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domingo, 3 de novembro de 2013

4 de dezembro

4 de dezembro

1866 – Taunay dá novas notícias de Miranda



Ainda sem saber que destino vai tomar a força expedicionária, acampada em Miranda, o tenente Taunay volta a escrever ao seu pai no Rio de Janeiro:

Aqui estamos desde 17 de setembro esperando notícias de Cuiabá para saber se devemos marchar sobre Corumbá ou sobre Nioaque. Este último lugar que os paraguaios ocuparam durante mais de um ano é o lugar mais salubre de toda a província e caminho que lá vai ter o melhor possível; diz-se também que em Corumbá não há mais que 200 homens em más condições; os outros tendo sido chamados por Lopez, mas também a travessia é muito difícil e as águas vão subir tanto que os terrenos pantanosos ribeirinhos do Paraguai já devem estar todos inundados. Falta-nos aliás, e completamente, o meio mais cômodo descermos o Miranda e subirmos o Paraguai. Outra dificuldade se apresenta: nada menos nada mais do que a presença de dois vapores paraguaios a cruzarem continuamente entre Corumbá e Coimbra.


Acabei o relatório geral da comissão e como já estou cansado de trabalhar para outrem, embora se trate de coisa pouco meritória, escrevo agora um novo trabalho que toma certo desenvolvimento e poderá ter algum interesse. É a viagem que fiz com Lago, até Morros com um resumo geral do aspecto fitológico e mineralógico dos terrenos atravessados. Tomo sempre a peito ser consciencioso em tudo quanto digo; só citando o que vi e preferindo ou pouco de monotonia e mesmo aridez nas descrições a embelezar o meu relato de episódios só pelo prazer de agradar a desocupados.


FONTETaunay, Mensário do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1943, página 345.


4 de novembro

1940 - Desaparece avião com comissão de delegados da ferrovia Bolívia-Brasil

Desapareceu quando fazia um voo entre Baboré, na Bolívia e Corumbá, o trimotor Juan Del Valle, do Lloyd Brasileiro. As primeiras notícias foram dadas pelo tenente Cerqueira Rodrigues, chefe do tráfego da Aeronáutica Civil, segundo noticiou o jornal Correio Paulistano, em sua edição de 12 de novembro:

"O avião, ao realizar a última etapa entre Baboré, na Bolívia e Corumbá, perdeu-se por falta de visibilidade, ao cair da noite, mantendo-se ainda até às 20 horas, daquele dia em contato com Corumbá, pelo rádio.

Aviões da Condor e do nossos Exército, bem como do Exército boliviano têm realizado continuadas pesquisas sobre a região na parte boliviana e brasileira, que é toda ela pantanosa.

Como até o presente não fosse encontrado o avião, que tem a bordo nove pessoas, o coronel Samuel Ribeiro, em combinação com o general Isauro Regueira, diretor da Aeronáutica Militar, providenciou para a ida de mais três aviões Vultee de grande raio de ação, com os quais se espera chegar a resultados positivos no mais curto espaço de tempo".

O avião conduzia, na verdade, conduzia 17 passageiros, "entre os quais, uma comissão de delegados do Comitê Boliviano-Brasileiro da construção da estrada de ferro internacional e o engenheiro José Donabella Portela".

Os destroços seriam localizados somente em 5 de dezembro de 1942, "por um caçador boliviano, a 40 quilômetros de Porto Suarez, próximo da lagoa Lagaiba, na fronteira do Brasil com a Bolívia".

Segundo a mesma fonte, "foram encontrados vários esqueletos perto do aparelho e no seu bojo, em bom estado de conservação, os valores conduzidos pelos 17 passageiros, inclusive 2.800:000$000".


FONTE: Correio Paulistano, 08/01/1942


sábado, 14 de dezembro de 2013

15 de dezembro

15 de dezembro
 
1847 – Nasce em Cuiabá, Manoel Murtinho

Nasce em Cuiabá, Manoel Murtinho,formado em Direito pela Faculdade de São Paulo, juiz em Poconé, Cáceres e Cuiabá e o primeiro presidente eleito do Estado no período republicano. Deputado estadual e ministro do Supremo Tribunal Federal, ele e seu irmão Joaquim Murtinho, estiveram no centro do poder em Mato Grosso e no Brasil durante as duas primeiras décadas da República.  

FONTE: Rubens de Mendonça,Dicionário Biográfico Mato-Grossense, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 118.


15 de dezembro

1913 – Expedição Roosevelt-Rondon chega a Corumbá
Roosevelt e seu cicerone o sertanista coronel Cândido Rondon

A comissão do ex-presidente americano, Theodore Roosevelt, ciceroneada pelo coronel Cândido Rondon, em sua viagem do Prata rumo ao norte de Mato Grosso, chega a Corumbá. Theodore Roosevelt depõe:

A 15 de dezembro alcançamos Corumbá. Três a quatro milhas antes, começa a elevação do solo em aflorações rochosas que terminam ao longe em fortes escarpados. A região circunvizinha era evidentemente bastante populosa. Vimos os gaúchos vaqueiros – que correspondem aos nossos cowboys – cavalgando ao longo das margens. As mulheres se entregavam à lavagem da roupa, enquanto seus filhos nuzinhos se punham a banhar nas praias. Informaram-nos que os jacarés e as piranhas dificilmente se arriscam aos lugares freqüentados e que os acidentes geralmente se verificam em pontos ermos e sombrios do rio. Várias embarcações vieram ao nosso encontro acompanhando-nos mais de vinte quilômetros, com bandas de música e aclamações do pessoal, como se estivéssemos em alguma cidade nas margens do Hudson.

Corumbá se ergue na escarpa da montanha, com ruas largas e mal calçadas, algumas arborizadas como espécimes de flores escarlates; as casas são bem construídas, a maioria de um só pavimento, porém algumas com dois e três andares.


Fomos alvo de manifestação do Conselho Municipal e de um banquete especial.


O hotel, dirigido por um italiano, era o mais confortável possível, com pisos de pedra, pé direito muito alto, vastas portas e janelas, um pátio agradável e aberto e um chuveiro.


Naturalmente Corumbá é ainda cidade de fronteira. Os veículos são carros puxados a bois e burros; não há outros meios de condução; bovinos e muares são empregados para esse fim. A água vem de grande poço central; e em torno se agrupam os apanhadores que, em seguida, fazem a entrega do líquido precioso nas residências. As famílias apresentam as características gerais de mistura de raças das populações brasileiras.


Uma senhora, após haver deixado fotografar seus filhos em trajes comuns, pediu que voltássemos para fotografá-los em roupas domingueiras, no que foi atendida.


Dentro de um ano, a estrada de ferro alcançará Corumbá, e então esta cidade, bem como toda a região que a circunda, obterá grande desenvolvimento.


Na noite de Natal a expedição deixa Corumbá com destino à sua grande aventura no Norte de Mato Grosso.


FONTE:  Theodore Roosevelt, Nas selvas do Brasil, Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1976, página 53.

15 de dezembro

1933 - Primeiro acidente aéreo no Estado




É registrado o primeiro acidente aéreo no Estado. A notícia é dada, sem destaque na última página do Jornal do Comércio, três dias depois: 

"Ao contrário do que se esperava, não tivemos, anteontem, domingo, correspondência de Cuiabá.
Saíra daqui, sexta-feira última, o avião Pirajá para Corumbá,chegando de véspera de S. Paulo.
Nesse mesmo dia, fazendo ligação entre Corumbá e Cuiabá, viajara da primeira dessas duas cidades o hidroavião Blumenau que naquela precisa data deveria chegar à capital do Estado.
Devido, certamente, ao demasiado da carga, o Blumenau teve que afluviar inesperadamente, antes de Porto Jofre, que é uma das etapas estabelecidas na margem direita do rio Paraguai. O aparelho sofreu danos, ao que estamos informados, não podendo prosseguir viagem.
Felizmente nenhum de seus passageiros ficou ferido.
Em substituição ao Blumenau, é esperado hoje, aqui, o avião Bandeirante, procedente de S. Paulo, que seguirá logo para a Princesa de Paraguai. Naquela cidade, essa nave aérea mudará as rodas por flutuadores e viajará para Cuiabá, ficando na carreira em lugar do aparelho avariado.
Quinta-feira entrante deverá estar nesta cidade, como de costume, mantendo a carreira, o avião Pirajá, procedente da capital paulista".
 
O jornal campograndense encerra a notícia, justificando o acidente:
de justiça, salientar-se, em louvor da Condor, que este é o primeiro acidente de monta que sofre um aparelho seu, em Mato Grosso, durante centenas de viagens realizadas.
Acidente também que confessamos, com gosto, não haver determinado nenhuma vítima".
Alguns detalhes desse desastre seriam dados em março de 1934, quando o mesmo jornal noticiava o segundo acidente no mesmo trecho:
"No primeiro, ocorrido perto de Porto Jofre, ficaram feridos vários passageiros, e o aparelho ficou completamente inutilizado".
O serviço de transporte via aérea em Mato Grosso começou em 16 de setembro de 1930, com o voo entre Corumbá e Cuiabá.
 
FONTE: Jornal do Comercio (Campo Grande) 19 de dezembro de 1933 e 4 de março de 1934. 
FOTO: O Pirajá, da frota da Condor, do acervo do Correio de Corumbá.   


15 de dezembro

1943 – Baianinhos aterrorizam o sul do Estado





Os irmãos Batista, gaúchos domiciliados em Campo Grande, conhecidos como baianinhos, utilizando automóveis e até metralhadoras, aterrorizam fazendeiros em praticamente todo o território do atual Estado de Mato Grosso do Sul, especialmente no Pantanal, onde estão concentrados os maiores rebanhos bovinos no Estado. O impacto da organização criminosa teve repercussão nacional, como vemos na ampla reportagem da Agência Meridional, publicada em todos os jornais dos Diários Associados:
Diante dos sucessivos assaltos de um bando que usa metralhadoras de mão, a população matogrossense pergunta: Lampeão, Corisco e Silvino Jacques terão encontrado sucessores aperfeiçoados? É o que vem acontecendo com o aparecimento dos ‘baianinhos’, grupo de bandoleiros que fazem incursões na região sul de Mato Grosso, tendo nos últimos dias de novembro efetuado ataques a cerca de 11 fazendas.

Silvino Jacques, como se sabe, assolou com sua gente o nordeste do Estado, oferecendo combate a 3.000 homens de forças regulares até que foi morto pela polícia estadual. Agora os irmãos Batista vão construindo uma lenda em torno de suas façanhas. Quem são os irmãos Batista? 

João Batista, chefe supremo do bando, Rolin Batista e Cardoso Batista são três irmãos de uma família em que só um dos quatro irmãos, cujo nome não deve ser revelado, é um rapaz morigerado e ordeiro, servindo numa unidade militar. Descendem de uma família de algumas posses, tendo o pai cumprido pena de prisão por homicídio. Pessoas que conhecem a família dizem que quando um dos filhos completa 15 anos a própria mãe lhe faz presente de um revólver 38 com esta expressiva recomendação: "Tome este revólver e não desmoralize o seu nome".

Na revolução de 32 um dos irmãos Batista, segundo os que então o conheceram, teria servido como ajudante de ordens do general Bertoldo Klinger, sendo mais tarde morto depois de atentar contra a vida de um oficial do Exército. Ficou assim a irmandade desfalcada de um de seus elementos.
Ao contrário dos cangaceiros de sinistra memória, os ‘baianinhos’ são rapazes de relativa instrução e aparência simpática, tendo frequentado a sociedade de Campo Grande, que hoje recorda, entre revoltada e curiosa, os dias ainda recentes em que os irmãos Batista (os chamados ‘baianinhos’) circulavam nessa cidade sem que se suspeitasse da evolução que iriam sofrer.


Há cerca de um ano organizaram os irmãos Batista um pequeno grupo armado, que desde então tem aumentado, vivendo de assaltos e saques nas fazendas e povoados e até a algumas aldeias indígenas.

Como nos filmes de gangsters – até que ponto a influência desses filmes age sobre a mentalidade dos ‘baianinhos’ é o que resta apurar – os irmãos Batista e sua gente passaram dos pequenos assaltos iniciais a ações de mais envergadura, praticando mortes e assaltando mulheres.
Seu método pode ser assim resumido: chegam às fazendas durante a noite, amarram os empregados e exigem dinheiro dos fazendeiros. Vários fazendeiros alarmados, abandonaram suas propriedades, dirigindo-se para esta cidade, Aquidauana e Campo Grande.


Avalia-se em cerca de 300 mil cruzeiros o produto dos últimos assaltos. Na fazenda Buriti, de propriedade do sr. Antonio Trindade, assaltada em meados de novembro, a cerca de 3 léguas de Aquidauana, três homens do bando extorquiram 10 mil cruzeiros, tendo o sr. Trindade dado parte mais tarde às autoridades na referida cidade.

Em Nhecolândia sucedem-se os assaltos, e a polícia está sendo concentrada em Aliança, próximo a essa região. Alega-se a existência de "coiteiros" - expressão que no nordeste designa os que escondem bandoleiros - prestigiosos que estariam dificultando a ação das autoridades, especialmente a das forças volantes que percorrem toda a região infestada.

Na região de Nhecolândia, no pantanal matogrossense, existem cerca de 400 fazendas, constituindo um dos grandes centros de criação de gado do país.

As zonas de Campo Grande e Aquidauana também têm sido visitadas pelos "baianinhos" que devastam os rebanhos bovinos ali existentes. Uma parte da extração da borracha de mangabeira tem sido dificultada pelo temor que inspira a presença ou a alegada proximidade do bando dos irmãos Batista.

TÁTICA MODERNA DA QUINTA-COLUNA

A tática moderna da "Quinta Coluna" também é empregada pelos Batista, que antes dos assaltos mandam às fazendas indivíduos à procura de trabalho e pouso.

Com a tradicional hospitalidade dessa região, tais indivíduos são bem recebidos e podem então preparar melhor a entrada de seus asseclas.

Embora não seja conhecido o total exato dos homens que compõem o bando, calcula-se em cerca de vinte, armados, segundo afirmam os que com eles têm lutado, de metralhadoras de mão. As "Capturas", que é o nome dado aqui às forças volantes, já tem estabelecido contato com os "baianinhos", resultando choques como o da fazenda "Boa Sorte", em Nhecolândia, no qual a polícia teve de recuar diante da superioridade em armas do "baianinhos", dotados, ao que se diz, das já mencionadas metralhadoras de mão que todos conhecem através do cinema.

Entre as fazendas já assaltadas pelos "baianinhos" figuram as seguinte: "Rio Negro" de dona Tomasia Rondon, "Tupanceretan" do dr. Antonio Rondon, "São Sebastião" do sr. Aniceto Rondon, "Boa Sorte" de José Maria, "Divino", de Estêvão da Silva, "Pouso Alto" de Paulino de Barros, "Baia do Braz de João Wenceslau de Barros, "Baia das Pedras" de José Coelho Lima, "Boa Vista" de Antonio Saboia, "Figueiral" da Sociedade Barros & Fragelli, "Aldeia" de José Nina Rodrigues, todas em Nhecolândia. Na fazenda "Itiquira", município de Coxim, os Batista, depois de incendiar a propriedade raptaram o proprietário.

Tratando-se de região onde o gado é abundante e está alcançando preço até hoje desconhecido por ali - já se paga 380 cruzeiros por boi de corte, nessa zona - é fácil avaliar os prejuizos que a ação dos cangaceiros vem causando. O governo estadual, reconhecendo a importância do problema, com a colaboração do governo de Goiás, vem dando combate aos "baianinhos", sendo dificultada a sua ação, porém, pela extensão das terras e a escassez de comunicações, que facilitam as sortidas e manhas dos cangaceiros, que já tem chegado até o norte do Paraná.

 


FONTE: Diário da Noite (RJ) 15 de dezembro de 1943.


     

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

25 de novembro

25 de novembro

1862 - Criada a povoação de Coxim, com o nome de núcleo colonial de Beliago



O governo da província de Mato Grosso, por seu presidente Herculano Pena, assina as instruções para o estabelecimento de um núcleo colonial às margens do Rio Taquari, origem da cidade de Coxim:

Art. 1° - Partirá de Corumbá para o rio Taquari o vapor que o comandante da estação naval designar, transportando o capitão do Estado Maior de 1ª classe empregado em comissão engenheiro Joaquim da Gama Lobo d'Eça e um destacamento de 12 praças, 2 cabos e 1 inferior, comandado por oficial, todos de tropa de linha.

Artigo 2° - Este destacamento, cujo comandante servirá interinamente de diretor do núcleo colonial denominado - Beliago - abaixo da corredeira, na margem esquerda ou na direita do rio Taquari, como o engenheiro julgar conveniente, atendendo não só as circunstâncias mais ou menos favoráveis, que uma ou outra localidade que ofereça para assento de uma povoação, que fique superior ao nível das maiores enchentes, como também à necessidade de prolongar-se até aí a estrada de carro, que do município de Santana do Paranaíba vem a ter à barra do rio Coxim.

Artigo 3° - No lugar que escolher medirá o engenheiro e demarcará a extensão de meia légua em quadro, ou a superfície equivalente, para assento da nova povoação e reservando os espaços necessários para ruas, praças, edifícios e outras servidões públicas, dividirá o restante em lotes urbanos de 10 braças de frente e 25 de fundo para serem desde logo distribuídos pelo diretor interino do núcleo colonial aos povoadores nacionais e estrangeiros que os pretenderem a título de aforamento perpétuo, sendo o fóro fixado pelo governo na forma do art. 77 do Regulamento que baixou com o decreto n° 1318, de 30 de janeiro de 1854.

As casas edificadas nestes lotes deverão ter a frente para ruas ou praças.

Artigo 4° - Os edifícios públicos de que trata o art. antecedente, são: uma igreja, uma casa para a Câmara Municipal, uma escola pública, um quartel, uma cadeia, uma praça de mercado e um cemitério, que deverá ficar em lugar distante do centro da povoação.

Artigo 5° - As ruas cruzar-se-ão em ângulos retos; e terão a largura de oitenta palmos, não se admitindo becos nem recantos. A que se prolongar pela margem do rio terá a largura de 100 palmos, para ser bordada de arvoredos.

As praças terão regularmente de 50 a 60 braças de fundo, a frente poderá estender-se até 80 braças.

Artigo 6° - As regras prescritas no artigo antecedente ficam todavia sujeitas às modificações que o engenheiro julgar necessárias segundo as circunstâncias locais.

Artigo 7° - Do terreno assim medido e demarcado levantará o engenheiro uma planta cingindo-se às disposições às disposições dos artigos 3°, 4° e 5°, para ser enviada ao governo imperial; e dela extrairá duas cópias autênticas, das quais ficará uma na Secretaria da Presidência da Província e outra em poder do comandante do destacamento.

Artigo 8° - O engenheiro fará também, para serem presentes à Presidência, a planta e orçamento das pontes que convier construir, a saber, uma sobre o Taquari, no caso de passar pela margem direita deste rio a estrada de que trata o artigo 2°, ou duas sobre o ribeirão da Fortaleza e rio Coxim quando passe pela margem esquerda.

Artigo 9° - Nos lugares que o engenheiro designar fará o comandante levantar desde logo um quartel provisório, coberto de palha e um rancho de barracão, onde se depositem o sal e outros gêneros exportados da província ou para ela importados, que transitarem pela nova povoação ou tiverem de ser aí vendidos.

Fará igualmente descortinar, quanto seja indispensável, o terreno demarcado para a povoação e abrir ou melhorar a estrada que deve seguir de Beliago pela margem do Taquari até a barra do Coxim, de sorte que se torne fácil e cômodo o trânsito não só de bestas de cargas, mas também de carros.

Nestes serviços serão empregados, além das praças do destacamento, os trabalhadores que o comandante ajustar até o número e com as gratificações ou salários que sobre proposta sua serão marcados pelo presidente da província.

Artigo 10 - Concluídos os trabalhos a cargo do engenheiro e a construção do quartel provisório, regressará o vapor à Corumbá e no relatório que deve apresentar de sua viagem e comissão indicará o engenheiro os pontos onde convenha fazer depósitos de lenha para consumo de outros navios do estado, que tenham de navegar o Taquari, declarando se há quem se proponha a fornecê-la por contrato, e com que condições, ou se será necessário que o governo a mande cortar.

Artigo 11 - O comandante do destacamento, exercendo também provisoriamente as atribuições que competem aos diretores de índios, deverá fazer todas as diligências, sem que todavia empregue meio algum violento, para atrair à nova povoação os da tribo Caiapó e outros que vivam dispersos ou em pequenas aldeias nas imediações dos rios Taquari e Piquiri; e indicará à presidência o terreno que convenha conceder-lhes para suas habitações dentro ou fora do perímetro de meia légua em quadro, designado no artigo 3°.

Artigo 12 - Terá o mesmo comandante muito cuidado em fazer com que estes índios se empreguem na lavoura ou na criação de gados, na construção dos edifícios e outras obras pertencentes ao governo ou particulares, e especialmente no serviço das embarcações do comércio ou do Estado, que navegarem entre a barra do Coxim e o porto de Corumbá.

Enquanto se acharem aplicados por sua própria conta à lavoura ou criação, e ainda não poderem sustentar-se com o produto do seu trabalho, deverá o comandante distribuir-lhes as roupas, ferramentas e mais objetos que para isso receber por ordem da presidência; quando se ocuparem em qualquer serviço público pagar-lhes os salários mercados na forma do artigo 9°, e, quando em serviço de particulares tomar conhecimento dos ajustes que fizeram, para que sejam fielmente cumpridos por ambas as partes.

Artigo 13 - Dos terrenos contíguos à nova povoação e dos que lhe forem fronteiros na outra margem do Taquari, concederá o presidente da província (excetuadas as matas que porventura aí existam e convenha reservar para a construção nova por conta do Estado) lotes de 62.500 a 123.000 braças quadradas, unidos e sem interrupção, até perfazer a totalidade dessas áreas, inclusive a da povoação, a superfície de um território ou trinta e seis milhões de braças quadradas. Esta concessão será feita tanto aos nacionais como aos estrangeiros que quiserem comprar os ditos lotes pelo preço de meio real até um real a braça quadrada (além da metade da siza e da despesa de medição) podendo o respectivo pagamento efetuar-se dentro dos prazos de três a cinco anos, como permite o Aviso do Ministério do Império de 8 de janeiro de 1861.

Nas matas reservadas para a construção naval nenhum particular poderá cortar madeiras, senão como licença do governo e sob condições que ele prescrever.

Artigo 14 - A medição e demarcação dos lotes de que trata o artigo antecedente e a expedição dos títulos de venda terão lugar à vista de requerimentos dos pretendentes, dirigidos à presidência da província e informados pelo diretor do núcleo colonial, que deverá sempre declarar, além do mais que convier, se o suplicante é pessoa conhecida e capaz de realizar o contrato e se no lugar pedido há ou não matas que devam ser reservadas para a construção naval.

Artigo 15 - A venda das demais terras devolutas das margens dos rios Taquari e Coxim não compreendidas nos limites das duas léguas em quadro, de que tratam os artigos 3° e 13° assim como as situadas em quaisquer outros lugares, far-se-á pela maneira determinada no Aviso do Ministério do Império de 3 de março de 1838, a saber: se o terreno for próprio para lavoura, a extensão requerida por cada um indivíduo não poderá exceder a um quarto de légua quadrada, área correspondente ao quadrado de maia légua; e a três léguas quadradas, área correspondente ao retângulo de três léguas de base, e uma de altura se os terrenos forem campos de criar.

As pessoas que pretenderem comprar estas terras devem requerê-las ao presidente da província, que, depois de as fazer medir e demarcar e de receber a respectiva planta e memorial, remeterá tudo à Tesouraria da Fazenda, onde em junta e como assistência de um indivíduo nomeado pelo mesmo presidente se fará o ajuste do preço correspondente à braça quadrada, não podendo este ser menor de meio real, nem o importe da venda ser menor do custo da medição, demarcação e descrição.

Artigo 16 - As terras devolutas que se venderem ficarão sempre sujeitas, em virtude do art. 16 da lei n° 601 de 18 de setembro de 1850, aos ônus seguintes:

§ 1° - Ceder o terreno preciso para estradas públicas de uma povoação para outra ou algum porto de embarque, salvo o direito de indenização das benfeitorias e do terreno ocupado.

§ 2° - Dar servidão gratuita aos vizinhos quando lhes for indispensável para sairem a uma estrada pública, povoação ou porto de embarque, e com indenização quando lhes for proveitosa por encurtamento de um quarto em meio de caminho.

§ 3° - Consentir a tirada de águas desaproveitadas e a passagem delas, procedendo a indenização das benfeitorias e terreno ocupado.

§ 4° - Sujeitar às disposições das leis respectivas quaisquer minas que se descobrirem nas mesmas terras.

Artigo 17 - Enquanto o governo não regular de outro modo a concessão dos lotes urbanos de que trata o art. 3°, será ela feita por despacho do diretor do núcleo colonial, lançado no requerimento da parte e registrada em livro próprio, declarando-se nesse registro o número e extensão do lote, a rua ou a praça em que é situado, a data da concessão e o nome do concessionário.

Do registro que se fizer em cada mês remeterá o diretor uma cópia autêntica à presidência da província.

Artigo 18 - O diretor interino do núcleo colonial dará toda a possível publicidade as disposições dos artigos 3, 13, 14, 15, 16 e 17 das presentes instruções para conhecimento das pessoas que pretenderem obter terras por título de aforamento ou de compra.

Palácio do Governo da Província de Mato Grosso em Cuiabá, 25 de novembro de 1862 - Herculano Ferreira Penna.¹

Para atender às ordens do governo, seguiu no dia 27 de julho daquele ano para o lugar indicado, o vapor de guerra Alpha.²

Segundo Ronan Garcia da Silveira "o povoado que passou a ser chamado de Arraial do Beliago ou de Coxim, correspondia a uma extensa sesmaria que o governador da capitania de São Paulo doou a Domingos Gomes Beliago, em troca da fixação e prestação de auxílio às expedições" nas primeiras décadas do século XVIII, quando os rios Coxim e Taquari faziam parte da rota de ouro de Cuiabá. 

Ainda segundo Ronan, a partir da criação da colônia, a localização do povoado passa a ser na margem direita do rio Taquari, "inicialmente como porto de suprimento de mercadorias vindas de Corumbá, quando se inicia a navegação fluvial por aquele rio".³

FONTE: ¹jornal A Imprensa de Cuiabá, 28 de dezembro de 1862. ²jornal Correio Mercantil (RJ), 19 de agosto de 1862. 3Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Editoria Ruy Barbosa, Campo Grande, 1995, páginas 26 e 29.

FOTO: Governador Herculano Pena, acervo IHG de Mato Grosso.





25 de novembro
 
1863 – Paraguai espiona a fronteira


Às vésperas do maior conflito armado da América do Sul, o presidente Lopez manda um de seus principais auxiliares conhecer as forças que teria que enfrentar na ocupação da fronteira norte. Estevão de Mendonça acompanha os passos do espião paraguaio:

“Chega à vila de Corumbá, com carta de apresentação para o negociante Vicente Solari, o intitulado fazendeiro paraguaio Izidoro Resquin (foto)

, dizendo-se candidato à aquisição de terras no município de Miranda.

Acolhido prazenteiramente e hospedado no próprio seio da família Solari, que o cumulou de atenções, dias depois seguia para Miranda e dali à povoação de Nioaque, sempre acompanhado por um guia brasileiro que levara de Corumbá.
Regressou em fevereiro, mostrando-se satisfeito com a beleza dos campos percorridos e declarando-se decidido a fundar um estabelecimento pastoril na zona do Amambaí. Em março seguia para Assunção, tomando passagem no paquete Marquês de Olinda.


Em dezembro de 1864, porém, o pretenso fazendeiro invadia a fronteira do sul, na sua verdadeira qualidade de coronel do exército paraguaio. A frente de numerosa coluna, esmagava de chofre a pequena guarnição da colônia dos Dourados.


Seguiu-se depois a ocupação de Nioaque e Miranda.”
 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 276.


25 de novembro

1882 - Ferro em Corumbá: governo prorroga prazo de concessão

Pelo decreto 8.780, do imperador D. Pedro II é prorrogado o prazo da concessão dada à baronesa de Vila Maria para lavrar ferro e outros minerais nas terras de sua propriedade, Piraputanga e S. Domingos, em Corumbá.¹

Esta é a segunda prorrogação concedida à autorização de 1876. A outra ocorreu em 1878.²

FONTE: ¹Jornal do Commercio (RJ), 12/12/1882; ²Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, Oeste de São Paulo, Sul de Mato Grosso, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, página 110. 


25 de novembro

1936 - Monteiro Lobato em Cuiabá, Corumbá e Campo Grande

O escritor Monteiro Lobato, defensor da prospecção do petróleo em solo brasileiro, volta a São Paulo, depois da excursionar pelo Estado de Mato Grosso:

"Conforme noticiamos, pelo avião da carreira, da linha de Mato Grosso, do Sindicato Condor, chegaram ontem a esta capital os drs. Monteiro Lobato e Hilário Freire, procedentes de Cuiabá.

Lá esses ilustre excursionistas tiveram a oportunidade de assistir ao ato solene da assinatura do contrato entre o governo do Estado e a firma Piepmeyer e Cia. para pesquisas de petróleo naquele Estado brasileiro.

Os drs. Monteiro Lobato e Hilário Freire, por ocasião de sua estada na capital matogrossense, foram alvos de atenções de todas as classes sociais. Foram-lhe tributadas inúmeras e significativas homenagens.

No regresso, por ocasião da parada em Corumbá, acompanhados do prefeito e de outras pessoas gradas, visitaram a cidade boliviana de Porto Suarez.

Na passagem do avião por Aquidauana e Campo Grande, novas homenagens se repetiram, principalmente nesta última, em que tomou parte toda a população do Estado.

Por toda parte onde os visitantes passaram foram comulados de gentilezas e por toda parte lhes foram testemunhado decisivo apoio pela grande campanha em prol do petróleo brasileiro. Eles tiveram oportunidade de verificar que o Estado inteiro está com os olhos voltados para esse importantíssimo problema".

FONTE: Correio Paulistano, 26/11/1936


25 de novembro

1970 – Instalada a Universidade Estadual de Mato Grosso





Com a presença do ministro de Educação do governo Médici, Jarbas Passarinho, o governador Pedro Pedrossian (foto) inaugura a UEMT em Campo Grande, que em 1978, com a divisão do Estado, seria transformada na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O ato solene foi registrado por seu primeiro reitor o médico João Pereira da Rosa:

“Quarta-feira, 25 de novembro de 1970, no restaurante da Cidade Universitária, com a presença do ministro da Educação e Cultura, senador Jarbas Gonçalves Passarinho, do governador do Estado, engenheiro Pedro Pedrossian, do governador eleito José Manoel Fontanilas Fragelli, do secretário de Educação e Cultura, dr. Gabriel Novis Neves, do representante da 9ª. Região Militar, gen. Plínio Pitaluga, de Dom Antônio Barbosa, bispo diocesano, do secretário de Justiça, Francisco Leal de Queiroz, do reitor João Pereira da Rosa e muitas outras autoridades, foi instalada a Universidade Estadual de Mato Grosso, com sede em Campo Grande. Usaram da palavra nesta solenidade, o secretário do Interior e Justiça para dizer da simplicidade deste ato oficial, que representa o estilo do governador Pedro Pedrossian. Secundando-o foi dada a palavra ao reitor dr. João Pereira da Rosa (...). Depois falou o governador do Estado que enfocou a filosofia de seu governo de dar ênfase à educação, possibilitando a criação da Universidade Federal em Cuiabá, pelo governo federal e a Universidade Estadual, com sede em Campo Grande, ambas colocadas a serviço da juventude estudiosa da região. Finalmente falou o ministro da Educação sobre a política educacional do governo central e reconheceu o esforço do governo do Estado, que ao criar duas universidades, granjeou os aplausos da população e o reconhecimento dos brasileiros. Aplausos de todas as autoridades e das classes estudantis presentes em grande número. A imprensa deu destaque, especial o jornal ‘Correio do Estado’. A ata da instalação foi redigida pelo professor Wilson Rodrigues com o auxílio do acadêmico José Roberto Amim, presidente do Diretório Acadêmico, indicado secretário ‘ad hoc’ para esta reunião marcante para todos os mato-grossenses".



FONTE: ROSA, João Pereira da, As 2 histórias da Universidade, ACR/UFMS, Campo Grande, 1993, página 65.




25 de novembro

1983 – Assassinado o cacique Marçal de Souza




É assassinado na aldeia Campestre, no município de Antonio João, o cacique Marçal de Souza. A execução do líder indígena teve repercussão nacional e internacional, aparecendo com destaque em todos os jornais do Brasil:
O cacique Marçal de Souza dos guaranis, que em julho de 1980 saudou o papa João Paulo 2º em nome das irmandades indígenas brasileiras, foi assassinado na noite de sexta-feira, com três facadas, na aldeia Campestre, município de Antônio João (MS). Marçal que era também enfermeiro da Funai, vinha reivindicando há cinco anos a demarcação das terras do índios Caiová que vivem na aldeia de Piraquá.

Há cerca de 20 dias, Marçal recebeu a visita de um empregado da fazenda Terra Brava, que lhe ofereceu cinco milhões de cruzeiros para que ele convencesse os Caiová a sair da aldeia Piraquá. O cacique recusou a oferta e o empregado da fazenda o ameaçou, dizendo que ele iria se arrepender. A aldeia Piraquá está localizada na fazenda Serra Brava, que é reclamada pelo fazendeiro Astúrio Monteiro.

Na sexta-feira à noite dois desconhecidos bateram na porta da farmácia da Funai, na aldeia Campestre, pedindo remédio. Quando Marçal abriu a porta recebeu as três facadas, morrendo em seguida. O cacique morava na farmácia e sua família suspeita de que os assassinos sejam empregados da fazenda.
Ontem, a União das Nações Indígenas (Unind), entidade de defesa dos índios, e parlamentares de oposição distribuíram nota conjunta protestando pela morte do cacique. O vice-governador do Rio de Janeiro, Darci Ribeiro, também protestou pela morte de Marçal em telegrama enviado ao governador de Mato Grosso do Sul, Wilson Martins. Diz o telegrama: "O sangue do líder Marçal de Souza, que foi o mais alto intelectual de Mato Grosso, emporcalhará sua memória se seus assassinos não forem descobertos e entregues à Justiça
.


Marçal era perseguido por proprietários da região em virtude de sua luta pela terra e demais direito dos índios. Notabilizou-se por ocasião da primeira visita do Papa João XXIII ao Brasil, em 1980, por seu célebre discurso ao pontífice na cidade de Manaus em nome das nações indígenas de todo o Brasil.


FONTE:  Folha de S. Paulo 27/11/ 1983



OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

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