24 de abril
1912 – Câmara doa áreas a entidades
De autoria do vereador Amando de Oliveira a Câmara de Campo Grande recebe projeto de lei reservando várias áreas do município com finalidade de utilização pública:
“Art. 1º - Ficam reservados para terrenos de utilidade pública e para os fins que se destinam, os seguintes: Na quadra urbana – a) As quadras entre as ruas 14 de Julho e 24 de Fevereiro (atual Rui Barbosa), Cândido Mariano e Antônio Maria Coelho;
b) Os lotes ns. 63 e 65 na rua Cândido Mariano para a sede da Sociedade Agro-Pecuária do Sul;
c) Para Grupo Escolar os lotes 8 e 10 na avenida Marechal Hermes (atual Afonso Pena);
d) Para Mercado e Praça entre as ruas Afonso Pena (atual 26 de Agosto), Anhanduy e 15 de Novembro;
e) sem registro;
f) Para Praça da Matriz, a atual 2 de Novembro, que passará a denominar-se Praça Santo Antônio; e
g) Para sede da Sociedade Operária os lotes 2 e 4 da rua Cândido Mariano, esquina da rua 24 de Fevereiro (atual Rui Barbosa).”
FONTE: Cleonice Gardin, Campo Grande entre o sagrado e o profano, Editora UFMS, Campo Grande, 1999, página 142.
24 de abril
1912 – Chega a idéia do telefone em Campo Grande
O farmacêutico Ataualpa Carvalho encaminhou requerimento à Câmara Municipal, acompanhado de minuta de um contrato para a instalação de uma rede telefônica. A iniciativa resultou na abertura de concorrência para a exploração do serviço, que chegaria a Campo Grande somente no final da década, “com a instalação dos primeiros telefones de magneto, com pilhas e manivelinha, para as chamadas ao centro, que fazia as ligações solicitadas. Tão poucos eram os aparelhos que ninguém pedia o número, mas o nome da pessoa chamada.”
Segundo Paulo Coelho Machado, "a primeira telefonista profissional foi Idalina Mestre, viúva do primeiro intendente de Campo Grande, Francisco Mestre. A mesa telefônica estava instalada na residência dela, na rua 14 de Julho, defronte ao jardim, mais ou menos no meio da quadra. Era uma mulher robusta, pele rosada, cabelos claros, atenciosa e amável."
FONTE: Paulo Coelho Machado, A rua velha, Tribunal de Justiça, Campo Grande, página 182.
24 de abril
1927 - Assassinado juiz de Direito de Corumbá
Vítima de atentado à bala, ocorrido dois dias antes, morre eu sua casa, o juiz de Corumbá, Barnabé Gondim. O homicídio
teve grande repercussão no Estado. Um dia antes de seu falecimento, o jornal A
Cidade, de Corumbá, dá detalhes do atentado e da luta dos médicos para salvar a vida do magistrado:
Causou grande mágoa no seio da sociedade corumbaense, o
atentado do qual foi vítima, anteontem (dia 21), o Exmo. Sr. Dr. Bernabé A. Gondim,
estimado Juiz de Direito desta comarca.
Eram 16 e meia horas, mais ou menos, daquele dia, quando o
dr. Gondim, estando em sua residência, presencia a entrada ali de uma pessoa
desconhecida que acabava de chegar de automóvel.
Depois de algumas palavrar, tenta essa pessoa conduzi-lo
apressadamente para o veículo com o intuito, certamente, de sequestra-lo ao que
o M.M. juiz procurou resistir.
Entrementes uma criança que presenciava os últimos momentos
da contenda, foi-se assustada para o interior da casa, levando ao conhecimento
das pessoas que lá se achavam, aquele fato que acabava de assistir. Antes porém
que alguém chegasse ao local, ouviram-se três tiros consecutivos, dois dos
quais atingiram a pessoa do dr. Gondim, nas seguintes posições: 1° projetil –
um ferimento na face anterior do terço superior do antebraço esquerdo, cujo
projetil se acha na face posterior logo abaixo da pele; 2° projetil – um ferimento
na região escapular direita, (orifício de entrada). Um outro no bordo esquerdo
do externo no 2° espaço intercostal (orifício de saída). Este ferimento lesou o
pulmão direito o qual apresenta um grande hematorax (derrame de sangue); um
ferimento do bordo interno da mão entre o polegar e o index, outro no bordo
interno, (orifício de saída da bala) que fraturou os metacarpianos na sua
trajetória; - este ferimento deu-se com o mesmo projetil que perfurou o tórax.
O desconhecido que não chegou a ser visto pelas demais
pessoas da casa do dr. Gondim, tão logo disparou a última bala, tomou o
automóvel em que veio e fugiu apressadamente.
Prontos recursos médicos foram dispensados pelo dr. Nicolau
Fragelli, que casualmente se achava no interior da residência do ofendido,
prestando os seus serviços profissionais a um doente. Não se fez tardar para
que também chegassem os drs. Gastão de Oliveira, João Leite de Barros e Cap. dr.
Francisco de Oliveira, os quais prestaram espontaneamente os seus valiosos
serviços.
Durante o resto da tarde daquele dia, esteve completamente
repleta a casa do dr. Bernabé Gondim, de grande número de pessoas de todas as
classes sociais que lhe foram visitar.1
O dr. Gondim, mesmo diante de todos os esforços dos médicos
para salvar-lhe a vida, não resistiu. Sua morte foi lamentada em todo o Estado:
Vítima de bárbaro e covarde atentado, desapareceu do mundo
dos vivos, a 24 de abril p. passado, em Corumbá, o ilustre dr.Bernabé Gondim,
juiz de Direito daquela comarca.
Conforme telegramas enviados daquela procedência às nossas
autoridades e imprensa, foi alvejado o dr. Gondim a 21 do referido mês, por
três tiros, em sua própria residência pelo indivíduo de nome Antonio Malheiros,
pronunciado por aquele magistrado, por crime de homicídio, praticado no ano
passado, na pessoa do açougueiro Dutra.
O facínora que andava foragido desde que praticara aquele
assassinato, viera após a respectiva pronúncia, a cavalo até Ladário, deixando
ali a sua montada, tomou um auto e dirigindo-se à casa de residência do dr.
Gondim, desfechou-lhe 3 tiros, fugindo, em seguida à toda força no mesmo auto
e, retomando o seu cavalo, em Ladário, ganhou o rumo das suas terras,
perseguido por forte escolta da força pública.
Impotentes foram todos os recursos da ciência para salvarem
o dr. Gondim, que veio a falecer no dia 24, pelas 17 horas.
Com justa razão abalou toda a nossa sociedade que de perto
conhecia o juiz de Direito de Corumbá.
Por haver pronunciado um criminoso por crime de morte perdeu
a vida. É uma vítima do cumprimento do dever.
Era incontestavelmente um bom o dr. Gondim; incapaz de
ofender ou melindrar a ninguém, incapaz da menor violência como bem o
demonstrou durante o período de 4 anos em que ocupou o cargo de chefe de
polícia do Estado e por isso, a ninguém poderia ser dado imaginar que viria
cair como caiu, vítima do braço homicida.
Pai de família exemplar como sempre foi notado, deixa viúva
e filhos menores na mais cruel desolação.
Registrando esse triste acontecimento acompanharemos a ação
da justiça que com fundas razões antevemos se fará sentir enérgica para com o
bárbaro criminoso, desafrontando assim não só a sociedade corumbaense mas toda
a mato-grossense de um agravo como esse de profunda a tristíssima repercussão.2
PRISÃO DO CRIMINOSO - Notícia do Jornal do Comércio (Campo Grande) de 13 de julho de 1927, informa que foram presos, "domingo último em Porto Guarani, o bandido Antonio Malheiros, seu irmão Luis Malheiros e os seus comparsas Antonio Pereira e Guilherme Pereira, sendo o primeiro autor do bárbaro crime da morte do íntegro juiz, dr. Bernabé Gondim".
Em 28 de janeiro de 1942, Antonio Malheiros foi morto em confronto com a polícia, em sua fazenda no município de Bela Vista.
FONTE: 1Jornal A Notícia (Três Lagoas) 28 de
abril de 1927, transcrição de A Cidade (Corumbá) 2Jornal A Cruz
(Cuiabá), 1° de maio de 1927.
FOTO: Reprodução de editorial do Jornal do Comercio (Campo Grande), 25 de abril de 1927.