ª RM. Mas já em maio foi escolhido para exercer o cargo de diretor-geral de Pessoal do Exército.

Com a FEB na Itália

Com os entendimentos mantidos em Natal, em 28 de janeiro de 1943, entre os presidentes Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt, tiveram início as primeiras providências para o envio de tropas brasileiras ao exterior em missão de guerra. Essas trocas de pontos de vista entre os dois chefes de Estado tomaram feição prática e aprofundaram-se durante o ano de 1943, com as sucessivas visitas de autoridades militares norte-americano ao Brasil e com as idas freqüentes de oficiais brasileiros aos Estados Unidos para trocas de informações e acertos de detalhes.

Vários oficiais brasileiros foram relacionados para estagiar em centros de treinamento militar norte-americanos a fim de entrar em contato com modernos armamentos e técnicas de combate. Zenóbio da Costa foi um desses oficiais, e, enquanto permaneceu nos EUA, de agosto a novembro de 1943, um decreto presidencial datado de 7 de outubro de 1943 determinou a organização e instrução da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) com unidades retiradas das regiões militares sediadas no Rio, São Paulo, Minas e Mato Grosso. A 1ª DIE constituiu a Força Expedicionária Brasileira (FEB), cuja composição básica era de pesadas unidades de artilharia e infantaria.

O general Zenóbio da Costa ingressou na FEB como voluntário. Sua missão principal era preparar, com treinamento adequado, os efetivos de infantaria, de conformidade com as diretrizes de instrução dos quadros e da tropa do corpo expedicionário emitidas em 18 de agosto de 1943 pelo Estado-Maior do Exército (EME). Recebendo o prazo de 27 semanas para colocar em condições de combate a tropa sob seu comando, a 31 de março de 1944 desfilou à frente dela na avenida Rio Branco, no Rio, sendo amplamente festejado pela população. Demonstrava assim estar pronto para o embarque, cuja data vinha sendo mantida em sigilo.

Em 2 de julho de 1944, o navio-transporte norte-americano General Mann zarpou da Guanabara conduzindo o 1º Escalão da FEB composto de 5.800 homens, sob o comando de Zenóbio da Costa, e levando a bordo o comandante-em-chefe da FEB, general João Batista Mascarenhas de Morais. A tropa brasileira desembarcou em Nápoles, na Itália, a 16 de julho, e permaneceu nas proximidades até o dia 26, quando se transferiu para a Tarquínia, incorporando-se, a 5 de agosto, aos efetivos do V Exército dos Estados Unidos, comandado pelo general Mark Clark. A 18 deslocou-se para a região de Vada, perto do rio Arno, onde se concentravam fortes dispositivos de tropas alemãs. Nessa área o 1º Escalão, sob o comando de Zenóbio, realizou um teste ofensivo, presenciado pelo general Mark Clark e por 270 oficiais norte-americanos, ao fim do qual foi considerado apto para entrar em combate.

No dia 16 de setembro verificou-se o primeiro contato da FEB com o inimigo. Acampado em San Rossore, o 6º RI desdobrou-se em duas frentes: o 1º Batalhão da unidade marchou na direção Filetole-Monte Ghilardona, enquanto o 2º Batalhão ingressou no percurso Bozzano-Vecoli. Dessa operação resultou a ocupação de Massarosa, Bozzano e Quiza. Dois dias depois, a FEB conquistou o reduto de Camaiore. A 26 alcançou Monte Prano, no desempenho de plano ofensivo que visava a atingir a “Linha Gótica”, constituída de pontos fortificados nas altitudes máximas da cadeia dos Apeninos.

A 6 de outubro, mais dois escalões da FEB chegaram a Nápoles: o 2º com 5.133 homens, comandado pelo general Osvaldo Cordeiro de Farias, e o 3º, com 5.243 homens, comandado pelo general Olímpio Falconière da Cunha. Com esse reforço, Mascarenhas mudou a estrutura de comando da FEB: Cordeiro de Farias passou a comandar a Artilharia Divisionária, e Zenóbio, a Infantaria. As unidades de Zenóbio foram enviadas, então, para o vale do Reno, onde a poderosa 1ª Divisão Blindada americana mantinha posições defensivas numa região montanhosa exatamente defronte às fortificações nazistas nos Apeninos, encravadas nos pontos culminantes dos montes Belvedere, Gorgolesco, Mazzancana, La Torracia, Castelo, Della Croce, Torre de Nerone e Sopropassasso.

A FEB era, estruturalmente, subordinada ao IV Corpo do Exército dos Estados Unidos, comandado pelo general Willis Crittenberger, que por sua vez constituía uma grande unidade do V Exército, sob o comando do general Mark Clark. Ao contrário de Mark Clark, que mantinha excelentes relações com o general Mascarenhas, o comandante do IV Corpo exigia da tropa brasileira um ritmo de operacionalidade que estava muito além de suas disponibilidades técnicas e numéricas. O general Floriano de Lima Brayner conta em seu livro A verdade sobre a FEB que as quatro primeiras tentativas de ataque a Monte Castelo, a principal fortaleza natural da cadeia dos Apeninos, desencadeadas nos dias 24, 25 e 29 de novembro e 12 de dezembro de 1944, foram malsucedidas porque o general Crittenberger não só desviou reforços da infantaria da FEB para outros setores de ação como ainda substituiu unidades norte-americanas por efetivos brasileiros já nos limites irresistíveis da exaustão física.

O procedimento de Crittenberger, segundo Brayner nem sempre contestado devido à timidez e inexperiência de Mascarenhas, chegou a criar dúvidas a respeito da reputação profissional do general Zenóbio e, conseqüentemente, a provocar desconfianças na tropa quanto à sua capacidade de comando. A 21 de fevereiro de 1945, todavia, assumindo pessoalmente a chefia das operações na frente de Monte Castelo, contrariando inclusive as expectativas de Crittenberger, o general Zenóbio da Costa lançou em combate o 1º RI sob o comando do coronel Aguinaldo Caiado de Castro e, com apoio da Artilharia Divisionária, ocupou em 15 minutos a posição considerada quase inexpugnável. Dali por diante, a FEB tomou Castelnuovo, Montese, Zocca, Montalto, Vignola, Marano e Collechio e alcançou Turim a 1º de maio, na véspera da rendição alemã em toda a frente italiana, que marcou o fim da guerra no continente europeu. No dia 9 de maio, Zenóbio foi promovido a general-de-divisão e, no mês seguinte, designado para representar o Exército brasileiro na Parada da Vitória realizada em Londres.

De 1945 a 1954

Em julho de 1945, Zenóbio regressou ao Brasil, quando o país vivia um dos momentos mais ativos da campanha presidencial, tendo em vista as eleições marcadas para 2 de dezembro. Disputavam a chefia da nação o general Eurico Gaspar Dutra, na legenda do Partido Social Democrático (PSD), e o major-brigadeiro Eduardo Gomes, indicado pela União Democrática Nacional (UDN). Dutra era candidato das forças políticas que apoiavam Vargas, enquanto Eduardo Gomes representava a oposição. Não obstante, crescia no país inteiro o chamado movimento “queremista” (“Queremos Getúlio”), que visava ao afastamento das duas candidaturas militares em favor da permanência de Vargas no poder.

No meio político acentuava-se a desconfiança quanto à posição do presidente da República em relação aos seus compromissos com Dutra, generalizando-se a suspeita de que ele próprio incentivava a propagação do movimento queremista através da máquina sindical controlada pelo Ministério do Trabalho. Vargas não se desincompatibilizou no prazo devido para concorrer às eleições, mas no dia 10 de outubro decretou a antecipação das eleições para os governos dos estados, fazendo-as coincidir com o pleito presidencial marcado para 2 de dezembro. Os governos estaduais ficariam assim livres para serem ocupados de imediato por nomes de confiança do presidente, que dessa forma se fortaleceria politicamente em todo o país. Os militares viram nisso uma manobra continuísta e em 29 de outubro, quando Getúlio pretendeu substituir na chefia de polícia do Distrito Federal o coronel João Alberto Lins de Barros pelo seu irmão Benjamim Vargas, as forças armadas depuseram o governo através de um golpe de Estado. A chefia da nação foi entregue ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro José Linhares, e Dutra venceu as eleições de dezembro, tomando posse em janeiro do ano seguinte.

Em junho de 1946 Zenóbio assumiu o comando da 1ª Divisão de Infantaria, a mais poderosa unidade do Exército, sediada na Vila Militar, no Rio de Janeiro. No ano seguinte passou a fazer parte da comissão de promoções do Exército e, em 1949, foi nomeado comandante da Zona Militar Leste, sediada na capital da República.

Definidos os resultados das eleições presidenciais de 3 de outubro de 1950 com a expressiva vitória de Getúlio Vargas, candidato do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sobre seus três competidores — Eduardo Gomes, da UDN, Cristiano Machado, do PSD, e João Mangabeira, do Partido Socialista Brasileiro  (PSB)  as restrições em torno da legitimidade de sua posse começaram a movimentar os meios oposicionistas no Congresso e na imprensa. A tese sustentada era a de que Vargas não alcançara a maioria absoluta de votos, exigência que seus opositores julgavam implícita no texto da Constituição de 18 de setembro de 1946. Tal alegação gerou reações violentas nos meios políticos incluindo setores dominantes do PSD, que, embora derrotados nas urnas, não encontravam fundamento constitucional para impugnar o triunfo do candidato trabalhista.

O problema, como era de se esperar, refletiu-se nos quartéis. Zenóbio, no comando da Zona Militar Leste, foi procurado pelos jornais e desestimulou publicamente a ação dos que procuravam envolver as chefias militares numa decisão que já havia sido tomada pelo voto popular. No entanto o general Newton Estillac Leal, que comandava a Zona Militar Sul e apoiara os pronunciamentos de Zenóbio, foi o escolhido por Vargas para ocupar a pasta da Guerra. A opção do presidente, não tendo sido do agrado de Zenóbio, colocou-o em conflito com o novo ministro, que exercia cumulativamente a liderança da corrente nacionalista do Exército, a qual o elegera, em maio de 1950, presidente do Clube Militar, em oposição ao grupo conservador chefiado pelo general Cordeiro de Farias. Enquanto a corrente de Estillac defendia o monopólio estatal do petróleo, a não-participação do Brasil no conflito coreano e posição autônoma no campo da política externa, o grupo de Cordeiro, ao contrário, admitia a participação do capital estrangeiro na exploração petrolífera, insistia nos compromissos do país com o mundo ocidental em oposição ao bloco soviético, e defendia um integral alinhamento com as diretrizes da política externa dos Estados Unidos.

Entre esses dois grupos, o general Zenóbio e os oficiais de seu círculo de influência figuravam numa esfera oscilante, sem fixações ideológicas e conceitos políticos estabelecidos, embora decididos, na hipótese de um confronto, a uma composição indisfarçável com o grupo do general Cordeiro. Na campanha contra Estillac, acusado de favorecer o desempenho de atividades comunistas dentro do Clube Militar, Zenóbio aparecia como precioso aliado de Cordeiro, não só pela importância do comando que exercia, como pela natural extroversão do seu temperamento, sempre predisposto a pronunciamentos de efeitos retumbantes. Dessa forma, sua posição à frente da Zona Militar Leste foi de choque permanente com o ministro da Guerra.

Promovido a general-de-exército em março de 1951, prosseguiram suas dificuldades de relacionamento com Estillac, em decorrência das questões ligadas ao Clube Militar. Para evitar uma crise, Estillac solicitou demissão do Ministério da Guerra em 25 de março de 1952, ocorrendo a Zenóbio pedir, na mesma data, sua exoneração do comando da Zona Militar Leste. Vargas aceitou as solicitações de ambos e, no dia 30 daquele mês, Zenóbio passou o posto ao general Aristóteles de Sousa Dantas, comandante da 1ª RM e da 1ª Divisão de Infantaria. Em maio, quando Estillac, já afastado do ministério, concorreu à reeleição no Clube Militar, Zenóbio denunciou a presença de influência comunista na tropa e tomou o partido da chapa Alcides Etchegoyen-Nélson de Melo, afinal vencedora do pleito. A chapa denominou-se Cruzada Democrática e foi apoiada também por Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes, Juarez Távora, Ângelo Mendes de Morais, Pedro Aurélio de Góis Monteiro, Canrobert Pereira da Costa, Álvaro Fiúza de Castro e Emílio Ribas Júnior. Depois de permanecer em disponibilidade por seis meses, Zenóbio foi convidado por Vargas para ocupar novamente o comando da Zona Militar Leste, que recebeu do mesmo general Sousa Dantas no dia 9 de setembro.

Ministro da Guerra

No início de 1954, os adversários de Vargas, tanto na área civil quanto na militar, deram prosseguimento à campanha antigovernamental desencadeada nos anos de 1951 e 1952 contra as atividades de Estillac Leal no Ministério da Guerra e intensificada em 1953 com a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar as transações do jornal pró-governista Última Hora com os estabelecimentos oficiais de crédito e, em especial, com o Banco do Brasil. O motivo principal do recrudescimento da luta oposicionista foi o decreto do governo que elevou em 100% o salário mínimo. Do ponto de vista dos empresários, o reajuste, atribuído à ação de João Goulart à frente do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, vinha sobrecarregar os seus compromissos sociais e agravar os índices inflacionários, que decorriam, segundo eles, de pressões exercidas nos sindicatos por elementos considerados suspeitos de atividades subversivas, em aliança com setores esquerdistas do PTB.

Na concepção dos militares, o reajuste quase fazia equivaler o salário mínimo aos vencimentos das categorias subalternas das forças armadas, pondo em risco a estabilidade do sistema hierárquico e dificultando o recrutamento, fundamental para a renovação dos quadros. Surgiu em fevereiro um documento que expressava a insatisfação militar, conhecido como Manifesto dos coronéis e assinado por cerca de 80 coronéis e tenentes-coronéis, entre os quais Amauri Kruel, Sizeno Sarmento, Euler Bentes Monteiro, Golberi do Couto e Silva, Jurandir Mamede e José Alberto Bittencourt. O manifesto teve como resultado o afastamento do general Ciro do Espírito Santo Cardoso do Ministério da Guerra e de João Goulart do Ministério do Trabalho. Zenóbio da Costa foi então convidado por Vargas para assumir o Ministério da Guerra, onde tomou posse em 22 de fevereiro de 1954.

Sua nova posição colocou-o em choque com as lideranças militares da Cruzada Democrática, com as quais se aliara em maio de 1952. Diante disso, tentou remover suas desavenças com Estillac, destinando-lhe o comando da Zona Militar Centro, com sede em São Paulo. Para a Zona Militar Leste foi designado o general Odílio Denis, numa estratégia de fortalecimento do esquema defensivo do governo, já agora sob ameaça declarada de um movimento que tinha como objetivo a interrupção do mandato constitucional de Vargas. Com apoio do que ainda restava da facção de Estillac, bastante atingida pelos inquéritos policial-militares (IPM) de dois anos antes, Zenóbio tentou conquistar o Clube Militar através da indicação do nome do general Lamartine Pais Leme, para a sua presidência, mas não obteve êxito. A Cruzada Democrática manteve-se à frente da entidade, elegendo a chapa Canrobert-Juarez Távora e acentuando dessa forma a vulnerabilidade do dispositivo de segurança do governo.

À crise política em plena efervescência juntava-se o fato de que 1954 era um ano eleitoral. No dia 3 de outubro seriam renovados 11 governos estaduais, 2/3 do Senado e a totalidade da Câmara Federal, além de todas as assembléias legislativas, prefeituras e câmaras de vereadores do país. O jornalista Carlos Lacerda, diretor da Tribuna da Imprensa, um dos principais instrumentos das forças que combatiam o governo, era candidato a deputado federal pela antiga capital da República na legenda da UDN e foi personagem de um episódio que rompeu a normalidade da disputa eleitoral, desencadeando um processo que levaria ao suicídio de Vargas.

Recusando os serviços de segurança pessoal que o governo lhe oferecera através do ministro da Justiça, Tancredo Neves, o jornalista passou a ser acompanhado em seus comícios e conferências por oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) dedicados à sua causa. Os mais freqüentes nesse acompanhamento eram os majores Américo Fontenele, Gustavo Borges e Rubens Vaz, que se revezavam na missão de dar cobertura a Lacerda. Na madrugada de 5 de agosto, voltando de uma dessas conferências, ao estacionar o carro na calçada em frente à sua residência na rua Toneleros, no Rio, Lacerda deteve-se numa conversa com o major Vaz, destacado nesse dia para acompanhá-lo, quando foi atacado a tiros por um desconhecido. O major, no cumprimento de sua tarefa, atracou-se com o pistoleiro e, durante a luta corporal em que se empenhou com ele, foi ferido mortalmente. O atacante desapareceu em seguida. Minutos depois, as emissoras de rádio davam notícia do atentado, revelando que a vítima era ligada ao grupo do brigadeiro Eduardo Gomes.

A cidade foi logo convulsionada. A delegacia policial de Copacabana abriu inquérito, identificando-se logo que o crime teria partido de elementos da guarda pessoal de Vargas, chefiada pelo “tenente” Gregório Fortunato. Desconsiderando a ação da polícia e pondo em dúvida a sua contabilidade, a Aeronáutica instituiu um IPM na base aérea do Galeão, sob a presidência do coronel João Adil de Oliveira. A investigação militar tomou, evidentemente, cunho político. Os membros da guarda presidencial suspeitos de cumplicidade, inclusive o próprio Gregório, foram sendo capturados por patrulhas da FAB e recolhidos ao Galeão. Em pouco tempo não se tratava de envolver apenas os integrantes da guarda, logo dissolvida por ordem de Vargas. Pessoas da família do presidente — seu filho Lutero e seu irmão Benjamim — passaram a ser apontadas como mandantes do crime. O inquérito militar — que, pelo poder que desfrutou, passou a ser conhecido como a “República do Galeão” — procurava comprometer ainda o ex-ministro Danton Coelho, o deputado Euvaldo Lodi e o general Ângelo Mendes de Morais.

Com o intuito de enfatizar sua imparcialidade na condução do IPM e, ao mesmo tempo, inocentar o governo de qualquer responsabilidade no atentado, o presidente da República liberou todas as dependências do palácio do Catete para as diligências dos encarregados do inquérito, que dessa forma tiveram acesso aos arquivos privados da guarda pessoal e, em especial, os de Gregório Fortunato. As facilidades concedidas pelo governo, no entanto, não aliviaram a intensidade da crise. Juntamente com o ministro da Justiça, Tancredo Neves, e com o chefe do Gabinete Militar, general Caiado de Castro, Zenóbio coordenava medidas e tomava algumas precauções para evitar que a legalidade fosse agredida. A 10 de agosto, com a concordância de Vargas e o apoio de Tancredo, propôs a substituição, na chefia de polícia, do general Armando de Morais Âncora pelo coronel Paulo Francisco Torres, reafirmando que o governo estava preparado para defender a integridade do regime constitucional.

Entre 10 e 22 de agosto o clima político não passou por alterações muito substanciais. Mas na noite de 22 os oficiais-generais da FAB, reunidos no Clube da Aeronáutica sob a presidência do brigadeiro Eduardo Gomes, voltaram a manifestar-se contra o governo, indicando a renúncia do presidente da República como única saída para a crise. A decisão dos comandos da FAB foi levada ao Catete pelo marechal Mascarenhas de Morais, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), mas o presidente Vargas repeliu a fórmula da renúncia. O ministro da Justiça sugeriu o imediato enquadramento disciplinar dos brigadeiros sublevados, mas os três militares — inclusive o brigadeiro Epaminondas Santos, que substituíra Nero Moura no Ministério da Aeronáutica — ponderaram que a medida de nada adiantaria aos propósitos do governo de preservar a legalidade, não concorrendo senão para fomentar as animosidades.

No dia seguinte, Zenóbio lançou uma advertência, reiterando que o Exército não permitiria agitações e estava pronto para garantir a normalidade política. À noite, no entanto, a posição dos brigadeiros foi fortalecida pela solidariedade do almirantado, embora não ficasse claro que a Marinha estivesse disposta a combater. Essa nova componente da crise estava sendo avaliada no Catete pelos ministros Tancredo Neves, Epaminondas Santos e Renato Guillobel (Marinha) quando chegou ao palácio o general Zenóbio da Costa acompanhado de Mascarenhas de Morais e Odílio Denis. Na oportunidade, o ministro da Guerra informou que, dos 80 generais em postos de comando no Rio, 37 haviam assinado um memorial justificando a conveniência da renúncia de Vargas.

Em face disso, o presidente da República reuniu o ministério para novas deliberações e verificou que o ânimo de Zenóbio não era o mesmo de antes. Participando da reunião, Alzira Vargas, filha do presidente, censurou o comportamento ambivalente do ministro da Guerra e procurou demonstrar que a real situação dentro do Exército não coincidia com as evasivas de Zenóbio. As discussões generalizaram-se e, no final do encontro, ficou decidido que Vargas entraria de licença, permanecendo afastado do poder enquanto durassem as averiguações em torno do atentado da rua Toneleros.

Segundo depoimento de Juarez Távora, Zenóbio seguiu então para o Ministério da Guerra, onde convocou uma reunião de generais para comunicar-lhes a resolução da licença presidencial. Como a nota expedida pela Secretaria da Presidência da República não mencionava o prazo de vigência do afastamento de Vargas, ao ser interpelado nesse sentido por alguns oficiais mais exaltados, Zenóbio disse que ele seria definitivo.

Na madrugada de 24 de agosto o país foi surpreendido com o suicídio de Vargas. Assumiu o governo o vice-presidente João Café Filho e Zenóbio foi exonerado do Ministério da Guerra, sendo substituído pelo general Henrique Teixeira Lott.

11 de novembro de 1955

Zenóbio permaneceu dez meses sem comissão e sem comando até que, com a morte de Estillac em 1º de maio de 1955, foi designado para substituí-lo no posto de inspetor-geral do Exército. Tomou posse no dia 11 e, segundo as práticas normais do Exército, constituiu seu gabinete com oficiais de sua confiança pessoal, mantendo todavia os tenentes-coronéis Nélson Werneck Sodré e Henrique Moura e Cunha, que serviam naquele órgão a partir da investidura de Estillac.

A agitação política não foi interrompida com o desaparecimento de Getúlio Vargas. Em vez disso, agravou-se diante da perspectiva de vitória da candidatura presidencial de Juscelino Kubitschek, lançada pelo PSD com apoio do PTB, que dava o candidato da chapa à vice-presidência, João Goulart. A ameaça à legalidade não partia exclusivamente das correntes oposicionistas do Congresso que combateram o governo Vargas, mas contava agora com o estímulo do presidente Café Filho e de toda a cúpula militar que ascendera ao poder depois de 24 de agosto. O pretexto para a conspiração consistia na resistência que o PSD e o PTB vinham opondo às proposições da UDN, a qual, segundo aqueles dois partidos, visava a criar embaraços à realização do pleito de 3 de outubro. Entre essas proposições figuravam a adoção da cédula oficial impressa e distribuída por órgãos do governo, o que, segundo a UDN, tinha uma finalidade moralizadora; a instituição da maioria absoluta de votos como condição para eleger-se o presidente, o que não era previsto no texto constitucional, e a aprovação da emenda parlamentarista, que implicava a suspensão das eleições de 3 de outubro.

Surgiu, então, o Movimento Militar Constitucionalista (MMC), criado no estado-maior de Zenóbio e incentivado por ele, que visava, entre outras coisas, a servir de suporte à posição dos deputados e senadores do PSD e do PTB que repeliam as propostas adversárias tendentes a modificar o calendário eleitoral e a reformular as regras estabelecidas pela Constituição, o que consideravam desaconselhável num momento em que estava em curso a campanha de sucessão presidencial.

Em outubro de 1955, após o pleito, quando já estava confirmada a vitória de Juscelino e Goulart, Zenóbio repetiu suas declarações de 1950, defendendo a posse dos eleitos. O general Henrique Lott, ministro da Guerra, que adotara como norma de conduta disciplinar o não-envolvimento de militares em questões políticas, resolveu puni-lo, demitindo-o a 21 de outubro da Inspetoria Geral do Exército. Ao afastar-se do cargo, no entanto, Zenóbio já havia deixado um grupo de oficiais amigos seus suficientemente preparado para deter qualquer tentativa militar de impedir a posse dos eleitos. Com o movimento de 11 de novembro de 1955, desfechado sob o comando do general Lott, a posse de Juscelino e Goulart foi plenamente garantida em 31 de janeiro seguinte. Em virtude de sua participação naquele movimento, em janeiro de 1956 Zenóbio da Costa foi designado para a chefia do Departamento Geral de Administração do Exército, transformado em setembro do mesmo ano em Departamento de Provisão Geral. Permaneceu no cargo até maio de 1957, quando foi transferido para a reserva no posto de marechal. Na ocasião lamentou em entrevista aos jornais que o governo não tivesse aplicado em favor dele a chamada Lei Denis, que permitiria por mais dois anos sua permanência na ativa, desde que isso fosse considerado de conveniência do regime.

Em 9 de janeiro de 1958 Juscelino nomeou-o embaixador do Brasil no Paraguai, em substituição ao diplomata João Luís Guimarães Gomes. Permaneceu em Assunção até 30 de janeiro de 1961, véspera da posse do presidente eleito Jânio Quadros, quando solicitou demissão. Passou a embaixada ao encarregado de negócios Carlos Sette Gomes Pereira, que se manteve no posto até a chegada do novo embaixador, general Joaquim Justino Alves Bastos, que tomou posse em agosto de 1961.

Ao retornar da capital paraguaia, o ex-ministro da Guerra afastou-se definitivamente da vida pública.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 29 de setembro de 1963.
Era casado com Darcília Ferraz Zenóbio da Costa, com quem teve três filhas.

FONTE: Plínio de Abreu Ramos, CPDOC- Fundação Getúlio Vargas.

 

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