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sábado, 5 de outubro de 2013

8 de outubro

8 de outubro

 
1836 – Iniciado intercâmbio Cuiabá-Uberaba

A estrada do Piquiri, esboçada em 1808, sem resultado, aplicou, em 1832, os seus esforços construtivos o brigadeiro Jerônimo Joaquim Nunes, afazendado em Pindaival. A picada respectiva, porém, só se ultimou em 1835. Fraldejava a serra de São Lourenço, transpunha o Piquiri, donde rumava para as cabeceiras do Sucuriu, de cujo vale buscava o Paranaíba, que, atravessado, permitia a continuação até Uberaba.
Por essa via, melhorada por Antonio José Garcia Leal, dos primeiros povoadores de Santana do Paranaíba, entraram pela primeira vez em Cuiabá, a 8 de outubro de 1836, os suínos tangidos de Uberaba, em vara de 70 cabeças, além da tropa de bestas de Manuel Bernardo que, em troca, de torna viagem, conduziu boiadas dos fazendeiros cuiabanos, assim inaugurando o intercâmbio que se intensificaria mais tarde.” 


FONTE: Virgilio Correa Filho, História de Mato Grosso, Fundação Júlio Campos, Várzea Grande, 1994, 562



8 de outubro


1906 – Inaugurada estrada Campo Grande-Porto XV de Novembro

Ficheiro:Manoel da Costa Lima.jpg
É inaugurada a estrada entre Campo Grande e Porto 15 de novembro, atualmente trechos da BR-163 (Campo Grande - Nova Alvorada do Sul) e BR-262 (Nova Alvorada do Sul - Rio Paraná).


Foi uma verdadeira odisseia a construção dessa estrada boiadeira. Seu incorporador foi Manoel da Costa Lima, o Manoel Cecílio, que a abriu para tirar o Estado do isolamento e transportar o vapor Carmelita, lancha a motor, adquirida no Paraguai, com a qual iniciaria o serviço de travessia do rio Paraná. De Concepcion a Campo Grande, “navegara rio Paraguai acima, penetrando no rio Miranda e depois no rio Aquidauana, ancorando na fazenda Sto. Antonio na barra do Taquarussu. Com 200 bois de carro emprestados e 20 peões escolhidos a dedo, praticamente desmontaram a lancha e distribuídas suas partes nos referidos carros, encetaram grande epopeia de leva-la até às barrancas do rio Paraná, na divisa com São Paulo.

Sem dispor de qualquer das ferramentas e máquinas que hoje conhecemos, mas tão somente da força física de homens e animais, de coragem e vontade férrea, serra de Maracaju acima, serra abaixo, brejos e atoleiros, pedreiras e areal, travessias em fundos de vales, viagem lenta e morosa por mais de 60 dias até o arraial de Sto. Antonio de Campo Grande. A lancha fazia parte de seu sonho, a construção de uma estrada boiadeira; era sonho e determinação, teimosia e coragem deste homem, obstinado de realizar uma obra que foi fundamental para o futuro de Mato Grosso e do Brasil".


A estrada era um projeto que Manoel da Costa Lima acalentava há vários anos, até conseguir autorização do governo estadual e ajuda de colegas fazendeiros.


Em Campo Grande reuniu nova comitiva e partiu para a empreitada:

A abertura foi feita com traçadores, machados, enxadas e facões, de 325 km de caminho bravo de Campo Grande às barrancas do grande rio Paraná. Pagou com sua própria fazenda Ponte Nova, na barra do Inhanduizinho, os serviços do agrimensor francês Emílio Ravasseau.


Manoel da Costa Lima fez novamente penosa viagem, partindo de Campo Grande, buscando a barra do ribeirão do Lontra com o Inhanduí, onde chegaram após 15 dias de trabalho duro e sofrido, transportando a lancha destinada a rebocar as balsas-currais que mandara construir para a travessia do rio Paraná. Nesse local providenciaram a instalação de uma oficina para a remontagem da lancha Carmelita para seu posterior prosseguimento por hidrovia.


Chegando com a abertura da estrada até às margens do grande rio, junto à barra do rio Pardo, ali organizou-se o acampamento com alguns ranchos: o local foi denominado Porto XV de Novembro.


No dia 8 de outubro de 1906, era inaugurada a ligação comercial Mato Grosso-São Paulo, uma estrada boiadeira desbravada entre 1900 e 1906. Depois de pronta, o governo do Estado resolveu oficializar a estrada a qual foi recebida pelo agrimensor José Paes de Faria.” 
 


FONTE: Edgard Zardo, De Prosa e Segredo Campo Grande Segue seu Curso, Funcesp/ Fundação Lions, Campo Grande, 1999, página 35





quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

10 de Setembro

10 de setembro

1911Estrada de ferro chega a Aquidauana


 Primeira estação ferroviária de Aquidauana


A frente de Porto Esperança dos trilhos da Noroeste do Brasil chega à vila de Aquidauana, que “festeja ruidosamente a chegada da primeira locomotiva da estrada de ferro Itapura-Corumbá”:

Em nome da população saudou ao diretor da estrada o professor João Nunes da Cunha, sendo àquele oferecido pela menina Paulina Alves de Castro um ramalhete de flores naturais. Em nome de seus companheiros de trabalho, o dr. Kessehring agradeceu a saudação que lhe fora feita.


À festa da inauguração compareceu a elite da sociedade de Aquidauana, podendo-se mencionar entre outras pessoas o coronel João de Almeida Castro, que foi um dos fundadores da vila, dr. Manoel Pereira da Silva Coelho, juiz de direito da Comarca, cel. Teodoro Paes da Silva Rondon, também fundador da vila, dr. Francisco Xavier Júnior, dr. Júlio Mário de C. Pinto, Isauro Cabral, tenente Manoel de Oliveira Braga, coronel Estevão Alves Corrrea, advogado Alfredo César Velasco, coronel Antonio Inácio de Trindade, Francisco Fanaia Filho, Antonio Ries Coelho, além de crescido número de senhoras e senhoritas.


A ligação das duas frentes aconteceria apenas em 1914, em Campo Grande, com o encontro dos trilhos e a conclusão da obra.
 

FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 137.

FOTO: ALBUM GRAPHICO DE MATO GROSSO, Corumbá/Hamburgo, 1914.




10 de setembro

1932 – Trava-se a batalha de Porto Murtinho




Dá-se a batalha de Porto Murtinho, confronto bélico decisivo para os destinos da guerra civil de São Paulo em território do sul de Mato Grosso, conforme comunicação do governo de Mato Grosso, em Cuiabá, ao comando federal, no Rio de Janeiro:

Levo ao conhecimento de v.exa. que nossas forças acantonadas em Porto Murtinho foram no dia 10, às doze horas, atacadas por uma grande coluna rebelde, travando-se violenta batalha que durou vinte e cinco horas consecutivas, sob intensa fuzilaria e ação de artilharia, havendo o inimigo no dia seguinte, às 14 horas, abandonado em debandada o campo de luta, onde deixou numerosos mortos e grande cópia de material bélico. Nossa cavalaria, sob o comando do coronel Mário Garcia, prossegue em perseguição dos adversários. Tiveram ação decisiva no combate as tropas do 17° B.C. e a valente maruja do monitor Pernambuco. Congratulo-me com v. ex. por esta brilhante vitória de nossas armas. - Leonidas de Mattos, interventor federal.¹ 

A derrota dos rebeldes é detalhada em carta de um combatente:

E era, de fato, de todos os lados que o governo federal apertava o cerco. A oeste, no sul de Mato Grosso e especialmente ao longo do rio Paraguai, travava-se em setembro violentos combates. A fronteira paraguaia era porta vital ao exterior para os constitucionalistas, e, já em julho, o governo procurava fechá-la, criando um destacamento sob o comando do major Leopoldo Néri da Fonseca e subordinado a Rabelo, cuja missão, em combinação com a flotilha de Mato Grosso, era barrar o rio. Quando, em agosto, Néri começou a mobilizar forças locais, os rebeldes controlavam Bela Vista e Ponta Porã, enquanto a base de suas operações era Porto Murtinho.

No início de setembro uma coluna rebelde de mais de mil homens marchou sobre Porto Murtinho, onde Néri esperava com oitocentas tropas de regulares e voluntários. O alto comando no Rio de Janeiro apressadamente ordenou a flotilha em Ladário que seguisse com "toda urgência" para Porto Murtinho, o que resultou no envio do monitor Pernambuco àquele local. Na tarde do dia 10, o ataque começou, continuando até o dia seguinte. As deserções do lado federal foram freqüentes, e Néri ameaçou fuzilar soldados que fugiam da linha de fogo, reparando a certa altura que várias chatas e uma lancha estavam lotadas de tropas suas que pretendiam fugir para o outro lado do rio porque a munição escasseava. "Há duas maneiras de quebrar-se: ou como a borracha, esticando pouco a pouco, ou como o aço temperado, que se rompe sem demonstrar o que vai fazer”, gritou Néri a um oficial retirante. "Se tivermos de quebrar, quebraremos como o aço"! Com isso, de metralhadora na mão, obrigou os soldados a evacuarem as embarcações e voltarem para a frente. A intervenção do Pernambuco, bombardeando as posições rebeldes, decidiu a batalha depois de vinte e duas horas de luta.¹

Combatente constitucionalista dá a sua versão desta batalha:

Eram precisamente 13 horas quando se deram os primeiros choques das nossas vanguardas com as vanguardas do inimigo, dentro da mata densa, que circunda aquela cidade, nas proximidades dos primeiros postos entrincheirados.

Estabelecido, logo, o aviso para as nossas diversas linhas, iniciou-se a ofensiva contra as posições defendidas pelos governistas.

Avançava na vanguarda a cavalaria e, por traz desta, vinha a infantaria e a artilharia. No centro, sobre a estrada que corta a mata em direção ao porto, os primeiros a tomar contato com o inimigo, flanco direito da coluna atacante, são os pelotões comandados pelo capitão Hermenegildo Costa Lima, onde serviam o dr. Adolph Calandrini, tenente Albertinho Fróes, irmãos Escobar, capitão Sizenando Garcia. Os pelotões, por dilatado espaço de tempo, enquanto a infantaria operava em marcha de progressão, sustentam renhido fogo, para depois tomarem posição no mesmo flanco, onde se achavam o coronel Waldomiro Correa e sua gente, o dr. Aral Moreira, tenente Ventura, capitão Bezerra, além do coronel Theóphilo Azambuja e seus comandados. E, juntos todos passaram a formar essa ala direita. (...)

O fogo da artilharia, de parte a parte, era intenso, sendo a do inimigo protegida pelos canhões 120 de bordo do monitor Pernambuco, da flotilha de guerra do Ladário, estacionada no porto. Nos rápidos silêncios do canhoneio ouvia-se o estralejar de dezenas de metralhadoras. Só da nossa parte estavam em ação 14 pesadas e 33 leves.

Ao cair da tarde, conseguiram os nossos artilheiros localizar o monitor Pernambuco que nos estava hostilizando tenazmente, com as granadas que despejavam as suas peças 120, obrigando-o a se deslocar rio acima, de onde com mais violência e melhor efeito, passou a bombardear a nossa posição. Antes, porém, por sua vez, a aviação ditatorial havia logrado determinar a nossa posição exata, o que nos obrigou a avançar mais 600 metros, mais ou menos.

Durante a noite progrediram continuamente as nossas tropas, sob o fogo do inimigo que recuava, até que pela manhã já nos encontrávamos a dois quilômetros apenas, da cidade.

Crepitava a fuzilaria incessantemente, sob os estouros das granadas e o ribombo da artilharia.

O canhão revólver ditatorial, situado bem sobre a linha férrea, em frente à posição onde estava o tenente Duprat, não se cansava de expectorar secamente. Ouvia-se distintamente a pesada ‘Maxim’, de 500 tiros por minuto, cantar roucamente enquanto que as metralhadoras leves não deixavam um segundo de costurar nossas posições.

À noite a mata se iluminava repetidas vezes, com o relampaguear dos canhões. E ali, bem ao lado do dr. Calandrini, tombava morto um inditoso moço, municiador de uma das metralhadoras.

O 18 B. C., a alma do combate, lutava nobremente. Seus oficiais tenente Sampaio Simão, Larocque, Tourinho e Ferreira, zombando da morte, destacavam-se de pé na linha de fogo, dando as vozes de comando. (...)
Chocavam-se neste combate cerca de 2500 homens, dominando sempre os constitucionalistas, numa pressão constante e no desalojar os governistas de alguma trincheira.

Murtinho não caiu pela falta absoluta de munição. Apesar disso os constitucionalistas fizeram uma retirada em perfeita ordem, sem serem hostilizados até se concentrarem em São Roque.²


FONTE: ¹Correio da Manhã (RJ) 17 de setembro de 1932. ²Umberto Puigari, Nas fronteiras de Mato Grosso, terra abandonada...Casa Mayença, São Paulo, 1933, página 190.

FOTO: monitor Pernambuco, da flotilha de Ladário..




terça-feira, 31 de janeiro de 2012

5 de Setembro

5 de setembro

1866 Tropas brasileiras partem do Taboco

Margem esquerda do Taboco em desenho de Taunay

A força expedicionária brasileira, com destino à fronteira, deixa as margens do Taboco, onde acampara há cerca de dois meses. O relato é do tenente Taunay:

Tornando-se porém o Taboco cada vez mais insalubre, convinha partir dali quanto antes. Entretanto soube-se que a retirada dos inimigos dos pontos do distrito, em que eles tinham conservado destacamentos por mais de um ano e meio, roubara já aos nossos soldados a ocasião de demonstrarem nos combates a coragem que haviam patenteado sempre a lutar com mais terríveis adversários: a peste e a fome. Apesar disto, decidiu o comandante das forças seguir para Miranda. (...)

Tomadas enfim as providências para a marcha, deu-se a partida da margem direita do Taboco no dia 5 de setembro com direção ao porto do Sousa, onde ia efetuar-se a passagem do rio Aquidauana. Caminhando sensivelmente para S. desde começo, atravessou a força campinas cortadas por capões e depois de 2 ½ léguas, foi acampar junto ao córrego da Piranhinha às 11 ½ horas quase na base de um ramal da serra do Maracaju que corre paralelamente à estrada. No encontro desses ramos com a grande cadeia, num recôncavo, fica a aldeia da Paranhinha dos índios Terenas, aí refugiados desde os primeiros dias da invasão paraguaia no ano de 1865.



FONTE: Taunay, Em Mato Grosso invadido, Cia. Melhoramentos, SP, sd., página 79.



5 de setembro

1891 - Eleita a primeira diretoria da Companhia Mate Larangeira





Sob o controle do Banco Rio-Mato Grosso é nomeada no Rio a primeira diretoria da Companhia Matte Larangeira,à frente Francisco Duarte Murtinho (foto). A decisão foi registrada na seguinte ata:

Acta n° 1 da Companhia Matte Larangeira.

Tendo sido por escriptura lançada hoje em Notas do Tabelião Castro,desta Capital, constituida a Companhia Matte Larangeira, os abaixo-assignados D' Francisco Murtinho, D' Lucídio Alexandre Martins e Thomaz Larangeira que compõem a Directoria da mesma Companhia, reuniram-se na sala do 1° andar da casa da Rua d'Alfandega,n° 22, para, em observância do Art. 15 dos Estatutos, designarem, d'entre si, o Presidente e o Secretário da Directoria.
O Director Larangeira propôs para Presidente, o Director Franc° Murtinho e para Secretário o Director D'Laucídio Martins.

Feitas algumas ponderações pelos dois últimos, foi a proposta approvada, ficando os nomeados desdelogo investidos dos respectivos cargos.
Declara-se que a sala a que se fez referência, está contratada para nela funcionar como fica funccionando o escriptório da Campanhia.

Rio de Janeiro,5 de Setembro de 1891.

Francisco Murtinho, Lucídio Alexandre Martins e T° Larangeira.


FONTE e FOTO: Luiz Alfredo Marques Magalhães, Retratos de uma época, os Mendes Gonçalves e a Cia.Matte Larangeira, (segunda edição), edição do autor, Ponta Porã/Campo Grande, 2013, página 41.


5 de Setembro

1918Rosário Congro toma posse em Campo Grande




Nomeado pelo presidente do Estado, dom Aquino Correa, assume a prefeitura de Campo Grande o deputado estadual Rosário Congro. O próprio intendente-interventor dá as razões de sua investidura no cargo:

Perdurando desde 1º de janeiro desse ano, em virtude de conflito político, uma dualidade de Câmara e de Juizes de Paz, o que vinha causando à vida administrativa e jurídica do Município os mais sérios entraves e a mais prejudicial das situações, teve por bem a Assembleia Legislativa do Estado por termo à grave anomalia reinante, anulando as eleições realizadas a 2 de novembro do ano anterior e autorizando o presidente do Estado a nomear o Intendente Geral e Juizes de Paz de Campo Grande, aquele com poderes para exercer também atos do poder legislativo ficando, assim, inteiramente cassada a autonomia do município.

Tem o n.o 768 e é de 9 de julho de 1918, a lei que determinou a intervenção estadual no Município, recaindo a nomeação para Intendente, por ato n.o 329 de 14 de agosto do mesmo ano, no deputado estadual Rosário Congro, cuja posse realizou-se a 5 de setembro, e a de Juizes de Paz nos cidadãos Antônio Benjamim Correa da Costa, Leopoldo Gonçalves dos Santos e João Coelho, sendo seus suplentes João Pedro de Souza, Manoel Joaquim de Moraes e Cândido da Costa Lima, não tendo este último prestado o compromisso legal.


Sobre a posse de Rosário Congro na prefeitura de Campo Grande, a imprensa cuiabana destacou:


Campo Grande, 5 – Perante numerosa assistência, tomou hoje posse no cargo de intendente geral deste município o ilustre deputado Rosário Congro. Durante o ato e enviada por nímia gentileza do comandante da guarnição, tocou a banda do 5° regimento. O novo intendente produziu uma bela alocução traçando a diretriz do seu governo, impressionando agradavelmente o auditório. S. exc. leu o seu primeiro ato de empossamento e, após o recebimento dos arquivos da intendências em dualidade, nomeou seu secretário e tesoureiro. A população, satisfeita com a normalização da vida do município, confia na ação do novo governo, aplaudindo a acertada escolha de d.Aquino.
 


FONTE: Rosário Congro: O município de Campo Grande, publicação oficial, Campo Grande, 1919, página 37. Jornal O Matto-Grosso (Cuiabá) 15 de setembro de 1918.

FOTO:http://bit.ly/zKCCKr


5 de setembro

1961 - Nasce Nelsinho Trad

Filho de Nelson Trad e Therezinha Mandetta Trad, nasce em Campo Grande, Nelson Trad Filho. Fez os cursos primário e secundário em sua cidade natal e o ensino médio no Colégio Andrews, no Rio de Janeiro, onde cursou Medicina, na Universidade Gama Filho.
Com especialidade em urologia, é médico do serviço público. Como político, começou em 1996, quando se elegeu vereador pela primeira vez, reelegendo-se em 2000.De 2001 a 2002, foi presidente da Câmara Municipal. Em 2002, vence a eleição de deputado estadual, cargo que exerceu por apenas dois anos, elegendo-se prefeito de Campo Grande, em 2004 e reeleito em 2008.
Em 2014, foi candidato a governador (PMDB), mas não conseguiu chegar ao segundo turno. Em 2018 elegeu-se senador (PTB). No Senado foi presidente da Comissão de Relações Exteriores e líder da bancada do PSD. 
Na vida pública, recebeu as seguintes homenagens:
Medalha do Pacificador Medalha do Pacificador
2005 - Classificação Excelente no Programa Nacional de Controle de Qualidade (Labcen) 2005 - Prêmio Caixa - Melhores práticas em gestão local
2006 - Classificação Excelente no Programa Nacional de Controle de Qualidade (Labcen) 2006 - Prêmio Caixa - Melhores práticas em gestão local
2006 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor MS
2006 - Referência em Formação Continuada de Professores 2006 - Troféu Super Cidades
2007 - Certificado de Eficiência em Sorologia para Leishmaniose 2007 - Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohab's - ABC
2007 - Classificação Excelente no Programa Nacional de Controle de Qualidade (Labcen) 2007 - Drenar é 10 - Melhores Práticas
2007 - Índio Cidadão MS - Melhores Práticas 2007 - Prêmio Brasil Sorridente
2007 - Prêmio Ecologia
2007 - Qualidade em Educação Infantil (Formar em Rede) 2007 - Selo de Mérito Nacional para 2ª Aldeia Urbana
2007 - Selo de Mérito Nacional Projeto lmbirussu/Serradinho
2008 - Classificação Excelente no Programa Nacional de Controle de Qualidade (Labcen) 2008 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor MS
2008 - Diploma Nacional em Desenvolvimento Sustentável e Saneamento Ambiental
2008 - Melhor experiência em vigilância, prevenção e controle da dengue 2008 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor Centro-Oeste
2008 - Qualidade em Educação Infantil (Formar em Rede) 2008 - Selo Cidade Cidadã
2008 - Selo de Reconhecimento as 73 escolas que superaram o IDEB
2008 - Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohab's - ABC 2009 - Diploma de Mérito pela Valorização da Vida
2009 - PAC-Habitação de interesse social - Jardim Seminário e Residencial Tarsila do Amaral 2009 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor Centro-Oeste
2009 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor MS
2009 - Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohab's - ABC 2010 - Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohab's - ABC 2010 - Prefeito Amigo do Idoso
2010 - Prêmio Prefeito Inovador 2010 - Prêmio TI & Governo
2011- Prêmio Prefeito Inovador - categoria: Cidades com Mais de 200 mil Habitantes 2011- Prêmio Caio - 11ª Edição
2012 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor - Etapa Estadual - destaque temático: Médias e Grandes Municípios Sebrae MS
2012 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor - Etapa Estadual - destaque temático: Promoção ao Desenvolvimento Rural - Sebrae MS
2012 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor - Etapa Estadual - destaque temático: Promoção ao Desenvolvimento Rural - Sebrae MS
2012 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor - Etapa Nacional - categoria: Apoio ao Empreendedor Individual, Lei Geral Municipal - Sebrae Nacional
2019 - Ordem do Mérito da Defesa
2019 - Conselho da Ordem do Mérito Naval - Grau de Grande Oficial 2019 - Medalha Amigo da Marinha.

FONTE: Senado Federal, Brasilia, 2021.


quarta-feira, 9 de março de 2011

30 de agosto

30 de agosto

1734 - Cuiabanos atacam paiaguás



Parte de Cuiabá contingente armado de moradores da vila para dar combate aos índios paiaguás, ao longo do Pantanal. O episódio está nos anais do senado da Câmara:

Preparouse nesta vila a leva p.ª a dita Guerra tudo a custa do Povo, e sem despeza da Real Fazenda sem embargo de Sua Magestade a mandar fazer a custa della, e só tiverão o adjutorio de alguma Palavra com que asistio a Camara pelloz seoz bens. Despenderão liberalmente de suas fazendas para esta acção Antonio Pinto da Fonceca, o Brigadeiro Regente Antonio de Almeida Lara, Balthazar de Sam Payo Couto, Salvador de Espinha Silva, Antonio de Pinho de Azevedo, Antonio Antunes Maciel, seo irmão Fellipe Antunes Maciel, Antonio Pires de Campos, Pedro Vás de Barros, Antonio de Moraes Navarro, Gabriel Antunes de Campos, João Macha de Lima, Manoel Dias Penteado, Pedro Taques de Almeida, e outros varios que a sua custa prepararão canoas, armas, camaradas, e mais petreixoz necessarios. 

Sahio a Armada do Porto Geral desta Villa no primeiro de Agosto deste anno de 1734” composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagage, e tres balças, que erão cazaz portateis armadas sobre canoas. Oito centos quarenta e dous homens entre brancoz, pretos, e pardoz. Tudo o que era branco levava cargo e só se dezião Soldados os negroz, pardos, Indios e mestiçoz forão p.r Capelloens o Padre Fr. Pacifico dos Anjos, Religiozo Franciscano e o Padre Manoel de Campos Bicudo do habito de São Pedro com todos os paramentoz para se selebrarem Missa como o fazião dentro nas balças. | Rodarão Cuyabá abaixo, e Paragoay sem ver couza alguma de novidade por espaço de hum mez antes de chegar a bocaina virão ao serrar da noite fogos ao longe, e rodando mança mente sem extrondo acharão no barranco da parte esquerda pouzados alguns bugres, que dormião com seus fogos acezos, e tinhão as canoas embicadas em que andavão a espia da nossa armada, de que já tinhão noticia por revelação dos seus fiticeiros. Imbicarão as nossas canoas de guerra, dispararão-se lhes alguns tiros de mosquetes, levantarão se os bugres aturdidoz, deo se lhes huma carga serrada, em que morrerão quarenta, e escaparão quatro fogidos, pelo mato, que senão seguirão, tomou se hum vivo as mãos, que falava castelhano mal limado, dizendo que era castelhano catholico, que o não matacem não lhe valeo o pretesto, fizerão-no empicado, e as canoas em pedaços. Seguirão Rio abaixo tres dias e tres noites continuas sem pouzar, seria meya noite da terceira quando virão fogos ao longe por huma Bahia dentro da parte esquerda, emcaminharão se a elles remando sem estrondo, e ao romper da alva abeirarão o arayal do Gentio, que estava em hum campeste de terra alta a beira da agoa. Tocou hum negro huma trombeta, sem ser mandado, alvorosouse o Gentio, embarcarão se os guerreiros nas suas canoas a peleijar com a nossa Armada e huma grande chusma com suas algazarras custumadas; disparou se lhes huma carga de mosquitaria serrada, com que ficarão muitos mortos, e os mais acolherão se a terra, e em quanto isto se passou, muito dos que havião ficado no arayal escaparão em canoas cozidos com a terra por hum e outro lado, as quaes não passarão de dés, e os mais meterão se pela terra dentro que hera campestre com capoens de mato carrasquenho. Imbicarão as nossas canoas de Guerra, disparando sempre mosquetaria, com que matarão ainda muitos no Arrayal, lançouse logo a nossa Soldadesca ao alcansse dos fogetivoz pelo campestre dentro a fazer prezas, que logo aprezentavão aos officiaes, no que se ocuparão thé as duas horas da tarde. Recolhidos ao Arrayal contarão se duscentos secenta e seis prizioneiroz, e seis centos mortos por terra e nas agoas, que hera Bahia aonde não havia correnteza. Ficarão ainda muitoz espalhadoz | pelo mato dentro, que os nossos Soldados os não quizerão seguir, suspendendo a sua furia, por saberem que as prezas, que se aprezentavão ao Comandante no Arrayal, logo ahi as hia repartindo com os cabos, e pessoas principaes, e que elles nada tinhão daquela empreza, disserão huns para os outros = Venhão elles apanha-los se quizerem = e com isto se retirarão. Perecerão dos nossos dous negros e hum mulato mortos, pelas nossas mesmas armas as imbicar no Arrayal. Embarcarão-se a fazer pouzo fora daquele lugar, por estar inficionado com os cadaveres, e as agoas com o sangue que delles corria.

Consultou-se no dia seguinte Sesehouvera seguir o Gentio fugitivo thé dar se lhe fim, ou dar a função por acabada; foi a mayor parte dos rastos, que se seguice, não quis o Comandante fazelo com o pretexto de não chegar as Povoações Castelhanas, para que não tinha ordem de Sua Magestade, e falando se em procurar os que ficavão dispersos pelo mato afirmou a Soldadesca, que nenhum ficava, vendo elles o contrario, sentidos de que asprezas todas estivessem com dono, e elles com o trabalho, dizendo huns com outros = vão elles se quizerem = com isto voltarão dando a empreza por finda.


FONTE: Annaes do senado da Câmara de Cuiabá (1719-1830) folhas 18,19 e 20.

FOTO: meramente ilustrativa.


30 de agosto


1842Concorrência para estrada entre Piracicaba e o rio Paraná



Fundadores de Paranaíba entram em licitação para construção de estrada entre esta vila e a cidade de Piracicaba no interior paulista, nos seguintes termos:

Januário Garcia Leal e José da Costa Lima, moradores em Santana do Paranaíba comprometem-se a fazer a estrada que vai desta vila à barranca do rio Paraná pondo balsa no rio, fazendo todas as pontes, aterrados e cavas e seguindo a picada aberta por Joaquim Francisco Lopes. Comprometem-se mais em dar esta concluída em fins de 1844. Os suplicantes obrigam-se a trazer 12 carros e apresentar ditos carros em pátio desta vila e receberão então dois contos de réis. Obrigamos a fazer o retoque da estrada que o inspetor disse que não está bom. O suplicantes não exigem quantia adiantada, querem receber o dinheiro todo quando chegarem nesta vila com os carros para o que deve estar o dinheiro em mãos do procurador Domingos José da Silva Braga. Constituição, 30 de agosto de 1842. Januário Garcia Leal e José da Costa Lima.


Venceram a concorrência, assinaram o contrato em 1843 e entregaram a obra dois anos depois. Ao que se sabe, é a primeira ligação rodoviária entre São Paulo e o Sul de Mato Grosso.





FONTE: Hildebrando Campestrini, Santana do Paranaíba, de 1700 a 2002, 2a. edição, IHGMS, Campo Grande, 2002, página 30.






30 de agosto


1866Taunay escreve do Taboco


À frente das tropas brasileiras que deveriam protagonizar o episódio da retirada da Laguna, como integrante da comissão de engenheiros, Taunay volta a escrever ao pai, no Rio de Janeiro:

Aqui estamos acampados desde 2 de julho o que quer dizer há perto de dois meses. Os víveres não nos faltam mais: a abundância começa a reinar e mesmo os objetos de luxo vêem apresentar-se à nossa cobiça. Temos boa cerveja, vinho e até mesmo excelente manteiga.


O movimento comercial enfim se estabeleceu conosco e os carros de boi fazem ouvir sua melodia especial pelos caminhos impraticáveis do Pantanal. De modo que encontramos no nosso mercado toda espécie de roupa e já em nós se nota alguma faceirice na apresentação depois de havermos ficado reduzidos a um estado quase completo de nudez... o que contribui para a alegria geral e a melhoria sensível do estado sanitário da expedição.


A terrível paralisia que em menos de um mês levou oito oficiais no número dos quais se acha o nosso querido Chichorro da Gama, diminuiu de intensidade e as febres intermitentes resistem aos esforços dos médicos devido a falta completa de sulfato de quinina. Guardo como um tesouro os pacotinhos que V. me deu, reservando-os para uma ocasião em que forem necessários. Tenho creio que 120 gramas bem empacotadas numa caixinha de folha creio que é até um preservativo tê-los à mão, para infundir confiança no organismo e o salvaguardar das influências destes lugares pestilentos.


Meu álbum continua a enriquecer-se. Começo a temer em breve não ter mais página em branco, no entanto terei feito bastante desenhos. Minhas habilidades se aperfeiçoam sensivelmente e a coleção merece a atenção de todos. Tento desenhar as flores mais notáveis com todos os seus caracteres fitológicos e tomar bem os tipos de índios que me caem sob as vistas.


O coronel Carvalho está agora nos Morros onde passamos quatro meses e meio; vai tentar restabelecer a saúde alterada por pequena febre que já estava tomando o caráter muito sério de perniciosa. Do braço vai melhor e já tirou o aparelho.


Pelos relatórios que já foram entregues, quando V. receber esta carta de Trindade e Luiz, poderá ter idéia bem nítida desta localidade: Morros nascida da força das circunstâncias e que deverá desaparecer quando estas cessarem.
Alguns doentes das pernas o acompanharam para ver se uma mudança de clima traria alguma modificação ao seu estado mórbido e agora começa a evidenciar-se que só uma pronta retirada da Província poderá salvar os doentes.


Os dois oficiais que se safaram imediatamente acham-se melhor, começando a ter algum movimento nas pernas. 




FONTE: Taunay, Cartas de Campanha de Mato Grosso (1866), Mensário do Jornal do Commercio, Rio, 1943, página 170.



30 de agosto

1920 - Nasce Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações 


Humberto Neder (o primeiro à direita) com a família em 1954

Nasceu em Campo Grande, Humberto Neder, o quinto filho de Rachid Neder e Euzébia Neder. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar Joaquim Murtinho e no Ginásio Dom Bosco, tendo concluído o fundamental e médio no Colégio Andrews no Rio de Janeiro. Ingressou na Faculdade Nacional de Direito do Rio, em 1942, interrompendo seus estudos para participar da II Guerra Munidial, em Monte Castelo, na Itália.

Terminada a guerra, Neder conclui o curso de Direito, casa-se com a mineira Nair de Toledo Câmara e retorna a Campo Grande, em 1947, e instala escritório de advocacia no edifício Nakao,atividade que exerce por pouco tempo para dedicar-se ao empreendedorismo. Após breve inserção no ramo imobiliário, associa-se a Michel Nasser e funda a companhia telefônica de Campo Grande, cuja inauguração aconteceu em 26 de agosto de 1957, com capacidade inicial de 1500 terminais na cidade. Em 1963 inicia-se o serviço interurbano com a primeira ligação de Campo Grande a São Paulo.

A Teleoste, como passou a chamar-se a empresa, ligou Mato Grosso ao mundo e foi a concessionária da telefonia no Estado até sua incorporação ao sistema estatal.

Em 1961, no auge do sucesso da companhia telefônica em Campo Grande, Neder e outros dirigentes da empresa de telecomunicações cria o Banco do Povo, com sede em Campo Grande e poucos meses depois de sua fundação,com filiais em Corumbá, Dourados, Presidente Prudente, Ponta Porã, Angélica, São Paulo e Rio de Janeiro. O Banco do Povo,inviabilizado a partir do golpe de 64, foi vendido por Humberto Neder a um grupo empresarial de Corumbá.

Na política, Neder (PTB) chegou a suplente do senador Filinto Muller (PSD),tendo assumido por 5 meses. Em 64 foi o primeiro preso político de Campo Grande, permanecendo encarcerado por 90 dias à disposição do Exército.

Humberto Neder faleceu em São Paulo em 30 de setembro de 2011. 



FONTE/FOTO: Cláudio Vilas Boas Soares, Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, páginas 14 e seguintes.


30 de agosto

2012 - Caso Breno e Leonardo. Truculência dispensável

Breno Luigi Silvestrini Araújo, 18 anos e Leonardo Batista Fernandes, 18 anos, e Leonardo Batista Fernandes, 19 anos, amigos desde a infância e estudantes universitários, foram assassinados em Campo Grande, depois de sequestrados, por uma quadrilha, que tinha por objetivo furtar seu veículo, uma Pajero e levar para o Paraguai para trocar por droga.

O homicídio foi desvendado quatro dias depois pela titular da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (Defurv), que deteve cinco suspeitos: Rafael da Costa da Silva, 22 anos e sua esposa,  Dayani Aguirre Clarindo, 24 anos, Weverson Gonçalves Feitosa, 22 anos, e Raul Andrade Pinto (primo de Rafael) e um adolescente de 17 anos, irmão de Rafael.

O CRIME - Na noite do assassinato, quatro membros do bando, em um carro de passeio, próximo a um movimentado barzinho no bairro Miguel Couto, escolheram dois veículos e esperaram um dos condutores. Por volta das 20 horas, Leonardo e Breno saíram do bar e dirigiram-se à Pajero e foram rendidos. 

Weverson assumiu a direção do carro e Leonardo e Breno foram levados para o macroanel de Campo Grande, na saída para Aquidauana e Rochedo. No local, numa tubulação abaixo da rodovia, os jovens foram espancados e obrigados a ficar de joelhos. Breno foi o primeiro a ser executado, com um tiro na cabeça. Leonardo, recebeu um tiro na nuca, desferidos por Rafael.

A polícia civil agiu com agilidade. A primeira a ser presa foi Dayani. Em Miranda, quando viajava de carona em um caminhão. Em seguida, Silva foi detido em um matagal nas proximidades de Corumbá. Feitosa foi preso em sua casa na cidade de Aquidauana. Raul e o adolescente foram capturados em Campo Grande.

ESTREANTES - No inquérito a delegada concluiu que "essa é uma quadrilha isolada e diferenciada. Os integrantes foram movidos a participar da ação criminosa pelo dinheiro fácil. Eles iriam comprar cocaína para iniciar ação no tráfico de drogas.

Os suspeitos foram indiciados por latrocínio, sequestro, ocultação de cadáveres, formação de quadrilha e corrupção de menores.

CONDENADOS - Os seis acusados foram condenados a penas que, somadas, chegam a 209 anos de cadeia: Rafael da Costa da Silva, 42 anos e 4 meses; Raul de Andrade Pinto, 35 anos e 4 meses; Weverson Gonçalves Feitosa, 36 anos e 4 meses; Dayani Aguirre Clarindo, 33 anos e 4 meses; Edson Natalício de Oliveira Gomes, 29 anos e 8 meses e Jonilton Jacksin Leite de Almeida, 38 anos e 10 meses de prisão.

Com informações do G1-MS e do Campo Grande News.




sábado, 5 de março de 2011

1° de agosto

1º de agosto

1734 - Governo declara guerra aos paiaguás




Sob o comando do tenente-general Manoel Rodrigues de Carvalho, partiu do porto geral de Cuiabá para dar combate aos gentios paiaguás, no Pantanal, esquadra composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagagem, e tres balsas, que eram casas portáteis armadas sobre canoas. Oitocentos quarenta e dois homens entre brancos, pretos e pardos. 

Os detalhes do início oficial da guerra aos paiaguás e desta primeira batalha estão nos anais:

Chegou a monção do Povoado, e nelle o Thenente General Manoel Rodrigues de Carvalho por mandante da gente de Guerra para invadir os Payagoas por ordem de S. Magestade, e do General da Cidade de São Paulo. Trazia consigo quatro sentos homens de guerra; tudo o que era branco por pobre que seja digo que foce, trazia | Patente do Gnr.al De Mestre de Campo de Capitaens, Tenentes, Alferes, Ajudantes, Furrieis, Sargentos e Cabos de Esquadra e estas patentes mandavão-se lhes entregar de embarcarem na Araritaguaba, e logo lhes faziam pagar o custo dellas, humas a des moedas, outros a oito, e outros atantas dobras, conforme o posto que na patente se declarava, e nesta forma vinhão os pobres homens a dar o dinheiro que tinhão para seos aviamentos pellas patentes e fazer viagem a Divina Providencia: esta foi ajuda de custo, que se lhes deo para a viagem, mandou El Rey fazer a guerra a custa da sua fazenda. Logo nesta chegada quizerão muitas pessoas fazer viagem para Mato Grosso, a colher as rossas que lá havião deixado do anno antecedente, publicouse mando, para que ninguem sahisse do termo da Villa para parte nenhuma antes de sahir a armada debaixo de grandes penas, o que asim se executou. Preparouse nesta vila a leva p.ª a dita Guerra tudo a custa do Povo, e sem despeza da Real Fazenda sem embargo de Sua Magestade a mandar fazer a custa della, e só tiverão o adjutorio de alguma Palavra com que asistio a Camara pelloz seoz bens. Despenderão liberalmente de suas fazendas para esta acção Antonio Pinto da Fonceca, o Brigadeiro Regente Antonio de Almeida Lara, Balthazar de Sam Payo Couto, Salvador de Espinha Silva, Antonio de Pinho de Azevedo, Antonio Antunes Maciel, seo irmão Fellipe Antunes Maciel, Antonio Pires de Campos, Pedro Vás de Barros, Antonio de Moraes Navarro, Gabriel Antunes de Campos, João Macha de Lima, Manoel Dias Penteado, Pedro Taques de Almeida, e outros varios que a sua custa prepararão canoas, armas, camaradas, e mais petreixoz necessarios. Sahio a Armada do Porto Geral desta Villa no primeiro de Agosto deste anno de 1734” composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagage, e tres balças, que erão cazaz portateis armadas sobre canoas. Oito centos quarenta e dous homens entre brancoz, pretos, e pardoz. Tudo o que era branco levava cargo e só se dezião Soldados os negroz, pardos, Indios e mestiçoz forão p.r Capelloens o Padre Fr. Pacifico dos Anjos, Religiozo Franciscano e o Padre Manoel de Campos Bicudo do habito de São Pedro com todos os paramentoz para se selebrarem Missa como o fazião dentro nas balças. | Rodarão Cuyabá abaixo, e Paragoay sem ver couza alguma de novidade por espaço de hum mez antes de chegar a bocaina virão ao serrar da noite fogos ao longe, e rodando mança mente sem extrondo acharão no barranco da parte esquerda pouzados alguns bugres, que dormião com seus fogos acezos, e tinhão as canoas embicadas em que andavão a espia da nossa armada, de que já tinhão noticia por revelação dos seus fiticeiros. Imbicarão as nossas canoas de guerra, dispararão-se lhes alguns tiros de mosquetes, levantarão se os bugres aturdidoz, deo se lhes huma carga serrada, em que morrerão quarenta, e escaparão quatro fogidos, pelo mato, que senão seguirão, tomou se hum vivo as mãos, que falava castelhano mal limado, dizendo que era castelhano catholico, que o não matacem não lhe valeo o pretesto, fizerão-no empicado, e as canoas em pedaços. Seguirão Rio abaixo tres dias e tres noites continuas sem pouzar, seria meya noite da terceira quando virão fogos ao longe por huma Bahia dentro da parte esquerda, emcaminharão se a elles remando sem estrondo, e ao romper da alva abeirarão o arayal do Gentio, que estava em hum campeste de terra alta a beira da agoa. Tocou hum negro huma trombeta, sem ser mandado, alvorosouse o Gentio, embarcarão se os guerreiros nas suas canoas a peleijar com a nossa Armada e huma grande chusma com suas algazarras custumadas; disparou se lhes huma carga de mosquitaria serrada, com que ficarão muitos mortos, e os mais acolherão se a terra, e em quanto isto se passou, muito dos que havião ficado no arayal escaparão em canoas cozidos com a terra por hum e outro lado, as quaes não passarão de dés, e os mais meterão se pela terra dentro que hera campestre com capoens de mato carrasquenho. Imbicarão as nossas canoas de Guerra, disparando sempre mosquetaria, com que matarão ainda muitos no Arrayal, lançouse logo a nossa Soldadesca ao alcansse dos fogetivoz pelo campestre dentro a fazer prezas, que logo aprezentavão aos officiaes, no que se ocuparão thé as duas horas da tarde. Recolhidos ao Arrayal contarão se duscentos secenta e seis prizioneiroz, e seis centos mortos por terra e nas agoas, que hera Bahia aonde não havia correnteza. Ficarão ainda muitoz espalhadoz | pelo mato dentro, que os nossos Soldados os não quizerão seguir, suspendendo a sua furia, por saberem que as prezas, que se aprezentavão ao Comandante no Arrayal, logo ahi as hia repartindo com os cabos, e pessoas principaes, e que elles nada tinhão daquela empreza, disserão huns para os outros = Venhão elles apanha-los se quizerem = e com isto se retirarão. Perecerão dos nossos dous negros e hum mulato mortos, pelas nossas mesmas armas as imbicar no Arrayal. Embarcarão-se a fazer pouzo fora daquele lugar, por estar inficionado com os cadaveres, e as agoas com o sangue que delles corria.

Consultou-se no dia seguinte Sesehouvera seguir o Gentio fugitivo thé dar se lhe fim, ou dar a função por acabada; foi a mayor parte dos rastos, que se seguice, não quis o Comandante fazelo com o pretexto de não chegar as Povoações Castelhanas, para que não tinha ordem de Sua Magestade, e falando se em procurar os que ficavão dispersos pelo mato afirmou a Soldadesca, que nenhum ficava, vendo elles o contrario, sentidos de que asprezas todas estivessem com dono, e elles com o trabalho, dizendo huns com outros = vão elles se quizerem = com isto voltarão dando a empreza por finda.

FONTE: Annaes do Senado da Câmara do Cuiabá (1719-1830) folha 19.
FOTO: meramente ilustrativa.

1º de agosto


1791Em Vila Bela governo assina pacto com guaicurus 






Inimigos mortais de estrangeiros, os guaicurus celebrizaram-se por seus ataques aos portugueses, no percurso dos rios pantaneiros, nos chamados anos de ouro, de rentável exploração aurífera em Cuiabá. Por iniciativa do comandante do forte de Coimbra, os chefes da grande nação indígena foram levados à Vila Bela, capital do Estado e lá firmaram com o governo um pacto de reconhecimento e obediência ao império português. O acordo resultou no seguinte documento:

Desejando a nação Guaicuru ou Cavaleiro, que habita os terrenos que formam a margem oriental do Paraguai, desde o rio Mondego, antes denominado Imbotatiu, e mais rios intermédios até a margem boreal do rio Ipané, dar não só uma evidente prova do seu reconhecimento, gratidão e sensibilidade, pelo bom tratamento e repetidos benefícios que ultimamente tem recebido dos portugueses e consequência das ordens do Ilmo. Sr. general de Mato Grosso e Cuiabá, dadas e muito recomendadas para dito fim ao sargento-mor engenheiro Joaquim José Ferreira, comandante do presídio de Nova Coimbra, as quais ordens ele tem desempenhado com todo zelo e atividade, distribuído pela dita nação, além dos donativos que lhe tem sido determinados por conta da real fazenda de S. M., também outros seus proporcionados à sua possibilidade; desejando mesma nação dar provas do grande respeito e fidelidade que tributam a S. M. Fidelíssima e de quanto são os mesmos gentios afeiçoados aos portugueses, espontânea e ansiosamente vieram a esta capital de Vila Bela os capitães João Queima de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, dois dos principais chefes da dita numerosa nação, com dezesseis súditos e a preta Vitória, crioula portuguesa sua cativa, que serve de língua; e depois de terem sido recebidos e hospedados com as maiores e mais sinceras demonstrações de amizade e agasalho, e serem brindados com alguns donativos de S.M. e outros do Exmo. Sr. e capitão general e das outras principais pessoas desta Vila Bela, celebram o seguinte convênio. No dia 1º de agosto de 1791, no palácio da residência do Exmo. Governador e capitão general, estando presentes por uma parte o mesmo Exmo. Sr. com os oficiais militares e demais principais pessoas desta Vila Bela e pela outra os sobreditos capitães e chefes da sua nação, João Queima de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, com os mencionados seus soldados e a crioula Vitória, sua cativa e intérprete, disseram que, em seus nomes e no de todos os outros chefes da sua nação, seus compatriotas, e mais descendentes, protestavam e prometiam de hoje para sempre, nas mãos do Exmo. Sr. governador e capitão general João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, manter com os portugueses a mais íntima paz e amizade e inviolavelmente guardarem e tributarem à S.M. Fidelíssima a mais respeitosa obediência e fidelidade; assim e da mesma forma que lhe tributam todos os vassalos. E sendo-lhes perguntado, de ordem do mesmo Sr. pelo sargento-mor engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra, se era nascida de sua livre vontade e moto próprio a obediência que prestavam à S.M. Fidelíssima, como também se queriam ficar sujeitos da mesa augusta soberana e senhora, ficando amigos, para dessa forma gozarem livre e seguramente de todos os bens, comodidades e privilégios, que pelas leis de S. M. Fidelíssima são concedidos a todos os índios, a tudo responderam ambos os referidos capitães uniformemente que sim: protesto que o mesmo Exm. Sr. general aceitou em nome de S. M. Fidelíssima, prometendo ele também, em nome da mesma soberana e senhora, de sempre proteger a dita nação, a fim de perpetuar entre eles e os portugueses a mais íntima paz e recíproca amizade, concorrendo sempre para tudo se dirigir à felicidade espiritual e temporal dos mesmos gentios. E para firmeza de todo o referido estipulado, eu Joaquim José Cavalcanti de Albuquerque e Lins, secretário do governo, lavrei, por ordem do mesmo Exm. Sr. governador e capitão general, o presente termo. Assinaram S. Exa. e a rogo dos ditos capitães e chefes, o tenente-coronel de infantaria com exercício de ajudante de ordens deste governo, Antonio Felipe da Cunha Ponte e o dr. Alexandre Rodrigues Ferreira, naturalista, encarregado da expedição filosófica por S. M. nesta capitania; e a rogo dos mais guaicurus o dr. provedor da fazenda e intendente do ouro, Antonio Soares Calheiros Gomes de Abreu; e de sua intérprete o sargento-mor de engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra. E também assinaram os oficiais da Câmara, sendo testemunhas presentes deste ato as pessoas principais desta vila capital, que todas igualmente assinaram: e eu o secretário do governo, Joaquim José Cavalcanti de Albuquerque Lins, o escrevi. Com o sinal de S. Exa. e de todos os mais circunstantes.



FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd., página 121.






1° de agosto

1863 - Goianos apostam na estrada para Coxim

Correspondente goiano do jornal Correio Mercantil, do Rio de Janeiro, ressalta a importância da navegação do ponto de Coxim para o comércio daquele estado, faz comparações com o porto de Santos e faz diagnóstico otimista sobre o futuro das relações econômicas entre Goiás e Mato Grosso:

O problema das comunicações com Cuiabá está resolvido de um modo plenamente satisfatório por via do Taquari.

As administrações de Goiás e Mato Grosso deram-se as mãos, trabalharam e continuam a trabalhar de comum acordo neste negócio. O êxito que já vai aparecendo excede à expectativa.

As últimas notícias deixam ver que esse novo e fácil escoadouro de produtos tem dado não só grande animação à agricultura do sul da província, como aos férteis sertões de Uberaba, na província de Minas. Cerca de 200 carros carregados destinam-se ao comércio do Taquari, atravessando sertões até há pouco ínvios.

Esperava-se isso, mas não com tanta rapidez.

O ponto no Taquari é o em que nele faz barra o Coxim. Daí para baixo o rio é largo, não tem uma só cachoeira e é suficientemente abastecido de águas para a navegação a vapor.

Essa estrada e a navegação desse rio fazem uma revolução na indústria de Goiás e parte de Minas. Os fatos o estão demonstrando: o primeiro ponto que tínhamos, o de Santos, dista 212 léguas desta cidade e a estrada que a ele vai passa por terrenos tais que é impossível o trânsito de carros. O do Coxim dista 90 léguas e talvez menos pela nova estrada, e o terreno a percorrer estende-se em planuras pouco acidentadas, de modo que os carros marcham completamente desimpedidos.

Os goianos vendiam no melhor dos mercados desta província, que é o desta capital, seus gêneros por um preço nimiamente baixo; por exemplo: toucinho a 2$ a arroba; açúcar de 1ª qualidade, a 1$800 e a 2$; compravam um alqueire de sal a 18$ e a 20$. Faça agora ideia da agradável surpresa que lhes proporcionou o Taquari, onde vendem: toucinho a 18$, açúcar a 12$; café a 14$ e compram um alqueire de sal a 6$. Sem querer foros de profeta, vaticino que, em menos de cinco anos, esses sertões do Rio Verde, Anicuns e Rio Claro, para onde já se têm emigrado numerosas famílias mineiras, serão populações importantíssimas.

Não será tempo do governo geral realizar a fértil ideia do sr. conselheiro Saraiva, por virtude da qual se deve preferir as comunicações para Mato Grosso pelo nosso centro, em vez de estar na dependência de quanto espanhol grita - caramba - ao sul do império!

Parece que sim.



FONTE: jornal Correio Mercantil (RJ) 14 de setembro de 1863.
1° de agosto




1866 – Paraguaios deportam varões de Corumbá





Avisados às vésperas de que todos os homens seriam deportados para o Paraguai, o comandante das tropas de ocupação cumpre as ordens superiores. Apenas três imigrantes italianos puderam embarcar com toda a família, entre eles o comerciante Manoel Cavassa, autor do seguinte relato:

Chegou finalmente o nefasto 1º de agosto de 1866, indelevelmente gravado na minha memória. Ao meio dia, quando íamos sentarmo-nos para almoçar chegaram à nossa casa, à toda pressa, alguns oficiais, que nos intimaram a ordem de embarcar na chata, que foi levada imediatamente e sem permitir-nos sequer que comêssemos ligeiramente, puseram-nos fora de casa, cujas portas fecharam e fizeram-nos embarcar na chata, que foi levada imediatamente e amarrada ao vapor, depois do que começou o embarque da tropa, que encheu o navio, ficando somente para alojamento dos prisioneiros a câmara na qual como é fácil imaginar, estavam aqueles infelizes estivados como sardinhas, em pé, sem poderem sentar-se, e, demais a mais para cúmulo de sofrimento, sem terem comido. Nós na chata íamos relativamente bem divinamente, não obstante irem ali três famílias, que eram constituídas por 32 pessoas, inclusive crianças; mas para aqueles infortunados, aglomerados na câmara dum pequeno vapor, no qual iam mil seiscentos e tantos pessoas, era a viagem um tormento, à noite especialmente.
Saímos às 4 horas da tarde desse mesmo dia, passamos relativamente bem à noite e chegamos ao amanhecer a Albuquerque, em cujo porto estavam já reunidos todos os índios varões domesticados que também deviam embarcar entre as comoventes lamentações de suas famílias e passando uns sobre os outros, pois havia gente por todas as partes, até nas enxarsias e nas vergas.



Os deportados que conseguiram sobreviver aos rigores da guerra, entre eles, o autor do memorandum acima, foram libertados pelo exército brasileiro, durante a ocupação do território inimigo.



FONTE: Valmir Batista Correa e Lúcia Salsa Correa, Memorandum de Manuel Cavassa, Editora da UFMS, Campo Grande, 1997, página 33.

FOTO: Ruinas de fortificações,extraída do Album Graphico de Matto-Grosso (1914)






1° de agosto


1903 – Inaugurado telégrafo em Aquidauana


Sede do telégrafo em Aquidauana, inaugurada por Rondon

Chega ao vilarejo de Aqudauana à margem direita do rio, a integração telegráfica com Cuiabá, via Coxim. O major Cândido Mariano da Silva Rondon, o responsável pela implantação da linha, conta como foi alcançar esse ponto:

Pouco avançávamos porque os soldados estavam esgotados, mas a 26 de maio entrávamos na vila de Aquidauana. O pique foi recebido festivamente, como prenúncio da chegada da linha. Houve foguetório e música. Mandei distribuir vinho às praças que tiveram descanso... relativo.


Devia eu, porém, conseguir uma casa onde fosse possível instalar a estação telegráfica pois, regressando ao acampamento, encontrara resposta negativa de d. Antonia Jatobá a uma proposta minha, feita por intermédio de Ciríaco: ceder ela à Comissão a casa de sua propriedade, com contrato, fazendo-se-lhe os reparos necessários.


O acampamento mudou-se para o Taboco e parti para Campo Formoso cuja estação devia ser inaugurada no mesmo dia que a de Aquidauana. Para isso se construiu uma casa junto a uma fonte de bastante água. Para proteger o manancial, mandei fazer um grande alambrado de 400 m de face, cercando a estação. Adquiriu a Comissão esse terreno do fazendeiro Zeferino Rodrigues, pela quantia de 1$500 (mil e quinhentos réis). Foi um meio de fazer pronta doação do terreno, uma vez que não havia tabelião naquelas paragens.


Segui para Aquidauana – o meu filhinho adoecera. Preocupado e aflito, tive, entretanto, a alegria de o encontrar restabelecido. Foi necessário resolver ao mesmo tempo o problema da casa para a estação telegráfica. Não havia outro recurso senão construir uma. Escolhi um lote de 36 m de frente, no único largo da vila. O acampamento, quando para cá fosse transferido, ficaria na praça ou na rua da estação.

Cuidei também de determinar a latitude por observação circumeridiana do sol, medindo duplas distâncias zenitais. 


Segui a 15 para o acampamento, a fim de tornar mais rápida a marcha do serviço e a 21 estava a construção em caminho de Limão Verde para a vila, onde chegou a 28 – chegada que o espocar de foguetes anunciou. Mudou-se então o acampamento, empregou-se todo o pessoal na limpeza, não só dele como da praça e da vila, e cuidou-se dos preparativos para a festa de inauguração, na qual tomaria parte a banda de música do 7º regimento de cavalaria.


As 9 horas de 1º de agosto inaugurava-se a estação de Aquidauana – ao mesmo tempo que a de Campo Formoso.


A chuva não permitiu que estivessem presentes muitas famílias.
Ainda assim formou o contingente: li uma ordem do dia sobre a inauguração, houve discursos – inclusive o do sr. João Augusto da Costa que, em nome da população, dava o meu nome e o do Marechal Mallet às duas principais ruas da vila e o de rua do Telégrafo àquela por onde entrara a linha.


A comissão ofereceu um baile à população e, no dia seguinte, suspendeu o acampamento, indo bivacar no córrego João Dias.




FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 163.


OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...