sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

11 de Setembro

11 de setembro 

1821 - Vila Bela instala governo paralelo em Mato Grosso

Menos de um mês depois da instalação da junta governativa em Cuiabá, com a consequente destituição do governador general Francisco de Paula Magesse Tavares de Carvalho, os líderes políticos de Vila Bela da Santíssima Trindade, capital formal da capitania, inconformados com o sucateamento do governo em transferência, decide desafiar a realidade, e decretar a criação de uma outra junta governativa, estabelecendo um governo paralelo. 

À frente o quartel mestre José Francisco dos Guimarães, a junta governativa de Mato Grosso, como ficou conhecida, teve como componentes, eleitos pela população, o padre Joaquim Teixeira Coelho, o ajudante Mateus Vaz Pacheco e o capitão Teodoro Tavares da Silva. 


FONTE: Documentação Histórica, revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, Cuiabá, 1931-1932, página 142.



11 de setembro

1884Nasce em São Paulo, Rosário Congro


Passou a infância em Sorocaba. Depois de casado, em 1910, mudou-se para Corumbá, onde estabeleceu-se como comerciante. Autodidata, provisionou-se advogado e entrou na política, elegendo-se deputado estadual por Corumbá. Em 1918 , por nomeação do presidente Dom Aquino, assume a intendência de Campo Grande, onde permanece até agosto de 1919. Em sua rápida passagem pela administração municipal, enfrentou a gripe espanhola com mais de dois mil casos registrados e 36 mortes no perímetro urbano, doou terreno para construção da Santa Casa, criou o serviço de remoção do lixo, instituiu o 26 de agosto como data oficial da cidade, e oficializou o hino de Campo Grande, com letra e música do professor Trajano Balduíno de Souza.

Em 1920 reelege-se deputado estadual, sendo eleito sucessivamente por diversos mandatos. Em 1941 foi nomeado prefeito de Três Lagoas, sendo confirmado no cargo em 1946. Em 1948 foi nomeado diretor da Delegacia Especial de Terras e Colonização em Campo Grande. No governo de Arnaldo Estevão de Figueiredo ocupou o cargo de secretário de Agricultura, Indústria e Comércio, Viação e Obras Públicas.


Em 1950 elege-se deputado estadual pela última vez. Antes de completar o mandato é nomeado para o Tribunal de Contas, onde aposentou-se em 1954. Escritor e poeta, foi membro da Academia Mato-grossense de Letras. Faleceu em 11 de outubro de 1963, em Três Lagoas.

FONTE: E. Barsanulfo Pereira, Série Campo Grande Personalidades, Arca, Campo Grande, 2001, página 49.


11 de setembro

1886Bispo de Cuiabá na fazenda Esperança


Antonio Francisco Rodrigues Coelho,
proprietário da fazenda Boa Esperança


Na primeira visita de um bispo à região Sul, d. Luis chega à fazenda Esperança, de Antonio Francisco Rodrigues Coelho, no município de Nioaque, a caminho de Campo Grande:

Meia hora antes de chegarmos à Boa Esperança encontramos um grupo de cavaleiros que vinham receber o prelado.
Rua de arvoredos, plantados de véspera, arcos de palmas e flores campestres, fogos do ar, toque de sino, tudo isso teve S. Exa. à sua chegada. Estava ali reunida muita gente por causa da vinda do sr. Bispo, cuja notícia tinha-se propalado ao longe, de boca em boca, pelo que houve muito aperto e muito o que fazer nos três dias de nossa estada.
"Celebrei e preguei duas vezes, fiz 14 casamentos e 22 batizados, sendo 8 de índios terenas, inclusive 3 adultos. S. Exa. Rvma. pregou três vezes, além do trabalho do confessionário que coube-lhe quase tudo. Crismou 123 pessoas e dignou-se de batizar a inocente Rita, filha do sr. Coelho, servindo de padrinho o sr. Joaquim Augusto de Oliveira Cezar e sua mulher a exma. sra. D. Rosalida Souza de Cezar. (...).
"É assaz aprazível e bonita a fazenda Boa Esperança. A casa está colocada em uma pequena elevação, mas que oferece uma boa vista para a parte do sul e poente. Para os lados da casa de morada há outras destinadas a fins diversos e quatro currais de pau-a-pique de grandes proporções. Embaixo nos fundos da fazenda passa o ribeirão do mesmo nome, que nasce no alto da Boa Vista e vai despejar suas águas no Taquarussu, afluente do Aquidauana.
Em linha reta Campo Grande está a 25 léguas desta fazenda; mas pelo caminho por onde viajamos, corresponde a 40 léguas. No primeiro caso a viagem faz-se pela seguinte forma: dali à Estância Nova, propriedade do sr. Atanásio de Almeida Mello, uma e meia légua; dali passando o rio Brilhante à fazenda deste nome, do sr. Diogo José de Souza, duas e meia légua; desta à fazenda de S. Bento propriedade do sr. Vicente Antônio de Brito, 4; dali ao sítio do sr. Hermenegildo Alves Pereira, nas cabeceiras do rio Vacaria, 4; deste sítio aos lugar denominado Olho d’água, 5; e dali a Campo Grande, 9.
"Logo após a subida da serra de Maracaju desenrolam-se a perder de vista os campos de Vacaria e a natureza ostenta-se assombrosamente linda. Além de aura puríssima, céu puríssimo, águas puríssimas...que de vistas a disputar a atenção, ocupar o espírito, cativar a alma de quem vai por aquela vasta planície de campos limpos batidos diária e constantemente pelo sol! De todos os lados do horizonte o observador vê estenderem-se campos de pastagens representando imensos tabuleiros que ele não se cansa de admirar e que não têm outros limites mais do que o mesmo horizonte, que não raras vezes lá fica em distância máxima, lá onde a abóboda celeste parece fechar tocando com a terra. Descendo a serra que é por um declive quase imperceptível, tudo se muda; o clima é muito mais cálido, os campos cobertos, chão arenoso e pouca água ordinária e sempre mistura da de argila branca. Só a pastagem é excelente por toda a parte.


Da fazenda Boa Esperança a comitiva do bispo seguiu para a fazenda Santa Rosa, de Teixeira Muzi, antes de encerrar a viagem em Campo Grande. 


FONTE: Luis Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, Cuiabá, sd., página 168.



11 de setembro

1916Oposição formula denúncia contra governador



O deputado federal Aníbal de Toledo encaminha expediente à Assembleia Legislativa, onde em longo arrazoado, conclui pelo pedido de punição com a perda do mandato, ao presidente do Estado, general Caetano Manoel de Faria e Albuquerque. Este seria o estopim da Caetanada, período conturbado da política de Mato Grosso, envolvendo todas as regiões em sanguinário conflito armado. A Assembleia Legislativa, alegando falta de garantias para funcionar na capital, muda-se para Corumbá. No Sul, o major José Gomes rebela-se contra o governo e é combatido por tropas legalistas sob o comando do coronel Joselito, de Aquidauana. A normalidade é restabelecida com a renúncia do chefe do executivo, dos deputados e a intervenção federal, a 10 de janeiro de 1917. 

FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 100.



11 de setembro

1929 - Viagem inaugural de ônibus entre Cuiabá e Campo Grande



Procedente de Cuiabá chega a Campo Grande o auto-ônibus da Empresa Auto Viação Matogrossense, inaugurando a linha entre as duas cidades, cujo transporte de passageiros até então era feito por vias ferroviária (até Corumbá) e fluvial pelo rio Paraguai. 

A empresa, com sede em Campo Grande, firmou contrato com o governo do Estado, visando a exploração regular do transporte coletivo entre as duas principais cidades de Mato Grosso. O "Jornal do Comércio", dá os detalhes do citado contrato que estabelece a principio, uma viagem mensal de ida e volta:

"Não é preciso encarecer - justifica o jornal - o quanto de importante representa para Campo Grande o fato de que hora ocupamos, pois que ligado à capital do Estado por viagens regulares que deverão ser feitas em três dias, pouco mais ou menos, ficará nossa cidade, de preferencial sendo o ponto de intercâmbio dos passageiros que do Rio ou São Paulo se destinam a Cuiabá e vice-versa os quais terão assim uma diminuição de, pelo menos cinco ou seis dias de viagem".¹

Era governador do Estado, Mário Correia e prefeito de Campo Grande, Inácio Franco de Carvalho.

Esse investimento resultou em fracasso em virtude da precariedade da estrada de 950 km de percurso, “feita sem tratores, niveladoras, caminhões basculantes ou outra máquina qualquer, apenas com picaretas, enxadas, pás e machados, suor e músculo, pertinácia e teimosia”, segundo Ulisses Serra, sem revestimento, sem conservação e muito longa, tornou-se “praticamente intransitável e temeridade viajar-se nela. Logo que precariamente concluída, o português Manuel Bento inaugurou um serviço de ônibus entre as duas cidades”, que o levaria à bancarrota:

“Ela já havia absorvido seu capital e seu suor na construção de muitos de seus pontilhões, ia agora sugar-lhe os últimos recursos, suas esperanças de novos dias e de sua própria vida. Ele mesmo, com mil e uma dificuldades, fabricou a carroceria do pesado veículo, na sua oficina da Av. Calógeras. O coletivo, porém, a duras penas suportou somente duas viagens, destroçando-se na terceira”.

O transporte rodoviário de passageiros entre as duas cidades – ainda segundo Ulisses Serra, somente seria regularizado em 1936.²


FONTE: ¹Jornal do Comércio (Campo Grande), 13 de setembro de 1929. ²Ulysses Serra, Camalotes e Guavirais, Editora Clássico-Científica, São Paulo, 1971, página 49.

FOTO: reprodução do livro Raízes de Coxim, de João Ferreira Neto. 




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

10 de Setembro

10 de setembro

1911Estrada de ferro chega a Aquidauana


 Primeira estação ferroviária de Aquidauana


A frente de Porto Esperança dos trilhos da Noroeste do Brasil chega à vila de Aquidauana, que “festeja ruidosamente a chegada da primeira locomotiva da estrada de ferro Itapura-Corumbá”:

Em nome da população saudou ao diretor da estrada o professor João Nunes da Cunha, sendo àquele oferecido pela menina Paulina Alves de Castro um ramalhete de flores naturais. Em nome de seus companheiros de trabalho, o dr. Kessehring agradeceu a saudação que lhe fora feita.


À festa da inauguração compareceu a elite da sociedade de Aquidauana, podendo-se mencionar entre outras pessoas o coronel João de Almeida Castro, que foi um dos fundadores da vila, dr. Manoel Pereira da Silva Coelho, juiz de direito da Comarca, cel. Teodoro Paes da Silva Rondon, também fundador da vila, dr. Francisco Xavier Júnior, dr. Júlio Mário de C. Pinto, Isauro Cabral, tenente Manoel de Oliveira Braga, coronel Estevão Alves Corrrea, advogado Alfredo César Velasco, coronel Antonio Inácio de Trindade, Francisco Fanaia Filho, Antonio Ries Coelho, além de crescido número de senhoras e senhoritas.


A ligação das duas frentes aconteceria apenas em 1914, em Campo Grande, com o encontro dos trilhos e a conclusão da obra.
 

FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 137.

FOTO: ALBUM GRAPHICO DE MATO GROSSO, Corumbá/Hamburgo, 1914.




10 de setembro

1932 – Trava-se a batalha de Porto Murtinho




Dá-se a batalha de Porto Murtinho, confronto bélico decisivo para os destinos da guerra civil de São Paulo em território do sul de Mato Grosso, conforme comunicação do governo de Mato Grosso, em Cuiabá, ao comando federal, no Rio de Janeiro:

Levo ao conhecimento de v.exa. que nossas forças acantonadas em Porto Murtinho foram no dia 10, às doze horas, atacadas por uma grande coluna rebelde, travando-se violenta batalha que durou vinte e cinco horas consecutivas, sob intensa fuzilaria e ação de artilharia, havendo o inimigo no dia seguinte, às 14 horas, abandonado em debandada o campo de luta, onde deixou numerosos mortos e grande cópia de material bélico. Nossa cavalaria, sob o comando do coronel Mário Garcia, prossegue em perseguição dos adversários. Tiveram ação decisiva no combate as tropas do 17° B.C. e a valente maruja do monitor Pernambuco. Congratulo-me com v. ex. por esta brilhante vitória de nossas armas. - Leonidas de Mattos, interventor federal.¹ 

A derrota dos rebeldes é detalhada em carta de um combatente:

E era, de fato, de todos os lados que o governo federal apertava o cerco. A oeste, no sul de Mato Grosso e especialmente ao longo do rio Paraguai, travava-se em setembro violentos combates. A fronteira paraguaia era porta vital ao exterior para os constitucionalistas, e, já em julho, o governo procurava fechá-la, criando um destacamento sob o comando do major Leopoldo Néri da Fonseca e subordinado a Rabelo, cuja missão, em combinação com a flotilha de Mato Grosso, era barrar o rio. Quando, em agosto, Néri começou a mobilizar forças locais, os rebeldes controlavam Bela Vista e Ponta Porã, enquanto a base de suas operações era Porto Murtinho.

No início de setembro uma coluna rebelde de mais de mil homens marchou sobre Porto Murtinho, onde Néri esperava com oitocentas tropas de regulares e voluntários. O alto comando no Rio de Janeiro apressadamente ordenou a flotilha em Ladário que seguisse com "toda urgência" para Porto Murtinho, o que resultou no envio do monitor Pernambuco àquele local. Na tarde do dia 10, o ataque começou, continuando até o dia seguinte. As deserções do lado federal foram freqüentes, e Néri ameaçou fuzilar soldados que fugiam da linha de fogo, reparando a certa altura que várias chatas e uma lancha estavam lotadas de tropas suas que pretendiam fugir para o outro lado do rio porque a munição escasseava. "Há duas maneiras de quebrar-se: ou como a borracha, esticando pouco a pouco, ou como o aço temperado, que se rompe sem demonstrar o que vai fazer”, gritou Néri a um oficial retirante. "Se tivermos de quebrar, quebraremos como o aço"! Com isso, de metralhadora na mão, obrigou os soldados a evacuarem as embarcações e voltarem para a frente. A intervenção do Pernambuco, bombardeando as posições rebeldes, decidiu a batalha depois de vinte e duas horas de luta.¹

Combatente constitucionalista dá a sua versão desta batalha:

Eram precisamente 13 horas quando se deram os primeiros choques das nossas vanguardas com as vanguardas do inimigo, dentro da mata densa, que circunda aquela cidade, nas proximidades dos primeiros postos entrincheirados.

Estabelecido, logo, o aviso para as nossas diversas linhas, iniciou-se a ofensiva contra as posições defendidas pelos governistas.

Avançava na vanguarda a cavalaria e, por traz desta, vinha a infantaria e a artilharia. No centro, sobre a estrada que corta a mata em direção ao porto, os primeiros a tomar contato com o inimigo, flanco direito da coluna atacante, são os pelotões comandados pelo capitão Hermenegildo Costa Lima, onde serviam o dr. Adolph Calandrini, tenente Albertinho Fróes, irmãos Escobar, capitão Sizenando Garcia. Os pelotões, por dilatado espaço de tempo, enquanto a infantaria operava em marcha de progressão, sustentam renhido fogo, para depois tomarem posição no mesmo flanco, onde se achavam o coronel Waldomiro Correa e sua gente, o dr. Aral Moreira, tenente Ventura, capitão Bezerra, além do coronel Theóphilo Azambuja e seus comandados. E, juntos todos passaram a formar essa ala direita. (...)

O fogo da artilharia, de parte a parte, era intenso, sendo a do inimigo protegida pelos canhões 120 de bordo do monitor Pernambuco, da flotilha de guerra do Ladário, estacionada no porto. Nos rápidos silêncios do canhoneio ouvia-se o estralejar de dezenas de metralhadoras. Só da nossa parte estavam em ação 14 pesadas e 33 leves.

Ao cair da tarde, conseguiram os nossos artilheiros localizar o monitor Pernambuco que nos estava hostilizando tenazmente, com as granadas que despejavam as suas peças 120, obrigando-o a se deslocar rio acima, de onde com mais violência e melhor efeito, passou a bombardear a nossa posição. Antes, porém, por sua vez, a aviação ditatorial havia logrado determinar a nossa posição exata, o que nos obrigou a avançar mais 600 metros, mais ou menos.

Durante a noite progrediram continuamente as nossas tropas, sob o fogo do inimigo que recuava, até que pela manhã já nos encontrávamos a dois quilômetros apenas, da cidade.

Crepitava a fuzilaria incessantemente, sob os estouros das granadas e o ribombo da artilharia.

O canhão revólver ditatorial, situado bem sobre a linha férrea, em frente à posição onde estava o tenente Duprat, não se cansava de expectorar secamente. Ouvia-se distintamente a pesada ‘Maxim’, de 500 tiros por minuto, cantar roucamente enquanto que as metralhadoras leves não deixavam um segundo de costurar nossas posições.

À noite a mata se iluminava repetidas vezes, com o relampaguear dos canhões. E ali, bem ao lado do dr. Calandrini, tombava morto um inditoso moço, municiador de uma das metralhadoras.

O 18 B. C., a alma do combate, lutava nobremente. Seus oficiais tenente Sampaio Simão, Larocque, Tourinho e Ferreira, zombando da morte, destacavam-se de pé na linha de fogo, dando as vozes de comando. (...)
Chocavam-se neste combate cerca de 2500 homens, dominando sempre os constitucionalistas, numa pressão constante e no desalojar os governistas de alguma trincheira.

Murtinho não caiu pela falta absoluta de munição. Apesar disso os constitucionalistas fizeram uma retirada em perfeita ordem, sem serem hostilizados até se concentrarem em São Roque.²


FONTE: ¹Correio da Manhã (RJ) 17 de setembro de 1932. ²Umberto Puigari, Nas fronteiras de Mato Grosso, terra abandonada...Casa Mayença, São Paulo, 1933, página 190.

FOTO: monitor Pernambuco, da flotilha de Ladário..




terça-feira, 31 de janeiro de 2012

9 de Setembro

9 de setembro

1935Vespasiano eleito senador 

8 de Setembro

8 de setembro

1849João José da Costa Pimentel assume o governo de Mato Grosso 

Sua breve e tumultuada passagem pela província, com aventuras de desventuras no Sul do Estado, é sintetizada por Estevão de Mendonça:

“Em Mato Grosso o coronel Pimentel apenas colheu mágoas e dissabores. Tendo vindo pela estrada do Piquiri, adiantou-se da sua comitiva e perdeu um filho, oficial do exército e seu ajudante de ordens, vitimado na altura do rio Itiquira pelos índios bororos.
Em junho de 1850 determinou a ocupação militar do Fecho do Morros e tendo o governo da República do Paraguai mandado desalojar a guarnição brasileira, teve esta que abandonar o ponto diante da superioridade numérica dos atacantes. O destacamento ali colocado não excedia a 25 praças e a força paraguaia montava em cerca de 800 homens. Estes acontecimentos determinaram a exoneração do coronel Pimentel, por conveniência da política externa, recaindo a nomeação para seu substituto na pessoa do capitão de fragata Augusto Leverger, persona grata ao presidente Carlos Antônio Lopes.” 

FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973. Página 132.



8 de setembro

1935 Assembléia elege novo governador de Mato Grosso



Após a posse da mesa diretora da Assembléia Constituinte, que ficou sob a presidência do deputado Estevão Alves Correa, é eleito pelos deputados para governador Mário Correa da Costa, com 15 votos. Seu concorrente, Fenelon Muller obteve 9 votos. O governador eleito tomou posse imediatamente.


FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, Página 172.


7 de Setembro


7 de setembro

1833 - Criada a Sociedade Zelosos da Independência

É criada em Cuiabá, a Sociedade Zelosos da Independência, associação que reunia brasileiros natos em defesa da independência, contra a volta de D. Pedro I, que abdicara do trono e de reação ao predomínio dos portugueses nas atividades econômicas da província. Os zelosos foram responsabilizados pela noite de terror de 30 de maio de 1834, conhecida com A Rusga. 

Silva Manso, fundador da entidade, sintetiza a sua finalidade em discurso 
na Câmara dos Deputados, na ordem do dia, da sessão de 11 de julho de 1835:

"O sr. Manso depois de ter feito uma larga narração sobre o estado político da província de Mato Grosso e da conduta dos diferentes presidentes que foram para ali nomeados, tratou da sociedade que se formou em Cuiabá, com a denominação de Sociedade dos Zelosos da Independência, cuja sociedade fora instalada em sete de setembro e cujos estatutos foram públicos; e disse que a sociedade tinha por fim reunir cidadãos brasileiros para, por meio da sua instrução, sustentarem a independência do Brasil e resistirem à tirania; que nessa época houve toda a razão para suspeitar-se que haviam restauradores, porque a mensagem do Governo assim o disse e as folhas públicas apareceram recheadas de protestos e outros documentos a semelhante respeito; que enfim o que a província de Mato Grosso precisava era de instrução, e concluiu dizendo que ele, deputado desejava que a Câmara apoiasse certas providências que pedia para aquela província e remetia à mesa".

FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 13 de julho de 1835.


1910 - Inaugurada a ferrovia entre Porto Esperança e Miranda



É inaugurado o primeiro trecho da Noroeste do Brasil, na frente iniciada em Porto Esperança. A solenidade aconteceu em Miranda, de acordo com relato do enviado especial jornal O Brazil, integrante da comitiva de convidados de Corumbá:

"Duas horas depois de posto em marcha, o comboio fez a sua primeira parada em Atibaia no quilômetro 62, onde foi servido adorante café, daí seguimos detendo-nos no quilômetro 100 onde fizemos confortável refeição, d'onde seguimos até o quilômetro 136 denominado Saloba, onde existe uma ponte com 120 metros de comprimento a 30 a 40 metros de altura sobreo talweg do rio Miranda.

Do Saloba o comboio foi arrastado por uma locomotiva menor e transposta a monumental ponte chegamos à vila de Miranda às 2 horas da tarde.

Aí éramos esperados pela patriótica comissão de festejos que reunida a todos os habitantes formavam uma compacta massa de povo, que ao aproximar-se do comboio inaugural manifestou indescritível contentamento.

Por essa ocasião estrugiram nos ares inúmeras girandolas acompanhadas de ensurdecedora salva, achando-se as ruas da vila feericamente engalanadas.

Por uma especial distinção que muito nos penhora o ilustre e correto cavalheiro dr. Kesselring, convidou o nosso representante para tomar lugar junto a ele, no limpa trilhos da locomotiva, onde instalados transpuseram o triunfal arco colocado sobre a via permanente e lateral à vila de Miranda. 

Terminados os conceituosos e bem elaborados discursos de recepção e tomadas algumas vistas fotográficas, formou-se luzido préstito que era puxado pela banda musical do 3° Batalhão de Artilharia, indo à frente as gentis, elegantes e belas mirandenses que com as suas graciosas fisionomias davam a nota alegre, seguindo-se após as diversas autoridades e demais convidados os quais dirigiram-se para a casa do sr. Rebuá, onde fidalgamente recebidos, descansaram.

As 5 1/2 horas da tarde afluiram à residência do sr. Rebuá todos os convidados os quais ladearam duas compridas msas com 70 talheres cada uma, sendo ela repetidas.

À noite realizou-se animado baile onde as distinções feitas aos convidados não diminuíram".

FONTE: jornal O Brazil (Corumbá) em 18 de setembro de 1910.

FOTO: primeira estação de Miranda, do Album Graphico de Matto-Grosso, 1914.



7 de setembro


1919 - Rosário Congro deixa a prefeitura de Campo Grande



Após um ano de governo, na condição excepcional de interventor municipal, nomeado pelo governador Dom Aquino Correia, deixa o cargo, transmitindo-o ao seu sucessor, eleito por voto direto, o deputado Rosário Congro. O registro é da imprensa cuiabana:

Campo Grande, 8 - Ontem 2 horas da tarde realizou-se na câmara municipal a cerimônia de posse dos novos intendente, vice-intendentes, vereadores e juízes de paz, cerimônia assistida por cerca de 300 pessoas. O coronel Rosário Congro leu a exposição de sua gestão causando magnífica impressão. Depois deu posse ao vereador mais votado que convidou os demais vereadores, intendente, vice-intendentes a prestarem o compromisso legal. Abrilhantou a cerimônia a banda de música da polícia tocando partituras nos intervalos da cerimônia. Compareceram crianças escolares cantando hinos patrióticos. Cerca de 8 horas da noite teve lugar na praça municipal animado baile municipal oferecido aos novos gestores pelas principais pessoas da cidade, prolongando-se até 3 horas da manhã. Houve além disso várias festas civis e militares comemorativas da data nacional.¹

Assumem a intendência geral o engenheiro agrônomo Arnaldo de Figueiredo e a câmara municipal, os vereadores Trajano Balduino de Souza (presidente), Manoel Máximo da Fonseca, Augusto Ilgenfritz, Hermínio Pereira Mendes, Cecílio Mascarenhas, Aureliano Pereira da Rosa e Antonio Benjamim Correa a Costa.²

FONTE: ¹O Matto-Grosso, (Cuiabá), 11 de setembro de 1919. ²Anais da Câmara Municipal de Campo Grande.



7 de setembro

1919 - Gripe espanhola mata 580 pessoas no Estado


Em relatório aos deputados estaduais, o governador Dom Aquino Correa, dá conta da passagem da epidemia de gripe que assolou o estado nos últimos meses do ano anterior. Os números oficiais, apontaram 580 mortes. Em sua mensagem aos parlamentares, Dom Aquino dá as seguintes informações:

Em fins de novembro e princípios de dezembro, após a chegada da lancha Cáceres e do paquete Coxipó, observou a Inspetoria de Higiene os primeiros casos de influenza em alguns tripulantes e passageiros procedentes de Corumbá.

Estes casos foram benignos e não apresentaram a disseminação característica da influenza pandêmica. Vários dias depois dessa notificação, foi que a gripe se manifestou sob a sua forma epidêmica, atacando principalmente os bairros pobres. Funcionou desde então o posto de socorros instalado na residência presidencial, onde, sob a direção verdadeiramente apostólica do Rvdo. padre Manoel Gomes de Oliveira foram distribuídos medicamentos e gêneros alimentícios a grande número de pobres. Posteriormente, passaram a funcionar mais dois outros postos, um no seminário arquepiscopal e outro no Liceu Salesiano, por caridosa iniciativa de S.Exa. Revm. o sr. arcebispo metropolitano e sob a zelosa direção dos reverendos padres franciscanos e salesianos.

Estas providências muito concorreram para que a gripe não encontrasse terreno propício às suas devastações, manifestando-se, geralmente, com caráter benigno e pequena disseminação.

De fato, nesta capital, onde foram atacadas para mais de 3.000 pessoas, registram-se apenas 11 óbitos de gripados no mês de dezembro e 18 no mês de janeiro, sendo que, neste último mês, foi 15 o número de óbitos por causa ignorada. Na segunda quinzena de janeiro a epidemia entrou em franco declínio e na última semana desse mês, não tendo ocorrido nenhum caso novo, foi pela Inspetoria, declarada extinta a epidemia.

Os municípios do Estado foram, quase todos, invadidos pela pandemia, tendo o governo prestado à maioria deles, auxílio pecuniário para assistência médica e medicamentos.

O Estado despendeu com esses serviços extraordinários a importância de 116.908$728 réis.

Pelos dados estatísticos fornecidos pelos intendentes municipais, verifica-se que o número aproximado de atacados e de mortos pela terrível epidemia foi o seguinte:



                                                               ATACADOS   FALECIDOS

Corumbá................................................. 4.500           160
Campo Grande......................................... 2.000             36
Porto Murtinho.........................................    272             32
Miranda...................................................   400              28
Rosário Oeste........................................... 2.000             27
Diamantino..............................................    437             22
Três Lagoas.............................................    500             20
Registro do Araguaia.................................    850               1
Cáceres...................................................  3.000              -
Nioac......................................................        -                -
Bela Vista................................................ poucos              -
Aquidauana..............................................    900             26
Santo Antonio do Rio Abaixo.......................  2.000            35
Livramento...............................................  1.000            19
Mato Grosso.............................................     702           105
Ponta Porã................................................     -                  5
Santana do Paranaíba.................................     -                20
Coxim......................................................  3.000             75
Poconé.....................................................     500               6
Santo Antonio do Rio Madeira......................  2.000             30


FONTE: Mensagem do governador de Mato Grosso ao deputados estaduais, em
7 de setembro de 1919, página 50.



7 de setembro

1922 - Campo Grande comemora centenário da independência





Apaixonado pela natureza, o prefeito Arlindo de Andrade Gomes, de Campo Grande, faz uma homenagem ecológica ao centenário da proclamação da independência. Conta-o Ulisses Serra:

"No dia 7 de setembro de 1922, com o Brasil todo a comemorar o primeiro século da nossa Independência, plantou dois jequitibás adolescentes na atual praça Ari Coelho. Ele próprio os fora buscar na mata nativa. Trouxe um, atravessado no serigote da sua montada; Manuel Leite, seu secretário, o outro. Entrou na cidade alegre, festivo, gesticulante e triunfal. Como não tivesse bronze e mármore para um monumento escultórico, levantaria um monumento verde, com a mais gigantesca árvore das nossas selvas, a que se liberta das árvores circundantes para receber, nas alturas, os beijos fecundantes e loiros do sol".

Os jequitibás do dr. Arlindo sobrevivem até os dias atuais, graças aos cuidados dos botânicos do município.


FONTE: Ulisses Serra, Camalotes e Guavirais, Editora Clássico-Científica, São Paulo, 1971, página 77.


FOTO: Passeio público (atual praça Ari Coelho), acervo do ARCA.



7 de setembro

1932Rebeldes desfilam em Campo Grande



Transformada em capital de Mato Grosso, sob o regime da chamada revolução constitucionalista de São Paulo, a cidade de Campo Grande assiste desfile do dia da Pátria com a participação dos chamados batalhões patrióticos, compostos por civis combatentes voluntários, entre os quais, este da Vacaria, comandando por Kiki Barbosa:

Combinado a marcha para Campo Grande afim de receber armamento para poder brigar, seguiram no dia certo setenta veículos conduzindo mais de quinhentos homens. Foi pernoitar no Lageado, retiro à beira do riacho do mesmo nome, a fim de receber ali incorporações, o que se deu, engrossando em cerca de oitocentos homens, força considerável em se tratando da pequena população do planalto de Maracaju. 


A disciplina imposta pelo comando era digna de ser imitada pelos grandes condutores de homens, Kiki revelou-se de carreira errada, devia ser militar para ser bem aproveitado.


Trinta vacas gordas ‘herefor’ foram abatidas, um eito de mandiocal foi arrancado e o laranjal dos ingleses ficaram como se tivessem sido assaltados por uma nuvem de tucuras. Lembro-me com saudade da bela costela que comi assada, a seguir cuiadas de chimarrão, que me puseram de boca doce até a sede da nova região militar, onde o coronel Horta Barbosa me aguardava com armamento para apenas 400 homens.


Com chapéus de todos os feitios e variados trajes, desde as simples calças, às bombachas enfeitadas, desfilaram a 7 de setembro de 1932 pela avenida Afonso Pena os 800 homens do Kiki. Vieram buscar o armamento prometido e seguir para o campo de batalha a bem da democracia e da divisão territorial do Brasil, em Estados homogêneos, proporcionais.

FONTE: Emílio G. Barbosa, Panorama do Sul de Mato Grosso, Editora Correio do Estado, Campo Grande, 1961, página 178.


7 de setembro

1935Constituinte toma posse

Eleita a 14 de outubro de 1934, toma posse a Assembleia Constituinte de Mato Grosso, as 13 horas, com a presença dos deputados eleitos e diplomados: Francisco P. de Oliveira, José Silvino da Costa, Henrique José Vieira Neto, Gabriel Vandoni de Barros, Nicolau Frageli, Luiz de Miranda Horta, João Leite de Barros, Armindo Pinto de Figueiredo, Júlio Muller, Deusdedit de Carvalho, Filogônio de Paula Correa, Miguel Ângelo de Oliveira Pinto, Agrícola Paes de Barros, João Ponce de Arruda, Bertoldo Leite da Silva Freire, Rosário Congro, Caio Correa, Benejamim Duarte Monteiro, Corsino Bouret, Josino Viegas de Oliveira Pais, José Gentil da Silva, Estevão Alves Correa, Joaquim Cesário da Silva e João Evaristo Curvo. 

Esta assembleia que escolheu o governador e dois senadores (João Vilasboas e Vespasiano Barbosa Martins) seria extinta em 1937 com o golpe do Estado Novo.

FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembleia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 171.


7 de setembro

1939 - Corumbá: o primeiro trem

É inaugurado o ramal ferroviário entre Corumbá e Ladário. Estacionado em Porto Esperança, desde a primeira década do século, o trilho da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, a cidade de Corumbá, destino nacional da ferrovia, viria a ter o trem de ferro graças a uma iniciativa da Comissão Mista Brasil-Bolívia, que decidiu estender, através de um ramal, da esplanada, onde seria construída a estação da cidade à vila de Ladário. Foi o principal ítem da programação local das solenidades de comemoração da independência do Brasil.

O registro é da imprensa cuiabna:

"Foi um dos acontecimentos mais significativos da vida desta cidade, a inauguração, ontem, entre as grandes festas comemorativas de nossa independência do primeiro trecho da grande ferrovia Brasil-Bolívia, constituído pelo ramal Corumbá-Ladário.

O trem inaugural, lotado pelas principais autoridades civis e militares e grande número de pessoas de representação social, partiu de Ladário às 12,30 entre grandes manifestações de entusiasmo popular.

A histórica viagem foi vencida galhardamente por uma pequena locomotiva de serviço e foi com a maior alegria e emoção que a população corumbaense saudou a entrada da primeira composição ferroviária a correr nesse trecho na esplanada da futura estação de Corumbá.

Toda Corumbá se comprimia no local em que se acha a estaca zero do ramal do Ladário e ao ver transformado em realidade um velho sonho dos corumbaenses, deu o povo expansões ao seu grande entusiasmo, vivando e clamando o Presidente da República, o interventor federal e os chefes da construção da Estrada Brasil - Bolívia.

Participaram do ato o prefeito Agostinho Mônaco, comandante Afonso Ribeiro de Camargo, tenente-coronel Orlando Verney Campelo, comandante do 17° BC, coronel Nicola Scaffa, general Eovollo do Exército boliviano, dr. João Leite de Barros, tenente-coronel Manoel Pereira da Silva, prefeito de Três Lagoas, dr. Amaro de Pais Barreto, juiz de Direito da comarca, dr. Vicente Bezerra Neto, promotor público e vários oficiais do Ecército e da Armada Nacional".

Era presidente da República, Getúlio Vargas e interventor em Mato Grosso, Júlio Müller.

FONTE: O Estado de Mato Grosso (Cuiabá), 12 de setembro de 1939.




OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...