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sexta-feira, 4 de março de 2011

16 de julho

16 de julho

1797 - Fundado o presídio de Miranda



Planta do presídio de Miranda, de Francisco Rodrigues do Prado (Itanarati)

Com o objetivo de guarnecer a região pantaneira de eventuais ameaças espanholas, a partir de Assunção e do forte San José, à margem do rio Apa, o governador Caetano Pinto de Miranda mandou fundar o presídio Nossa Senhora de Carmo do Emboteteu. O estabelecimento foi construído pelo tenente Francisco Rodrigues do Prado que denominou-lhe e ao rio (então Emboteteu) de Miranda, em homenagem ao governador responsável por sua criação.

Vistoriando o local em 1820, o sargento-mor engenheiro Luiz D'Alincourt,constatou que o mesmo achava-se inteiramente irruinado: " a trincheira que está por terra, em várias partes, dá livre passagem ao gado; a estacaria quase toda podre; partes dos Quartéis têm caído, e os que restam estão danificados; no Paiol e Armazém do mantimento chove em abundância; finalmente não merece já o nome de Prezídio".

 
O resumo, de 1939, é do historiador Virgílio Correa Filho:

Posto que edificado em má posição topográfica, o posto militar converteu-se, por lei provincial de 1835, em freguesia e foi-se desenvolvendo até que, em 1859, condenado pelas comissões de engenheiros, que lhe arguiram o diminuto valor estratégico, transferiu-se o comando do distrito para Nioaque.
"Continuando como vila, a que foi elevada por lei de 30 de maio de 1857, e cabeça de comarca, padeceu como todos os povoados do Sul, os horrores do domínio paraguaio.

Passada a fase de expiação, começou novamente a desenvolver-se, enriquecida pela indústria pastoril, até que a desanexação de muitos de seus termo, que se erigiram em novas comarcas, veio diminuir-lhe sobremaneira a importância.

Jaz à latitude 20° 14' e 13° 8' de longitude O. Rio, à margem do rio Miranda, navegável por embarcações apropriadas, que a ligam a Corumbá.

Modernamente,além dessa via de comunicação, serve-lhe o comércio a E.F.Noroeste, além de estradas de rodagem, entre as quais sobreleva, pela sua importância, a que vai a Bela Vista.

É cabeça de comarca, tendo dois distritos de paz, o de Miranda e o Bonito, aos quais correspondem outros tantos distritos policiais.

Em 1918, a arrecadação efetuada montou a réis 57:536$105, e a 76:815$800 em 1924.


FONTES: Luiz D'Alincourt, Memória sobre a Viagem do Porto de Santos à Cidade de Cuiabá, Editora de Universidade de São Paulo, São Paulo,1975, páginas 169 e 170; Virgílio Correa Filho, Mato Grosso (2ª edição), Coeditora Brasileira, Rio de Janeiro, 1939, página 168. 


 
16 de julho


1902 Morre em Corumbá, Dormevil Malhado


Aos 64 anos falece em Corumbá, o herói de guerra e médico humanitário, o baiano Dormevil Malhado. O acontecimento ganha as páginas de A Pátria, jornal de Pedro Trouy:

Depois de longa e cruel enfermidade, a que foram improfícuos todos os cuidados e esforços médicos, faleceu às 9 horas da noite de 16 do corrente o estimadíssimo e venerando clínico dr. Dormevil José dos Santos Malhado, na adiantada idade de 67 anos.


O seu passamento é com justíssimas razões muito lamentado, pois quer nesta cidade como na capital do Estado, onde como Apóstolo do bem sentiu-se envelhecer, contava o ilustre morto muitos amigos que na sua caridade conquistara, tanto no palácio do rico como no albergue do pobre.
Pertencendo ao quadro do exército, chegou ao Estado muito moço e seus relevantes serviços ao povo e à pátria datam da epidemia de varíola que em 1867 lutuou a capital do Estado e da campanha do Paraguai, em cujas últimas expedições tomou parte.


Exerceu sempre com especial zelo e carinho diversos cargos públicos, entre outros os de Inspetor de Higiene, por diversas vezes, lente de pedagogia e da língua vernácula do Liceu Cuiabano, Diretor Geral da Instrução Pública, em cujo caráter aposentou-se e, ultimamente, o de inspetor do Porto desta cidade.


Durante o antigo regime foi por vezes vice-presidente desta então província, deputado à Assembléia Provincial, membro do diretório do extinto partido liberal e seu presidente, e teria sido eleito deputado geral se ele próprio não desistisse da cadeira que seus amigos lhe ofereceram para pedir-lhes a dessem a outrem.


Dotado de invejável talento, a sua palavra fluente arrebatava; sua pena de ouro enriqueceu e enobreceu por muito tempo a imprensa mato-grossense.
Como discípulo de Esculápio, a sua ciência era um sacerdócio em vez de uma profissão. Nunca visou os proventos que poderia ter tirado de sua competência; nunca lhe foram indiferentes os gemidos do pobre aos quais acudia sempre, mesmo periclitando a própria saúde.


A Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá lhe deve inolvidáveis e inimitáveis serviços, como a população desta cidade pelo inexecedível desvelo, pelo incansável cuidado, pelo paternal interesse com que, só, completamente só, acudia a todos durante o período da varíola que dizimou esta cidade no ano de 1900.


A sua idade e o estado de saúde, então alterada, não lhe foram obstáculo no exercício de seu sacerdócio.


Morreu pobre porque não fez profissão da medicina, legando à sua inconsolável esposa, às sua seis filhas e aos seus filhos apenas um nome honrado, coberto de bênçãos de um povo inteiro agradecido.


Ao seu enterro, que teve lugar às 8 horas da manhã seguinte, concorreu avultado número de amigos e uma guarda postada em frente ao cemitério prestou-lhe as honras a que a sua patente de capitão honorário do exército tinha direito.



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 40. 



16 de julho

1916 - Assassinado o primeiro vigário de Campo Grande





Tendo assumido o posto em 19 de outubro de 1912 e suspenso das ordens sacras em junho do ano seguinte, o padre José Joaquim de Miranda é assassinado em sua casa, à rua 13 de Maio esquina com a avenida Mato Grosso, por um grupo de cavalarianos à frente o tenente Jacques da Luz. Primeiro vigário da cidade, levava uma vida desregrada para os padrões da época. Além de bom carteador e político extremado, afirma a crônica, portava sempre um "respeitável 44 para impor a lei dos homens, enquanto ao altar, após noites mal dormidas, pregava a lei de Cristo". 

Suspenso das ordens religiosas, negou-se a entregar a paróquia ao colega Mariano João Alves, empossado em 3 de junho de 1913, "mas só dois meses após logrou entrar na matriz, graças a intervenções insistentes de prestigiosos moradores da localidade." Antes de ser morto,chegou a eleger-se 2º vice-intendente municipal, cargo correspondente a vice-prefeito. Consta ainda que "substituindo os livros de prática religiosa e as imagens do Redentor, o padre trazia consigo, sob o colchão, sete armas de guerra e 2.000 cartuchos de Mauser"!


FONTE: Emílio Garcia Barbosa, Esboço histórico e divagações sobre Campo Grande, in Série Memória sul-mato-grossense,volume XIV, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande 2011, página 234. 

FOTO: Rua 13 de Maio, Campo Grande, década de 10 do século XX. Acervo do Arquivo de Campo Grande (Arca).




16 de julho

1918Campo Grande elevada à categoria de cidade


O intendente Rosário Congro
Fundado em 1872, quando José Antonio Pereira desembarcou pela primeira vez na afluência dos córregos que ficariam conhecidos como Prosa e Segredo, distrito de paz, pela lei no. 792, de 23 de novembro de 1889, município pela lei no 225, de 26 de agosto de 1899, e comarca em 1911, a vila de Santo Antônio de Campo Grande, recebeu os foros de cidade, pela lei no 772, de 6 de julho de 1918. O fato foi festivamente comemorado:

“Foi armado um grande palanque no jardim (atual praça Ari Coelho) para as comemorações populares, ocupado por vários oradores, que exaltavam a importância do acontecimento e o progresso da cidade que nascia.


Houve ainda um grande churrasco, tipo matogrossense do sul, com muita bebida e alegria. Na intendência foi realizada sessão cívica com inauguração de retratos de algumas personalidades importantes ligadas à história da cidade.


O intendente baixou resoluções dando o nome de presidente Dom Aquino à rua que hoje conserva esta denominação e é uma das principais da cidade. O nome anterior era Primeiro de Março.”





FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade o primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 38.

domingo, 10 de novembro de 2013

8 de dezembro

8 de dezembro

1886 – Epidemia de cólera em Corumbá


Desde o tempo da ocupação pelo Paraguai, a população vem sendo dizimada com inúmeras epidemias, sobrelevando-se a varíola e a cólera. Problemas com o abastecimento de água e saneamento básico são seguidamente reclamados pelas autoridades, que consideram como origem da contaminação a “falta de manutenção e controle das condições sanitárias do porto, onde atracavam embarcações de diversas origens e procedências.” As causas do agravamento das epidemias, caso da de cólera, verificada em 1886 e 1887, “parecem ter sido o abandono de doentes pobres pelas ruas e até de cadáveres, a falta de medicamentos e de hospitais mesmo provisórios, além das fugas em massa da população para os campos, o que causava maior descontrole sobre a doença e os óbitos,” consoante ofício do dr. Manoel Joaquim dos Santos ao vice-presidente em exercício da Câmara Municipal, nessa data, onde relata as causas do agravamento da epidemia de cólera que assola a cidade:

“Os mortos e os doentes (...) são em grande escala abandonados da maneira a mais iníqua; (...) diversos doentes (...) são abandonados no solo, a título de não serem parentes dos que o cercavam, ou são abandonados igualmente, igualmente por não serem patrícios daqueles a quem serviram.”

FONTE: Lúcia Salsa Correa, Corumbá, um núcleo comercial na fronteira de Mato Grosso 1870-1920, edição da autora, Corumbá, 1981, página 91.

FOTO: corumba.com.br

domingo, 20 de fevereiro de 2011

16 de junho

16 de junho


1867 - Dom Pedro II homologa Tratado de La Paz

Lagoa Mandioré e serra do Amolar nos limites em Brasil e Bolívia

O imperador Dom Pedro II homologou o Tratado de La Paz, firmado em 27 de março de 1867, pelos representantes diplomáticos do Brasil e Bolívia, na capital boliviana. Entre os pontos aprovados pelos dois países, regularam-se nos 30 artigos do acordo o seguinte: 

Criação de comissão para em seis meses demarcar a fronteira entre os dois países, tendo por base o uti possidetis, e por referência de limites na província de Mato Grosso, partindo do rio Paraguai na latitude de 20° 40°, onde deságua a baia Negra, seguindo pelo meio desta até o seu fundo e daí em linha reta à lagoa de Cáceres, cortando-a pelo seu meio, indo daqui à lagoa Mandioré e a cortando pelo seu meio, bem como as lagoas Gaíba e Uberaba, em quantas retas quantas forem necessárias, de modo que fiquem do lado do Brasil as terras altas das Pedras de Amolar e da Insua, do extremo norte da lagoa Uberaba, seguindo em linha reta ao extremo sul da Corrixa-Grande, salvando as povoações brasileiras e bolivianas, que ficarão respectivamente ao lado do Brasil e da Bolívia, do extremo sul da Corrixa-Grande em linha reta ao morro da Boa Vista e aos Quatro Irmãos, destes, também em linha reta, até as nascentes do rio Verde, baixando por este rio até a sua confluência com o Guaporé e pelo meio deste e do Mamoré até o Bene, onde principia o rio Madeira.

Livre comércio e navegação nos rios comuns aos dois estados; tratado e extradição.

Proibição a ambos os países de empregar no seu serviço indivíduos que desertarem de mar ou de terra, devendo ser presos e entregues os soldados e marinheiros desertores. 


FONTE: Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro 1844 - 1885, página



16 de junho

1868 -  Governo de MT torna obrigatória a vacinação




O presidente da província de Mato Grosso, Barão de Aguapey, através da sanção da lei 574, torna obrigatória a vacinação em Cuiabá, nos seguintes termos:

Artigo 1º -Nenhuma pessoa, ainda mesmo com residência temporária dentro da município da Capital, é isenta da vacina, Excetuam-se desta regra:

§ 1° - Os indivíduos que já houveram sido vacinados e provarem a sua vacina com atestado do respectivo comissário.

§ 2° - Os que tiverem sofrido de varíola, e os que seu estado valetudinário não quiserem sujeitar-se a essa operação.

Artigo 2° - Os pais de família são responsáveis não só pela vacina de suas mulheres e filhos, como também pela de seus domésticos.

Artigo 3° A disposição do artigo antecedente entendem-se também com os tutores e curadores de menores púberes e impúberes.

Artigo 4° - A pessoa que for encontrada sem ser ainda vacinada, e aquela que tendo sido não apresentar mo oitavo dia, depois de verifica a vacina, ao respectivo comissário para a extração do pus, fica sujeito a multa de 10$000 que será cobrada na forma dos Regulamentos fiscais, além da pena de prisão por três dias, que será imposta, mediante as formalidades legais, pela autoridade competente.

Artigo 5° - O comissário vacinador será obrigado a fornecer aos vacinados o atestado de que trata o artigo 1°.

A obrigatoriedade da vacina passou a dispor de todos os códigos de posturas municipais da província.

FONTE: Coleção de leis da Provincia de Mato Grosso de 1825 a 1912, página 3 (1868)
FOTO: meramente ilustrativa.

16 de junho

1892 Fim do golpe: coronel Barbosa abandona Corumbá



Derrotado em todas as frentes, a partir da reação armada do coronel Generoso Ponce em Cuiabá e de Jango Mascarenhas em Nioaque e região Sudoeste, e abandonado por seus próprios camaradas de rebelião, em Corumbá, o coronel José Barbosa (foto), que chefiou o golpe contra o governo de Manoel Murtinho, a partir de Corumbá, perde o comando militar de Mato Grosso e deixa o Estado:

...compreendeu que não tinha mais remédio o mal, e depois de ter consultado a oficialidade, resolveu finalmente abandonar Corumbá, o que efetivamente fez no dia 16 às dez horas da noite, sob um segredo conhecido somente por ele, a oficialidade e o cidadão Cibilis, proprietário da lancha que o levou até Assunção.


Antes de assumir o comando militar do Estado, em Corumbá, o coronel Barbosa foi comandante do 7° Regimento em Nioaque. Em 1897, como general de brigada serviu na Bahia na guerra de Canudos contra Antonio Conselheiro.




FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque, evolução histórica e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1982,página 101.






16 de junho


1911Batalha de Areias entre Gomes e Bento Xavier



O major Gomes (foto), comandante de polícia de Bela Vista e das tropas legalistas no Sul do Estado trava sua última batalha com a coluna de Bento Xavier, o revolucionário que defendia a divisão do Estado. Este choque ficou conhecido como o combate de Areias. O relatório oficial é do comandante legalista:

A 16, pelas duas horas da manhã, prossegui a marcha ao encontro do inimigo e às 9 horas da manhã do mesmo dia descobri-os pela fumaça dos fogões dos rebeldes, acampados na cabeceira das Areias, lugares estes cobertos por espessos cerrados e brejos que lhes dava seguro apoio pelos dois flancos. Em seguida mandei os Alferes Irineu Mendes e Rodrigues Peixoto com dois piquetes em comum, fazer o devido reconhecimento do terreno para entrar em ação, a que já foi feito a vivo fogo. Nos primeiros disparos, mandei toda a força avançar, deixando uma retaguarda muito bem organizada. O choque da nossa força foi tão impetuoso que dentro de 10 minutos estabeleceu-se a confusão na força inimiga, fugindo os desta espavoridos pelas matas deixando no campo de ação 5 mortos, 3 feridos graves, 200 cavalos (quase todos arreiados), quarenta e poucas armas muito inutilizados, mais de 50 bolsas com balas, 60 lanças com bandeirolas, a bandeira revolucionária, alguns revólveres, mais de 80 ponchos e palas, muitos “parelhos” de roupa nova e diversos insignificantes objetos. Caíram prisioneiros 30 homens, todos recrutados por Bento Xavier, entre eles os fazendeiros Gabriel de Almeida, Manoel Jorge das Neves, Frederico de Almeida e Adamastor de Carvalho, nossos correligionários. Dos nossos, saíram somente feridos o bravo Alferes Rodrigues Peixoto e o Sargento de Polícia Cavalheiro Dantas. 


Seguindo no mesmo momento a força em perseguição dos fugitivos da horda Bentista, os encontramos a uma légua de distância do teatro da luta em uns brocotões de serra e mataria, feriu-se novo tiroteio infrutífero por se terem embrenhado nas matas. Regressando nossa força ao acampamento, para cuidar dos feridos, reunir a cavalhada extraviada, etc., acampamos.




FONTE: Relatório do major Gomes ao governo do Estado, Bela Vista, 11/09/1911.

FOTO: acervo de Paulo Coelho Machado.




quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

7 de janeiro

7 de janeiro
1887 – Epidemia de cólera em Corumbá





Relatório do presidente da Câmara Municipal, Antônio Antunes Galvão, aos demais vereadores, aponta a principal causa da cólera que ataca a população da cidade e revela números da tragédia : “Há muito a nossa cidade precisa de saneamento que não se tem podido realizar. Pelo obituário comparado ao Rio de Janeiro, cidade taxada de pestilenta, vê-se que aqui morre sempre 8 a 10 vezes mais que naquela cidade”.

A propósito, a historiadora Lucia Salsa Correa, observa:

No período de 1867, ocasião da retomada de Corumbá, até o ano de 1920 a cidade padeceu com o surgimento de 34 epidêmicos, dos quais a Varíola foi a mais frequente, malgrado as campanhas e os esforços quase sempre infrutíferos das autoridades municipais.

A desastrosa epidemia de cólera em Corumbá (1886/1887), por exemplo, conforme detalhados relatórios do então presidente da Câmara Municipal, provocou uma profunda crise em todos os setores da cidade, desenvolvendo-se de forma avassaladora. Um cálculo aproximado revelou ter sido em número de mil as pessoas atingidas pelo Cólera em Corumbá, sendo que as autoridades locais não possuíam de fato meios adequados para enumerar e avaliar as perdas e danos causados nessas circunstâncias.

Quanto a origem da doença, além do contágio através do porto e da absoluta falta de saneamento básico na vila, "os aspectos mais dramáticos das epidemias parecem ter sido o abandono dos doentes pobres pelas ruas e até de cadáveres, a falta de medicamentos e de hospitais mesmo provisórios, além das fugas em massa da população para os campos, o que causava maior descontrole sobre as doenças e os óbitos".

Até a década de 18 do século XX, esse quadro de vulnerabilidade às endemias perdurou na cidade, vindo a rarear a partir de 1918, quando Corumbá e outros municípios do Estado, entre eles Campo Grande, foram alcançados pela temível gripe espanhola.

FONTE:  Lúcia Salsa Correa, Corumbá: um núcleo comercial na fronteira  de Mato Grosso 1870 - 1920, edição da autora, Corumbá, 1981, página 92.


7 de janeiro

1921 - Greve no porto de Corumbá isola Cuiabá

Paralisação dos trabalhadores no porto de Corumbá que já dura mais de um mês e uma super enchente no rio São Lourenço, que interrompeu as comunicações com a capital, isolaram Cuiabá. A crise tem repercussão em todo o Brasil, aqui resumida pelo Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro:

" Há cerca de um mês todo o pessoal da navegação declarou-se em parede, estando amarradas embarcações em Corumbá e suspensas assim as comunicações com Cuiabá.

O governo do Estado tem procurado conciliar os paredistas com os armadores, mas até agora sem resultado positivo.

É difícil a situação, pois isolando a capital, está criando embaraços de toda a ordem ao comércio e à população.

A extraordinária enchente do rio São Lourenço interrompeu as comunicações telegráficas com o sul do Estado, havendo aqui cerca de oitocentos despachos que não podem seguir o seu destino.

O general Rondon, que visitou a zona de interrupção, comunica que é impossível o restabelecimento das linhas antes da vazante, pois os fios estão em baixo.

A diretoria dos Telégrafos prestaria grande serviço determinando que S.Paulo encaminhe os telegramas para o Sul do Estado, inclusive Corumbá, por intermédio da Paulista e da Noroeste".¹ (Jornal Commercio 7/1/1921)

A greve, ainda segundo a imprensa carioca reinvindica aumento salarial e é pacífica.

A navegação começou a ser normalizada no dia 21 de janeiro: 

"Devido aos esforços do comandante da Circunscrição Militar, ficou restabelecido definitivamente o tráfego fluvial, tendo já algumas lanchas subido o rio em viagem para diferentes destinos".²

FONTE: ¹Jornal do Commercio (RJ) 07/01/1921, ²O Jornal (RJ), 22/01/1921.


7 de janeiro

1930 - Tomam posse prefeito e vereadores de Campo Grande





São empossados o último intendente geral Antero Paes de Barros e os vereadores de Campo Grande da chamada República velha, abolida pela revolução de Getúlio Vargas, no dia 10 de outubro. O ato é registrado pelo Jornal do Comércio:

"Conforme fora previamente anunciado, realizou-se ontem ao meio dia, no Paço Municipal, a solenidade de compromisso e posse dos vereadores e intendente que administrarão o município no triênio de 1930 a 1932.

Depois de empossados os vereadores, estes elegeram o seu presidente o dr. J.P. Teixeira Filho. Em seguida, a câmara deferiu o compromisso ao Intendente, cel. A. Antero Paes de Barros. Após o ato, o presidente da Câmara proferiu uma brilhante alocução com a qual frisou, que tanto ele, como seus companheiros de Conselho, se sentiam animados dos melhores sentimentos no sentido de promoverem por todos os meios possíveis, o engrandecimento e progresso do Município.

Usou depois da palavra o intendente Cel. Antero de Barros que, em eloquente discurso, explanou as suas ideias sobre o que já se tem feito em Campo Grande e quais as obras que em sua administração pretende levar a efeito para que o nosso município atinja o ponto culminante que lhe será reservado, esperando a sincera e leal colaboração do legislativo para conseguir o seu desideratum.

À cerimônia estiveram presentes as autoridades, pessoas gradas e grande massa popular".

Assumiram ainda os vereadores Martinho Barbosa Martins, Aureliano Pereira da Rosa, Arnaldo Estevão de Figueiredo, Sebastião Inácio de Sousa, Nestor Martins Costa, José Marcondes Olivetti, José Jaime Ferreira de Vasconcelos, Plotino de Aragão Soares e Victor Pace. 


FONTE: Jornal do Comercio (Campo Grande) 8 de janeiro de 1930.  

terça-feira, 1 de março de 2011

11 de julho

11 de julho

1867 - Brasileiros batem paraguaios no combate de Alegre

Flotilha brasileia que retornava de Corumbá, onde aconteceu a retomada em 11 de junho, é abordado por vapores paraguaios nas águas do rio São Lourenço, entre Corumbá e Cuiabá e repete a heroica façanha de 28 dias atrás, infringindo ao inimigo mais uma fragorosa derrota. O relato é do comandante em parte ao presidente da província:

"Larguei o aterro do Bananal no dia 10 do corrente mês com os vapores Antonio João, Corumbá e Jauru, a fim de dar reboque à força que se retirava da vila de Corumbá, sob o comando do tenente-coronel Antonio Maria Coelho, que, segundo comunicações que me havia feito, devia achar-se nesse dia no rio São Lourenço.

Havendo, porém, o vapor Corunbá sofrido grande desarranjo em uma das rodas ao passar uma das mil dificuldaveis voltas do bracinho do Bananal, segui águas abaixo com os dois outros até o Sará, onde encontrei na madrugada do dia seguinte o tenente-coronel Antonio Maria Coelho com o 1° batalhão provisório, achando-se já no Alegre os corpos comandados pelos majores Costa e Nunes da Cunha.

Dando o vapor Antonio João reboque a quatro embarcações e o Jauru a duas, em que se achavam as praças infectadas de varíola, subimos até o Alegre e reunimo-nos à força que aí se achava, amarrando-se o Jauru à margem direita para evitar o contato com a força acampada em terra.

Às 3 e meia da tarde desse mesmo dia 11, recebi aviso de que se aproximava um vapor inimigo, e mandando imediatamente tocar a postos vi, momentos depois, subindo rapidamente o rio, um elegante vapor de grande força, que me pareceu ser o Salto de Guairá, e dirigindo-se ao vapor de meu comando rompeu contra ele um nutrido fogo de metralha, que foi muito bem respondido pela artilharia e mosqueteria do Atonio João, tanto que o obrigou a voltar-se para o Jauru, do qual apossou-se por abordagem, sem contudo deixar de responder ao fogo que, sem cessar, lhe fazia o Antonio João e a força que se achava em terra.

Destroçada a guarnição do Jauru e substituída por Guayrá ocupar posições avante do Antonio João, donde metralhava-o e a força de terra.

Vendo depois que o Jauru já descia o rio abandonou o combate e foi esperá-lo embaixo, evitando por sua superior marcha, a abordagem que então lhe propunha o Antonio João, e havendo eu perdido a esperança de alcançá-lo, voltei-me contra o Jauru, que foi abordado e retomado tão depressa que nem tempo teve o inimigo de içar seu pavilhão e nem usar a artilharia do navio.

A maior parte da guarnição paraguaia foi morta, inclusive o oficial comandante, o resto lançou-se ao rio ou foi entregar-se à força de terra.

Enquanto o inimigo dirigia-se para o Jauru ouvi os gritos do comandante Antonio Maria da Costa que me chamavam a receber mais força para abordagem, o que fiz com perda de terreno, embarcando o capitão de comissão Feliciano Caliope Monteiro de Melo com os alferes José Luiz Moreira Serra, João Luiz Pereira, Joaquim Ferreira da Cunha Barbosa, todos do 1° corpo de guardas nacionais destacados, com 55 praças desse corpo e 3 do 1º batalhão provisório de infantaria.

FONTE: Jornal do Comercio (RJ), 20 de outubro de 1867.



11 de julho


1900Nasce em Cuiabá Filinto Muller 



Militar e político, foi uma das mais controvertidas figuras de nossa história nos meados do século passado. Como militar participou do movimento tenentista de 1922, da revolução paulista de 1924 e da resistência de Catanduva, no Paraná, sob o comando do general Isidoro. Trabalhou desde a fase conspiratória da revolução de 30, que levaria Getúlio Vargas ao poder. Em 1932 é nomeado chefe de polícia do Distrito Federal, onde permaneceu por dez anos. Nesta função, o seu ato mais notável foi a entrega ao regime nazista de Adolf Hitler na Alemanha, da judia Olga Benário, mulher do líder comunista Luis Carlos Prestes, episódio celebrizado nos livros “Falta alguém em Nuremberg” e “Olga”, dos jornalistas David Nasser e Fernando Moraes, respectivamente.

Como político, foi nos últimos tempos de seus quatro mandatos de senador por Mato Grosso, um dos mais influentes do país, alcançando a liderança do governo militar e a presidência do Senado. Sua primeira eleição para o Congresso foi em 1947, reeleito sucessivamente, em 1954, 1962 e 1970. Morreu em 1973, dia de seu aniversário, em desastre de avião em Paris. Seu domicílio eleitoral sempre foi em Campo Grande.




FONTES:(1) Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Matogrossense, edição do autor, Campo Grande, 1971, página 116. (2) Philadelpho Garcia, A versão e o fato, Editora Branco e Preto, Londrina, 1994, página 23. 



11 de julho

1931 - Sargento rebelde é promovido post mortem

Notícia do Correio da Manhã, do Rio, dá conta da promoção concedida pelo presidente Getúlio Vargas ao sargento Aquino, fuzilado em Corumbá, por ordem do comandante do 17° BC, onde servia, por liderar um motim, em 1925:

O governo federal praticou um ato de elevada justiça e humanidade, promovendo ao posto de 2° tenente, post mortem, o malogrado sargento Antonio Correa de Aquino, criminosamente fuzilado pelas forças da feroz legalidade bernardesca, em Mato Grosso, durante o estado de sítio de Bernardes, o tirano doublé em revolucionário, que, ao que já se sabe, anda agora metido a conspirador contra o novo estado de coisas.

Assim procedendo, a administração federal ampara os que a morte daquele martir da revolução deixou na miséria e homenageia um servidor da causa nacional, que não poderia ter ficado esquecido, principalmente quando o governo passado teve todo o empenho em amparar o oficial que ordenou o seu bárbaro fuzilamento, ocorrido em condições já bastante divulgadas.

FONTE: Correio da Manhã (RJ), 11/06/1931.



11 de julho

1932Vespasiano Martins toma posse


Vespasiano Barbosa Martins e o general Bertold Klinger
Deflagrada a revolução paulista no dia 9, com a adesão dos militares de Campo Grande e demais cidades do Sul, menos Corumbá e Ladário, assume a chefia do governo revolucionário de Mato Grosso, com sede em Campo Grande, o prefeito Vespasiano Martins, nomeado pelo general Klinger, o comandante militar do movimento paulista. 

Demosthenes Martins, que participou da rebelião, depõe:


A 11 de julho, entre entusiásticas demonstrações de rigosijo popular, se instalava em Campo Grande o governo civil constitucionalista de Mato Grosso, empossado no cargo de governador o Dr. Vespasiano Barbosa Martins, nomeado pelo general Klinger, chefe do movimento no Estado. Este ato foi presidido pelo coronel Oscar Saturnino de Paiva, comandante da Circunscrição Militar, estando presentes as mais altas patentes militares da guarnição, grande número de pessoas representativas da cidade, autoridades civis e populares.


Os primeiros atos do governador, empossado inicialmente como interventor, foram as nomeações do dr. Arlindo de Andrade Gomes, secretário geral do Estado, do major do Exército Sebastião Rabelo Leite, sub-chefe de polícia, do dr. Artur Mendes Jorge Sobrinho, prefeito da cidade, de Ladislau Lima, delegado de polícia do município. Posteriormente, outras nomeações foram feitas, como a do dr. Dolor Ferreira de Andrade, para secretário do governador e do sr. Francisco Bianco Filho, para diretor da Imprensa Oficial.



FONTE: Demósthenes Martins, História de Mato Grosso, edição do autor, Campo Grande, sd., página 108.






11 de julho


1980Marçal fala ao Papa



Num dos momentos mais marcantes da primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil, o cacique guarani Marçal de Sousa, da aldeia Campeste de Antônio João, faz discurso de improviso em solenidade em Manaus, abordando temas de interesse das nações indígenas:

Santidade João Paulo II eu sou representante da grande tribo Guarani, quando nos primórdios, com o descobrimento dessa grande pátria, nós éramos uma grande nação e hoje eu não poderia como representante dessa nação, que hoje vive à margem da chamada civilização, Santo Padre, não poderíamos nos calar pela sua visita nesse país.
Como representante, porque não dizer de todas as nações indígenas que habitam este país que está ficando tão pequeno para nós e tão grande para aqueles que nos tomaram esta pátria.


Somos uma nação subjugada pelos potentes, uma nação espoliada, uma nação que está morrendo aos poucos sem encontrar o caminho, porque aqueles que nos tomaram este chão não têm dado condições para nossa sobrevivência, Santo Padre.
Nossas terras são invadidas, nossas terras são tomadas, os nossos territórios são diminuídos, não temos mais condições de sobrevivência. Pesamos a Vossa Santidade a nossa miséria, a nossa tristeza pela morte de nossos líderes assassinados friamente por aqueles que tomaram o nosso chão, aquilo que para nós representa a nossa própria vida e a nossa sobrevivência nesse grande Brasil, chamado um país cristão.


Represento aqui o Centro-Sul desse grande país, a nação kaingang que recentemente perdeu o seu líder; foi assassinado Pankaré, no nordeste. Perdeu o seu líder porque quis lutar pela nossa nação. Queriam salvar a nossa nação, trazer a redenção para nosso povo, mas não encontrou redenção, mas encontrou a morte. Ainda resta uma esperança para nós com a sua visita, Santo Padre, o senhor poderá levar fora dos nossos territórios , pois nós não temos condições, pois somos subjugados pelos potentes. A nossa voz é embargada por aqueles que se dizem dirigentes desse grande país. Santo Padre, nós depositamos uma grande esperança na sua visita ao nosso país. Leve o nosso clamor, a nossa voz por outros territórios que não são nossos, mas que o povo, uma população mais humana lute por nós, porque o nosso povo, a nossa nação indígena está desaparecendo no Brasil. Este é o país que nos foi tomado. Dizem que o Brasil foi descoberto, o Brasil não foi descoberto não, Santo Padre, o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas do Brasil. Esta é a verdadeira história. Nunca foi contada a verdadeira história do nosso povo, Santo Padre. Eu deixo aqui o meu apelo. Apelo dos 200 mil indígenas que habitam, lutam pela sua sobrevivência nesse país tão grande e tão pequeno para nós, Santo Padre. Depositamos no Senhor como representante da igreja católica, chefe da humanidade, que leve a nossa esperança e encontre repercussões no mundo internacional. Esta é a mensagem que deixo para o Senhor.


Marçal foi assassinado na farmácia onde trabalhava como enfermeiro, em Antônio João, a 25 de novembro de 1983.



FONTE: DOSSIÊ MARÇAL TUPÃ I, 12.


sábado, 22 de janeiro de 2011

10 de janeiro

10 de janeiro



1865 – Comandante paraguaio comemora sucesso da invasão de Corumbá 






O coronel Vicente Barrios, comandante paraguaio que ocupou Corumbá, em 3 de janeiro, comunica ao seu ministro da guerra o resultado da missão:

...Tenho a honra de participar à V. Exa. que se acham em nosso poder Albuquerque e Corumbá.


O pavilhão nacional tremula nesta última, desde o dia 3 do corrente, dia de minha chegada.

A população brasileira e a guarnição destes pontos tinham-se retirado antes de nossa chegada por notícias transmitidas oportunamente pelo Barão de Vila Maria, segundo declarações tomadas.


Estamos, pois, de posse destes pontos sem queimar um só cartucho, tendo sido a fuga do inimigo tão precipitada, que deixou, como em Coimbra, toda a artilharia, armamento geral, munições e petrechos de guerra.



FONTEJorge Maia, A invasão de Mato GrossoBiblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 1964, página 214


10 de janeiro


1903 - Debelada peste bubônica em Corumbá

Em sua mensagem anual à Assembleia Legislativa, o presidente de Mato Grosso, coronel Antonio Pedro Alves de Barros, dá conta de controle e extinção da foco de febre bubônica em Corumbá:

"Entretanto nesta capital reapareceu a varíolaque foi logo atalhada em sua marcha, não tendo chegado a produzir casos fatais; e em Corumbá além da varíola, grassou por algum tempo, a peste bubônica.

Logo, porém, que foi ali constatado o aparecimento deste morbus epidêmico tomei todas as providências conducentes a obstar o seu desenvolvimento e propagação, solicitando do governo da União a pronta nomeação do inspetor de saúde do porto e a remessa de medicamentos e outros socorros e nomeando por minha vezdelegados de higiene da cidade infeccionada, o dr. José Carmo da Silva Pereira e de S. Luis de Cáceres o dr. Arthur Lobo da Silva.

Tenho a satisfação de poder informar-vos que, graças às providências tomadas, a peste pode ser circunscrita ao lugar de seu aparecimento, achando-se hoje extinta".


FONTE: Presidente Antonio Pedro Alves de Bsrros, Mensagem à Assembleia Legislativa, Cuiabá, 10 de janeiro de 1903.


10 de janeiro

1916 – Vereador propõe construção de poço artesiano


Segundo J. Barbosa Rodrigues, o vereador Francisco Gomes Veado, de Campo Grande, encaminha à mesa da Câmara nessa data a seguinte proposição:

Indico que o sr. Intendente Geral providencie no sentido do Engenheiro Municipal proceder aos estudos e elaborar orçamentos para a abertura de um poço artesiano e um lago para depósito de águas na Praça Municipal.

FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980.



10 de janeiro

1917 – Mato Grosso sofre intervenção federal






Com o fim da Caetanada, como ficou conhecido o movimento armado entre a oposição e o governo do presidente Caetano de Albuquerque, a renúncia deste e de todos os deputados estaduais, o presidente da República, Wenceslau Braz, decreta em intervenção no Estado e nomeia interinamente para interventor o bacharel Camilo Soares de Moura Filho (foto). A medida vigoraria até o ano seguinte quando, por consenso de todos os partidos, é eleito como candidato único, o bispo de Cuiabá, dom Aquino Correia para um governo de conciliação.

O decreto de intervenção na íntegra:

O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil:

Considerando que o Poder Executivo no Estado de Mato Grosso deve ser exercido por um cidadão com título de Presidente;

Considerando que em caso de renúncia deste, assumirá o governo o 1°, 2° ou 3° Vice-Presidente, e se os três houverem também renunciado, serão sucessivamente chamados ao Governo do Estado o presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente da Câmara Municipal da Capital;

Considerando que se acham vagos não só os lugares de presidente e vices-presidentes do Estado, como também os de deputados à Assembleia Legislativa e de presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, e todos pedirem a intervenção federal;

Considerando que é caso de intervir no Estado o Executivo Federal, afim de por termo à acefalia política e administrativa e eleger novos detendores do Poder Legislativo e do Executivo; 

Considerando que as renúncias do presidente e respectivos substitutos legais se tornaram efetivas exatamente para dar lugar à intervenção federal dos novos presidente, vice-presidentes e deputados;

Considerando que a desordem ainda campeia naquela parte da federação e urge restabelecer ali o império da lei;

Resolve intervir no Estado de Mato Grosso de acordo com o art. 6°, ns. 2 e 3 da Constituição da República, nomeando para representá-lo nesse ato de exercício da autoridade federal o bacharel Camilo Soares de Moura Filho, que prorrogará o orçamento da receita e da despesa vigente em 1916, terá vencimento mensal de três contos de réis, pagos pelos cofres estaduais, e observará as instruções expedidas em meu nome, pelo ministro da Justiça e Negócios Interiores. Rio de Janeiro, 10 de janeiro de mil novecentos e dezessete, nonagésimo cesto a Independência e vigésimo nono da República - Wenceslau Braz P. Gomes. - Carlos Maximiliano Pereira dos Santos.² 

 
FONTE: ¹Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição), edição do autor, Cuiabá, 1973, página 34. ²Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Cuiabá, 1967, página 110.


10 de janeiro

1941 - Assume o primeiro pároco da igreja de Dourados

Casa paroquial e primeira igreja de Dourados

Criada em 3 de outubro de 1935, assume a direção da paróquia de Dourados, o franciscano frei Higino de Latteck. "Naquele tempo - infere o historiador - a cidade de Dourados tinha cerca de 2.000 habitantes e no território da paróquia perto de 20.000". 

O pároco tinha como auxiliar na tarefa de implantação da igreja na localidade o Irmão Frei Higino Modesto Rabzod que, diligentemente, "construiu uma boa casa de madeira para servir de residência". A maior preocupação do sacerdote era a concorrência com os evangélicos no trabalho de evangelização dos índios Caiuás, que moravam nos arredores do patrimônio. Fundou uma missão na aldeia e em pouco tempo registrou o resultado da catequese:

Muitas vezes já estive no Posto dos Índios rezando a S
ta. Missa, pregando as verdades da fé aos indígenas. Com auxílio de Deus deu com resultado este trabalho verdadeiramente pesado. Algumas famílias já deixaram a crença do Protestantismo, que lá tomou conta há muitos anos. Já batizei 28 índios.


FONTE: Frei Pedro Knob, A missão franciscana do Mato Grosso, Custódia Franciscana das Sete Alegrias de Nossa Senhora, Campo Grande, 1988, página 65.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...