domingo, 27 de fevereiro de 2011

25 de junho


25 de junho


1800 - Incêndio arrasa Corumbá




Pelas oito da manhã, segundo Estevão de Mendonça, a povoação de Albuquerque (hoje Corumbá) é arrasada por um violento incêndio, escapando das chamas unicamente a respectiva capela, por ser coberta de telhas. Quatro anos antes dessa ocorrência, da qual não se tem maiores detalhes, Ricardo Franco em seu Diário de reconhecimento do rio Paraguai, descrevia o povoado ribeirinho:

Este estabelecimento tem a figura de um grande pátio retangular; é fechado com casas em roda e um portão na frente, constando de 75 passos de comprido e 50 de largura, sendo a sua população de 200 pessoas que aqui plantam milho e feijão, que é muito superabundante ao anual consumo; também há muito algodão, que aqui mesmo fiado e tecido pode ir para Cuiabá a troca das cousas mais necessárias aos moradores; a pesca e a caça abundantíssimas e ainda que esta habitação esteja cercada pelos gentios Paiaguás e Guaicurus ou Cavaleiros, contudo pela aspereza do terreno e sua situação que franqueia todos estes vastos territórios pelo meio do rio Paraguai, não tem sido até o presente insultada pelo gentio.




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973. Página 329.






25 de junho


1867 - Taunay chega a Camapuã



Camapuã visto por Hercules Florence em 1826




Em sua viagem de volta ao Rio, após a retirada da Laguna, o tenente Taunay e sua pequena comitiva, que deixaram o porto Canuto, à margem esquerda do Aquidauana, no dia 17 de junho, alcançam o sítio de Camapuã:

Rapidamente transpusemos as três léguas que separam o Sanguesuga das ruínas de Camapuã e ao meio-dia avistamos os restos, para assim dizer, imponentes daquela importante fazenda, sede outrora de muito movimento, de todo os que se davam por aqueles sertões. Ainda se vêem vestígios de grande casa de sobrado e de uma igreja não pequena; taperas rodeadas de matagais, no meio dos quais surgem laranjeiras e árvores frutíferas, que procuram resistir à invasão do mato e ainda ostentam frutos, como que atraindo o homem, cujo auxílio em vão esperam. Naquelas três léguas aparecem sinais de trabalhos consideráveis: estradas de rodagem atiradas por sobre colinas, caminhos roídos pelas águas, onde transitavam grandes procissões de carros a trabalharem na penosa varação, até o ribeirão Camapuã, dos gêneros e canoas que demandavam o Coxim e Taquari, com destino a Cuiabá. A companhia formada por três pessoas, desunidas na associação somente pela morte, manteve-se mais ou menos florescente até os princípios do século presente, existindo ainda escravatura numerosa às ordens do último administrador, Arruda Botelho, depois de cujo falecimento ficou o lugar abandonado ou tão somente habitado por negros e mulatos livres, ou libertados pelo fato de não aparecerem herdeiros de seus possuidores.


Estes mesmos indolentes habitantes hoje estão quase todos reunidos a uma légua e três quartos de distância, no lugar chamado Corredor, estabelecido pelos carreiros, que, procurando as forças de Mato Grosso, paravam na estrada daquela província, para refazerem a boiada, fatigada pela viagem desde Santana. O ponto do Corredor era além disso muito menos sujeito às febres intermitentes, uma das grandes pragas de Camapuã, e sobretudo estava situado em posição mais aprazível e pitoresca e não, como aquele antigo local, abafado entre outeiros abaulados que bem justificam o seu nome índico cama, mama; poan, redonda.

Não é sem curiosidade nem tal ou qual emoção que o viajante encara aquela localidade, tão falada e notável nos princípios da história de Mato Grosso;  ponto então de prazer destacado no meio de vastas solidões, guarda avançada dos portugueses contra os espanhóis que vinham até o rio Mondego e fundaram, em sua margem, o forte Xerez, cuja destruição importou a criação do forte de Miranda que tomou usurpadamente a posição estratégica de Camapuã.



FONTE: Taunay, Viagens de Outrora, 2a. edição, Edições Melhoramentos, S.Paulo, 1921, página 48.



25 de junho

1892 - Jango Mascarenhas convidado a dissolver seu “exército”

Após comunicar ao general Ewbank em Corumbá, sua participação no contra golpe ao governo de Manoel Murtinho, Jango recebe pelo mesmo portador de sua carta ao novo comandante militar do Estado, ofício com o seguinte teor:

“Ao cidadão coronel João Ferreira Mascarenhas, comandante das Forças Patrióticas do Município de Nioaque.


"Acabo de ler vosso relatório, dirigido aos comandante do 7o Dirstrito Militar, o qual será entregue ao general Ewbank, logo que ele chegue a esta cidade.
Cumpre-me agradecer os esforços empregados por vós na reunião das Forças Patrióticas desse município ao constatar que o governo federal não era reconhecido pelas autoridades deste Estado, e ainda saudar-vos, assim como aos vossos coadjuvantes nessa empresa, pelo patriótico intuito que as levaram a semelhante procedimento.


"As forças federais estacionadas neste Estado, sendo em número suficiente para a manutenção da ordem, vos convido a dissolver os cidadãos reunidos e em armas nesse município, sob a vossa direção.


Saúde e fraternidade.
Honório Horácio de Almeida.” 




FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque, evolução histórica e revolução em Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 76.

24 de junho

24 de junho

1835 - Rusga: condenados à morte 




O juiz de Direito de Cuiabá, Antonio José da Silva e Guimarães, profere a sentença aos principais cabecilhas da Rusga, movimento nativista que massacrou comerciantes e líderes portugueses (bicudos) na capital da província em 30 de maio de 1834:

Conformando-se com a decisão dos Juízes de Fato, condeno os réus Vitoriano Gomes, Manoel Ciríaco, José Ferreira da Silva e Francisco Pereira do Nascimento à pena de morte, que será dada na forca, com as solenidades dos artigos 30 e 40 do Código Criminal, visto constar do presente processo plenamente serem os ditos réus os que haviam mortos os brasileiros adotivos os sargentos mores Antonio Joaquim Moreira Serra e Antonio José Soares Guimarães, de caso premeditado, e ânimo corrompido, e depois passaram a roubar as casas, fazendo arrombamentos e partilharam entre si, os mais companheiros, todo o dinheiro, ouro, prata e tudo mais quanto puderam conduzir fazendo violências às casas e às famílias: e aos réus Joaquim Leite Pereira, Joaquim José de Santana, Antonio da Silva Pamplona e João da casa de Ana Joaquina, os condeno em Galés perpétuas, visto que ajudaram mutuamente a perpetração dos roubos e arrombamentos e a Geraldo Justino e Antonio Euzébio os condenei a cada um a quatro anos de prisão com trabalhos e na multa de vinte por cento do valor furtado, visto que somente roubaram; e a José Anastácio Fernandes o absolvo da culpa e pena, visto não ser cúmplice e pagarem todas as custas.


FONTE: Rubens de Mendonça, Histórias das revoluções em Mato-Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1970, página 48.


FOTO: praça Alencastro, a primeira praça pública de Cuiabá.


24 de junho


1867 - Varíola expulsa soldados brasileiros de Corumbá




 
Na guerra contra o Paraguai, por ordem do presidente Couto Magalhães, os dois corpos expedicionários de Cuiabá, que haviam retomado Corumbá - segundo Rubens de Mendonça - retornam à capital do Estado. 

Ao ser assaltada e tomada aquela praça pelo primeiro corpo, a 13 de junho de 1867, verificou-se ao dar sepultura aos mortos que muitos deles mostravam sinais recentes de erupção variolosa, sendo depois constatada a existência de outros paraguaios atacados do mesmo mal, quer entre os prisioneiros, quer na enfermaria local. Dos soldados retirados das prisões alguns foram encontrados em estado comatoso.¹


Constatou-se verdadeira epidemia. “Foram sendo atacados às dezenas, num crescendo assustador, devido à falta absoluta de recursos”. Por esta razão, o presidente da província que nesta data chegara a Corumbá, determinou a retirada, que começou no dia seguinte, saindo as embarcações de Ladário. Comandaram-na o tenente-coronel Antônio Maria Coelho e o major Antônio José da Costa.


O governador em seu relatório ao ministro da guerra, aponta a gravidade da epidemia como causa da evacuação:

Infelizmente a bexiga assola toda esta região, e nas circunstâncias em que me acho, numa expedição onde os cômodos são mui limitados porque assim era necessário para a sua presteza, com cerca de 2.000 homens, dos quais só são vacinados os filhos de outras províncias, a 160 léguas dos depósitos e recursos que estão na capital, considero que seria mal mais grave se se comunicasse às forças do que uma derrota, e pois julguei preferível sujeitarmo-nos à possibilidade de um novo encontro com os paraguaios, se eles vierem ocupar segunda vez estes pontos, do que desanimar e perder estas forças com a inglória morte da peste que provavelmente se comunicaria à província.

Em consequência disto proibi todo e qualquer contato da força com os infectados, limitando-se a deixar aqui uma guarda com o único fim de observar qualquer movimento do movimento do inimigo, e já expedi ordem para que a mais se retire, assim como a flotilha

Levada pela flotilha do governador, a varíola alastrou-se pelo norte do Estado, causando grande mortandade em Cuiabá.



FONTE: ¹Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 327. ²Diário do Rio de Janeiro, 28 de agosto de 1867.

FOTO: imagem meramente ilustrativa.




24 de junho


1921 - Ferroviários tentam soltar preso em Aquidauana




Cadeia de Aquidauna no início do século passado
Armados de revólver, ferroviários de Aquidauana tentam tomar a cadeia pública para soltar um colega preso. A versão da polícia está num boletim de 14 de agosto desse ano:

De ordem de Sua Exa. Revma. Presidente do Estado [Dom Aquino Correa], transmitida pelo secretário da Justiça, este Comando tem a máxima satisfação de tornar conhecido à Força Pública, a atitude brilhante e verdadeiramente militar, assumida pelo 2o tenente JOSÉ MARQUES PEREIRA, Comandante do Destacamento de Aquidauana, no dia 24 de junho último, por ocasião dos lamentáveis acontecimentos que naquela cidade se verificaram, ameaçando a ordem pública.


Cerca de cem operários inferiores da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, empunhando revólver, pretendiam assaltar a cadeia pública local e à viva força, por em liberdade um dos presos, colega dos assaltantes. O tenente José Marques Pereira, com seu reduzido destacamento ante a enorme superioridade numérica dos amotinados, e em meio das hostilidades, sob cerrado tiroteio e, com risco de vida, transpôs a Praça da República para chegar ao quartel e pondo-se a frente de meia dúzia de valiosos soldados, conseguira rechaçar os assaltantes restabelecendo-se a tranquilidade pública, revelado por esse gesto de valor, coragem e alta noção do dever militar. 



FONTE: Ubaldo Monteiro, A Polícia de Mato Grosso, Governo do Estado, Cuiabá, 1985, página 55.


24 de junho

1941 - Inaugurado em Coxim monumento aos heróis de Laguna

É entregue à população de Coxim pela 9a. Região Militar (de Campo Grande) monumento destinado a "perpetuar a passagem da força expedicionária em operações no estado de Mato Grosso, durante a guerra do Paraguai, batizando a estaca inicial do cruento e doloroso itinerário dos heróis que realizaram a epopeia da Laguna, gloriosas páginas que são orgulho do Exército e da Nação".

Localizado na praça Cândido Rondon, fronteiro à igreja, construído em alvenaria de tijolo, revestido de argamassa branca, o pequeno monumento assenta sobre uma base de concreto com armadura metálica cruzada. Na base do monumento, cravados de alvenaria, distinguem-se duas placas, fundidas em bronze no arsenal de Guerra do Rio de Janeiro:

Desta localidade, onde, com ânimo forte e moral alevantada, receberam a ordem do Governo Imperial do Brasil para desalojar o inimigo ocupando o município de Miranda, partiram os valorosos soldados do Brasil que, no cumprimento do dever, escreveram as páginas imortais da Retirada da Laguna - 20-XII-1865/VI-1866.

Aos intrépidos oficiais e praças da "Constância e Valor" que, tendo como comandante o Coronel Manuel Pedro Drago, Brigadeiro José Antonio da Fonseca Galvão, Coronel Carlos de Moares Camisão e José Tomas Gonçalves, constituíram por ocasião da guerra do Paraguai, a heroica Força Expedicionária de Mato Grosso, homenagem da 9ª Região Militar - 24-VI-1941.

Em outubro do mesmo ano dá-se o lacramento na base do monumento dos ossos de alguns heróis da guerra, evento registrado na

Ata nº 5 (cinco) - Aos vinte e seis dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e quarenta e um, nesta cidade de Herculânea, antiga Coxim, Estado de Mato Grosso, na praça General Rondon, pelas oito horas da manhã, presente o sr. Prefeito Municipal, Viriato da Cruz Bandeira, autoridades civis e militares, representante do clero, colegiais, pessoas gradas e o povo em geral, fez-se o lacramento na base do pedestal do monumento erigido pelo Governo Federal, dedicado aos heróis da "Retirada da Laguna", dos ossos do venerando padre capelão que acompanhou a heroica coluna comandada pelo General Camisão que marchou sobre Laguna na guerra do Paraguai, coluna essa que por algum tempo estacionou nesta cidade, onde veio a falecer aquele piedoso sacerdote, lacrando-se conjuntamente, por especial ordem do Exmo. Sr. General Mário José Pinto Guedes, comandante da Nona Região Militar, com sede neste Estado de Mato Grosso, os ossos por todos os títulos respeitáveis do Alferes Randolfo Olegário de Figueiredo, falecido no posto de major nesta cidade, herói da retomada de Corumbá que braço a braço lutou ao lado de Antonio Maria Coelho e Cunha e Cruz, os lendários daquele epopeia que passaram para os fastos da história pátria. E, para que tudo ficasse constado, mandou o Sr. Prefeito fosse lavrada a presente ata por mim, Temístocles de Oliveira Filho, secretário da Prefeitura Municipal e dela extraísse duas cópias autênticas, uma para ser depositada na urna de que trata a presente ata e a outra para ser enviada ao Exmo. Sr. General Comandante da 9ª Região Militar, sediada neste Estado. Eu, Temístocles de Oliveira Filho, secretário municipal, a datilografei e também assino. (Assinados) Viriato da Cruz Bandeira, prefeito municipal; Laudelino Eduardo Figueiredo, filho do veterano da Guerra do Paraguai Randolfo Olegário de Figueiredo; padre-frei Canuto Amon Ofmr; Nelson Cesar, pretor do Termo; Manoel Marcelino de Araújo, Ten-Cel da 2a. linha; Eremita Ajube Cartilho, agente postal telegráfico; Antonio de Souza Góes, delegado de Polícia; Antonio Joaquim de Arruda, diretor do grupo escolar; Raul Benevides Santana, 1° Tabelião de Notas; Aníbal de Oliveira, 2° Tabelião de Notas; Joaquim José Santana, encarregado da 2a. Secção de linha; Jaime Ferreira de Souza, escrivão da Delegacia de Polícia; Solon Cesário da Silva, comerciante; Elias Duailibi, comerciante; Garcez Ferreira Leão, cirurgião dentista; Felipe Jorge, comerciante; Mercedes César; Etelvina Garcia; Diva Fontoura, Virgínia Ferreira; João Ferreira, comerciante; Oto Spengler; Evanir Cesar e Temístocles de Oliveira Filho, Secretário Municipal.

FONTE: 9a. Região Militsr, Campo Grande, MS.


23 de junho



23 de junho


1859 - Delamare contra a mudança do nome de Albuquerque




Rua De Lamare, no centro de Corumbá

Responsável pelo arruamento do povoado, presidente da província de Mato Grosso, de 1858 a 1859, Joaquim Rodrigues de Lamare se opôs à mudança do nome de Albuquerque para Corumbá:

O Corumbá é a povoação de Albuquerque, solenemente erigida em 21 de setembro de 1778 e cujo auto de fundação foi cuidadosamente mandado registrar nos livros das Câmaras e outras repartições públicas. É, ao meu ver, inconsideravelmente que, de há pouco tempo a esta parte, tem-se introduzido nas relações oficiais este nome de Corumbá, com o risco de tornar para o futuro ininteligíveis documentos políticos e históricos que não são sem valor.

 
Outro que também se opôs e protestou contra a mudança de denominação foi Augusto Leverger, o barão de Melgaço. 


Oficialmente, a mudança definitiva do nome ocorreu apenas em 10 de julho de 1862.



FONTE: Lécio G. de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd, página 34; Terezinha Lima Tolentino, Ocupação do Sul de Mato Grosso antes e depois da guerra da tríplice aliança, Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, 1986, página 110.






23 de junho


1890 - Nova concessão para exploração da erva mate


Parte hachurada, área de concessão de Thomaz Larangeira 


Thomaz Larangeira, concessionário da exploração dos ervais do Sul de Mato Grosso, desde 1882, ainda no Império, consegue sua primeira autorização do governo republicano para continuar suas atividades e ampliar sua área de atuação. Pelo decreto n° 520, assinado pelo presidente Marechal Deodoro, Larangeira tem renovada a permissão por mais dez anos, nos seguintes limites: desde as cabeceiras do ribeirão das Onças na serra do Amambai, pelo ribeirão São João e rios Dourados, Brilhante, Ivinhema e Paraná até ao Iguatemi e por este até as suas cabeceiras na serra Maracaju e pela crista de ambas as serras até as referidas cabeceiras do ribeirão das Onças. 


FONTE: Gilmar Arruda, Heródoto, in Ciclo da Erva-Mate em Mato Grosso do Sul 1883-1947, Instituto Euvaldo Lodi, Campo Grande, 1986. Página 278.








23 de junho


1911 - Batidas as forças de Bento Xavier


Palco da última batalha de Bento Xavier contra a polícia estadual




 
 

O major Gomes consegue, finalmente derrotar as forças do rebelde Bento Xavier, que incluía a divisão do Estado no programa de sua revolução. Eis a versão do vencedor:

A 22, mandei diversas descobertas, pois estávamos nas zonas inimigas, já perto da fronteira e Ponta Porã. Regressando algumas descobertas, me informaram da marcha da força rebelde com direção a Ponta Porã. Apressei-me em dar proteção às forças amigas ali estacionadas, e a 23, pela madrugada, prossegui a marcha e às 7 horas da manhã, passava o Rio Dourados na antiga Colônia desse nome, e aí, enquanto mandei dar água aos cavalos e arrumar a força, tive um pressentimento, próprio da guerra, que os inimigos estavam perto. Em seguida, destaquei dois piquetes de polícia, um ao mando do bravo Tenente Wladislau Lima e outros do Alferes Irineu Mendes, para fazerem a retaguarda e flanqueadores, com ordem de se encontrassem qualquer força inimiga, depois de bem reconhecida, irem tiroteando e chamando-os, em retirada, ao centro de minhas forças. Momentos depois marchou toda a pequena coluna e, às 9 horas mais ou menos sentiu-se disparos de tiros, acerca de um quilômetro de distância, na vanguarda da força.


O terreno era próprio: descobertas campanhas; e a força na fralda de uma coxilha, e como era natural, o inimigo que se limitou simplesmente a atacar os piquetes, vieram cair nos centros de nossas forças, sem mais poderem se organizar, recebendo nessa ocasião um vivo fogo, de 50 homens, que mandei apear, e dos dois flancos. Vendo-se o inimigo perdido tentou levar uma carga que não só foi rechaçada, como teve logo de retaguarda uma bem organizada carga de nossa força que os destroçou completamente, deixando eles no campo 15 mortos, alguns prisioneiros, muitos cavalos encilhados, algumas armas, a tropa sobressalente em nº de 51 cavalos. 


Da nossa força saíram simplesmente feridos alguns soldados que nem baixaram à enfermaria. Deste ponto da derrota, Bento Xavier, seus filhos, alguns amigos, todos em nº somente de 19 homens, fugiram em retirada procurando o Paraguai pela Cabeceira do Estrela, e a duas léguas dessa retirada um piquete das nossas forças correu-os a bala até na divisa do Paraguai e só se escaparam por estarem bem montados em cavalos que naqueles dias haviam roubado do sr. Manoel Moreira, fazendeiro no Brasil, que havia passado uma cavalhada para o Paraguai e ali mesmo foi arrebanhado pelos bandos Bentistas.


Reunida toda minha força mandei dar almoço, isso já às 3 horas da tarde, e aí fomos muito visitados, não só pelos nossos patrícios emigrados no Paraguai, na Fazenda Estrela, como pelos próprios cidadãos paraguaios empregados daquele importante estabelecimento paraguaio da firma Quevedo e Companhia, fortes negociantes da Vila Conceição, e protetores de Bento Xavier. Por eles e pelos prisioneiros nos foi contado que Bento havia saído um dia antes de Ponta Porã (Paraguai) e que ali arranjara bastante dinheiro, gente, armamentos, arrebanhara as tropas emigradas e se pusera em campo, trazendo recursos para os companheiros fugidos com ele do combate de 16 nas Areias, e que se encontraram naquela manhã na cabeceira do Estrela, formando já uma força de cento e muitos homens, todos bem armados e espontâneos, cavalhada muito boa, gorda e que levavam desta vez certeza de derrotar as forças do meu comando, por ter-lhes constado a minha morte no combate das Areias. 


Ainda informaram-me os visitantes que Bento havia mandado um próprio a toda força para baixo da serra ordenando a um seu irmão de nome Antônio Xavier, que comandava um grupo de 70 homens mais ou menos, que se reunisse a eles com a máxima urgência, fazendo-o até responsável por qualquer desastre que houvesse. Não sabendo ele que este grupo já havia corrido em debandada para o Paraguai acossado por uma força legal comandada pelo Capitão Macias e chefiado pelo abnegado patriota Militão Loureiro, chefe do nosso partido em Bela Vista, conforme ordem que eu havia lhes mandado da fazenda do Cap. José Martins. 


Nesta mesma tarde de 23 fiz um próprio a Ponta Porã, comunicando ao comandante do 17º Regimento de Cavalaria, ao Delegado de Polícia e ao comandante das forças patrióticas dali, que naquele momento havia derrotado completamente a força de Bento e que eu descia a serra com destino a Bela Vista a fim de observar dali a marcha dos rebeldes, ordenando ao Delegado de polícia que congregasse mais alguns elementos e rondasse a fronteira do Ipehum à Cabeceira do Apa, a fim de pacificar logo esta zona para não transcorrer complicações para todo o Estado. No mesmo dia regressei passando no lugar do teatro da luta e acampei na margem esquerda do Dourados.¹


Bento Xavier exila-se definitivamente no Paraguai, onde faleceu em 1915. A fase insurreicional do movimento divisionista de Mato Grosso, entretanto, seria encerrada somente com a revolta do regimento de Ponta Porã em 6 de maio de 1912. De Vila Conceição, onde se refugiou, Bento Xavier, em publicação no jornal O Tempo, de Assunção, transcrita pelo Correio do Estado (de Corumbá), explica a incursão, detalha os confrontos e reconhece a derrota:

No dia 1° de junho, a 1 hora da madrugada, passei a fronteira com 19 companheiros. A 1 hora da tarde desse mesmo dia, encontramo-nos com um piquete da polícia do Estado, comandado pelo capitão Reginaldo de Mattos. Travou-se a luta, ficando morto o capitão Mattos e ferido um de seus soldados, com a perna quebrada. Ficaram dois prisioneiros em meu poder, aos quais pus em liberdade para que conduzissem seu companheiro ferido até a casa mais próxima.

Daí seguimos em direção a Aquidauana, onde chegamos a 11 do mesmo mês de junho. A 16, encontrando-nos no lugar denominado Areias, dando pasto aos nossos cavalos encilhados, fomos surpreendidos pelos governistas. Toda nossa cavalhada fugiu, ficando a pé os meus soldados, em número de 120 homens mal armados. Apesar disto, consegui organizar 50 de meus antigos companheiros com armas e empreendi a retirada, perdendo apenas um homem e fazendo várias baixas no inimigo. Consegui também recolher 33 dos meus cavalos encilhados.

Depois, acompanhado de um de meus amigos, dirigi-me ao encontro de uma força de 80 homens, comandada pelo capitão Ozório de Baires, que era meu partidário, para ir em busca do inimigo. Como não encontrei Baires, segui até Ponta Porã, onde também contava com alguns elementos. Estando já de regresso, a 21 fui informado por meu filho mais velho Antonio Xavier da Silva, que se tinha encontrado nas imediações de Bela Vista, na estância de minha propriedade, com uma força de 78 homens comandados pelo delegado de polícia Álvaro Brandão.

Assim que avistei-me com essa força travamos luta. O delegado viu-se obrigado a retirar-se precipitadamente, alcançando os currais da estância onde entrincheirou-se. Entretanto teve de abandonar também a posição, deixando cinco mortos e onze armas de fogo com algumas munições. Não foi mais perseguida essa força porque as minhas tinham ordem terminante de não perseguir o inimigo já derrotado.

Nesse mesmo dia segui para incorporar-me à minha gente acampada na Estrela, defronte da estância dos srs. Quevedo. Desse ponto fui para adiante comandando 50 homens. A 23 encontrei-me com uma força adversária de 200 soldados, mais ou menos, e como o encontro deu-se em uma lombada limpa e as tropas estavam muito perto uma da outra, não pude evitar o combate. Mandei, então, carregar sobre o inimigo para ver se conseguia envolver a cabeça da coluna.

Meu plano foi burlado pelo inimigo que já nos tinha descoberto e era muito superior a nós em número e armamento. Assim é que os governistas, não podendo retroceder, carregaram também sobre nós, dando-se uma pequena refrega da qual resultaram várias baixas de ambas as partes.

Vi-me, assim, obrigado a retirar-me, deixando a vitória aos adversários.

Esta é a expressão da verdade.²  
   

FONTE -¹Major Gomes, parte ao presidente Costa Marques, 11- 09-1911. ²Correio do Estado (Corumbá) 20-07-1911




23 de junho



1925 - Coluna Prestes deixa Mato Grosso







Fustigados pelo exército legalista os rebeldes “abandonam Mato Grosso e entram em Goiás, através da região conhecida como Cabeceira Alta, onde decidem acampar, depois da obstinada opressão imposta pelo major Klinger. Eles caminharam cerca de dois mil quilômetros em terras mato-grossenses. Os canhões que trouxeram de Foz do Iguaçu não foram abandonados no Paraguai, como ordenara Miguel Costa, mas enterrados dias depois na fazenda Jacareí, em território brasileiro, quando os oficiais paulistas se convenceram definitivamente de que a artilharia é incompatível com a guerra de movimento. A tropa revolucionária, despojada de seus canhões, está agora armada apenas com revólveres, fuzis e metralhadoras”.


FONTE: Domingos Meirelles, A noite das grandes fogueiras, Editora Record, Rio, 1995. Página 402.

22 de junho

22 de junho


1826 - Langsdorff deixa Porto Feliz


A expedição científica russa, chefiada pelo conde Langsdorff, que explorou o Estado de Mato Grosso e a Amazônia, deixa a cidade de Porto Feliz em São Paulo rumo a Camapuã, seu primeiro destino. Hercules Florence o escriba da missão, descreve a despedida da comitiva:

Romperam então da cidade salvas de mosquetaria correspondidas pelos nossos remadores e, ao som desse alegre estampido, deixamos as praias, onde tive a felicidade de conhecer um amigo, de conviver com gente boa e afável e de passar vida simples e tranquila.


Na primeira canoa iam o sr. cônsul e uma moça alemã que ele trouxera ultimamente do Rio de Janeiro: na segunda os srs. Riedel, Taunay, Hasse e Francisco Álvares. O sr. Rubzoff e eu ocupávamos o batelão, dentro de uma barraca tão pequena que não podíamos estar senão sentados ou deitados. Acompanhavam-nos mais dois batelões e uma canoinha, além da que mencionei atrás, embarcações que, à última hora nos víramos obrigados a comprar por causa da grande bagagem que levávamos. Do mesmo modo fora reforçada a equipagem. Cada canoa, com exceção das menores, tinha arvorada a bandeira da Rússia.


O guia, um ajudante de piloto, um proeiro e sete remadores compunham a tripulação da embarcação do cônsul, a qual designarei pelo nome de perova, corrupção da palavra índia iperova, como chamam a árvore cujo tronco serviria para sua construção. O ajudante do guia, um piloto, um proeiro e seis remadores formavam a equipagem do segundo barco chamado Chimbó, modificação do legítimo vocábulo indígena Chimbouva.
O piloto, um proeiro e quatro remadores iam no batelão.


O resto da gente, caçadores, criados e escravos do cônsul remavam nos batelões e canoinhas, em número todos eles de 36.




FONTE: Hércules Florence, Viagem fluvial do Tiete ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, S. Paulo, 1941, página 13.






22 de junho

1882 - Pároco de Corumbá recusa rezar missa póstuma para Giuseppe Garibaldi




O padre Constantino Térsio, pároco de Corumbá, recusa pedido da colônia italiana local para celebrar missa pela alma do general Giuseppe Garibaldi, herói da revolução italiana, falecido em 2 de junho de 1882, em Caprera, Itália. O padre comunicou o fato aos seus superiores, de quem, em resposta, recebeu total apoio à sua decisão, conforme ofício recebido do bispo Carlos Luis d'Amour, de Cuiabá:

"Rm° Senr.º
Acabo de receber, por intermédio de S. Exª. o Senr. Presidente da Província, os ofícios de V. Rmª. de 22 e 23 do corrente, comunicando-me os fatos desagradáveis que deram-se na matriz dessa freguesia, por ocasião de não querer V. Rmª. prestar-se a sufragar a alma de G. Garibaldi, conforme solicitaram alguns habitantes da cidade.

E inteirado de tudo o mais que V.Rmª. trouxe ao meu conhecimento sobre tal assunto, cumpre-me dizer-lhe que muito bem procedeu V. Rma. em não anuir a semelhantes sufrágios. Quem durante sua vida é inimigo da Igreja de Deus e de tudo quanto lhe diz respeito e em seus últimos momentos com ela não se reconcilia, não pode gozar de suas graças.

Ora, não constando que o finado Garibaldi, o maior inimigo da Igreja Católica, se tivesse retratado de seus erros e voltado para o seio da mesma igreja, da qual se achava separado, não podia ele gozar de suas graças, privilégio dos católicos, como sejam os sufrágios.

Muito bem também procedeu V. Rmª. em abster-se desde logo de oficiar na dita matriz, à vista das profanações que nela praticaram-se; mas apenas receba V. Rmª. este meu ofício, dê por terminado o interdito, e continue no exercício do ministério paroquial, até que o Rdº. frei Mariano de Bagnaia regresse de sua viagem e assuma a administração da paróquia. Leia V. Rmª. este meu ofício à estação da missa Conventual para conhecimento dos fiéis.

Deus abençoe e guarde a V. Rmª.

+ Carlos, Bispo de Cuiabá".

FONTE: jornal A Província de Mato Grosso, 6 de agosto de 1882.



22 de junho


1913 - Circula o primeiro jornal de Campo Grande






Sob a direção do advogado e jornalista Arlindo de Andrade Gomes, que foi o primeiro juiz de Direito de Campo Grande, circulou o primeiro jornal da vila. “Impresso em papel couchê (de primeira) importado de Assunção, no Paraguai, com quatro páginas, sendo a primeira impressa com tinta dourada, ‘O Estado’ foi r ecebido com entusiasmo pela população. Os seus comentários, notícias e anúncios foram ‘devorados’ pelos poucos leitores de então,” segundo J. Barbosa Rodrigues.

No seu editorial de apresentação o compromisso com a imparcialidade que procurou manter durante o curto tempo de sua existência:


O Estado é um jornal que não tem política e que não traçou um programa para cumprí-lo, à risca. Sejamos francos.

Não defenderá este ou aquele partido. Não há política, não há governo bom ou mau, inteiramente. Na administração pública há atos que merecem aplausos e outros que exigem reprovação dos homens de senso. Quase sempre as oposições, na sede de conquistar o poder, tornam-se agressivas, não vendo a virtude senão de seu lado. O jornal político é um jornal injusto. 
"Não temos um programa definido...muitos acham extranhável. Todo jornal tem um programa. Mas um programa é uma mentira. Até hoje nenhum jornal cumpriu o programa que se traçou.

Não somos federalistas nem unitaristas, presidencialistas nem parlamentaristas. Não adotamos esta ou aquela teoria econômica ou financeira para falarmos em nome dela. E seremos tudo.O jornal deve ser uma grande bandeira capaz de proteger todas as boias ideias.
"Emparedar-se é que não.

Depois 'O Estado' surgiu por uma necessidade do nosso meio,interessando-se pelo progresso geral de Mato Grosso e especialmente do Sul. Na sua agricultura, no seu comércio, na sua admirável pecuária, nos seus meios de comunicação, nos seus formidáveis recursos naturais está o nosso campo de ação. Trabalhando pelo desenvolvimento de coisas tão naturais, não parecerá a muitos, boa missão dum jornal nos tempos correntes. Para nós é tudo. Se nos exigirem um programa será este.

Falta-lhe a retumbância e as cores dum longo programa político, sedutoramente escrito em linguagem de combate. Mas é uma ideia a que não faltam energia e patriotismo.



FONTE: J. Barbosa Rodrigues, O primeiro jornal de Campo Grande, Empresa Lítero-Técnica, Campo Grande, 1989.

21 de junho

21 de junho

1867 - Retomada de Corumbá: governador presta contas




Por ocasião de sua saída de Cuiabá, o governador de Mato Grosso, Couto Magalhães, que se dirige a Corumbá, em apoio à retomada ocorrida em 13 de junho, envia ofício ao ministro da Guerra, no Rio de Janeiro, com informações gerais sobre aquele acontecimento histórico:

"Comunico à V. Ex. que a praça de Corumbá assaltada dia 13 do corrente pela vanguarda do 2° corpo de operações desta província caiu em nosso poder, e com ela toda a fronteira do baixo Paraguai brasileiro, menos Coimbra.

A guarnição paraguaia morreu quase toda em desesperada resistência, inclusive o comandante desta praça o coronel paraguaio Hermogenes Cabral.

Os vapores Anhambahy e Rio Apa conseguiram evadir-se com muita perda depois de sofrerem o fogo combinado de duas peças raiadas e de nossa infantaria.

Tudo quanto estava em poder do inimigo caiu em nossas mãos, grande quantidade de armamento, 8 canhões, depósito de víveres, e, o que é mais precioso, cerca de 500 patrícios nossos, que há quase três anos ali sofriam os tratos do mais duro cativeiro.

Estão vingados com o sangue inimigo as mortes por lanceamentos, e depois de açoites que ali sofreram nossos compatriotas, com barbaridade que desonra a humanidade.

Não tenho tempo para entrar em mais detalhes, porque julgo urgente reforçar aquele ponto para evitar alguma tentativa do inimigo contra a vanguarda que está isolada, e, enquanto a força com que aqui estou acampado esteja cansada, porque temos vindo a marchas forçadas, contudo como o rio está agora desembaraçado, eu aproveito a noite para seguir já com a flotilha, rebocando 1000 homens e amanhã estarei em Corumbá com quatro navios de guerra, de sete bocas de fogo para as da flotilha dois mil homens dispostos a vingar a honra nacional, tão gravemente comprometida nesta província e a quem a recente vitória deu consciência de sua força.

O governo imperial deve tomar em toda consideração e o patriotismo, dedicação e energia do comandante da vanguarda tenente coronel de comissão Antonio Maria Coelho, dos distintos oficiais que o acompanharam e dos bravos soldados, que depois de uma rápida marcha através de oitenta e quatro léguas de pantanais restauraram a integridade do Império e a honra desta província".

FONTE: Diário do Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1867.



21 de junho

1872 - Governo manda indenizar família do Guia Lopes da Laguna

Atendendo apelo do visconde de Taunay, o governo imperial mandou indenizar, dona Senhorinha Barbosa, viúva de José Francisco Lopes, e filhos. A notícia é dada pelo próprio Taunay:

"A promessa feita por mim ao guia da coluna de Mato Grosso não foi esquecida. Lavrei-a em termos positivos na minha história da retirada da Laguna, e apelei para o governo brasileiro.

Hoje posso com entusiasmo declarar solvido o compromisso que existia entre a nação e a sombra daquele homem que, na esfera, foi um verdadeiro herói.

Graças à conscienciosa informação do major Cândido Pires de Vasconcelos, empregado de fazenda, testemunha e participante da retirada da Laguna, caráter sisudo e bom companheiro, o governo imperial mandou, por despacho de ontem datado, pagar em Cuiabá à viúva e filhos de José Francisco Lopes, não só as reses consumidas pela força brasileira, como os vencimentos que ele deixara de receber.

Esse ato, que à primeira vista parece de poucas consequências, entra no número daqueles rasgos singelos que a antiguidade tanto apreciava, porque abalam as fibras íntimas da alma dos que vêm neste transitório mundo alguma coisa mais do que força e matéria e colocam acima das contingências do acaso ou das combinações do espírito positivo e da razão fria e calculista um movimento nobre e generoso do coração.

ALFREDO D'ESGRAGNOLLE DE TAUNAY

Rio, 22 de junho de 1872".

FONTE: Jornal do Comercio (RJ) 23 de junho de 1872.



21 de junho
 


1872 - José Antônio Pereira chega a Campo Grande

 


De Monte Alegre, Minas Gerais, com uma pequena caravana, chega a Campo Grande e acampa na cabeceira do Anhanduí, onde o tributário do rio Pardo é formado pelas águas dos atuais córregos Prosa e Segredo, o José Antonio Pereira. 

Epaminondas Alves Pereira, neto do fundador da cidade resume o longo percurso de sua primeira viagem a Mato Grosso, desde o triângulo mineiro:

“Em 4 de março de 1872, a pequena caravana partiu de Minas rumo a estas paragens, trilhando os caminhos deixados pelos nossos soldados que combateram os invasores do território brasileiro na Guerra do Paraguai.
A comitiva, após três meses de caminhada, chega a 21 de junho à confluência de dois córregos, mais tarde denominados Prosa e Segredo. José Antônio Pereira, com seus quase cinquenta anos de idade, alquebrado pela longa viagem, mas satisfeito com o panorama que a seus olhos se descortinava, deu por finda a excursão.


"Enquanto descansam, constroem um rancho coberto de folhas de buriti; em seguida, derrubam pequena mata que existia entre os dois córregos. Numa área, de aproximadamente um quarto de alqueire, procedeu-se o preparo da terra e o plantio de milho e arroz, cuja lavoura, devido à fertilidade exuberante do solo, correspondeu plenamente à experiência otimista de José Antônio e seus companheiros de jornada.
” 



1872 é historicamente tido como o ano da fundação de Campo Grande, apesar de ser oficialmente festejado o 1899 ano em que a 26 de agosto o povoado é transformado em município, como o dia do aniversário da cidade, feriado municipal, desde 1919, por decreto do intendente Rosário Congro. Em 1972, na gestão do prefeito Antonio Mendes Canale, o município chegou a festejar o seu centenário, evento repetido em 1999. Tanto 1872 com 1899 estão na bandeira e demais símbolos da cidade.



FONTE: E. Barsanulfo Pereira, História da fundação de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 2001, página 32.




21 de junho


1881 - Nasce em Miranda, Aníbal de Toledo



O último governador de Mato Grosso na república velha
Seus primeiros estudos foram feitos em Cuiabá. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Livre do Rio de Janeiro, em 1906. Iniciou sua vida pública pela magistratura, como juiz substituto de Cuiabá, entre 1907 e 1908, afastando-se no governo de Pedro Celestino, onde ocupou a chefia de polícia. Em 1909 retorna à judicatura, como juiz federal, permanecendo até outubro de 1911. Deputado federal, representou o Estado no Congresso Nacional por quatro legislaturas seguidas, de 1912 a 1929. Em 1930 elegeu-se para o governo do Estado, ficando no cargo por poucos meses, deposto pela revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas. “Depois de haver sofrido o vexame de uma prisão violenta e injusta - deplora Nilo Póvoas - decepcionado e pobre, retirou-se definitivamente o dr. Aníbal de Toledo das atividades políticas, entregando-se inteiramente, ao exercício da sua profissão no Rio de Janeiro, como advogado da Empresa Mate.” Faleceu no Rio a 13 de julho de 1962. 


FONTE: Nilo Póvoas, Galeria dos varões ilustres de Mato Grosso, volume 2, Fundação de Cultura do Estado, Cuiabá, 1978, página 17.




21 de junho


1904 - Fundada a companhia Noroeste do Brasil


Realizou-se no Rio de Janeiro a assembleia constitutiva da sociedade anônima denominada Companhia de Estradas de Ferro Noroeste do Brasil, com a finalidade definida no artigo 2° de seus estatutos:

“aquisição de privilégio, garantia de juros e outros favores concedidos ao Banco União de S. Paulo por decreto do governo federal brasileiro no 862, de 16 de outubro de 1890 e, portanto, 1. A construção e exploração de uma estrada de ferro que, partindo de um ponto situado no prolongamento da Estrada de Ferro Mogiana, entre Uberaba e S. Pedro de Uberabinha, ou de outro ponto que seja julgado mais conveniente, vá terminar em Coxim, no Estado de Mato Grosso.” 




FONTE: Paulo Roberto Cimó Queiroz, As curvas do trem e os meandros do poder, o nascimento da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, Editora UFMS, Campo Grande, 1997, página 21.




21 de junho


1917Nasce em Rio Brilhante, Wilson Barbosa Martins


Wilson (à direita) e a infância na fazenda São Pedro na Vacaria
Filho Adelaide e Henrique Martins, nasce na fazenda São Pedro, hoje município de Rio Brilhante, Wilson Barbosa.Iniciou seus estudos em Entre Rios (Rio Brilhante),completando o ensino médio em Campo Grande, no Colégio Dom Bosco.Em 1939 forma-se em Direito pela faculdade do largo São Francisco em São Paulo. De 1946 a 1950 exerce o cargo de secretário geral da Prefeitura Municipal de Campo Grande na gestão de Fernando Correa da Costa. Em 1950 candidata-se a prefeito de Campo Grande (UDN) e é derrotado por Ari Coelho de Oliveira (PTB). De 1958 a 1962, exerce o cargo de prefeito de Campo Grande, quando concurso promovido pelo IBAM e revista O Cruzeiro elege a cidade um dos cinco municípios de maior progresso no Brasil.

Em 1962 elege-se deputado federal, cargo que exerce até dezembro de 1968, quando é cassado pelo AI-5. Em 1966 fundou o MDB em Mato Grosso e tornou-se seu primeiro presidente. Em 1979 recupera seus direitos políticos e é eleito o primeiro presidente da OAB de Mato Grosso do Sul. 


Em 1982 torna-se o primeiro governador do Estado em eleições diretas, pelo PMDB. Em 1986 é eleito senador Constituinte. Em 1995 ocupa seu segundo mandato de governador do Estado, encerrando sua carreira política.




FONTE: Wilson Barbosa Martins, Memória janela da história, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010. 



21 de junho


1925 - Coluna Prestes inicia retirada de Mato Grosso para Goiás

Depois de seguidos confrontos com o inimigo, a coluna Prestes deixa Mato Grosso e entra em Goiás. Desde as cabeceiras do Camapuã, onde estruturou-se de vez a organização guerrilheira, Siqueira Campos sustentou vários combates parciais, na ponte de Capela, sobre o rio Sucuriu e nas cercanias da Fazenda Dois Córregos, com tropas legalistas sob o comando do Major Bertoldo Klinger. Este no primeiro momento, repeliu o ataque à ponte da capela, mas não conseguindo contato com a sua retaguarda,interceptada que fora  pelo 4° Destacamento, de Djalma Dutra, tentou,com duas ou três investidas, romper, pelo norte, o cerco que o constrangia. Foi,porém repelido pelas forças de Siqueira Campos, que então contra-atacaram, tomando-lhe parte do acampamento - situado na margem direita do arroio Dois Córregos - um fuzil metralhador e certa quantidade de munição. Embora sitiado desde o meio-dia de 19 de junho, o Major Klinger ocupava uma posição privilegiada, excelente para a defensiva. Uma vitória esmagadora da Coluna naquela circunstância iria ser um verdadeiro desastre em perda de tempo e de material humano e armamento." Com efeito, a Coluna levantou o cerco na madrugada de 21, e iniciou a retirada para o vizinho estado de Goiás. O grosso da tropa passou e Siqueira Campos,com o seu 3° Destacamento ocupou-se em fixar o inimigo.  


FONTE:Glauco Carneiro, O revolucionário Siqueira Campos, Recor Editora, Rio, 1966, página 375.





21 de junho


1931 - Vespasiano nomeado prefeito de Campo Grande


 Vespasiano Barbosa Martins, na praça do Rádio em Campo Grande
Por decreto do interventor estadual Arthur Antunes Maciel, Vespasiano Barbosa Martins assume o cargo de prefeito municipal, permanecendo até julho de 1932, quando é guindado à condição de governador revolucionário de Mato Grosso, por indicação do general Klinger, chefe militar da revolução constitucionalista do Estado de São Paulo. 


FONTE: Nelly Martins, Vespasiano, meu pai, edição da autora, Brasilia, 1989, página 59.


21 de junho

1933 - Trânsito agitado preocupa em Campo Grande





Crônica publicada no Jornal do Commercio, assinada sob o pseudônimo de Rolan do Toras, reclama providências das autoridades estaduais e municipais para os perigos que representa o tumultuado tráfego de veículos no perímetro urbano da cidade.




FONTE: Jornal do Commercio, 21 de junho de 1933.


FOTO: Rua 14 de Julho na década de 30, acervo ARCA.



21 de junho

2001 - Ramez Tebet assume o Ministério da Integração Nacional


Ramez Tebet toma posse no ministério de Fernando Henrique Cardoso


Nomeado pelo presidente Fernando Henrique, assume o Ministério da Integração Nacional o senador Ramez Tebet (PMDB/MS). Na posse, o presidente destacou as tarefas a serem encaradas pelo novo titular da pasta:

"Quero ressaltar que o ministro Ramez Tebet assume esta pasta em um momento de profunda transformação na estrutura de seu Ministério, da criatividade e discernimento. Estas foram as características que FHC elegeu para o novo Ministro, com perspectiva de melhoramentos. Quem estiver aqui neste palácio há de saber que, neste país, há um problema emergente. É emergente falar sobre pessoas abandonadas que não têm onde ficar, referido-se aos flagelos da seca e às enchentes que podem ocorrer simultaneamente em diferentes regiões do país."

Em setembro Ramez deixou o ministério para assumir a presidência do Senado.  


FONTE: Castilho Coaraci, Simplesmente Ramez Tebet, Life Editora, Campo Grande, 2007, página 139. 

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...