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domingo, 15 de setembro de 2013

17 de setembro

17 de setembro 

1801 Espanhóis atacam Forte de Coimbra


O forte de Coimbra

Sob o comando de D. Lázaro de Ribera, forças navais espanholas, baseadas em Assunção, no Paraguai, tentam tomar a fortificação brasileira de Forte Coimbra, então sob o comando de Ricardo Franco:

Neste último dia pela manhã, observadores postados no pico da Patrulha avistaram a frota espanhola que avançava a todo pano. Eram três sumacas ou goletas grandes e uma menor, armando as maiores três mastros e a menor dois.


Cada uma artilhada com duas peças por banda, de grosso e médio calibre nas maiores e de pequeno calibre na menor. Ao todo 16 peças.
Mais de 20 a 30 canoas paiaguás engrossavam a frota espanhola.
A tropa de desembarque era de 600 homens e uns 100 formavam a tripulação. Contavam ainda com cerca de 200 índios das canoas e mais uma tropa de reforço de 200 homens que seguiu por terra margeando o Paraguai, mas não conseguiu chegar até o teatro das operações em virtude de os campos estarem alagados. 


De que forças dispunha Coimbra para repelir os invasores? Apenas 49 praças e 60 paisanos, muitos deles sem condições de luta. A artilharia era pouca e de pequeno calibre: 3 canhõezinhos de 1 libra e 2 roqueiras de ½ libra. As munições e víveres eram escassos e não havia possibilidade de receber reforços e suprimentos em tempo hábil se o cerco se prolongasse. Só havia no forte duas ou três pequenas canoas.


Não resta dúvida de que, computadas as forças em confronto, não havia a mínima possibilidade de Coimbra resistir com êxito.


Quando, pelas 16 horas, as sumacas, ultrapassando o canal de Além da Ilha, iam navegando em direção ao forte, Ricardo Franco mandou hastear a bandeira e disparar um tiro de aviso com o canhão de maior calibre. Prosseguindo, o inimigo, foi disparado o segundo tiro. D. Lázaro fez içar então a bandeira e ordenou o bombardeio do forte, mantendo violento fogo até às ave-marias.


Vendo que a nossa artilharia não os alcançava, fundearam os espanhóis as sumacas na margem oposta ao forte.

Os combates durariam até o dia 24, quando "as embarcações espanholas começaram a descer o rio, ante o olhar atônito da guarnição, que mal podia acreditar no que via: a poderosa frota, com força suficiente para esmagar a diminuta resistência, batia em retirada".

FONTE: Carlos Francisco Moura, O forte de Coimbra, Edições UFMT, Cuiabá, 1975, página 46.



17 de setembro


1866 Guerra do Paraguai: força brasileira chega a Miranda


Retirada da Laguna, quadro de Ruy Martins Ferreira



Após vários meses no trajeto entre São Paulo e Coxim e daí para o sul da província, chega finalmente a Miranda, sob o comando do tenente-coronel Manoel Cabral de Menezes, a força expedicionária que deveria viver a dramática retirada da Laguna, da qual fazia parte o tenente Taunay, autor do seguinte relato:

Com uma légua de marcha encontrou-se uma capelinha coberta de telha, que fora respeitada pelos paraguaios e outrora servia de núcleo para a aldeia Grande, ocupada pelos terenas, comandados pelo capitão Pedro da Silva Tavares. Mais adiante achavam-se os vestígios de pequenos aldeamentos, que todos concorriam para o abastecimento da vila de Miranda.


A este ponto chegou-se a uma hora da tarde, acampando-se na praça principal depois de ocupadas pelas repartições anexas as ruínas das casas ainda de pé. A marcha foi de 3 ½ léguas.


A vila apresentava-nos o mais assinalado padrão de ocupação paraguaia. O bonito quartel em parte destruído, a matriz desrespeitada com as paredes derrubadas, as casas quase todas aniquiladas pelo incêndio que por muitos dias lavrou no povoado, contristavam as vistas e davam patente mostra da brutalidade dos nossos inimigos.


A posição de Miranda não tem significação alguma sob o ponto de vista militar: nenhuma condição preenche para que mereça a qualificação preconizada por vários, de chave do Baixo-Paraguai. Considerado quanto à razão sanitária, o local é o pior possível, por isso que é foco de febres intermitentes perigosas. Debaixo pois da influência climatérica a que tem sido sujeita a expedição desde o rio Negro, a epidemia ali adquirida e que já tantas vítimas tem feito na fileira dos oficiais, recrudesce presentemente com grande intensidade, falecendo dela no primeiro mês de estada quatro oficiais e começando a atacar com violência a soldadesca que se conservara até o presente mais ou menos preservada.



FONTE Taunay, Em Mato Grosso Invadido, Companhia Melhoramentos de S. Paulo, sd, página 84.



17 de setembro

1933 – Realizadas novas eleições em Mato Grosso

Generoso Ponce Filho, constituinte eleito em 1933


Anuladas as eleições de 1º de maio pelo Superior Tribunal de Justiça Eleitoral, realizam-se outras para a escolha dos representante de Mato Grosso na Assembleia Nacional Constituinte. São eleitos em primeiro turno: Generoso Ponce Filho, João Vilasboas, Alfredo Correa Pacheco. Em 2º turno: Francisco Vilanova; suplentes do Partido Liberal Mato-grossense: - José dos Passos Rangel Torres, Partido Constitucionalista: - dr. Gastão de Oliveira e o capitão Antonio Leôncio Pereira Ferraz. 

FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 171.

FOTO: Jornal Correio da Manhã, (Rio), 1933.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

30 de abril

30 de abril

1786 - Comissão técnica inicia missão no Pantanal



Por ordem do governador Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, comissão formada pelo capitão engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra e os geógrafos e astrônomos Antonio Pires da Silva Pontes e Francisco José de Lacerda e Almeida deixa Vila Bela da Santíssima Trindade, então capital da capitania de Mato Grosso, com destino ao forte Coimbra e Cuiabá, com a finalidade de mapear e fixar as coordenadas geográficas da região do Pantanal. A missão durou quatro meses e explorou além das grandes lagoas, os rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá e desembocadura de seus afluentes.

O início da aventura pantaneira está no Diário da Viagem, de Francisco José de Lacerda e Almeida:

ABRIL 30 - Os encarregados desta diligência, que foram o capitão Ricardo Franco de Almeida Serra, o Dr.Antonio Pires da Silva Pontes e eu, partimos de Vila Bela com uma parte da comitiva, em que também ia Manoel Rebelo Leite, porta-estandarte dos Dragões, e almoxarifado das demarcações e alguns soldados pedestres e fomos pernoitar 4 léguas fora da vila no sítio de um F. Xavier.

A chegada em Cuiabá, procedente do forte de Coimbra, deu-se em 1° de setembro.

FONTE: Francisco José de Lacerda e Almeida, Diário da Viagem, Assembleia Legislativa da Província de São Paulo, 1841, página 29.

FOTO: serras do Pantanal, de Francisco José de Lacerda. Acervo Biblioteca Luso-brasileira.

30 de abril

1865 - Cuiabá recebe com festas, tenente Mello, o herói de Coimbra
A cidade de Cuiabá recebe festivamente, o tenente João de Oliveira Mello, que ecerrava uma marcha de cinco meses a pé, pelo Pantanal, desde Corumbá, à frente de um grupo de soldados, com quem combateu em Coimbra e moradores de Corumbá que fugiam da vila, covardemente abandonada pelo comandante militar brasileiro e ocupada pelo exército e marinha paraguaios. A epopéia do tenente Melo e sua chegada triunfal à capital da província foi registrada no Boletim do governo:
"Era de muito esperado nesta capital o Tenente do Corpo de Artilharia da província, João de Oliveira Mello. 
Seus feitos de valor no combate de Coimbra, e depois deste ao ver abandonados em uma escuna nas margens do Paraguai, defronte de Corumbá, os seus camaradas e uma porção de homens, mulheres e crianças, no infausto dia da infeliz evacuação de Corumbá, atraíram-lhe as bênçãos e as simpatias de toda a família cuiabna.
Sua conduta eminentemente nobre e caridosa com toda essa comitiva que, no meio das mais árduas provações e distinta abnegaçãopor lugares ínvios e pantanosos, sem quebra de disciplina e sem prejuízo de armamento da parte dos soldados, conduziu a esta capital, lhe captou a estima, amizade e consideração de todos os habitantes de Mato Grosso, sem exceção de crenças políticas, de idade, sexo e profissão.
A notícia de sua aproximação a esta capital estes sentimentos comprimidos, abafados, fizeram explosão e uma espontaneidade popular deu em resultado uma festa para a qual não houve juiz, não houve diretor, porque não foi um ato de ninguém, foi do povo.
Um programa se levantou e este programa deixava a vontade e discrição dos que quisessem a ida ao encontro do tenente Mello a quem a sua comitiva apelida de pai e salvador.
Poucos dias eram passados depois daquele programa e a 29 deste soube-se da chegada do tenente Mello ao Coxipó, uma légua distante da cidade, imediatamente concorreu a cumprimentá-lo grande número de cidadãos, e a pedir-lhe a demarcação da hora em que na seguinte manhã havia fazer a sua entrada ; e foi designada as 7 horas.
No dia 30 a cidade se achava revestida de gala, decoradas as ruas do Areão, Snr. dos Passos, Direita e Bella do Juiz.
Um arco triunfal elevava-se em frente da catedral tendo no pedestal de cada lado um anjo sustentando o estandarte ouriverde e um índio símbolo do Brasil.
A ansiedade popular era indizível, cada qual procurava saber a hora da partida ao encontro.
As 6 da manhã foi o tenente Mello cumprimentado no Coxipó pelo sr. general Augusto Leverger e por outros cavaleiros.
O sr. Leverger ao encontrá-lo manifestou-lhe os sinais de benemerência de que se havia tornado credor, apelidando-o não só de distinto oficial como de excelente cidadão; e compungido da sorte e miséria dos componentes daquela grande comitiva, entregou-lhe uma subscrição aberta em favor deles e a quanti da 100$000 com que se assinará.
As 6 e meia horas manhã desfilava a população para o largo do Areão e diversos cidadãos a cavalo acompanhando ao comandante superior interino da guarda nacional e seus oficiais, seguido de uma banda de música, para o Coxipó.
No lugar denominado Gambá foi o tenente Mello encontrado com sua comitiva pelos cavaleiros, e aí parando ecoaram os vivas repetidos, ao brioso soldado, ao distinto cidadão, ao valente da pátria, ao benemérito do povo.
Terminadas essa ovações seguiu o préstito e chegando ao largo do Areão foi obrigado a parar ante a multidão entusiástica que o esperava".
Cumpridas algumas formalidades, segue o cortejo até a Catedral no largo da Sé, onde foi celebrada uma missa. Logo em seguida a multidão reuniu-se no largo, onde o tenente Mello recebeu a homenagem, atrás de uma proclamação do presidente da província, Alexandrino Manoel Albino de Carvalho.

FONTE: O Boletim da Imprensa, Cuiabá,  4 de maio de 1865. 

30 de abril

1925 – Coluna Prestes entra em Mato Grosso





Sob o comando de João Alberto, a vanguarda dos rebeldes deixa o território paraguaio e começa a ganhar o Sul de Mato Grosso. Domingos Meirelles é quem melhor conta esta história:

“A maior parte da tropa segue desmontada. O aspecto dos soldados e oficiais é andrajoso; estão todos descalços e quase nus, com a barba e os cabelos longos caídos sobre o peito e os ombros. A coluna é seguida por cerca de 50 mulheres, todas de aspecto miserável, que acompanham os gaúchos desde o Rio Grande.

Os primeiros combates realizados em Mato Grosso são surpreendentes. A tropa do governo, apesar da superioridade de suas forças, é rapidamente envolvida em Panchita, nas imediações de Ponta Porã, pelos homens de João Alberto. Os gaúchos, que conseguiram bons cavalos na região de Amambai, no sul de Mato Grosso, sentem-se agora retemperados e prontos para enfrentar o inimigo como faziam em seus pagos: atacando-o de surpresa em rápidas e empolgantes cargas de cavalaria.

Em poucas horas, os rebeldes obtiveram vitória fulminante: apoderaram-se de 20 caminhões do Exército e fizeram cerca de 100 prisioneiros. Ao ser informada de que os revolucionários tinham vencido a primeira batalha, a guarnição que defende Ponta Porã se retira da cidade em pânico, abandonando o sistema de trincheiras circulares escavado em volta do quartel. Sentindo-se desamparada e ameaçada pelas histórias de crueldades que o governo espalhara sobre os rebeldes, a população refugia-se na localidade vizinha de Pedro Juan Caballero, pequena vila em território paraguaio, bem em frente a Ponta Porã.

Desguarnecida, Ponta Porã é invadida pelos paraguaios, que saqueiam o quartel do Exército e levam o que pode para Pedro Juan Caballero, com a aquiescência das autoridades locais: móveis, louças, fardas, polainas. A pilhagem só não se estende ao comércio e às casas de família porque os rebeldes ocupam a cidade e expulsam os invasores".

FONTE: Domingos Meireles, A noite das grandes fogueiras,Editora Record, Rio, 1995, página 382.

FOTO: reprodução do livro Memória: janela para a História, de Wilson Barbosa Martins.


30 de abril

1925 - Celebrado contrato para abertura de estrada entre Coxim e Campo Grande

É firmado contrato entre a Intendência Municipal de Coxim, representada por Daniel Cesário da Silva, 1° vice-intendente do município, em exercício, e o agrimensor Teodoro da Silveira Melo, residente em Campo Grande, "para a construção de uma estrada de rodagem para automóveis, que se entroncará na outra, vinda de Campo Grande, até os limites deste município".

Iniciada no mês seguinte a rodovia, nos termos contratuais, seria entregue no dia 31 de agosto daquele ano.

FONTE: Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Editoria Ruy Barbosa, Campo Grande 1995, página 138.


30 de abril

1967 - Interurbano chega a Cuiabá





Foi festivamente inaugurado o serviço interurbano de Cuiabá, com investimento de NCr$ 200.000.000,00 da Teleoste, concessionária da telefonia no Estado, Companhia Telefônica do Estado e governo de Mato Grosso. O evento ganhou as manchetes dos jornais e recebeu status de fato histórico:

Depois de longa espera, finalmente inaugura-se hoje o serviço telefônico de interurbano de Cuiabá. A TELEOESTE é a responsável pela iniciativa de ligar Cuiabá com o resto do Brasil e do mundo. A capital de Mato Grosso deixa de ser a partir de hoje uma cidade isolada por esse moderno meio de comunicação que é o serviço telefônico interurbano. Uma comitiva de ilustres personalidades estará presente hoje às solenidades de inauguração da TELEOESTE em Cuiabá.

À frente o empresário Humberto Neder, diretor-presidente da Teleoeste, a solenidade de lançamento do serviço contou com a presença de toda a alta direção da empresa, autoridades locais, convidados do Rio de Janeiro e São Paulo, do governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian e de Plínio Barbosa Martins, prefeito de Campo Grande.

FONTE: Jornal Tribuna Liberal, (Cuiabá) 30 de abril de 1967.
 
 

sábado, 5 de março de 2011

1° de agosto

1º de agosto

1734 - Governo declara guerra aos paiaguás




Sob o comando do tenente-general Manoel Rodrigues de Carvalho, partiu do porto geral de Cuiabá para dar combate aos gentios paiaguás, no Pantanal, esquadra composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagagem, e tres balsas, que eram casas portáteis armadas sobre canoas. Oitocentos quarenta e dois homens entre brancos, pretos e pardos. 

Os detalhes do início oficial da guerra aos paiaguás e desta primeira batalha estão nos anais:

Chegou a monção do Povoado, e nelle o Thenente General Manoel Rodrigues de Carvalho por mandante da gente de Guerra para invadir os Payagoas por ordem de S. Magestade, e do General da Cidade de São Paulo. Trazia consigo quatro sentos homens de guerra; tudo o que era branco por pobre que seja digo que foce, trazia | Patente do Gnr.al De Mestre de Campo de Capitaens, Tenentes, Alferes, Ajudantes, Furrieis, Sargentos e Cabos de Esquadra e estas patentes mandavão-se lhes entregar de embarcarem na Araritaguaba, e logo lhes faziam pagar o custo dellas, humas a des moedas, outros a oito, e outros atantas dobras, conforme o posto que na patente se declarava, e nesta forma vinhão os pobres homens a dar o dinheiro que tinhão para seos aviamentos pellas patentes e fazer viagem a Divina Providencia: esta foi ajuda de custo, que se lhes deo para a viagem, mandou El Rey fazer a guerra a custa da sua fazenda. Logo nesta chegada quizerão muitas pessoas fazer viagem para Mato Grosso, a colher as rossas que lá havião deixado do anno antecedente, publicouse mando, para que ninguem sahisse do termo da Villa para parte nenhuma antes de sahir a armada debaixo de grandes penas, o que asim se executou. Preparouse nesta vila a leva p.ª a dita Guerra tudo a custa do Povo, e sem despeza da Real Fazenda sem embargo de Sua Magestade a mandar fazer a custa della, e só tiverão o adjutorio de alguma Palavra com que asistio a Camara pelloz seoz bens. Despenderão liberalmente de suas fazendas para esta acção Antonio Pinto da Fonceca, o Brigadeiro Regente Antonio de Almeida Lara, Balthazar de Sam Payo Couto, Salvador de Espinha Silva, Antonio de Pinho de Azevedo, Antonio Antunes Maciel, seo irmão Fellipe Antunes Maciel, Antonio Pires de Campos, Pedro Vás de Barros, Antonio de Moraes Navarro, Gabriel Antunes de Campos, João Macha de Lima, Manoel Dias Penteado, Pedro Taques de Almeida, e outros varios que a sua custa prepararão canoas, armas, camaradas, e mais petreixoz necessarios. Sahio a Armada do Porto Geral desta Villa no primeiro de Agosto deste anno de 1734” composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagage, e tres balças, que erão cazaz portateis armadas sobre canoas. Oito centos quarenta e dous homens entre brancoz, pretos, e pardoz. Tudo o que era branco levava cargo e só se dezião Soldados os negroz, pardos, Indios e mestiçoz forão p.r Capelloens o Padre Fr. Pacifico dos Anjos, Religiozo Franciscano e o Padre Manoel de Campos Bicudo do habito de São Pedro com todos os paramentoz para se selebrarem Missa como o fazião dentro nas balças. | Rodarão Cuyabá abaixo, e Paragoay sem ver couza alguma de novidade por espaço de hum mez antes de chegar a bocaina virão ao serrar da noite fogos ao longe, e rodando mança mente sem extrondo acharão no barranco da parte esquerda pouzados alguns bugres, que dormião com seus fogos acezos, e tinhão as canoas embicadas em que andavão a espia da nossa armada, de que já tinhão noticia por revelação dos seus fiticeiros. Imbicarão as nossas canoas de guerra, dispararão-se lhes alguns tiros de mosquetes, levantarão se os bugres aturdidoz, deo se lhes huma carga serrada, em que morrerão quarenta, e escaparão quatro fogidos, pelo mato, que senão seguirão, tomou se hum vivo as mãos, que falava castelhano mal limado, dizendo que era castelhano catholico, que o não matacem não lhe valeo o pretesto, fizerão-no empicado, e as canoas em pedaços. Seguirão Rio abaixo tres dias e tres noites continuas sem pouzar, seria meya noite da terceira quando virão fogos ao longe por huma Bahia dentro da parte esquerda, emcaminharão se a elles remando sem estrondo, e ao romper da alva abeirarão o arayal do Gentio, que estava em hum campeste de terra alta a beira da agoa. Tocou hum negro huma trombeta, sem ser mandado, alvorosouse o Gentio, embarcarão se os guerreiros nas suas canoas a peleijar com a nossa Armada e huma grande chusma com suas algazarras custumadas; disparou se lhes huma carga de mosquitaria serrada, com que ficarão muitos mortos, e os mais acolherão se a terra, e em quanto isto se passou, muito dos que havião ficado no arayal escaparão em canoas cozidos com a terra por hum e outro lado, as quaes não passarão de dés, e os mais meterão se pela terra dentro que hera campestre com capoens de mato carrasquenho. Imbicarão as nossas canoas de Guerra, disparando sempre mosquetaria, com que matarão ainda muitos no Arrayal, lançouse logo a nossa Soldadesca ao alcansse dos fogetivoz pelo campestre dentro a fazer prezas, que logo aprezentavão aos officiaes, no que se ocuparão thé as duas horas da tarde. Recolhidos ao Arrayal contarão se duscentos secenta e seis prizioneiroz, e seis centos mortos por terra e nas agoas, que hera Bahia aonde não havia correnteza. Ficarão ainda muitoz espalhadoz | pelo mato dentro, que os nossos Soldados os não quizerão seguir, suspendendo a sua furia, por saberem que as prezas, que se aprezentavão ao Comandante no Arrayal, logo ahi as hia repartindo com os cabos, e pessoas principaes, e que elles nada tinhão daquela empreza, disserão huns para os outros = Venhão elles apanha-los se quizerem = e com isto se retirarão. Perecerão dos nossos dous negros e hum mulato mortos, pelas nossas mesmas armas as imbicar no Arrayal. Embarcarão-se a fazer pouzo fora daquele lugar, por estar inficionado com os cadaveres, e as agoas com o sangue que delles corria.

Consultou-se no dia seguinte Sesehouvera seguir o Gentio fugitivo thé dar se lhe fim, ou dar a função por acabada; foi a mayor parte dos rastos, que se seguice, não quis o Comandante fazelo com o pretexto de não chegar as Povoações Castelhanas, para que não tinha ordem de Sua Magestade, e falando se em procurar os que ficavão dispersos pelo mato afirmou a Soldadesca, que nenhum ficava, vendo elles o contrario, sentidos de que asprezas todas estivessem com dono, e elles com o trabalho, dizendo huns com outros = vão elles se quizerem = com isto voltarão dando a empreza por finda.

FONTE: Annaes do Senado da Câmara do Cuiabá (1719-1830) folha 19.
FOTO: meramente ilustrativa.

1º de agosto


1791Em Vila Bela governo assina pacto com guaicurus 






Inimigos mortais de estrangeiros, os guaicurus celebrizaram-se por seus ataques aos portugueses, no percurso dos rios pantaneiros, nos chamados anos de ouro, de rentável exploração aurífera em Cuiabá. Por iniciativa do comandante do forte de Coimbra, os chefes da grande nação indígena foram levados à Vila Bela, capital do Estado e lá firmaram com o governo um pacto de reconhecimento e obediência ao império português. O acordo resultou no seguinte documento:

Desejando a nação Guaicuru ou Cavaleiro, que habita os terrenos que formam a margem oriental do Paraguai, desde o rio Mondego, antes denominado Imbotatiu, e mais rios intermédios até a margem boreal do rio Ipané, dar não só uma evidente prova do seu reconhecimento, gratidão e sensibilidade, pelo bom tratamento e repetidos benefícios que ultimamente tem recebido dos portugueses e consequência das ordens do Ilmo. Sr. general de Mato Grosso e Cuiabá, dadas e muito recomendadas para dito fim ao sargento-mor engenheiro Joaquim José Ferreira, comandante do presídio de Nova Coimbra, as quais ordens ele tem desempenhado com todo zelo e atividade, distribuído pela dita nação, além dos donativos que lhe tem sido determinados por conta da real fazenda de S. M., também outros seus proporcionados à sua possibilidade; desejando mesma nação dar provas do grande respeito e fidelidade que tributam a S. M. Fidelíssima e de quanto são os mesmos gentios afeiçoados aos portugueses, espontânea e ansiosamente vieram a esta capital de Vila Bela os capitães João Queima de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, dois dos principais chefes da dita numerosa nação, com dezesseis súditos e a preta Vitória, crioula portuguesa sua cativa, que serve de língua; e depois de terem sido recebidos e hospedados com as maiores e mais sinceras demonstrações de amizade e agasalho, e serem brindados com alguns donativos de S.M. e outros do Exmo. Sr. e capitão general e das outras principais pessoas desta Vila Bela, celebram o seguinte convênio. No dia 1º de agosto de 1791, no palácio da residência do Exmo. Governador e capitão general, estando presentes por uma parte o mesmo Exmo. Sr. com os oficiais militares e demais principais pessoas desta Vila Bela e pela outra os sobreditos capitães e chefes da sua nação, João Queima de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, com os mencionados seus soldados e a crioula Vitória, sua cativa e intérprete, disseram que, em seus nomes e no de todos os outros chefes da sua nação, seus compatriotas, e mais descendentes, protestavam e prometiam de hoje para sempre, nas mãos do Exmo. Sr. governador e capitão general João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, manter com os portugueses a mais íntima paz e amizade e inviolavelmente guardarem e tributarem à S.M. Fidelíssima a mais respeitosa obediência e fidelidade; assim e da mesma forma que lhe tributam todos os vassalos. E sendo-lhes perguntado, de ordem do mesmo Sr. pelo sargento-mor engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra, se era nascida de sua livre vontade e moto próprio a obediência que prestavam à S.M. Fidelíssima, como também se queriam ficar sujeitos da mesa augusta soberana e senhora, ficando amigos, para dessa forma gozarem livre e seguramente de todos os bens, comodidades e privilégios, que pelas leis de S. M. Fidelíssima são concedidos a todos os índios, a tudo responderam ambos os referidos capitães uniformemente que sim: protesto que o mesmo Exm. Sr. general aceitou em nome de S. M. Fidelíssima, prometendo ele também, em nome da mesma soberana e senhora, de sempre proteger a dita nação, a fim de perpetuar entre eles e os portugueses a mais íntima paz e recíproca amizade, concorrendo sempre para tudo se dirigir à felicidade espiritual e temporal dos mesmos gentios. E para firmeza de todo o referido estipulado, eu Joaquim José Cavalcanti de Albuquerque e Lins, secretário do governo, lavrei, por ordem do mesmo Exm. Sr. governador e capitão general, o presente termo. Assinaram S. Exa. e a rogo dos ditos capitães e chefes, o tenente-coronel de infantaria com exercício de ajudante de ordens deste governo, Antonio Felipe da Cunha Ponte e o dr. Alexandre Rodrigues Ferreira, naturalista, encarregado da expedição filosófica por S. M. nesta capitania; e a rogo dos mais guaicurus o dr. provedor da fazenda e intendente do ouro, Antonio Soares Calheiros Gomes de Abreu; e de sua intérprete o sargento-mor de engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra. E também assinaram os oficiais da Câmara, sendo testemunhas presentes deste ato as pessoas principais desta vila capital, que todas igualmente assinaram: e eu o secretário do governo, Joaquim José Cavalcanti de Albuquerque Lins, o escrevi. Com o sinal de S. Exa. e de todos os mais circunstantes.



FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd., página 121.






1° de agosto

1863 - Goianos apostam na estrada para Coxim

Correspondente goiano do jornal Correio Mercantil, do Rio de Janeiro, ressalta a importância da navegação do ponto de Coxim para o comércio daquele estado, faz comparações com o porto de Santos e faz diagnóstico otimista sobre o futuro das relações econômicas entre Goiás e Mato Grosso:

O problema das comunicações com Cuiabá está resolvido de um modo plenamente satisfatório por via do Taquari.

As administrações de Goiás e Mato Grosso deram-se as mãos, trabalharam e continuam a trabalhar de comum acordo neste negócio. O êxito que já vai aparecendo excede à expectativa.

As últimas notícias deixam ver que esse novo e fácil escoadouro de produtos tem dado não só grande animação à agricultura do sul da província, como aos férteis sertões de Uberaba, na província de Minas. Cerca de 200 carros carregados destinam-se ao comércio do Taquari, atravessando sertões até há pouco ínvios.

Esperava-se isso, mas não com tanta rapidez.

O ponto no Taquari é o em que nele faz barra o Coxim. Daí para baixo o rio é largo, não tem uma só cachoeira e é suficientemente abastecido de águas para a navegação a vapor.

Essa estrada e a navegação desse rio fazem uma revolução na indústria de Goiás e parte de Minas. Os fatos o estão demonstrando: o primeiro ponto que tínhamos, o de Santos, dista 212 léguas desta cidade e a estrada que a ele vai passa por terrenos tais que é impossível o trânsito de carros. O do Coxim dista 90 léguas e talvez menos pela nova estrada, e o terreno a percorrer estende-se em planuras pouco acidentadas, de modo que os carros marcham completamente desimpedidos.

Os goianos vendiam no melhor dos mercados desta província, que é o desta capital, seus gêneros por um preço nimiamente baixo; por exemplo: toucinho a 2$ a arroba; açúcar de 1ª qualidade, a 1$800 e a 2$; compravam um alqueire de sal a 18$ e a 20$. Faça agora ideia da agradável surpresa que lhes proporcionou o Taquari, onde vendem: toucinho a 18$, açúcar a 12$; café a 14$ e compram um alqueire de sal a 6$. Sem querer foros de profeta, vaticino que, em menos de cinco anos, esses sertões do Rio Verde, Anicuns e Rio Claro, para onde já se têm emigrado numerosas famílias mineiras, serão populações importantíssimas.

Não será tempo do governo geral realizar a fértil ideia do sr. conselheiro Saraiva, por virtude da qual se deve preferir as comunicações para Mato Grosso pelo nosso centro, em vez de estar na dependência de quanto espanhol grita - caramba - ao sul do império!

Parece que sim.



FONTE: jornal Correio Mercantil (RJ) 14 de setembro de 1863.
1° de agosto




1866 – Paraguaios deportam varões de Corumbá





Avisados às vésperas de que todos os homens seriam deportados para o Paraguai, o comandante das tropas de ocupação cumpre as ordens superiores. Apenas três imigrantes italianos puderam embarcar com toda a família, entre eles o comerciante Manoel Cavassa, autor do seguinte relato:

Chegou finalmente o nefasto 1º de agosto de 1866, indelevelmente gravado na minha memória. Ao meio dia, quando íamos sentarmo-nos para almoçar chegaram à nossa casa, à toda pressa, alguns oficiais, que nos intimaram a ordem de embarcar na chata, que foi levada imediatamente e sem permitir-nos sequer que comêssemos ligeiramente, puseram-nos fora de casa, cujas portas fecharam e fizeram-nos embarcar na chata, que foi levada imediatamente e amarrada ao vapor, depois do que começou o embarque da tropa, que encheu o navio, ficando somente para alojamento dos prisioneiros a câmara na qual como é fácil imaginar, estavam aqueles infelizes estivados como sardinhas, em pé, sem poderem sentar-se, e, demais a mais para cúmulo de sofrimento, sem terem comido. Nós na chata íamos relativamente bem divinamente, não obstante irem ali três famílias, que eram constituídas por 32 pessoas, inclusive crianças; mas para aqueles infortunados, aglomerados na câmara dum pequeno vapor, no qual iam mil seiscentos e tantos pessoas, era a viagem um tormento, à noite especialmente.
Saímos às 4 horas da tarde desse mesmo dia, passamos relativamente bem à noite e chegamos ao amanhecer a Albuquerque, em cujo porto estavam já reunidos todos os índios varões domesticados que também deviam embarcar entre as comoventes lamentações de suas famílias e passando uns sobre os outros, pois havia gente por todas as partes, até nas enxarsias e nas vergas.



Os deportados que conseguiram sobreviver aos rigores da guerra, entre eles, o autor do memorandum acima, foram libertados pelo exército brasileiro, durante a ocupação do território inimigo.



FONTE: Valmir Batista Correa e Lúcia Salsa Correa, Memorandum de Manuel Cavassa, Editora da UFMS, Campo Grande, 1997, página 33.

FOTO: Ruinas de fortificações,extraída do Album Graphico de Matto-Grosso (1914)






1° de agosto


1903 – Inaugurado telégrafo em Aquidauana


Sede do telégrafo em Aquidauana, inaugurada por Rondon

Chega ao vilarejo de Aqudauana à margem direita do rio, a integração telegráfica com Cuiabá, via Coxim. O major Cândido Mariano da Silva Rondon, o responsável pela implantação da linha, conta como foi alcançar esse ponto:

Pouco avançávamos porque os soldados estavam esgotados, mas a 26 de maio entrávamos na vila de Aquidauana. O pique foi recebido festivamente, como prenúncio da chegada da linha. Houve foguetório e música. Mandei distribuir vinho às praças que tiveram descanso... relativo.


Devia eu, porém, conseguir uma casa onde fosse possível instalar a estação telegráfica pois, regressando ao acampamento, encontrara resposta negativa de d. Antonia Jatobá a uma proposta minha, feita por intermédio de Ciríaco: ceder ela à Comissão a casa de sua propriedade, com contrato, fazendo-se-lhe os reparos necessários.


O acampamento mudou-se para o Taboco e parti para Campo Formoso cuja estação devia ser inaugurada no mesmo dia que a de Aquidauana. Para isso se construiu uma casa junto a uma fonte de bastante água. Para proteger o manancial, mandei fazer um grande alambrado de 400 m de face, cercando a estação. Adquiriu a Comissão esse terreno do fazendeiro Zeferino Rodrigues, pela quantia de 1$500 (mil e quinhentos réis). Foi um meio de fazer pronta doação do terreno, uma vez que não havia tabelião naquelas paragens.


Segui para Aquidauana – o meu filhinho adoecera. Preocupado e aflito, tive, entretanto, a alegria de o encontrar restabelecido. Foi necessário resolver ao mesmo tempo o problema da casa para a estação telegráfica. Não havia outro recurso senão construir uma. Escolhi um lote de 36 m de frente, no único largo da vila. O acampamento, quando para cá fosse transferido, ficaria na praça ou na rua da estação.

Cuidei também de determinar a latitude por observação circumeridiana do sol, medindo duplas distâncias zenitais. 


Segui a 15 para o acampamento, a fim de tornar mais rápida a marcha do serviço e a 21 estava a construção em caminho de Limão Verde para a vila, onde chegou a 28 – chegada que o espocar de foguetes anunciou. Mudou-se então o acampamento, empregou-se todo o pessoal na limpeza, não só dele como da praça e da vila, e cuidou-se dos preparativos para a festa de inauguração, na qual tomaria parte a banda de música do 7º regimento de cavalaria.


As 9 horas de 1º de agosto inaugurava-se a estação de Aquidauana – ao mesmo tempo que a de Campo Formoso.


A chuva não permitiu que estivessem presentes muitas famílias.
Ainda assim formou o contingente: li uma ordem do dia sobre a inauguração, houve discursos – inclusive o do sr. João Augusto da Costa que, em nome da população, dava o meu nome e o do Marechal Mallet às duas principais ruas da vila e o de rua do Telégrafo àquela por onde entrara a linha.


A comissão ofereceu um baile à população e, no dia seguinte, suspendeu o acampamento, indo bivacar no córrego João Dias.




FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 163.


sábado, 5 de fevereiro de 2011

28 de março


28 de março

1892 - General detido em Coimbra

Coronel João da Silva Barbosa (centro) comandante dos rebeldes de Corumbá



Quando dirigia-se a Corumbá para assumir o comando do Distrito Militar de Mato Grosso, durante o golpe militar dos seguidores do general Antônio Maria Coelho, o general Luiz Henrique de Oliveira Ewbank, recebe do capitão José Maria Ferreira e tenente Teodorico da Cunha Gaíva e mais uma comissão de políticos de Corumbá a seguinte intimação:

O Exército e o povo não querem e não admitem que o general Ewbank e o dr. Murtinho subam o rio além do Forte Coimbra, podendo, no entanto, permanecer nesse ponto até seu regresso para baixo. Corumbá, 21 de março de 1892. Comandante - João da Silva Barbosa. Capitão Brasílico - comandante do 2º Artilharia. Capitão Norberto Ildefonso Muniz - Comandante do 21º. Constantino Preza - Brandão.


Na mesma data, o general Ewbank reagiu ao ultimato, expedindo ordem do dia, protestando contra o ato de insubordinação, anunciando sua retirada para Assunção e ameaçando:


Se nada consegui, a vós cabe a responsabilidade gravíssima de todas as desgraças e dissabores que a este Estado e a nossa classe possam resultar da pungente situação que lhes criastes.
Aos autores do golpe ordena:


Ao sr. coronel João da Silva Barbosa, chefe da tropa revoltada e que tão feia mancha acaba de lançar sobre a farda que devia manter impoluta; a este oficial, principal fator da anarquia e rebeldia desta guarnição, que tão desgraçadamente calcou aos pés os mais sagrados deveres de patriotismo e lealdade para com o marechal vice-presidente da república, e bem assim aos seus dois principais auxiliares capitão José Maria Ferreira e segundo-tenente João Teodorico da Cunha Gaíva, ordeno que impreterivelmente sigam na primeira oportunidade para a capital federal.



FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque, evolução política e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 41.

FOTO: João da Silva Barbosa, já general, durante a Guerra de Canudos, na Bahia.





28 de março

1980 - Instalado o Tribunal de Contas do Estado




Edil Ferraz, primeiro presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul




Realiza-se a primeira sessão do Tribunal de Contas com a posse dos conselheiros, nomeados a 24 de março, pelo governador Marcelo Miranda. Assumem Paulo Roberto Capiberibe Saldanha, Horácio Cersózimo de Souza, Nelson Benedito Netto, Edyl Pereira Ferraz, Carlos Ronald Albaneze, Hélio Peluffo e Alcídio Pimentel

Na ocasião foi eleito o conselheiro Edyl Pereira Ferraz o primeiro Presidente e seu Vice -Presidente o conselheiro Horácio Cersózimo de Souza cujo mandato teve duração de um ano, tempo suficiente para que fosse criado o Regimento da Corte Fiscal. Na primeira sessão ordinária do Tribunal Pleno o Conselheiro Carlos Ronald Albaneze, levantando uma questão de ordem, sugeriu que fosse designada uma Comissão para elaboração do Regimento Interno do Tribunal. Esta sugestão foi acatada pelo Presidente Edyl Ferraz, o qual designou os Conselheiros Paulo Roberto Capiberibe Saldanha, Alcídio Pimentel e Nelson Benedito Netto para comporem a Comissão responsável pela elaboração do Projeto do Regimento da Corte Fiscal.
Por um período de 24 anos, o TCE/MS ocupou instalações provisórias e alugadas nas imediações da rua Ricardo Franco, no bairro Parque dos Ipês. Em 15 de outubro de 2004, no governo de Zeca do PT, a corte inicia uma nova fase com a inauguração de sua sede própria no Parque dos Poderes.
 
         Construído em dois grandes blocos de dois pavimentos, o prédio tem 8,5 mil metros de área construída, o dobro das instalações disponíveis nos antigos prédios alugados. No primeiro bloco funcionam o Protocolo-Geral, setores administrativos, auditorias e gabinetes dos conselheiros, além do plenário, com capacidade para 179 lugares nas galerias. Em outra ala, estão instaladas as inspetorias e outros órgãos técnicos, incluindo do Ministério Público Especial. O estacionamento para funcionários e visitantes tem capacidade para 320 vagas.


FONTE: TCE MS

domingo, 27 de fevereiro de 2011

25 de junho


25 de junho


1800 - Incêndio arrasa Corumbá




Pelas oito da manhã, segundo Estevão de Mendonça, a povoação de Albuquerque (hoje Corumbá) é arrasada por um violento incêndio, escapando das chamas unicamente a respectiva capela, por ser coberta de telhas. Quatro anos antes dessa ocorrência, da qual não se tem maiores detalhes, Ricardo Franco em seu Diário de reconhecimento do rio Paraguai, descrevia o povoado ribeirinho:

Este estabelecimento tem a figura de um grande pátio retangular; é fechado com casas em roda e um portão na frente, constando de 75 passos de comprido e 50 de largura, sendo a sua população de 200 pessoas que aqui plantam milho e feijão, que é muito superabundante ao anual consumo; também há muito algodão, que aqui mesmo fiado e tecido pode ir para Cuiabá a troca das cousas mais necessárias aos moradores; a pesca e a caça abundantíssimas e ainda que esta habitação esteja cercada pelos gentios Paiaguás e Guaicurus ou Cavaleiros, contudo pela aspereza do terreno e sua situação que franqueia todos estes vastos territórios pelo meio do rio Paraguai, não tem sido até o presente insultada pelo gentio.




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973. Página 329.






25 de junho


1867 - Taunay chega a Camapuã



Camapuã visto por Hercules Florence em 1826




Em sua viagem de volta ao Rio, após a retirada da Laguna, o tenente Taunay e sua pequena comitiva, que deixaram o porto Canuto, à margem esquerda do Aquidauana, no dia 17 de junho, alcançam o sítio de Camapuã:

Rapidamente transpusemos as três léguas que separam o Sanguesuga das ruínas de Camapuã e ao meio-dia avistamos os restos, para assim dizer, imponentes daquela importante fazenda, sede outrora de muito movimento, de todo os que se davam por aqueles sertões. Ainda se vêem vestígios de grande casa de sobrado e de uma igreja não pequena; taperas rodeadas de matagais, no meio dos quais surgem laranjeiras e árvores frutíferas, que procuram resistir à invasão do mato e ainda ostentam frutos, como que atraindo o homem, cujo auxílio em vão esperam. Naquelas três léguas aparecem sinais de trabalhos consideráveis: estradas de rodagem atiradas por sobre colinas, caminhos roídos pelas águas, onde transitavam grandes procissões de carros a trabalharem na penosa varação, até o ribeirão Camapuã, dos gêneros e canoas que demandavam o Coxim e Taquari, com destino a Cuiabá. A companhia formada por três pessoas, desunidas na associação somente pela morte, manteve-se mais ou menos florescente até os princípios do século presente, existindo ainda escravatura numerosa às ordens do último administrador, Arruda Botelho, depois de cujo falecimento ficou o lugar abandonado ou tão somente habitado por negros e mulatos livres, ou libertados pelo fato de não aparecerem herdeiros de seus possuidores.


Estes mesmos indolentes habitantes hoje estão quase todos reunidos a uma légua e três quartos de distância, no lugar chamado Corredor, estabelecido pelos carreiros, que, procurando as forças de Mato Grosso, paravam na estrada daquela província, para refazerem a boiada, fatigada pela viagem desde Santana. O ponto do Corredor era além disso muito menos sujeito às febres intermitentes, uma das grandes pragas de Camapuã, e sobretudo estava situado em posição mais aprazível e pitoresca e não, como aquele antigo local, abafado entre outeiros abaulados que bem justificam o seu nome índico cama, mama; poan, redonda.

Não é sem curiosidade nem tal ou qual emoção que o viajante encara aquela localidade, tão falada e notável nos princípios da história de Mato Grosso;  ponto então de prazer destacado no meio de vastas solidões, guarda avançada dos portugueses contra os espanhóis que vinham até o rio Mondego e fundaram, em sua margem, o forte Xerez, cuja destruição importou a criação do forte de Miranda que tomou usurpadamente a posição estratégica de Camapuã.



FONTE: Taunay, Viagens de Outrora, 2a. edição, Edições Melhoramentos, S.Paulo, 1921, página 48.



25 de junho

1892 - Jango Mascarenhas convidado a dissolver seu “exército”

Após comunicar ao general Ewbank em Corumbá, sua participação no contra golpe ao governo de Manoel Murtinho, Jango recebe pelo mesmo portador de sua carta ao novo comandante militar do Estado, ofício com o seguinte teor:

“Ao cidadão coronel João Ferreira Mascarenhas, comandante das Forças Patrióticas do Município de Nioaque.


"Acabo de ler vosso relatório, dirigido aos comandante do 7o Dirstrito Militar, o qual será entregue ao general Ewbank, logo que ele chegue a esta cidade.
Cumpre-me agradecer os esforços empregados por vós na reunião das Forças Patrióticas desse município ao constatar que o governo federal não era reconhecido pelas autoridades deste Estado, e ainda saudar-vos, assim como aos vossos coadjuvantes nessa empresa, pelo patriótico intuito que as levaram a semelhante procedimento.


"As forças federais estacionadas neste Estado, sendo em número suficiente para a manutenção da ordem, vos convido a dissolver os cidadãos reunidos e em armas nesse município, sob a vossa direção.


Saúde e fraternidade.
Honório Horácio de Almeida.” 




FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque, evolução histórica e revolução em Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 76.

domingo, 29 de janeiro de 2012

01 de Setembro

1° de setembro

1786 - Missão pantaneira chega a Cuiabá

Encerrando a tarefa de mapear e determinar posições geográficas na região do Pantanal, chega a Cuiabá, a comissão técnica formada pelo capitão-engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra e os geógrafos Antonio Pires da Silva Pontes e Francisco José de Lacerda e Almeida. Durante quatro meses a missão explorou os rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá e a desembocadura de seus afluentes, bem como as principais lagoas e baias do Pantanal, passando por forte Coimbra e a recém fundada vila de Albuquerque.

A chegada a Cuiabá foi registrada no Diário da Viagem do astrônomo Francisco José de Lacerda e Almeida:

SETEMBRO 1.0 - Neste dia com uma légua de viagem, deixando para nascente a boca do Coxipó, chegamos à desejada Vila do Cuiabá, onde fomos bem recebidos pelo dr. juiz de fora Diogo de Toledo Lara Ordonhes, meu amigo e patrício e das mais pessoas da vila, que em todo tempo que ali estivemos, não só para determinarmos sua posição, mas também para tirarmos a planta da vila, não nos deixaram de nos obsequiar em extremo. Dista esta vila do porto 850 braças. Está muito mal arruada, e, não obstante isso, tem boas casas. O seu clima é calidíssimo e muito abundância tem de carne e peixe.

FONTE: Francisco José de Lacerda e Almeida, Diário da Viagem, Assembleia Legislativa da Província de São Paulo, 1841, página 43.




1° de setembro

1927 Morre no Taboco, o coronel Jejé





Aos 75 anos, morreu em sua fazenda no município de Aquidauana, o coronel José Alves Ribeiro, o coronel Jejé. Político influente no final do século XIX na região Sudoeste, foi um dos fundadores da cidade, onde morou, por muito tempo antes de exilar-se na fazenda Taboco, onde faleceu. Seu neto, Renato Alves Ribeiro, que o conheceu já no final da vida, relembra-o:

Vovô Jejé era um homem de temperamento alegre, apesar de ser um homem enérgico. Gostava de contar casos, gostava de política e sempre exerceu influência no Estado. Sua casa funcionava como um ponto de reunião da cidade. Pela manhã recebia na sala de visita, à tarde aproveitava a fresca da sombra da casa e à noite a roda era feita na porta da rua. Sempre roda grande, correndo um cafezinho e uns bolinhos de queijo, de horas em horas. Essas reuniões iam sempre até as 9:30 – 10 horas. Ali era um ponto de encontro das principais famílias da vila.


Tinha ao lado da casa o seu curral, com vacas de leite e cavalos arreados. Ali chegavam as carretas do Taboco, trazendo produtos da fazenda para abastecimento da casa e produtos para comercializar, como couros secos, charque, etc.


A sua casa era grande, farta e com enorme criadagem, principalmente bom cozinheiros, que quase sempre eram índios terenas.”

O coronel Jejé deixou como herdeiro político seu filho José Alves Ribeiro (cel. Zelito), deputado estadual e Intendente Geral em Aquidauana (1925/27), pai de Fernando Alves Ribeiro (Tico), que foi deputado federal e prefeito de Aquidauana por dois mandatos, cujo neto, Felipe Orro, deputado estadual (2011-2015) também exerceu o cargo de prefeito de Aquidauana por dois mandatos e em 2014 foi reeleito para o segundo mandato de deputado estadual. Em 2016, elege-se prefeito da cidade, Odilon Ribeiro, bisneto do coronel Jejé.

Participou ativamente de todos os movimentos ditos revolucionários no início da república, sendo o principal representante do governo do Estado no combate a Jango Mascarenhas, derrotado e morto em em 1901 e Bento Xavier derrotado em 1911.


FONTE: Renato Alves Ribeiro, Taboco, 150 anos de recordações, edição do autor, Campo Grande, 1984, pagina 69.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...