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domingo, 1 de janeiro de 2017

2 de janeiro

2 de janeiro
1841 – Escravas recebem carta de liberdade em Paranaíba

São alforriadas por dona Anna Angélica de Freitas as negras “Joana Creoula, depois de servir mais cinco anos no cativeiro; Maria Banguela depois de servir vinte anos e Theresa Affricana depois de servir trinta e cinco anos, as quais gozarão de plena liberdade, logo que se concluam os mencionados prazos que lhe são relativos”.

FONTE: Arquivo Público Estadual, Como se de ventre livre fosse... Cartas de liberdade, revogações, hipotecas e escrituras de compra e venda de escravos. (1838 a 1888) Ministério da Cultura e Governo de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1994.

2 de janeiro

1865 – Abandonada a vila de Corumbá



Planta da vila de Corumbá em 1864


Em ato tido como desastroso, o coronel Carlos Augusto de Oliveira, comandante das armas da província de Mato Grosso, ordena e efetua o abandono da vila de Corumbá, que no dia seguinte é ocupada, sem a menor resistência, pelas forças paraguaias sob o comando do coronel Vicente Barrios, que em 28 de dezembro haviam tomado o forte Coimbra.

O insólito episódio é descrito pelo historiador:

Pelas 9 horas da manhã do dia 2 de janeiro levantava ferros o Anhambaí, comandado pelo 1° piloto José Israel Alves Guimarães. Impaciente e temeroso, o coronel Carlos Augusto de Oliveira foi o primeiro a embarcar, secundado pelos oficiais e por um séquito de apaniguados. Seguia também no posto de honra o comandante da flotilha. Ia de tal modo superlotada a embarcação, que navegava com a linha de segurança submersa. A reboque iria a Jacobina, na qual se amontoavam praças de pré, paisanos, mulheres e crianças. Era demasiado o encargo para o pequeno vapor de guerra. Diante do impasse, determinou fosse a chata largada à própria sorte, com os seus ocupantes, à margem do rio. Ergueram-se protestos e clamores e a soldadesca rebelava-se contra os superiores, solidária com o sentimento dos civis. Ruíra fragorosamente o respeito à hierarquia e, com ele, a derrocada da ordem e da disciplina. Todos se nivelaram na ânsia incontida de escapar ao inimigo, cada vez mais perto do porto.

Antes de embarcar com sua tropa com destino a Cuiabá, o comandante ainda retornou aos quartéis desertos, onde encravou a artilharia e as armas portáteis e providenciou "o lançamento ao rio das pólvoras e dos cunhetes de munição, para que não caíssem em poder dos invasores. Isso feito voltou ao posto abnegativo para conduzir, em memoráveis jornadas através dos pantanais, a massa heterogênea de retirantes."

Sem seus defensores oficiais, na vila abandonada poucos permaneceram:

Alguns ainda tentaram tardiamente escapar, utilizando canoas, igarités e embarcações de todos os tipos para, adiante, infalivelmente, cair prisioneiros. Outros, sem aqueles recursos, internaram-se nos matos e galgaram os montes, onde os foram buscar as patrulhas paraguaias. Os cônsules deixaram-se ficar, certos de duas imunidades diplomáticas, resolução de que muito haveriam de se arrepender.

No dia seguinte, 3 de janeiro de 1865, o invasor, sem encontrar resistência, ocupou Corumbá.


FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd, página 56.


2 de janeiro
1865 - Ocupada a vila de Nioaque

Exército paraguaio, comandado por Francisco Resquin, ocupa a vila de Nioaque, notícia foi dada pelo chefe da invasão, publicada em primeira mão pelo jornal oficial do governo Solano Lopes:

Concluida a passagem decidiu adiantar o capitão Rojas com dois esquadrões para posiciona-se da população de Nioaque, onde não encontraram mais que dois indivíduos, um espanhol e outro português europeu. Eu tomei campo em frente da povoação e ordenei o reconhecimento das casas de arruamentos e demais casas de armamentos e coisas, porém na sede do comando não se encontraram mais que seis carabinas de casa e seis espadas de tropa: depois foram encontrados os armamentos, caixões de balas , pólvora e papeis enterrados no fundo do curral do comando e também algum armamento e munições foram encontrados nas casas, que mandei visitar, como V.E. pela minuta vigente.

O arquivo aparece completamente destroçado e os papéis tomados são os que foram encontrados, enterrados nos 26 caixões pólvora empacotada e onze de pólvora solta. Demais não foram encontrados mais que comestíveis e trastes, que não puderam levar na fuga.

A povoação consta de cento e trinta casas, sendo trinta principais, tento uma igreja e um espaçoso quartel, composto de uma frente que dá ao Oeste, da praça sobre a rua de Leverger. O comando é composto também de toda uma frente para leste da mesma praça, na rua Santa Rita, podendo aquartelar 500 homens.

É designado para comandante desta ponto o tenente Pascual Rivas, colocando às suas ordens os alferes Alejo Gomes e Waldo Jimenes.

No dia 5 me proponho seguir adiante minha marcha sobre a vila de Miranda a curtas jornadas para não fatigar a cavalhada, com o excessivo calor.

No percurso tomamos vários papéis  e entre eles aparecem as comunicações juntadas.

Nioac, 3 de janeiro de 1865. FRANCISCO RESQUIN.

FONTE: El Semanário, Assunção, PY, 14 de janeiro de 1865



2 de janeiro

1927 - Fazenda Alegre: último combate da coluna Prestes 





Deu-se no município de Corumbá, na fazenda Alegre, às margens do São Lourenço, num lugar denominado Sepultura, o último combate da coluna Prestes com forças legalistas, antes dos rebeldes alcançarem o território boliviano, onde se exilaram.

A notícia foi veiculada no jornal "A Manhã", do Rio de Janeiro, que transcreveu de "O Democrata" (Cuiabá), entrevista do comandante da guarnição da Marinha de Ladário, Jerônimo Gonçalves:

Pela seus horas da manhã de 2 do corrente, ao passar o Itajuí pelo lugar chamado sepultura, campos da fazenda Alegre, o seu comandante notou algumas embarcações ali ancoradas e movimento de gente acampada. Quando parava para mandar o escaler de bordo reconhecer aqueles que ali se encontravam, recebeu a lancha um ataque de fuzilaria vindo da barranca. Ao manobrar para fazer a volta, encalhou a Itajui num bando de areia ali existente. Com uma calma e coragem admiráveis, o seu comandante, que é um sargento da marinha nacional, respondeu valentemente ao ataque, travando uma luta que durou cerca de uma hora e um quarto.

Livre do encalhe, tendo já ferido o comandante e um tripulante, a Itajui regressou ao Amolar, de onde a fiz seguir para Corumbá afim de medicar os feridos. 


Preparava o rebocador "Nenê" para vir em busca dos rebeldes, quando ali chegou a Iguatemi, recebendo eu uma ordem do senhor comandante da flotilha para comboiá-la até aqui, o que fiz sem novidades nem contratempos.


À pergunta de que não havia encontrado mais revoltosos às margens dos rios, respondeu:

- Ao passar pelo Limoeiro, porto da Fazenda Triunfo, notei ali movimento anormal de grande número de pessoas e várias fogueiras acesas. Penso que eram eles que ali se achavam, pois esse porto é despovoado. Passamos de luzes apagadas, evitando qualquer combate, porque a minha missão a cumprir era conduzir e defender a Iguatemi, na qual vinham armas e munições do Estado, e, portanto, devia evitar qualquer luta que poderia prejudicar a nossa viagem.

Sobre eventuais baixas no combate da "Sepultura", esclareceu:

- Não posso afirmar ao certo. Informou-me o comandante da Itajui que, vendo a lancha encalhada, trataram eles tomá-la pela abordagem, descendo alguns deles para uma embarcação que tinham na margem, e que desistiram desse intento ante a cerrada fuzilaria dos nossos. Nesse momento vários deles tombaram ao chão, não sabendo o meu informante se mortos ou feridos ou apenas amedrontados.

Quanto ao comportamento dos revoltosos disse que "as informações que colhi são de que saqueiam o dinheiro, joias e objetos de valores que encontram e que destroem os gêneros alimentícios e tudo o mais que pode ser de utilidade às forças legais; entretanto, não tive notícia de nenhum desrespeito a famílias, nem atentados contra a honra e nem mesmo de assassinatos e espancamentos".


FONTE: jornal A Manhã, (RJ), 9 de fevereiro de 1927. 
FOTO: reprodução www.publico.pt

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

30 de dezembro


30 de dezembro



1864 - Portocarrero presta contas da retirada de Coimbra




O comandante do forte Coimbra, ocupado por forças paraguaias, Hermenegildo Portocarrero, envia relatório aos seus superiores sobre a resistência possível aos invasores e a evacuação da cidadela brasileira, entre 26 e 28 passados.

Portocarreiro inicia o documento sopesando a grande desvantagem entre as forças de ocupação e de resistência. Enquanto os paraguaios contavam com cerca de 5.000 homens, os brasileiros do forte e do navio Anhambahy, seu auxiliar, não chegavam combatentes, sem contar a falta de cartuchame. profundamente lamentada pelo comandante do forte:

"Terminada a mais vigorosa resistência de que venho de falar, aos ataques de escalada do dia 27 - relata o comandante - reconheci só existirem 2.500 cartuchos, tornou-se portanto mister que todas as mulheres que achavam homiziadas no interior do forte, em número de 70, fabricassem cartuchame para a infantaria durante toda a noit, sem dormirem um só instante, visto não poderem os soldadosdeixar por um momento os parapeitos/'.

A inferioridade das forças brasileiras é explicada pelo comandante, ainda tendo as mulheres como referência

Estas mulheres, que já há dois dias, como todos nós não comiam , nem dormiam, não podiam fazer novo cartuchame, por ser isto um esforço sobrenatural e mesmo invencível, tanto mais que em termo de comparação não se poderia contar gastar no dia seguinte menos do dobro do que se havia gastonaquela tarde.

Minada a resistência pelos seguidos ataques do inimigo - justifica o comandante - ter sido forçado "reunir em conselho a todos os oficiais, inclusive o bravo comandante do vapor Anhambahy, e resolveu-se que, sendo a falta de cartuchame de infantaria uma razão de força maior e uma dificuldade invencível, pelas razões acima mencionadas, acrescendo a de terem-se também acabado as balas de alarme 17, que serviam para a transformação acima referida, que abandonássemos o forte para não serem sacrificadas tantas vidas, salvando-se assim sua guarnição, e que isso se efetuasse sem perda de um instante, visto que o inimigo, já se achando nas posições novamente tomadas com forças frescas, podia engajar novo combate e nós teríamos de cessar o fogoao cabo de meia hora por total acabamento de cartuchame de infantaria, e o inimigo em todo o caso empossar-se do forte, levando a efeito sua carnificina'.

FONTE: Correio Mercantil, Rio, 19 de março de 1865.




30 de dezembro

1909 - Argentinos compram terras no Pantanal

Nos termos do decreto n° 7780, a empresa denominada Trust de Alto Paraguay, fundada em Buenos Aires em 1906, adquire vasta propriedade situada entre os rios Paraguai e Miranda: a Fazenda Rodrigo, com cerca de 385.000 hectares.


FONTEPaulo Cimó, As curvas do trem e os meandros do poderEditora UFMS, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1997, página 42


21.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

14 de dezembro

14 de dezembro 


1826 – Expedição Langsdorff chega a Albuquerque



Estampilha do correio russo em homenagem à Expedição Langsdorff, que
explorou Mato Grosso na rota dos bandeirantes



Expedição científica, à frente o conde de Langsdorrff, patrocinada pelo governo russo, em sua longa viagem entre São Paulo e a Amazônia, chega finalmente a Albuquerque:


No dia 13, recomeçamos a navegar contra a corrente e fomos à tarde pousar na margem direita, incomodados por um pé-de-vento que levantava ondas capazes de fazer perigar nossas embarcações. Quando acalmou veio grossa chuva aumentar o tormento a que multidões de mosquitos nos sujeitavam.
Do lado do O. avistávamos então montanhas que em distância aproximada de duas léguas formam uma serra paralela ao curso do Paraguai. Já a mencionei atrás.


Pela manhã de 14, alcançamos a povoação de Albuquerque, assente à margem direita do rio e em terreno um tanto alto e enxuto. Quatro lances de casas em torno de uma praça, uma capelinha intitulada igreja e uma casa para os oficiais de primeira linha, constituem o povoado.

Não vi senão quatro a cinco brancos; o resto era crioulo, caburé, mestiço ou índio. O comandante, oficial de milícias era de cor parda.

FONTE: Hercules Florence, Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1941, página 70


14 de dezembro


1864 - Para invadir o Brasil, Vicente Barrios deixa Assunção



Expedição comandada pelo coronel Vicente Barrios, composta de 3200 homens, com 12 peças raiadas de 36 foguetes à Congréve de 24, embarca em Assunção, para tomar Coimbra e Corumbá. Aos soldados foi distribuída a seguinte proclamação:
Soldados – foram estéreis os meus esforços para manter a paz. O Império do Brasil mal conhecendo o nosso valor e entusiasmo, provoca-nos a guerra; a honra, a dignidade nacional e a conservação dos mais caros direitos nos mandam aceitá-la.

Em recompensa da vossa lealdade e grandes serviços fixei sobre vós minha atenção, escolhendo-vos entre as numerosas legiões que formam os exércitos da República, para que sejais os primeiros a dar uma prova de valentia das nossas armas, recolhendo os primeiros louros que devemos reunir aos que os nossos maiores puseram na coroa da Pátria, nos memoráveis dias de Paraguai e Taquary.


A vossa subordinação, disciplina e constância nas fadigas me respondem pela vossa bravura e brilho das armas que ao vosso valor confio.
Soldados e marinheiros. Levai este voto de confiança aos vossos companheiros que das nossas fronteiras do norte hão de se vos reunir; marchai serenos ao campo da honra, recolhei glória para a Pátria e honra para vós e vossos companheiros; mostrai ao mundo quanto vale o soldado paraguaio. – Francisco Solano Lopez.


ataque ao forte Coimbra aconteceria no dia 27 de dezembro e sua tomada no dia seguinte.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 316.


14 de dezembro

1943 - Baianinhos ameaçam invadir Estado de São Paulo

Cardoso, Rolim e João Batista, os baianinhos

Bando gaúcho de Campo Grande, conhecido por Baianinhos, ameaça atravessar o rio Paraná e invadir o território paulista. É o que informa o Correio Paulistano em sua edição dessa data:

BANDOLEIROS EM MATO GROSSO - Em data de 7 de agosto de 1941, a polícia de Mato Grosso solicitou auxílio da polícia civil de S. Paulo para o desbarato de uma quadrilha de bandidos que assolava o sul daquele estado. Segundo suas informações os bandidos se contavam em mais de 20, dos quais 8 paraguaios, todos chefiados pelos irmãoes "Baianinhos", apelido de Rolim, João e Cardoso Batista. O cabeça deles era João Batista. Constava ainda da informação que um quarto irmão também fora criminoso, vindo a acabar seus dias assassinado.

A Delegacia Especializada de Vigilância e Capturas do Gabinete de Investigações de S. Paulo, depois de se por a campo, conseguiu descobrir as fotografias dos indiciados, as quais foram distribuídas pela delegacias regionais do Estado.

Agora passado todo esse tempo, novamente aparecem em cena os três indivíduos. Segundo insistentes boatos, consta que os facínoras pretendem invadir o nosso Estado de S. Paulo. Para isso - dizem os informados - têm em seu poder fuzis e metralhadoras.

O dr. Inácio da Costa Ferreira, ciente do caso, ordenou a ida às fronteiras paulistas de 15 praças, um tenente, dois sargentos e 2 dos investigadores de sua Delegacia a ver se obtem a prisão dos criminosos.


FONTE: jornal Correio Paulistano (SP) 14 de dezembro de 1943.
FOTO: Diário da Noite (RJ).


14 de dezembro

2019 - Morre o ex-prefeito Juvêncio Cesar da Fonseca

Aos 84 anos, faleceu no Hospital do Proncor, em Campo Grande, o advogado Juvêncio César da Fonseca, ex-prefeito de Campo Grande, onde nasceu em 1935.
Segundo sua esposa, a advogada Suely Brandão, há cerca de dez anos ele foi disgnosticado com ostiomielite, doença que vinha tratando regularmente e apresentava um quadro satisfatório de estabilidade.Há dois meses foi internado por conta da infecção que se manifestou e apnéia. Segundo Suely nesse período teve picos de melhora, chegando a ficar quatro dias no apartamento, mas voltava para o CTI. Ontem, ela o visitou e disse que, apesar de não conversar com fluidez, respondia aos estímulos e a reconhecia.¹

Juvêncio cursou o ensino primário, secundário e médio em sua cidade natal e bacharelou-se em Direito pela Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. 
Após a formatura, voltou a Campo Grande e foi aprovado em concurso para defensor público. Neste período, foi professor na antiga FUCMT, hoje UCDB, e também presidente da Santa Casa.

Começou a carreira política como chefe de gabinete do então prefeito Marcelo Miranda. Em seguida, Juvêncio se elegeu vereador em 1982, e eleito prefeito de Campo Grande em 1985. Cumpriu mandato três anos, e em 1992 foi eleito novamente, para mandato de quatro anos. 

Em 1998 elegeu-se senador, encerrando sua carreira política ao final de seu mandato em 2007.²


FONTE: ¹Campo Grande News, 14/12/2019,  ²Entrevista de Juvêncio César da Fonseca à TV Assembleia, Campo Grande, 25/06/2019




sábado, 14 de dezembro de 2013

28 de dezembro

28 de dezembro

1864 - Paraguaios ocupam forte Coimbra



Após três dias de batalha, o coronel Porto Carreiro, comandante brasileiro do forte Coimbra, decide abandonar a fortaleza, imediatamente ocupada pelo inimigo. Os pormenores dos combates, averbados pelo vencidos, estão no relatório do comandante Vicente Barros ao ministro da Guerra e Marinha do Paraguai:



Senhor  Ministro:



Tenho a honra de levar ao conhecimento de V.E. o resultado das operações feitas pela força sob meu comando em cumprimento da comissão a mim confiada pelo Exmo. Senhor  Presidente da República.

Depois de uma rápida e feliz viagem,  a expedição ancorou em frente de Coimbra na noite de 26 do corrente, e imediatamente depois fiz desembarcar parte da força de meu comando na costa esquerda do rio Paraguai à distância de uma légua mais abaixo do forte, de onde mandei proceder  ao reconhecimento do terreno,  ocupado as posições estratégicas mais importantes que deviam servir de pontos de operações  à divisão expedicionária e de onde podia bombardear com vantagem,  esperando desalojar a guarnição do forte.
O vapor de guerra brasileiro Anhambay com outro mais novo, que marchou no mesmo dia rio acima encontravam-se no porto, o qual colocando-se mais tarde à proteção do forte, contribuiu poderosamente  em sua defesa.

Feitos todos os preparativos necessários, despachei a um oficial parlamentário para notificar ao comandante do forte a intimação de rendição que tenho a honra de anexar uma cópia à V. E. Esta intimação mereceu do dito comandante a contestação, cuja tradução também junto.

Depois da negativa do comandante do forte de Coimbra decidi apelar pelas armas. E com efeito, cerca das 11 do dia mandei romper o fogo. A princípio somente as canhoneiras grossas sustentaram o combate contra as baterias inimigas, porém logo tomaram parte peças volantes, cuja colocação na fralda do morro fronteiriço a Coimbra representava alguma dificuldade, e que bem colocadas, fizeram algum efeito em seus tiros acertados na fortaleza e sua guarnição.

Aos dois dias de bombardeio, oportuno fazer uma tentativa de assalto; a qual se lvou a efeito às duas da tarde do dia 28 do corrente, com mais ardor do que a prudência aconselhada. Parte da força que ocupa a fralda da colina de Coimbra ao mando do sargento-major Luis Gonzalez, avançou rapidamente em direção aos muros do forte por meio de quatro fendas diferentes abertas abaixo do mais sustentado fogo da artilharia do forte, por todas as peças que batem a fralda do morro. No momento de acercar-se à muralha nossos soldados receberam uma torrente de balas, metralhas e granadas procedentes tanto do forte como do vapor inimigo. Mas os paraguaios, conservando sempre sua serenidade e com uma decisão e arrojo admiráveis, avançaram sempre sobre aqueles de seus mesmos companheiros de armas que primeiro haviam vertido seu sangue por sustentar os direitos da Pátria. Muitos conseguiram assim alcançar os altos muros do forte, sendo quase invariavelmente rechaçados à ponta de baioneta ou vítimas das granadas que eram atiradas ao pé do muro.

O assalto foi executado com toda a velocidade que recomendam as ordens, porém visto as grandes dificuldades que lhes impediam o passo, tanto por parte dos defensores do forte, quanto pela natureza desvantajosa do terreno, se retiraram os nossos recuando-se sobre esta reserva, levando consigo a maior parte dos feridos.

Nesta jornada distinguiu-se o benemérito subtenente de 1ª. Classe da 3ª. Companhia do batalhão n° 6, Juan Tomas Rivas, que dando um nobre exemplo à sua companhia foi o primeiro pisando os cadáveres de seus companheiros conseguiu subir o muro por duas vezes, repelido na primeira e caindo na segunda de um balaço na frente a aumentar o número dos que com seus gloriosos restos escalavam desde o pé do muro. Este digno oficial da Pátria, caiu heroicamente dos altos muros de Coimbra, deixando um assinalado exemplo para seus companheiros, por sua decisão, serenidade e bravura.

O sub-tenente 2° da companhia de caçadores do batalhão n° 7, Manuel Lopez, não caiu menos gloriosamente de um capacete de bomba na frente, conduzindo a companhia sob seu comando,  a cuja cabeça seguiu até que desfaleceram suas forças.

Durante a séria ameaça do alferes Rivas lograram escalar e penetrar na praça por um de seus flancos o sargento Laureano Sanabria e 7 companheiros da companhia que o batalhão n° 7 tinha ali de serviço, e lutaram corpo a corpo, até sair fora de combate todos eles, mortos ou feridos, à exceção do soldado Pedro Castellano a quem ao descer  do muro conseguiu escapar ileso.

Pelo que se vê a fortaleza era sustentável, porém podendo tentar-se com esperança outro assalto com os conhecimentos adquiridos na primeira tentativa e o exemplo de haver podido assaltar os muros o sargento Sanabria e seus valentes companheiros, tomei as medidas necessárias para o dia seguinte,  fazendo entre outras que as peças da companhia situadas à esquerda do rio, à ordem do capitão Almiron, tomassem uma posição mais conveniente para impossibilitar o fogo do Anhambay, cortando-lhe sua retirada, afim de que nãopudesse escapar, porém  a guarnição do forte, apercebendo-se destes movimentos e tremendo ante a ideia de uma assalto mais estudado com o conhecimento que havia adquirido da intrepidez de nossos soldados, aproveitando-se  da escuridão da noite e ao abrigo das brenhas, fugiu precipitadamente, amparando-se no vapor Anhambay para escapar rio acima, levando o soldado já citado, Pedro Castellanos e deixando um ferido de sua nação. Até aqui o tenente-coronel Porto Carreiro havia feito boa defesa da inexpugnável  fortaleza que comandava.

Depois da fuga da guarnição que, sem dúvida, receosa dos ataques para o dia seguinte, a fortaleza foi ocupada pela guarda que lhe era mais imediata e desde o dia de ontem a bandeira nacional tremula sobre os muros de Coimbra, que caiu ao nosso poder com 37 canhões, sua bandeira e o estandarte de sua guarnição, centenas de armas portáteis de toda classe, com um parque imenso, víveres, roupa feita e de uso, assim como outros objetos, como maestranza, botica, serviço de oratório, uniformes de oficiais, decorações,etc.

Não é possível, senhor ministro dizer à V.E. o número nem classe de mortos dos inimigos, porque forma jogados n’água, porém, pelos rastos de sangue encontrados e os projéteis explodidos, esse número não deve ser insignificante.
Do nosso lado, nós não tivemos na classe oficial mais perdas do que os dos homens corajosos que eu mencionei e a tropa, constante da lista anexa, cujo número considero pequeno, considerando que nossos soldados combatiam contra as muralhas e a completa vantagem dos inimigos, cuja mosqueteria era  invisível aos nossos soldados, fazendo seu fogo pela abertura de seus parapeitos.

Como V.E. observará pela lista de feridos que tenho que acompanha nesta classe se encontra o sargento-major Luis Gonzalez e os sub-tenentes Manuel Nuñes e Plácido Mendez, não sendo por enquanto de caráter grave suas feridas. O major Gozalez tem sustentado bem o posto que lhe foi confiado.
Eu devo felicitar ao Exm°  Señor  Presidente da República e à Pátria, pelo bizarro comportamento das tropas de meu comando em Coimbra, porque a resistência de uma fortaleza de séculos, provou tão vantajosamente dos brios dos soldados da Pátria.

Amanhã empreenderei minhas operações sobre Albuquerque e Corumbá onde espero encontrar os fugitivos deste forte.

Fortaleza de Coimbra, 30 de dezembro de1864.

Deus guarde à V.E. muitos anos.

VICENTE BARRIOS

FONTE: El Semanário, Assunção (PY), 7 de janeiro de 1864. 

FOTO: vapor brasileiro Anhambay,exposto no parque Vapor Cuê, em Caraguataí, Paraguai.



28 de dezembro

1876 – Dom Luis nomeado bispo de Mato Grosso



Para suceder a dom José Antonio dos Reis, falecido em onze de outubro, é nomeado bispo da província de Mato Grosso, o maranhanse dom Carlos Luis D’Amour, que chegou a Cuiabá em de maio de 1879.
Último bispo do Império e primeiro da República, ficou à frente do arcebispado até julho de 1921, quando faleceu, sendo substituído por dom Aquino Correa. Dom Luis foi o primeiro bispo a visitar Campo Grande.
  A vila chefiada por José Antonio Pereira foi a última a ser visitada pelo prelado cuiabano em sua primeira viagem ao Sul do Estado. 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 343.



28 de dezembro

1877 - Jornal de Corumbá anuncia descoberta de diamante em Coxim

Com notícia atribuída ao jornal O Iniciador, de Corumbá, a Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, dá destaque à descoberta de um grande veio de diamantes, descoberto na freguesia de S. José de Herculânia (Coxim):

"Mais de uma vez referindo-nos as imensas riquezas desta província, que jazem inexploradas por falta de braços e de iniciativa particular, temos falado de sua prodigiosa riqueza do reino mineral, asseverando que o ouro, a prata e os diamantes abundam tanto, que só esperam o trabalho de extraí-los do seio da terra, pois suas jazidas não mais ou menos sabidas. A importante descoberta que se acaba de fazer em S. José de Herculânia de uma riquíssima mina de brilhantes é uma prova de que quanto temos afirmado não são puras declamações.

Há muitos anos se sabe no Coxim (S. José de herculânia) existem terrenos diamantinos, e muita gente mesmo que se dedicava à mineração tinha tirado algum resultado, que cobrindo as despesas feitas, deixava ainda lucros; porém, ou porque o trabalho se fizesse em pequena escala ou porque não minerassem nas verdadeira jazidas de diamantes, esses resultados nunca foram tais que prometessem uma riqueza àqueles que se ocupassem daquele trabalho. Hoje, porém, acaba de descobrir-se a poucas léguas da freguesia de Herculânia uma mina de diamantes, que promete esplêndidos resultados àqueles que empreenderem sua exploração.

Não se trata já de algumas pedras encontradas aqui e ali de diminuto tamanho, e que não compensam os gastos da extração, trata-se de uma verdadeira jazida de diamantes, cujos proveitosos resultados dependem apena de uma exploração bem empreendida. Com efeito, , o trabalho até hoje feito pelo sr. alferes honorário Vicente Ferreira Valente e seu sócio tem sido para assim dizer, superficial e não obstante tem dado bons resultados, os magníficos brilhantes em exposição na casa dos srs, Firmo José de Matos & Cia. são uma pequena amostra do que vale a mina.

Que resultados, porém, não dará a ela quando for inteligentemente explorada em maior escala, com maior número de braços e quando se adiantar a mineração que até agora tem sido feita superficialmente nas primeiras camadas?

É indubitável que esta importante descoberta fará, em breve tempo, da freguesia de S. José de Herculânia uma das primeiras cidades da província, e que esta vila muito lucrará com ela, pois será o mercado onde se terão de prover do necessário os habitantes de Herculânia, cuja população aumentará logo, não só com gente mesmo da província que para ali já está afluindo em grande escala, como da província de Goiás, que lhe fica vizinha.

Conta-nos que diversas pessoas desta vila preparam expedições comerciais para S. José de Herculânia, e se prometem pingues resultados da venda das mercadorias que para ali conduzirem, pois, segundo dizem, delas havia falta.

É provável que sua esperança, aliás, bem fundada, se realize, principalmente para os primeiros que lá chegarem; quanto a nós, fazemos votos para que tomem impulso as explorações empreendidas, e não duvidamos afirmar que a descoberta das minas de diamantes do Coxim, colocadas como estão ao alcance de todos, à margem do rio e junto a frondosas matas, vem abrir uma era de prosperidade e progresso para província de Mato Grosso".

FONTE: Gazeta de Notícias (RJ), 28 de dezembro de 1877.



28 de dezembro

1913 - Governador recebe Roosevelt 

Sede da fazenda São João, propriedade da família do governador Costa Marques.


Impossibilitado de passar por Cuiabá, em sua excursão por Mato Grosso, o ex-presidente Theodoro Roosevelt, dos Estados Unidos, foi oficialmente recebido pelo presidente de Mato Grosso, após estadia em Corumbá, na fazenda São João, pertencente a familiares do chefe do executivo estadual, localizada à cerca de 30 quilômetros da capital. O encontro do governador José Augusto da Costa Marques com o estadista americano foi registrado por Roosevelt em suas memórias da viagem:

Na manhã do dia 28 alcançamos a sede da grande fazenda São João, de propriedade do sr.João da Costa Marques. Ele, seu filho mais moço do mesmo nome, que era Secretário de Agricultura do Estado, sua encantadora esposa, o Presidente de Mato Grosso e vários outros cavalheiros e senhoras, vieram de Cuiabá, que ficava a uns trinta quilômetros acima, para cumprimentar-nos. Fomos, como sempre, tratados com grande cordialidade e generosa hospitalidade. A comissão de recepção nos encontrou algumas milhas abaixo da casa da fazenda,em um vapor de leme de roda e uma lancha, ambos enfeitados com profusão de bandeiras. A belíssima casa branca da fazenda se erguia à pequena distância da borda do rio, numa campina pontilhada de lindas palmeiras reais.

Da fazenda São João a expedição, que tinha como comandante o coronel Cândido Rondon, seguiu para Cáceres e de lá para o norte do Estado.


FONTE: Theodore Roosevelt, Nas selvas do Brasil, Editora da USP/ Livraria Itatiaia Editora, Belo Horizonte, 1976, página 82. 

FOTO: reprodução do Album Gráfico de Mato Grosso, 1914.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...