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sábado, 14 de dezembro de 2013

24 de dezembro

24 de dezembro

1935 – Aprovada, em Cuiabá, redação final da nova constituição estadual 




Concluída a redação do texto é posta em discussão e votação, pelo presidente Estevão Alves Correa, a nova carta constitucional de Mato Grosso, promulgada no dia seguinte, 25 de dezembro. 

Aprovada pela unanimidade dos constituintes, a grande inovação da constituição estadual é o voto corporativista, de acordo com os dispositivos de seu art. 4°:


"O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa,composta de deputados do povo e das organizações profissionais, tendo mandato por quatro anos.

§ 1° - É fixado em vinte e quatro o número de deputados do povo e eleitos mediante sistema proporcional e sufrágio universal, igual e direto; em três o das organizações profissionais, eleitos na forma fixada por Lei, compreendidos, para este efeito, os grupos seguintes: empregadores; empregados; profissões liberais e funcionários públicos.

§ 2° - O deputado do povo deve ser brasileiro nato, eleitor, maior de 25 anos e residente no Estado por mais de quatro anos.

§ 3° - O representante de organizações profissionais deverá ter o requisitos acima, devendo pertencer, pelo menos, há um ano, a uma associação do grupo que o eleger, salvo quando esta contar menos de um ano de existência legal".


FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 192.

FOTO: 1 - Estevão Alves Correa, Presidente, 2 - Benjamim Duarte Monteiro, líder da maioria, 3 - Filogônio de Paula Correa, líder da minoria, 4 - Miguel Ângelo de Oliveira Pinto, vice-presidente, 5-Francisco Pinto de Oliveira, 6-Henrique José Vieira Neto, 1° secretário, 7- Joaquim Cesário da Silva, 2° secretário, 8-José Silvino da Costa, 9-Nicolau Fragelli, 10-Rosário Congro, 11-Armindo Pinto de Figueiredo, 12-João Evaristo Curvo, 13-Julio Muller, 14-Corsino Bouret, 15-João Ponce de Arruda, 16-Caio Correia, 17-Gabriel Vandoni de Barros, 18-Josino Viegas de Oliveira Paes, 19-Agrícola Paes de Barros, 20- João Leite de Barros, 21- José Gentil da Silva, 22- Luis de Miranda Horta, 23 - Deusdedith de Carvalho e 24- Bertoldo da Silva Freire.


24 de dezembro

1977 - Levy Campanhã: o crime do sub-chefe da Casa Civil do governador


Foi assassinado o advogado Levy Campanhã de Sousa, de 38 anos, sub-chefe da Casa Civil do Estado. Levy estava em Campo Grande com a família para as festas de fim de ano, quando foi surpreendido por dois pistoleiros que lhe acertaram três tiros de revólver, calibre 38. Aconteceu em plena luz do dia em frente à sua residência na rua 15 de Novembro, onde brincava com seus dois filhos, um de 6 e outro de 8 anos.

O inquérito policial foi dirigido pelo delegado regional, Aloysio Franco de Oliveira, que, mesmo antes de iniciar as investigações, concluiu não se tratar de crime político:

O delegado regional afirmou que "o crime foi por motivos pessoais e os criminosos não são pistoleiros profissionais". Testemunhas contaram que "os rapazes, depois dos disparos, (três atingiram mortalmente o sr. Levy Campanhã de Sousa) fugiram a pé, com as armas (calibre 38) na mão". Uma das testemunhas diz ser capaz de os reconhecer.¹

Passados quase dois meses sem nenhuma pista segura para desvendar o crime, pressionado pela opinião pública e pela viúva Rosa Campanhã, o governador Garcia Neto, decidiu recorrer ao seu colega Abreu Sodré, governador de São Paulo, que lhe mandou o delegado Sergio Fleury e equipe para tentar desvendar o crime. 

Admitindo a eficiência dos métodos não convencionais do temerário delegado paulista, o secretário de Justiça, Madeira Évora,  justificou sua vinda a Campo Grande, afirmando que do jeito que a polícia matogrossense está conduzindo as investigações, "sem apelar para qualquer tipo de tortura ou violência física, somente por um golpe de sorte chegaremos aos matadores do sr. Levy Campanhã". (JB, 14/02/1978)

Apenas no final de junho, Fleury conseguiu chegar aos dois suspeitos pelo assassinato: Orestes Ferraz dos Santos e Hélio Rosalez. Aquele, sobrinho do advogado e jornalista Ruy Santana dos Santos, também assessor do governo, confessou que o tio contratou seus serviços por Cr$ 50 mil. Detido, Ruy nega qualquer envolvimento, mas é indiciado como mandante, com base no depoimento de Orestes, que também nega envolvimento, alegando que confessou sob tortura. (Jornal da Manhã, 24/07/1978)

Levados a júri popular em 10 de outubro de 1979, Orestes e Rosalis foram condenados a 18 e 16 de reclusão. Rui Santana também foi condenado.

Os três permaneceram pouco tempo na cadeia. Rui Santana morreu de infarto em setembro de 2016, sem assumir a responsabilidade pelo atentado. 

FONTE: ¹Jornal do Brasil (RJ), 27/12/1977; ²Idem, 14/02/1978; ³Jornal da Manhã (Campo Grande), 24/07, 1979; 4Diario da Noite (SP), 11/10/1979.








sábado, 12 de outubro de 2013

3 de novembro

03 de novembro
 
1867 – Morre o governador Frederico Campos

Frederico Campos não chegou a conhecer o Estado
 
Preso em Assunção pelo governo paraguaio quando se dirigia a Cuiabá para tomar posse, o presidente Frederico Campos, de Mato Grosso, sucumbe em prisão no país inimigo.


Bacharelou-se em Matemática. Assentou praça em 14 de janeiro de 1822. Segundo-tenente em 20 de junho de 1823. Participou da Guerra da Independência, tendo então recebido medalha. Promovido a primeiro-tenente em 12 de outubro de 1824, a capitão em 25 de janeiro de 1828, a major em 13 de setembro de 1837, a tenente-coronel graduado em 7 de setembro de 1842 e a efetivo no posto em 14 de maio de 1844, chegando a coronel em 2 de dezembro de 1855.
Pertenceu ao Corpo de Engenheiros.
Presidiu a Província da Paraíba. Em 12 de novembro de 1864, nomeado presidente de Mato Grosso, viajava, para tomar posse, no paquete “Marquês de Olinda”, que foi atacado e capturado por Solano Lopez, um dos fatos que dariam início à guerra contra o Paraguai. Frederico Carneiro de Campos foi feito prisioneiro.

Comendador da Ordem de Avis e dignitário da Ordem do Cruzeiro. Admitido como sócio correspondente do IHGB em 10 de novembro de 1842.

FONTE: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, 2017.



03 de novembro

1869 – Frei Mariano libertado se apresenta em Cuiabá

Livre de sua prisão no Paraguai, frei Mariano se apresenta aos seus superiores em Cuiabá e acresce ao seu currículo a seguinte manifestação de seu superior:

Atestamos e certificamos que o missionário revdo. Frei Mariano de Bagnaia desde que chegou neste bispado em dias de outubro de 1847 tem-se empregado sempre no serviço da igreja, já como exercendo todas as funções eclesiásticas de que nos encarregamos, e sempre com muito zelo, devoção e exemplar fervor, merecendo por isso toda a nossa confiança, amor e particular estima. Sua vida pública e mesmo particular tem sido constantemente honesta e cheia de virtudes e por isso mesmo tem recebido e gozado geral estima de todos os filhos dessa diocese. Jamais o ocupamos, que não fôssemos atendidos prontamente com edificação e humildade, e nomeando-o ultimamente como vigário da comarca eclesiástica de Baixo-Paraguai e pároco encomendado da igreja da comarca de Miranda, ali cumpriu seus deveres com tanto zelo e exatidão que só temos de engrandecê-lo de louvores pelo muito que fez a benefício da igreja e de seus filhos espirituais. Ali se edificou a igreja, despendendo nesta obra quase o que havia de seu ordenado e emolumentos,onde conservou com firmeza apostólica até a fatal invasão dos paraguaios, na esperança de que não fosse ao menos destruída a sua igreja e aprisionados seus paroquianos.

Tivemos porém que lamentar sua prisão realizada em princípio de 1865 e muitas vezes o nosso coração encheu-se de amarguras ao saber de seus sofrimentos assim arrebatado violentamente e arrebatado de sua igreja, foi por isso que deixou de remeter como cumpria os mapas dos sacramentos administrados depois de sua prisão. Logo, porém, que se viu salvo pelas mãos da Providência em primeiro lugar e depois pelo valor de nossas armas militares, em agosto do corrente ano procurou imediatamente recolher-se para esta cidade apresentando-se a nós cheio de amor e declarando que está pronto para continuar o serviço da S. igreja como melhor nos parecer, o que foi para nós de extrema alegria e de muita consolação. Pois estamos outra vez com um cooperador eclesiástico de toda a confiança, zelo e instrução e fervoroso no serviço de Deus e de sua igreja.

Cuiabá, 3 de novembro de 1869.
D. José Bispo de Cuiabá.

FONTE:  Frei Alfredo Sganzerla, A história de Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992página 403





03 de novembro


1918 – Gripe espanhola em Campo Grande



Relatório do intendente geral do município Rosário Congro, dá detalhes da passagem da gripe por Campo Grande:

“Depois de haver semeado o luto e a dor na bela capital da República, em São Paulo e inúmeras cidades do território nacional, o morbo atingiu também o nosso Estado, onde, felizmente, se manifestou em caráter benigno, apesar de seu extraordinário poder de expansão.


Não logrou esta cidade passar indene, e a 3 de novembro do ano findo irrompia o mal em Campo Grande alcançando, em poucos dias, proporções assustadoras.

A falta de todos os recursos profiláticos e de isolamento, além de outros, converteram a cidade num vasto hospital, sendo de uma louvável dedicação, digna de todos os encômios, o ilustrado corpo clínico, em sua árdua tarefa.
"Na impossibilidade de organizar um serviço de hospitalização, pela falta de um edifício que reunisse as condições exigidas de higiene e conforto, resolvi organizar um serviço ambulatório, deficientíssimo ainda assim, pela carência de pessoal, mesmo a soldo e mandei distribuir o seguinte boletim:
‘A pandemia reinante alastra-se por toda a cidade, menosprezando todos os recursos profiláticos, como se tem verificado no Rio, em São Paulo e nas grandes capitais européias, onde ainda perdura.


A moléstia tem-se manifestado, felizmente, benigna; a situação porém agrava-se por terem enfermado vários membros do nosso dedicado corpo clínico, sobrecarregando de atividades e trabalho os demais doutores, já exaustos por certo e igualmente ameaçados.


Uma farmácia fechou suas portas por ter caído todo o seu pessoal e começa a escassear, pela mesma causa, o fornecimento diário dos gêneros alimentícios indispensáveis aos doentes, como leite, galináceos e outros.
O intendente municipal no intuito de minorar a situação que se apresenta, pede a notificação de todos os casos em que se verifique a necessidade, não só de medicamentos como de outros recursos, inclusive de pessoal.
Cento e cinqüenta e seis receitas foram aviadas por conta da intendência e muitos remédios foram remetidos para a zona suburbana e rústica, onde era grande o número de enfermos e dos quais, diariamente afluíam os pedidos de socorros.


No edifício da escola municipal, tendo adquirido leitos e roupas, hospitalizei seis doentes que, com o dr. delegado de higiene, encontrara num casebre distante uma légua da cidade, sem recursos de qualquer espécie, tendo-se verificado ali, pela manhã desse dia, o falecimento de um outro morador, cujo enterramento providenciei.


Posteriormente, outros doentes receberam tratamento no mesmo edifício.
Imagino por este fato, quão elevado devia ter sido o número de enfermos entre os habitantes da campanha em toda a enorme extensão do município.
Sem a possibilidade de uma estatística, calculo entretanto em mais de dois mil os casos verificados nas distantes povoações de Entre Rios, Jaraguari, Rio Pardo e na cidade, sendo que somente nesta os notificados ultrapassaram de mil.


O número de óbitos na cidade foi apenas de trinta e seis, o que atesta a benignidade com que o mal nos visitou.
Devo registrar o gesto nobre e altruístico do sr. dr. Antonio Ferrari, enviando-me para socorro aos doentes pobres um quilo de quinino.
Esta preciosa dádiva chegou a meu poder quando a epidemia estava já em franco declínio, o que me permitiu dividi-la com o sr. dr. Nicolau Fragelli, intendente de Corumbá, a quem , espontaneamente fiz oferta telegráfica, ante a virulência com que grassava ali a terrível enfermidade.
Devo ainda por em destaque a atitude pronta, solícita e incansável do sr. dr. José Gentil da Silva, delegado de higiene, atendendo com presteza a todos os enfermos por mim indicados, colocando-os sob seu tratamento, e fazendo visitas domiciliares não só no perímetro urbano como nas zonas mais afastadas.


Os gastos totais feitos pela intendência, com os socorros por ela prestados, atingiram à soma de 4:658$300, conforme balancete discriminado de 30 de abril do corrente ano, publicado no Correio do Sul”. 


FONTEJ. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, Edição do autor, Campo Grande, 1980, página 139

FOTO: Campo Grande no ínicio da década de 20 do século passado.


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

21 de abril

21 de abril

1867 - Tropas de Camisão ocupam o forte Bela Vista no Paraguai



Forte de Bela Vista do Paraguai, em esboço de Taunay



Na guerra contra o Paraguai, coluna brasileira, que viveria a dramática retirada da Laguna, entra em território inimigo e ocupa o forte de Bella Vista. O relato é do cadete Taunay:

“No dia seguinte, 21 de abril, às 8 da manhã, deram os clarins do quartel general o toque de marcha: nada menos significativa do que transpormos a fronteira, entrar em território paraguaio e atacar o forte de Bela Vista, que, deste lado, é a chave de toda aquela região. Não havia quem não compreendesse o alcance da operação, redobrando por este motivo a animação geral. Cada um envergava o mais luzido uniforme; e como às nossas antigas bandeiras não prestigiasse ainda feito notável algum, foram substituídas por outras, cujas cores vivas se destacavam no céu formoso das campinas paraguaias.


Deixando a Machorra, adotara-se a ordem compacta. Dos dois lados da coluna, e para facilitar o movimento, os atiradores, que a flanqueavam, cortavam a macega; pois mudara a natureza do terreno. Não mais tínhamos a grama curta e fresca dos prados que acabávamos de atravessar. Estava o solo coberto desta perigosa gramínea que atinge a altura de um homem, e a que chamam macega, e cujas hastes duras e arestas cortantes tornam, em muitos lugares do Paraguai, a marcha tão penosa. Transpusemos o Apa em frente a Bela Vista; o 20° de infantaria de Goiás formava a vanguarda, sob o comando do capitão Ferreira de Paiva. Avançando à frente dos batedores, a quem comandava, jovem e valente oficial, de nome Miró, fadado à morte próxima, víamos o velho Lopes, apressurado, montando belo cavalo baio, um daqueles animais que o filho e os companheiros deste haviam tomado aos paraguaios.

Estava no auge da alegria, o olhar como o de um rapineiro, a fitar Bela Vista, que começávamos a avistar. De repente, no momento em que acabávamos de chegar ao seu lado, percebemos que a fisionomia se lhe anuviara: 'A perdiz, disse-nos, voa do ninho e nada nos que deixar, nem os ovos'. Mostrava ao mesmo tempo tênue fumo que subia aos ares. 'São as casas de Bela Vista que incendiaram'.

Foi a notícia levada ao Coronel que, avisado também por um sinal do alferes Porfírio, do batalhão da frente, fez acelerar a marcha. Começamos a correr, precipitando-se a linha de atiradores do 20° para o rio; mas à sua frente já se antecipara pequeno grupo de que fazia parte o nosso guia. Com grande espanto nosso não pareciam os inimigos pretender disputar-nos o passo; retiravam-se do Apa como já se haviam afastado da Machorra, indo estacar a uma distância grande, imóveis sobre os cavalos".

Em 22 de maio seguinte, o comandante da coluna, coronel Camisão liberou o seguinte relatório:

O programa que apresentei às forças, ao partir da Colônia de Miranda, acha-se concluído em toda a sua brilhante plenitude. O inimigo fugiu aos primeiros passos da briosa força brasileira e nos abandonou seus entrincheiramentos, incendiando as suas propriedades e devastando brutalmente o trabalho de longos anos. - O conflito em que devia patentear-se a coragem que é própria do soldado brasileiro, não se deu: bastou a simples demonstração de sua placidez e energia. - Deus, em sua resplandecente justiça permitiu a completa reação da injusta invasão do distrito de Miranda, tocando-nos a glória imensa de executá-la em todo o seu elastério. - Orgulhoso por me achar à testa de tão distinta expedição, louvo em extremo, nesta ocasião, aos empregados do quartel deste comando, srs. engenheiros, médicos, oficial pagador, comandantes dos corpos de caçadores e de cavalo, provisório de artilharia, dos batalhões ns. 17, 20 e 21, todos os srs. oficiais e praças pelo entusiasmo no desejo de encontrar o inimigo e alegria ao marchar ao seu encontro, que se manifestaram em todas as ocasiões, desde a saída de Miranda, não só nos corpos que formavam a vanguarda, os quais desenvolveram muita atividade e vigilância, como nos demais, o que patenteou-se na passagem do rio Apa, o qual apesar de seu péssimo vau foi em poucos minutos transposto, ainda mesmo pela artilharia, cujo trem pesado faria crer em longa demora, dando-se o mesmo com o cartuchame. Ainda merece os meus elogios o bravo e denodado guia dessas forças José Francisco Lopes, o qual, impelido pelos sentimentos de pai e cidadão, pois tem a sua família prisioneira nesta República, nunca se esquivou a trabalhos e perigos, assim como os mais paisanos e fugitivos que ora me acompanham.

Sem resistência, o forte, que apenas consistia em sólida estacada de madeira, foi ocupado pelos brasileiros, assim como a vila. 


FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, (16ª edição brasileira) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, páginas 59 e 154.



21 de abril

1919 - Pedra fundamental da biblioteca pública de Campo Grande


Projeto do prédio da primeira biblioteca de Campo Grande
Na administração municipal de Rosário Congro, é criada a primeira biblioteca da vila de Campo Grande, em terreno doado pela municipalidade, em local onde funcionou o Rádio Clube , o fórum e, finalmente, a Câmara de Vereadores. Arlindo de Andrade, que foi o primeiro juiz de direito da comarca e fundador do primeiro jornal (O Estado de Mato Grosso), foi um dos dirigentes da Sociedade Organizadora da Biblioteca Pública de Campo Grande, responsável pela administração da entidade, juntamente com seu colega advogado, José Jaime Ferreira de Vasconcelos.


FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 44.



21 de abril

1930 - Instalada a primeira escola normal de Campo Grande

Anexa ao ginásio estadual, na avenida Afonso Pena é instalada a primeira escola normal de Campo Grande. Seu primeiro diretor foi o professor Tessitore Júnior. O ato inaugural foi presidido pelo juiz de direito da comarca, Laurentino Chaves. que pronunciou "de improviso e com uma eloquência tão sua", proferiu discurso considerado "verdadeiro alarma contra o materialismo avassalador e absorvente ora dominando os homens". O prefeito Antero Paes de Barros, agradeceu ao governador Aníbal de Toledo pelo investimento do Estado no ensino público da cidade.

Em homenagem a Tiradentes, cuja data se comemorava, fez uso da palavra o capitão Eudoro Correa de Arruda.


FONTE: A Cruz (Cuiabá), 26/05/1930.






21 de abril

1951 - Circula o número 1 do jornal "O Progresso" de Dourados



Com direção do advogado Weimar Torres passa a circular em Dourados o semanário O Progresso. O título foi uma homenagem do editor ao seu genitor, o também advogado e jornalista José dos Passos Rangel Torres, que manteve um jornal com o mesmo nome em Ponta Porã. O Progresso estreou com um título ufanista e profético - VERTIGINOSA! A marcha de Dourados para o progresso - secundado por um lead que traduzia a azáfama da cidade naquele meado de século: "De uma terra inexpressiva e esquecida, passa Dourados a ser uma das regiões mais famosas da Pátria. Gente de toda parte se instala no município para explorar suas magníficas matas. Mais de 2.400 pessoas chegadas depois do recenseamento. Grandes vendas de terra, cinema, luz elétrica, linha de aviões diários, loteamento em massa, mais e mais casas de comércio, valorização acelerada dos imóveis, cafezais, produção imensa de algodão e cereais, instalação de grandes serrarias, um instantâneo polifórmico de uma esplêndida realidade".


FONTE: Regina Heloiza Targa Moreira, Memória Fotográfia de Dourados, UFMS, Campo Grande, 1990, página 117.




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domingo, 27 de fevereiro de 2011

21 de junho

21 de junho

1867 - Retomada de Corumbá: governador presta contas




Por ocasião de sua saída de Cuiabá, o governador de Mato Grosso, Couto Magalhães, que se dirige a Corumbá, em apoio à retomada ocorrida em 13 de junho, envia ofício ao ministro da Guerra, no Rio de Janeiro, com informações gerais sobre aquele acontecimento histórico:

"Comunico à V. Ex. que a praça de Corumbá assaltada dia 13 do corrente pela vanguarda do 2° corpo de operações desta província caiu em nosso poder, e com ela toda a fronteira do baixo Paraguai brasileiro, menos Coimbra.

A guarnição paraguaia morreu quase toda em desesperada resistência, inclusive o comandante desta praça o coronel paraguaio Hermogenes Cabral.

Os vapores Anhambahy e Rio Apa conseguiram evadir-se com muita perda depois de sofrerem o fogo combinado de duas peças raiadas e de nossa infantaria.

Tudo quanto estava em poder do inimigo caiu em nossas mãos, grande quantidade de armamento, 8 canhões, depósito de víveres, e, o que é mais precioso, cerca de 500 patrícios nossos, que há quase três anos ali sofriam os tratos do mais duro cativeiro.

Estão vingados com o sangue inimigo as mortes por lanceamentos, e depois de açoites que ali sofreram nossos compatriotas, com barbaridade que desonra a humanidade.

Não tenho tempo para entrar em mais detalhes, porque julgo urgente reforçar aquele ponto para evitar alguma tentativa do inimigo contra a vanguarda que está isolada, e, enquanto a força com que aqui estou acampado esteja cansada, porque temos vindo a marchas forçadas, contudo como o rio está agora desembaraçado, eu aproveito a noite para seguir já com a flotilha, rebocando 1000 homens e amanhã estarei em Corumbá com quatro navios de guerra, de sete bocas de fogo para as da flotilha dois mil homens dispostos a vingar a honra nacional, tão gravemente comprometida nesta província e a quem a recente vitória deu consciência de sua força.

O governo imperial deve tomar em toda consideração e o patriotismo, dedicação e energia do comandante da vanguarda tenente coronel de comissão Antonio Maria Coelho, dos distintos oficiais que o acompanharam e dos bravos soldados, que depois de uma rápida marcha através de oitenta e quatro léguas de pantanais restauraram a integridade do Império e a honra desta província".

FONTE: Diário do Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1867.



21 de junho

1872 - Governo manda indenizar família do Guia Lopes da Laguna

Atendendo apelo do visconde de Taunay, o governo imperial mandou indenizar, dona Senhorinha Barbosa, viúva de José Francisco Lopes, e filhos. A notícia é dada pelo próprio Taunay:

"A promessa feita por mim ao guia da coluna de Mato Grosso não foi esquecida. Lavrei-a em termos positivos na minha história da retirada da Laguna, e apelei para o governo brasileiro.

Hoje posso com entusiasmo declarar solvido o compromisso que existia entre a nação e a sombra daquele homem que, na esfera, foi um verdadeiro herói.

Graças à conscienciosa informação do major Cândido Pires de Vasconcelos, empregado de fazenda, testemunha e participante da retirada da Laguna, caráter sisudo e bom companheiro, o governo imperial mandou, por despacho de ontem datado, pagar em Cuiabá à viúva e filhos de José Francisco Lopes, não só as reses consumidas pela força brasileira, como os vencimentos que ele deixara de receber.

Esse ato, que à primeira vista parece de poucas consequências, entra no número daqueles rasgos singelos que a antiguidade tanto apreciava, porque abalam as fibras íntimas da alma dos que vêm neste transitório mundo alguma coisa mais do que força e matéria e colocam acima das contingências do acaso ou das combinações do espírito positivo e da razão fria e calculista um movimento nobre e generoso do coração.

ALFREDO D'ESGRAGNOLLE DE TAUNAY

Rio, 22 de junho de 1872".

FONTE: Jornal do Comercio (RJ) 23 de junho de 1872.



21 de junho
 


1872 - José Antônio Pereira chega a Campo Grande

 


De Monte Alegre, Minas Gerais, com uma pequena caravana, chega a Campo Grande e acampa na cabeceira do Anhanduí, onde o tributário do rio Pardo é formado pelas águas dos atuais córregos Prosa e Segredo, o José Antonio Pereira. 

Epaminondas Alves Pereira, neto do fundador da cidade resume o longo percurso de sua primeira viagem a Mato Grosso, desde o triângulo mineiro:

“Em 4 de março de 1872, a pequena caravana partiu de Minas rumo a estas paragens, trilhando os caminhos deixados pelos nossos soldados que combateram os invasores do território brasileiro na Guerra do Paraguai.
A comitiva, após três meses de caminhada, chega a 21 de junho à confluência de dois córregos, mais tarde denominados Prosa e Segredo. José Antônio Pereira, com seus quase cinquenta anos de idade, alquebrado pela longa viagem, mas satisfeito com o panorama que a seus olhos se descortinava, deu por finda a excursão.


"Enquanto descansam, constroem um rancho coberto de folhas de buriti; em seguida, derrubam pequena mata que existia entre os dois córregos. Numa área, de aproximadamente um quarto de alqueire, procedeu-se o preparo da terra e o plantio de milho e arroz, cuja lavoura, devido à fertilidade exuberante do solo, correspondeu plenamente à experiência otimista de José Antônio e seus companheiros de jornada.
” 



1872 é historicamente tido como o ano da fundação de Campo Grande, apesar de ser oficialmente festejado o 1899 ano em que a 26 de agosto o povoado é transformado em município, como o dia do aniversário da cidade, feriado municipal, desde 1919, por decreto do intendente Rosário Congro. Em 1972, na gestão do prefeito Antonio Mendes Canale, o município chegou a festejar o seu centenário, evento repetido em 1999. Tanto 1872 com 1899 estão na bandeira e demais símbolos da cidade.



FONTE: E. Barsanulfo Pereira, História da fundação de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 2001, página 32.




21 de junho


1881 - Nasce em Miranda, Aníbal de Toledo



O último governador de Mato Grosso na república velha
Seus primeiros estudos foram feitos em Cuiabá. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Livre do Rio de Janeiro, em 1906. Iniciou sua vida pública pela magistratura, como juiz substituto de Cuiabá, entre 1907 e 1908, afastando-se no governo de Pedro Celestino, onde ocupou a chefia de polícia. Em 1909 retorna à judicatura, como juiz federal, permanecendo até outubro de 1911. Deputado federal, representou o Estado no Congresso Nacional por quatro legislaturas seguidas, de 1912 a 1929. Em 1930 elegeu-se para o governo do Estado, ficando no cargo por poucos meses, deposto pela revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas. “Depois de haver sofrido o vexame de uma prisão violenta e injusta - deplora Nilo Póvoas - decepcionado e pobre, retirou-se definitivamente o dr. Aníbal de Toledo das atividades políticas, entregando-se inteiramente, ao exercício da sua profissão no Rio de Janeiro, como advogado da Empresa Mate.” Faleceu no Rio a 13 de julho de 1962. 


FONTE: Nilo Póvoas, Galeria dos varões ilustres de Mato Grosso, volume 2, Fundação de Cultura do Estado, Cuiabá, 1978, página 17.




21 de junho


1904 - Fundada a companhia Noroeste do Brasil


Realizou-se no Rio de Janeiro a assembleia constitutiva da sociedade anônima denominada Companhia de Estradas de Ferro Noroeste do Brasil, com a finalidade definida no artigo 2° de seus estatutos:

“aquisição de privilégio, garantia de juros e outros favores concedidos ao Banco União de S. Paulo por decreto do governo federal brasileiro no 862, de 16 de outubro de 1890 e, portanto, 1. A construção e exploração de uma estrada de ferro que, partindo de um ponto situado no prolongamento da Estrada de Ferro Mogiana, entre Uberaba e S. Pedro de Uberabinha, ou de outro ponto que seja julgado mais conveniente, vá terminar em Coxim, no Estado de Mato Grosso.” 




FONTE: Paulo Roberto Cimó Queiroz, As curvas do trem e os meandros do poder, o nascimento da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, Editora UFMS, Campo Grande, 1997, página 21.




21 de junho


1917Nasce em Rio Brilhante, Wilson Barbosa Martins


Wilson (à direita) e a infância na fazenda São Pedro na Vacaria
Filho Adelaide e Henrique Martins, nasce na fazenda São Pedro, hoje município de Rio Brilhante, Wilson Barbosa.Iniciou seus estudos em Entre Rios (Rio Brilhante),completando o ensino médio em Campo Grande, no Colégio Dom Bosco.Em 1939 forma-se em Direito pela faculdade do largo São Francisco em São Paulo. De 1946 a 1950 exerce o cargo de secretário geral da Prefeitura Municipal de Campo Grande na gestão de Fernando Correa da Costa. Em 1950 candidata-se a prefeito de Campo Grande (UDN) e é derrotado por Ari Coelho de Oliveira (PTB). De 1958 a 1962, exerce o cargo de prefeito de Campo Grande, quando concurso promovido pelo IBAM e revista O Cruzeiro elege a cidade um dos cinco municípios de maior progresso no Brasil.

Em 1962 elege-se deputado federal, cargo que exerce até dezembro de 1968, quando é cassado pelo AI-5. Em 1966 fundou o MDB em Mato Grosso e tornou-se seu primeiro presidente. Em 1979 recupera seus direitos políticos e é eleito o primeiro presidente da OAB de Mato Grosso do Sul. 


Em 1982 torna-se o primeiro governador do Estado em eleições diretas, pelo PMDB. Em 1986 é eleito senador Constituinte. Em 1995 ocupa seu segundo mandato de governador do Estado, encerrando sua carreira política.




FONTE: Wilson Barbosa Martins, Memória janela da história, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010. 



21 de junho


1925 - Coluna Prestes inicia retirada de Mato Grosso para Goiás

Depois de seguidos confrontos com o inimigo, a coluna Prestes deixa Mato Grosso e entra em Goiás. Desde as cabeceiras do Camapuã, onde estruturou-se de vez a organização guerrilheira, Siqueira Campos sustentou vários combates parciais, na ponte de Capela, sobre o rio Sucuriu e nas cercanias da Fazenda Dois Córregos, com tropas legalistas sob o comando do Major Bertoldo Klinger. Este no primeiro momento, repeliu o ataque à ponte da capela, mas não conseguindo contato com a sua retaguarda,interceptada que fora  pelo 4° Destacamento, de Djalma Dutra, tentou,com duas ou três investidas, romper, pelo norte, o cerco que o constrangia. Foi,porém repelido pelas forças de Siqueira Campos, que então contra-atacaram, tomando-lhe parte do acampamento - situado na margem direita do arroio Dois Córregos - um fuzil metralhador e certa quantidade de munição. Embora sitiado desde o meio-dia de 19 de junho, o Major Klinger ocupava uma posição privilegiada, excelente para a defensiva. Uma vitória esmagadora da Coluna naquela circunstância iria ser um verdadeiro desastre em perda de tempo e de material humano e armamento." Com efeito, a Coluna levantou o cerco na madrugada de 21, e iniciou a retirada para o vizinho estado de Goiás. O grosso da tropa passou e Siqueira Campos,com o seu 3° Destacamento ocupou-se em fixar o inimigo.  


FONTE:Glauco Carneiro, O revolucionário Siqueira Campos, Recor Editora, Rio, 1966, página 375.





21 de junho


1931 - Vespasiano nomeado prefeito de Campo Grande


 Vespasiano Barbosa Martins, na praça do Rádio em Campo Grande
Por decreto do interventor estadual Arthur Antunes Maciel, Vespasiano Barbosa Martins assume o cargo de prefeito municipal, permanecendo até julho de 1932, quando é guindado à condição de governador revolucionário de Mato Grosso, por indicação do general Klinger, chefe militar da revolução constitucionalista do Estado de São Paulo. 


FONTE: Nelly Martins, Vespasiano, meu pai, edição da autora, Brasilia, 1989, página 59.


21 de junho

1933 - Trânsito agitado preocupa em Campo Grande





Crônica publicada no Jornal do Commercio, assinada sob o pseudônimo de Rolan do Toras, reclama providências das autoridades estaduais e municipais para os perigos que representa o tumultuado tráfego de veículos no perímetro urbano da cidade.




FONTE: Jornal do Commercio, 21 de junho de 1933.


FOTO: Rua 14 de Julho na década de 30, acervo ARCA.



21 de junho

2001 - Ramez Tebet assume o Ministério da Integração Nacional


Ramez Tebet toma posse no ministério de Fernando Henrique Cardoso


Nomeado pelo presidente Fernando Henrique, assume o Ministério da Integração Nacional o senador Ramez Tebet (PMDB/MS). Na posse, o presidente destacou as tarefas a serem encaradas pelo novo titular da pasta:

"Quero ressaltar que o ministro Ramez Tebet assume esta pasta em um momento de profunda transformação na estrutura de seu Ministério, da criatividade e discernimento. Estas foram as características que FHC elegeu para o novo Ministro, com perspectiva de melhoramentos. Quem estiver aqui neste palácio há de saber que, neste país, há um problema emergente. É emergente falar sobre pessoas abandonadas que não têm onde ficar, referido-se aos flagelos da seca e às enchentes que podem ocorrer simultaneamente em diferentes regiões do país."

Em setembro Ramez deixou o ministério para assumir a presidência do Senado.  


FONTE: Castilho Coaraci, Simplesmente Ramez Tebet, Life Editora, Campo Grande, 2007, página 139. 

domingo, 6 de março de 2011

13 de agosto

13 de agosto


1913 Chacina do circo em Campo Grande



Rua 13 de Maio em 1913. Campo Grande uma vila rica e violenta

Abala o povoado de Campo Grande, trágico acontecimento, coincidentemente marcado pelo número 13: 13 de agosto de 1913, na rua 13 de Maio (esquina com a Barão do Rio Branco). O episódio que apareceu com destaque no primeiro jornal impresso da cidade, O Estado de Mato Grosso, do advogado Arlindo de Andrade Gomes, é sintetizado por Rosário Congro, intendente geral do município:

A noite de 13 de agosto de 1913 ficou tristemente gravada nos anais da cidade, com a verificação de um gravíssimo conflito provocado pela própria polícia, quando se realizava uma função no circo João Gomes e do qual saíram mortos o importante e acatado negociante da praça José Alves de Mendonça e o vereador municipal Germano Pereira da Silva e duas praças do destacamento policial, além de muitos feridos, entre eles Gil de Vasconcelos, Fernando Pedroso do Vale, Adelino Pedroso, Benedito de Oliveira, João de Souza, Carlos Anconi e três praças.


No dia seguinte o povo, armado, sob uma indignação geral, ouvindo-se imprecações em toda parte, preparava-se para atacar o quartel da Polícia, evitando talvez outro morticínio a presença de uma companhia do exército, então já existente em Campo Grande, sob o comando do tenente Gaudie Ley.
Os policiais, às ordens do tenente Spindola, dois dias depois, abandonaram a vila.¹


Recorrendo ao jornal local "O Estado de Mato Grosso", edição de 17 de agosto de 1913, o jornalista J. Barbosa Rodrigues, em seu livro "Historia de Campo Grande", dá detalhes da ocorrência:

O "Circo João Gomes" fora montado no largo da igreja de Santo Antônio, onde eram realizados festejos religiosos. A cidade estava superlotada, pois inúmeras famílias vieram da zona rural para os festejos.

No segundo espetáculo, no dia 13, quarta-feira, a polícia que se fizera presente desde a estreia, resolveu "proibir" que o povo gritasse na plateia e vaiasse os artistas", diz o jornal.

Os rapazes não se conformaram com a atitude dos policiais e continuaram ora aplaudindo, ora vaiando.

Num dos intervalos, todos os presentes à função saem para o largo, comentando a atitude policial. É quando chega um reforço vindo do quartel. Os ânimos se exaltam, arma-se o conflito com a polícia atirando e populares respondendo à fuzilaria.

A primeira pessoa a ser alvejada foi o cel. José Alves de Mendonça, festeiro na ocasião, sócio proprietário da "Casa Caldeira", que de braços abertos conclamava as partes que se acalmassem. Outra bala atinge o vereador Germano Pereira da Silva que cai sem vida.

Terminado o tiroteio, a polícia debanda e entrincheira-se no quartel, pronta para o que desse e viesse.

Feito o balanço da refrega, além dos dois mortos há outras pessoas gravemente feridas: Gil de Vasconcelos, Adelino Pedroso, Benedito de Oliveira, João de Souza, Carlos Anconi e uma criança. Dos policiais, dois estavam mortos e três feridos.²

A imprensa cuiabana tem versões diferentes para o fato, de acordo com o compromisso político de cada jornal. Para "O Matto-Grosso", órgão da oposição a "responsabilidade em grande parte desse triste acontecimento cabe à s. ex.ª o sr. presidente do Estado", atribuindo-lhe "a falta de escrúpulos na escolha das autoridades locais:

"Mas todo mundo sabe que, na maior parte dos nossos municípios longínquos e isolados, a ordem e a segurança pública dependem em grande parte do juiz de direito da respectiva comarca. Entretanto, a de Campo Grande, a que talvez mais reclame o provimento com um juiz togado, há três meses se acha privada dessa autoridade, não obstante existirem, há mais de mês, três petições de transferência para aquela comarca de juízes do Sul".

O jornal oposicionista, finalizando seu editorial, acusa e lamenta:

"É que s. ex.ª por conveniência de sua oligarquia vai manobrando a política ao seu sabor. enquanto s. ex.ª assim protela e sacrifica o cumprimento de seus deveres, o povo que sofra as consequências dos planos políticos a que o subordina a sua administração".³

Já "O Debate", jornal governista, em sua edição de 19 de agosto de 1913, limita-se a uma versão que contraria a oposição e à voz corrente, sem emitir opinião:

Telegramas da vila de Campo Grande, dirigidos aos exms. drs. Presidente do Estado e Secretário do Interior, Justiça e Fazenda, narram sucessos desagradáveis desenrolados ali, na semana finda.

Achando-se naquela vila, dando espetáculos uma companhia de circo de cavalinhos, em a noite de 13 do corrente, foi a força policial que fazia o patrulhamento, atacada por um grupo de boiadeiros e alguns populares, travando-se um conflito do qual resultou a morte de três policiais e dos senhores José Mendonça e Germano Alves, este vereador municipal e aquele sócio da casa Caldeira e Mendonça e vários ferimentos.

Estamos informados de que o alferes de polícia Antonio Espíndola, comandante daquele destacamento, vendo-se ameaçado na sua vida, por numeroso número de populares, refugiou-se com o restante das praças, sob seu comando, no quartel do 14 de artilharia, ali estacionado.

O exm. dr Presidente do Estado, de acordo com o sr. Inspetor da 13a. Região Militar tem tomado todas as providências tendentes a evitar novos conflitos e a reprodução de tão deploráveis acontecimentos, atentatórios da ordem e tranquilidade pública.

Constando que populares exaltados pretendiam atacar o quartel do 14 para retirar o alferes e as praças refugiados, o sr. inspetor da região fez seguir para ali um reforço de praças tendo de Bela Vista seguido também um contingente policial do Regimento Mixto do Sul, sob o comando de um oficial que substituirá o alferes Espíndola.

Além destas providências imediatas o exm. sr. dr. Presidente do Estado, solícito como é no cumprimento de seus deveres, determinou que seguisse com urgência para a vila de Campo Grande, pelo Nioac, que zarpa hoje deste porto, o dr. Chefe de Polícia com o seu secretário, afim de sindicar aquelas lamentáveis ocorrências e apurar a responsabilidade de seus promotores.

O inquérito instaurado e o sumário de culpa, procedidos pelo juiz Silva Coelho, segundo ainda J. Barbosa Rodrigues, "concluíram pela culpabilidade do tenente Espíndola, comandante do destacamento e do sub-delegado Antonio Marcondes, que foram pronunciados como mandantes da chacina. Preso, Espíndola foi levado para Cuiabá pelo próprio chefe de polícia, enquanto que Antonio Marcondes foi recolhido à cadeia da vila".

FONTE: ¹Rosário Congro, O Município de Campo Grande, publicação oficial, Campo Grande, 1919, página 31. ²J.Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980, página 115. ³Jornal O Matto-Grosso (Cuiabá) 24 de agosto de 1913.

FOTO: Album Graphico de Mato Grosso, Corumbá, 1914



13 de agosto


1914Nasce Alcídio Pimentel



Paulista de Bebedouro, entrou jovem na carreira militar, em Lorena, onde incorporou-se ao 5º Regimento de Infantaria, após haver participado, como voluntário, da revolução de 1932. Estudou na escola do Exército no Rio de Janeiro, formando-se em Educação Física.

E
m 1942, já 2º sargento, vem servir em Campo Grande, onde se fixara definitivamente, dedicando-se à carreira militar e ao magistério. Como 1º tenente aposentou-se do Exército em 1963. Como educador, lecionou no Colégio Osvaldo Cruz, Senai, Colégio Estadual Campograndense, Joaquim Murtinho, Colégio Dom Pedro II e outros; dirigiu os colégios Oswaldo Cruz, Estadual Campograndense e D. Pedro II; o Departamento de Educação Física e Desporto do Estado; e secretário de Educação do município de Campo Grande nas administrações de Levy Dias, Marcelo Miranda, Albino Coimbra e Juvêncio César da Fonseca.


Como desportista esteve envolvido em todos os momentos da vida esportiva do Estado em seu tempo. Foi membro da diretoria da Liga Esportiva Campograndense por diversas gestões e técnico do Operário Futebol Clube, Esporte Clube Comercial e Esporte Clube Cruzeiro; juiz de futebol, integrante do departamento de árbitros da LEMC; e conselheiro do Conselho Regional de Desporto. O professor Pimentel faleceu a 15 de novembro de 1991. 



FONTE: Maria Garcia, Série Campo Grande 2002, Funcesp, Campo Grande, 2002, página 77.






13 de agosto

1924 - Nasce Helena Meireles, a dama da viola


Nasce em Bataguassu, Helena Meireles. Começou a tocar viola aos 9 anos, escondida dos pais. Aos 15 anos fugiu de casa e aos 17, teve seu primeiro filho. Era filha de pai paraguaio e mãe brasileira, casou-se três vezes e teve onze filhos - nove homem e duas mulheres. Deixou o segundo marido e dedicou-se exclusivamente à música, ficando conhecida como violeira da balsa, por conta de suas travessias ao rio Paraná para cantar na zona do baixo meretrício em Porto XV e em Presidente Epitácio, no Estado de São Paulo.

Em 1992, aos 68 anos, apareceu pela primeira vez na televisão, o programa da Inezita Barroso. Em 1993 foi reconhecida pela revista norte-americana Guitar Player, tendo sido eleita como umas das melhores instrumentistas do mundo, que a comparou com Keith Richards, dos Rolling Stones, e Eric Clapton. "Foi a única artista do Brasil a merecer um pôster das cem melhores palhetas", conforme contou seu sobrinho Mário de Araujo.

Em 1994, gravou o seu primeiro CD, com clássicos da música paraguaia, como Arapongas, Mercedita, Flor Pantaneira e outros que estão no documentário sobre sua trajetória, produzido pela GNT.

Helena Meireles faleceu em 2005, aos 81 anos, em Campo Grande.





 


FONTE:Nelson Urt: A nossa Dama da Viola, O Estado de Mato Grosso do Sul, caderno I, 13 de agosto de 2014, página 01.

VIDEO: Concerto de Helena Meirelles, no 3° Festival do Mercosul, post de Claudinei Pecois.


13 de agosto




1928 Nasce em Miranda Pedro Pedrossian


Morenão, UFMS e Parque dos Poderes, obras de Pedrossian
Engenheiro civil pela Universidade Mackenzie de São Paulo. Ferroviário, iniciou suas atividades na Noroeste do Brasil, como engenheiro residente em Três Lagoas, passando a chefe da divisão de Campo Grande, promovido em seguida a assessor do presidente da Rede Ferroviária Federal no Rio de Janeiro e, finalmente, à superintendência da empresa em Bauru.
Em 1965 elege-se na oposição (PSD-PTB), governador de Mato Grosso. Tomou posse a 31 de janeiro de 1966. Rubens de Mendonça resume o seu mandato:


Assumindo a administração inaugurou uma nova filosofia de governo. Quebrou a antiga rotina; não exonerou funcionários públicos seus adversários políticos. Seu governo tem sido um dos mais agitados de Mato Grosso. Em agosto de 1967, na Assembléia Legislativa do Estado, o deputado Júlio de Castro Pinto apresentou um projeto de resolução pedindo a decretação do impedimento do governador do Estado. Seu advogado dr. Renato de Arruda Pimenta requereu mandado de segurança, cuja liminar foi concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado. Superada a crise do IMPEACHMENT, pode o governador Pedro Pedrossian realizar uma administração desenvolvimentista, construindo obras de vulto em todo o Estado. Não existe um só município de Mato Grosso que não possua uma obra construída em seu governo.


A nova filosofia de governo implantada pelo dr. Pedro Pedrossian mudou a mentalidade do Estado que abandonando as antigas estruturas da sociedade tradicional ou não desenvolvida, criou a imagem do Novo Mato Grosso que despertou a capacidade para assumir o controle de sua vida econômica, criando condições que possibilitara seu desenvolvimento cultural com as instalações de quatro faculdades superiores, motivando assim, as criações da Universidade Federal de Mato Grosso, com sede em Cuiabá e da Universidade Estadual de Mato Grosso com sede em Campo Grande.¹


Com a divisão do Estado, de cujo processo omitira-se, elegeu-se, em 1978, senador de Mato Grosso do Sul, pela Arena. Deixou o cargo dois anos depois para assumir o governo do Estado, nomeado pelo presidente, general João Batista de Figueiredo, em substituição a Marcelo Miranda, fechando o tumultuado ciclo do primeiro período governamental do novo Estado. É desse seu primeiro mandato em Mato Grosso do Sul o início da implantação do Parque dos Poderes.

Em 1986 perde sua primeira eleição, quando tenta voltar ao Senado, apoiando o candidato oposicionista Lúdio Coelho (PTB) ao governo, que também é derrotado.


Em 1990, retorna ao governo por eleição direta, pelo PTB, vencendo o candidato governista Gandi Jamil. A obra mais notável de sua gestão foi a implantação de Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Deixou o poder com 70% de aprovação. Em 1998 tentou voltar ao governo e foi derrotado no primeiro turno. Em 2002 perdeu a eleição para o Senado e abandonou a vida pública.



FONTE: ¹Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico de Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 125.





OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...