segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

23 de fevereiro

23 de fevereiro

1870 - Corumbá recebe o frei Mariano



Procedente de Cuiabá, onde foi nomeado vigário de Corumbá, chega à cidade, frei Mariano de Bagnaia. Seu retorno ao Sul do Estado, foi noticiado no Rio de Janeiro:

MATO GROSSO - Comunicam-nos de Corumbá, que àquela vila chegara no dia 23 de fevereiro p.p. o missionário apostólico Frei Mariano de Bagnaia.

O ilustre missionário teve uma recepção estrondosa. Desceu ao porto o batalhão com toda sua oficialidade e música e rodeado de imenso povo a recebê-lo. A alegria e o júbilo enchiam todos os corações e se manifestavam em todos os semblantes pelo feliz regresso do incansável missionário.

Altos juízos de Deus! cinco anos antes, da vila de Miranda, hoje arrazada e deserta, o mesmo missionário escoltado por 25 soldados paraguaios era levado prisioneiro para o Paraguai, onde sofreu um longo e cruel martírio! Cinco anos depois, na vila de Corumbá era Frei Mariano escoltado por 25 músicos de batalhão que o recebiam em triunfo! "...Cum ipso sum in tribulatione...Quoniam in me speravil, liberabo eum (Ps 90)".

O primeiro cuidado de Frei Mariano apenas chegado, foi reconstruir e reconciliar a igreja da vila, que fora arrasada pelos paraguaios, cometendo até dentro dela um assassinato e servindo-se da madeira para fazerem trincheira.

A reconciliação foi feita com toda pompa e solenidade, havendo missa cantada e Te-Deum, cuja música foi dirigida pelo distinto coronel Hermes, comandante daquela fronteira, que muito tem coadjuvado as obras da igreja.

Pregou Frei Mariano e tomou por tema do sermão a história de Neemias, cuja analogia ao caso não podia ser mais perfeita.


FONTE: O Apóstolo (RJ), 15 de maio de 1870.



23 de fevereiro


1911 - Construção do paço municipal de Campo Grande


Vista para a atual avenida Afonso Pena, esquina Calógeras

Os construtores Amando de Oliveira e Antônio Gonçalves Fagundes firmam contrato com a Intendência Municipal para construção do edifício da Intendência, da Câmara Municipal e da cadeia pública.
O prédio deveria obedecer às seguintes especificações:


a) 16 metros de frente x 8 m de fundo e 3,80 m de pé direito e mais 0,80 de platibanda;


b) sete compartimentos assoalhados e formados de madeira de lei, devendo as prisões serem assoalhadas de pranchões de cerne e ter no mínimo 0,10 de espessura;


c) alicerces em alvenarias de pedras, que se elevará até o nível do assoalho, de onde se iniciará a alvenaria de tijolos, devendo os alicerces das prisões terem 50 cm mais do que os outros.


d) cobertura de telhas de boa qualidade, assentadas em caibros e ripas serradas e de madeira de lei;


e) amarramentos e vigamentos de madeira de cerne;


f) rebocada com cal e areia e caiada internamente, acimentadas as molduras da frente.


g) pintura a óleo e com duas mãos de tinta em todas a portas e janelas, bem como as paredes interiores serão caiadas;


h) passeio de pessoas de tijolos na largura de 1,50 m na frente do edifício;


i) janelas e portas exteriores com 2 folhas de almofadas, sendo também envidraçadas, com 2 folhas cada uma, as janelas destinadas para o paço municipal;


j) as janelas das prisões levarão também grades de ferro;


k) as paredes laterais terão de espessura: das prisões, no mínimo 40 cm e das demais 27 cm e a interiores: das prisões, 27 cm e das demais 15 cm.
O pagamento dos 20 contos de réis aos contratados, preço e quantia para o que propuseram a execução das referidas obras será em quatro prestações iguais: 1a. no respaldo dos alicerces; 2a no respaldo das paredes; 3a depois de coberta; e 4a na entrega do edifício.” 


Inaugurado dois anos depois à Avenida Marechal Hermes (atual Afonso Pena) esquina com a Santo Antônio (Calógeras), o prédio abrigou a prefeitura e a Câmara Municipal até meados da década de 70, quando foi vendido e domolido pelos novos proprietários. Atualmente (2014) funciona no local uma agência do Bradesco. Não se tem notícia de que no local tenha funcionado a cadeia de que trata o referido contrato.


Pela municipalidade assinou o documento, o intendente geral do município, José Santiago.


Antes da construção do prédio, a prefeitura funcionava na casa do prefeito, onde eram realizadas também as reuniões da câmara municipal.


FONTE: Arquivo Municipal de Campo Grande (Arca), Livro de contratos da Intendência de Campo Grande, livro 126 b
FOTO: Album Graphico de Matto-Grosso, Corumbá-Hamburgo, 1914.




23 de fevereiro

1964 - Iniciada a linha de transmissão entre Jupiá e Campo Grande




Usina de Jupiá em construção



Com a inauguração da primeira torre entre Três Lagoas e Campo Grande, chega ao Sul de Mato Grosso o marco inicial da energia hidrelétrica da usina de Jupiá, a primeira do complexo de Urubupungá. Ao ato, presidido pelo governador Fernando Correa da Costa, compareceu o representante do governador de São Paulo (Ademar de Barros) e da Celusa (Centrais Elétricas do Urubupungá S/A), José Aflalo Filho, que discursando na ocasião, ressaltou a importância do empreendimento em seus aspectos sócio-econômicos, com destaque para a questão industrial:

"No momento em que a mais grave crise de energia elétrica ronda ameaçadoramente diversos estados da União, impondo racionamentos e medidas outras tendentes a evitar um colapso total, rejubila-se o Estado de São Paulo em vir trazer aos matogrossenses este marco que significa, praticamente, para a região sul deste grande Estado, imprescindível fator de progresso.

"Na verdade, a entrada em operação da usina de Jupiá, em construção pela Centrais Elétricas de Urubupungá S/A - CELUSA, prevista para 1966, e a construção da linha de transmissão Jupiá-Mimoso-Campo Grande, que hoje iniciamos, são elementos que, com certeza, nos asseguram aquela previsão.

"Não poderia, entretanto, falar nesses empreendimentos sem ressaltar a atuação do ilustre governador de São Paulo, dr. Ademar de Barros. Eles, nos dias de hoje, são entusiásticas realidades graças ao descortínio de S. Exa. que, deixando de lado egoísmos regionais, compreendeu perfeitamente o significado de Urubuoungá.

"Essa obra que irá beneficiar toda a região Centro-Oeste do país, ou melhor, seis estados da federação - Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e São Paulo - mereceu do governador Ademar de Barros toda especial atenção, tanto assim que, mesmo da difícil conjuntura econômica por que atravessa a Nação, tem dado todo o apoio financeiro às usinas do conjunto Urubupungá. Sim, porque além de Jupiá, o timoneiro dos paulistas, com sua larga experiência administrativa, já tomou as primeiras providências para o início da hidrelétrica de Ilha Solteira.

"Por outro lado, esta linha de transmissão, situada neste Estado, trazendo benefícios unicamente para Mato Grosso, nem por isso deixou de merecer todo o interesse de S.Exa., que não só autorizou a sua imediata construção como também desejou estar presente a esta festa comemorativa como marco de uma nova era de progresso.

"Justifica-se nossa alegria por esta comemoração. Velha e justa aspiração do Estado de Mato Grosso hoje se torna realidade.

“Os anseios dos nossos laboriosos irmãos mato-grossenses têm a sua razão de ser. No setor industrial, mormente no da metalurgia a existência de energia abundante acentua a instalação de indústrias pesadas. Esta tendência, já manifestada em São Paulo desde 1940, com a criação dos parques industriais de Moji das Cruzes, Taubaté, Sorocaba e Piracicaba, com as usinas e fábricas em funcionamento, é prova insofismável. Em Corumbá, por exemplo, já existe um alto forno a carvão de madeira, que opera minério de ferro e manganês de Urucum. Com energia abundante, novas indústrias siderúrgicas florescerão nesta vasta região, até hoje tolhida em seu anseio de expansão pela falta deste elemento de infra-estrutura.


"Quanto aos aspectos econômico-sociais, deve-se assinalar que ao longo desta linha de transmissão se dará, futuramente, a completa integração dos que aqui vivem.

"Foi tendo em vista estes aspectos que o Exmo. governador de Mato Grosso, Fernando Correa da Costa tornou-se um dos grandes baluartes na luta pela construção do conjunto de Urubupungá, que uma vez realizado, concretizará a sua previsão consubstanciada na reunião de 1951 dos governadores da Bacia do Paraná e da indicação em 1955, que pedia para a construção de Urubupungá a prioridade nas atividades da Comissão Interestadual que representa os estados que a compõem.

"Ainda o ilustre homem público que dirige os destinos de Mato Grosso fez deste Estado o terceiro acionista da CELUSA, circunstância que hoje tem a consequência deste benefício."


A energia de Urubupungá chegaria a Campo Grande antes do final do década. 



FONTE: revista BRASIL OESTE, n° 90. Página 22

 



23 de fevereiro


2011 - Murilo Zauith toma posse na prefeitura de Dourados


Escolhido em eleição extraordinária, para preencher a vaga deixada com a renúncia do prefeito Ari Artuzi, assume a prefeitura de Dourados o ex-vice-governador Murilo Zauith (DEM) e sua vice Dinaci Ranzi (PT). O ato foi prestigiado pelo governador André Puccinelli. O mandato será encerrado no dia 1° de janeiro de 2012. Veja o discurso de posse do novo prefeito.



FONTE: o autor, com vídeo de Maurício Nantes cedido pela viamorena.com

22 de fevereiro

22 de fevereiro

1865 - Frei Mariano entrega-se ao exército paraguaio em Miranda

Igreja do frei Mariano no início do século XX, restaurada por fiéis

Frei Mariano de Bagnaia, pároco de Miranda, que, com outros brasileiros de sua paróquia, se refugiara no Pantanal, retorna ao vilarejo com a intenção de salvar sua igreja. O ensejo de sua prisão é descrito por Taunay no II capítulo de seu livro Retirada da Laguna:

A 22 de fevereiro de 1865, deixando Frei Mariano as margens do Salobro, onde se refugiara, ao aproximar-se da invasão, viera, de moto próprio, entregar-se aos paraguaios, no intuito de lhes pedir compaixão para com a desventurada paróquia. Ao chegar à vila, fora-lhe o primeiro cuidado correr à matriz, objeto de sua mais viva solicitude. Desolador espetáculo o esperava: altares derribados, as imagens santas despojadas dos adornos, enfim todas as mostras da profanação. Ao presenciá-lo, dele se apoderou tal sentimento de indignação e de desespero, que não pode dominar-se. Imediatamente e em tom retumbante, à frente do chefe paraguaio e seus comandados, pronunciou solene anátema contra os autores de tal atentado. Ouviram-no todos cabisbaixos, como se esta voz severa fosse de algum daqueles Padres que outrora lhes havia catequizado os antepassados, esforçando-se o comandante em convencer o missionário que os únicos culpados eram os Mbaias (Índios).

Lavado em lágrimas, corria o santo homem de altar em altar, como para verificar os ultrajes praticados contra cada um dos objetos de sua veneração. Só após minuciosa constatação de todas as indignidades cometidas se resignou a celebrar o santo sacrifício da missa; e isto depois de tudo haver disposto para que a cerimônia se pudesse realizar.

Preso logo após celebrar a missa e levado para o país vizinho, frei Mariano foi libertado no Paraguai pelo exército brasileiro em 16 de agosto de 1869, quando retornou ao Brasil.




FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, (16ª edição brasileira), Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 34.
 



22 de fevereiro

1866 - Taunay chega ao rio Negro






À frente das tropas de Coxim a Miranda, a comissão de engenheiros, da qual faz parte o tenente Taunay, alcança finalmente o rio Negro, evento registrado em suas memórias:

Era a metade da viagem de empreenderamos. Ali chegamos por tempo tristonho, enfarruscado e torvo.
 
Abrigamo-nos em desmantelado rancho quase de todo aberto às intempéries, depois de termos ido, enquanto os camaradas descarregavam, explorar a região até à margem daquele barrento e feio confluente do Aquidauana.
Mal voltáramos à deficiente proteção da nossa pousada, caiu tremendo temporal, copiosíssimo aguaceiro por desenfreado vento.

 
Que melancolia se apoderou de mim nesse significativo dia, tão longe! Tão longe de todos, naquele sítio desconhecido, inóspido, perdido no meio de centenas de léguas, sem recurso algum, com a morte talvez a pairar por bem perto.



FONTE: Taunay, Memórias (vol IV), Melhoramentos, São Paulo, 1946, página 175.


22 de fevereiro

1867 - Governo paraguaio abre porto de Corumbá para a Bolívia

Na tentativa de ampliar relações com a Bolívia, o presidente Francisco Solano Lopes edita decreto permitindo a livre navegação de embarcações daquele país pelo rio Paraguai e a isenção de impostos para produtos bolivianos na aduana de Corumbá, então ocupada por seu governo:

"Falando-se em tráfico a via de comunicação que o governo mandou abrir entre Corumbá e Santo Corazon e considerando a conveniência de promover e proteger o comércio da República de Bolívia ao litoral do Paraguai, e para que a situação de bloqueio não traga embaraço ao retorno desse comércio , e vistos os artigos 3º e 4º do capítulo 2º do decreto de 2 de fevereiro de 1946

                         DECRETA

Art. 1° - Permite-se a livre exportação de moeda metálica pela via de Corumbá para os importadores das províncias bolivianas.

Art. 2° - Declara-se livre de direito a exportação de mercadorias de produtos nacionais ou de produtos ultramarinos pela Aduana de Corumbá para o território da Bolívia.

Art. 3º - O Ministro Secretário de Estado e o departamento de Fazenda será encarregado da execução do presente Decreto. Quartel General em Paso Pucú, 22 de fevereiro de 1867. 

           Francisco S. Lopez".


FONTE: El Semanário, Assunção (PY) 25 de fevereiro de 1867.



22 de fevereiro

1870 - Nasce em Baus, município de Paranaiba, Sebastião Lima



Filho de José da Costa Lima e Francelina Garcia Leal, nasce no distrito de Baús, municipio de Paranaíba, Sebastião da Costa Lima. Em Campo Grande desde muito jovem, tornou-se dono de várias fazendas, comerciante no ramo de secos e molhados e ingressou na política, iniciando a carreira como vereador em 1908. Exerceu a presidência da Câmara Municipal e chegou a Intendente Geral do Município, numa gestão tumultuada, marcada por dualidade de poder. Foi um dos personagens mais controvertidos da política no início de Campo Grande.

Em Campo Grande há uma rua com seu nome, ligando a avenida Fernando Correa da Costa à avenida Eduardo Elias Zahran.


FONTE: Arquivo Histórico de Campo Grande, SÉRIE CAMPO GRANDE, 2001. Página 29.


22 de fevereiro

1894 - Empresário requer indenização de prejuízos da guerra do Paraguai


 
Manoel Cavassa
Menos de três anos de seu falecimento (1900), o empresário italiano Manoel Cavassa, estabelecido em Corumbá, encaminha ao presidente da República, Memorandum, expondo as agruras vividas com sua família durante a guerra do Paraguai e os prejuízos materiais sofridos com a invasão inimiga. O documento é encerrado com uma profissão de fé e um pedido de indenização do governo brasileiro:

Além destes testemunhos e dos protestos, que deve existir nos arquivos, diz-me a tranquila consciência, severo juiz que eu mais respeito, que, para levar ao vosso espírito reto a convicção da verdade do que afirmo, não é de somenos valor, Ilustre Cidadão: a palavra afirmativa dum ancião, que nunca manchou seus lábios com a mentira, - que jamais mercadejou com a honra, - que nunca transigiu com a improbidade, nem sacrificou nenhum nobre atributo do homem de bem a interesse algum, e que não o fará, indubitavelmente, agora que acha-se no último quartel da vida prestes a prestar contas de seus atos ao Juiz Supremo, cujo testemunho invoco.
Sou bem conhecido neste Estado, Snr. Presidente, e falo-vos sem temor de ser desmentido, nem tachado de imodesto.
Tanto mais julgo-me com direito a ser acreditado, quanto é certo que nada reclamo ostensivamente. Esbucei fase de minha vida, relatei fatos que servirão de base ao vosso juízo, com premissas, das quais o vosso esclarecido e reto critério tirará as devidas ilações. E se julgardes que o merecem os títulos  com que me recomendo à vossa justiça, apenas vos peço que promovais pelos meios competentes a indenização, ao menos, dos couros constantes do inventário e do protesto supra-mencionado, se não julgardes de justiça a da totalidade dos valores no mesmo inventário consignados, certo de que só peço justiça e nada mais que justiça.

Corumbá homenageia Manoel Cavassa dedicando-lhe a denominação da rua do Porto Geral.

FONTE:Valmir Batista Correa e Lúcia Salsa Correa, Memorandum de Manoel Cavassa, Editora UFMS, Campo Grande, 1997, página 54. 

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...