sábado, 14 de dezembro de 2013

23 de dezembro

23 de dezembro

1866 – Taunay escreve sua última carta de Miranda


Endereçada aos seus familiares no Rio, o tenente Taunay, combatente na guerra do Paraguai, mostra-se aflito com a insalubridade da vila e a indefinição dos rumos que deve tomar a coluna estacionada em Miranda, antes de sua partida para Laguna:

Dizem que o novo presidente de Mato Grosso, Couto de Magalhães dirige-se a toda a pressa para o Coxim, para onde devem passar estas forças antes de seguir para Cuiabá; vindo as de lá para a fronteira. Teme-se complicações sérias com a Bolívia e querem tomar providências a respeito, mandando-nos para o Norte. Até quando viajaremos? Far-nos-ão percorrer o mundo inteiro? Estou já aborrecidíssimo com esta vida, cujos espinhos só se apreciam metido nela até o pescoço como me acha.


Breve chegará aqui Camisão e mais que provavelmente conduzirá logo as forças para Nioaque, onde dever-se-á fazer um estacionamento conveniente ao restabelecimento das praças que muito tem sofrido do clima pernicioso desta vila. [...]


Temos tido chuvas e mais chuvas; todas as tardes há pancadas, umas sobre outras, torrenciais, que enchem logo todas as depressões do terreno que se transforma em lagoazinhas e bacias, fontes de febres intermitentes.


FONTETaunay, Mensário do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1943, página 345


23 de dezembro

2021 - Vítimas fatais do coronavírus tem dia de memória em Campo Grande


22 de dezembro


22 de dezembro


1856 - Nasce Joaquim Eugenio Gomes da Silva (Nheco)

Filho de Joaquim José Gomes da Silva (Barão de Vila Maria) e Maria da Glória Pereira Leite da Silva, nasce em São Luis de Cáceres, Joaquim Eugênio Gomes da Silva, o Nheco. Em 1879, recém casaco com d. Maria das Mercês, filha de de Francisco Leite de Barros e de Antonia de Arruda Leite de Barros, muda-se para Corumbá para apossar-se de terras localizadas à margem esquerda do rio Paraguai, na fezenda Firme, ocupadas anteriormente por seu pai. Segue-o Carlos Vandoni de Barros, destacando seus principais colaboradores:

Nessa primeira fase da fundação da fazenda, cujo nome era "Firme", e na fase do povoamento que, incontestavelmente, foi a principal, pois no dizer de Alberdi, "provar é progredir", foram seus cooperadores, além de outros, o seu cunhado Gabriel Patrício de Barros, já falecido, organização completa do homem de bem, veterano de guerra contra o governo do Paraguai, homem reto e bom, coração sempre aberto à caridade; Manuel Gomes da Silva, já falecido, alma intrépida e infatigável, que fopi, sem dúvida alguma, um dos mais ardorosos companheiros de Nheco; João de Barros, o homem que todos nós conhecemos e admiramos, o homem exemplo, como já escrevemos alhures, que é hoje uma das venerandas figuras dessa região, onde a sua palavra é acatada e respeitada; João Batista de Barros, organização de homem alegre e bom, coração magnânimo, incentivador de energias, espírito acolhedor e afável, e Antonio Pedro da Costa, um dos mais dedicados colaboradores de Nheco, que foi em vida um desses temperamentos inconfundíveis, um caráter como poucos, um homem honerado na mais alta expressão da palavra.

A sesmaria, dividida entre os filhos de Nheco, passaria a ser conhecida como Nhecolândia, com várias fazendas, dedicadas à criação de gado. 

Nheco faleceu em 1909. A direção de sua fazenda, ficou a cargo do filho primogêntio, Mario Gomes da Silva, que veio a falecer cinco anos depois. Ao morrer, Nheco deixou uma gleba de terras pastais e lavradas que se estendia do rio Paraguai à vazente Grande ou Funda. Deixou esposa e os filhos Mário Gomes da Silva, Paulino Gomes da Silva, Eugênio Gomes da Silva, Luis Gomes da Silva, Estêvão Gomes da Silva, Otília Gomes Nery e Mercedes de Barros Maciel.


FONTE: Carlos Vandoni de Barros, Nhecolândia, (2a. edição), Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2012, página 109.


22 de dezembro

1930 – Lei dos dois terços de trabalhadores brasileiros preocupa multinacional do mate

Legislação da revolução de 30, obriga que as empresas tenham no mínimo de 2/3 de trabalhadores brasileiros. A medida atinge de cheio a Companhia Mate Larangeira, cujos recursos humanos eram, em sua maioria esmagadora, de origem estrangeira, principalmente paraguaia. Em reunião da diretoria, o presidente da empresa manifesta sua apreensão à nova lei:

Uma outra ameaça [...] que irá proporcionar grave perturbação nos trabalhos organizados há tantos anos e a custa de tão pesados sacrifícios é a recente exigência do Ministério do Trabalho, para que dois terços do nosso pessoal nos diversos serviços sob nossa exploração, sejam compostos de trabalhadores nacionais e isso dentro do prazo de noventa dias.


FONTE: Odaléa Bianchini, A Companhia Matte Larangeira e a Ocupação da Terra do Sul de Mato Grosso (1880-1940), Editora UFMS, Campo Grande, 2000, páginas 175 e 254.



22 de dezembro

1936 – Vespasiano reage e escapa de atentado em Cuiabá
Senador João Vilasboas, deputado Estevão Alves Correa e senador Vespasiano

Em luta aberta contra o governador Mário Correa, os senadores oposicionistas Vespasiano Barbosa Martins e João Vilasboas sofrem atentando, de repercussão em todo o Estado:

A nossa pacata cidade de Cuiabá assistiu estarrecida e indignada, na noite de 22 do mês passado, a execução de um plano tenebroso, que visava a eliminação dos dois preclaros chefes da ‘Aliança Mato-Grossense’, senadores João Vilasboas e Vespasiano Martins, ultimamente chegados a esta capital.

Por volta das 22 horas daquele dia, depois da saída da última visita, dispunham-se já aqueles dois ilustres representantes matogrossenses no Senado da República a recolherem-se aos seus aposentos, quando a casa em que se hospedavam foi inopinadamente invadida por numeroso grupo de perigosos facínoras, arrebanhados em diversas localidades.


Penetrando na casa, o primeiro a ser visto foi o senador João Vilasboas que recebeu o primeiro tiro, ferindo-o no ombro direito.


Aos disparos desse primeiro tiro, acode o senador Vespasiano com o seu revólver em punho, recebendo logo a cerrada fuzilaria dos assaltantes.
Com uma coragem indômita, deteve o nosso valoroso chefe, um dos celerados, ferindo dois deles, obrigando-os a sair em debandada.


Terminada aquela luta infrene, desigual, estava a esvair-se em sangue o destemido chefe. Havia recebido três ferimentos: um na região acromial esquerda, com fratura do osso; um outro no terso superior da coxa direita, mais um outro na região deltoidiana direita e ainda mais um raspão de bala no antebraço direito, sendo que destes ferimentos só o da coxa apresentava orifício de entrada e saída.


FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 239

FOTO: do livro História do poder legislativo de Mato Grosso, de Rubens de Mendonça.



21 de dezembro

21 de dezembro


1913 – Roosevelt mata onça no Pantanal




Em sua excursão pelo Brasil o ex-presidente dos Estados Unidos caça em fazenda pantaneira, em Corumbá. Rondon, que guiava a comitiva de Theodore Roosevelt registrou a façanha em seu diário:

A estada na fazenda das Palmeiras foi muito agradável. Matou o sr. Roosevelt a sua primeira onça, um magnífico exemplar da nossa canguçu-açu, o maior e mais terrível felino sul-americano. No dia imediato, matava Kermit a segunda onça – um casal. Deu-se o sr. Roosevelt por satisfeito e tratou de apressar a viagem. Esforçava-se por levar a cabo a expedição, sacrificando, porém, tudo quanto lhe não parecesse indispensável à realização do plano traçado. É que muito o preocupava a feição que vinham tomando os acontecimentos entre os Estados Unidos e o México. Chefe de partido, não queria ficar ausente senão o tempo essencial, isso mesmo, porque tinham todos a atenção voltada para a sua expedição. Fora por isso cancelada a visita à fazenda do Firme, rico viveiro de onças e dos grandes mamíferos da América do Sul, que faltavam no museu.


A expedição que chegou a Corumbá no dia 15 de dezembro permaneceu na cidade até a véspera do Natal, quando subiu o rio Paraguai.


FONTEEsther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 373 

FOTO: extraída do livro Viagens e caçadas em Mato Grosso, de H. Pereira da Cunha.




21 de dezembro

2011 - Caso Maiana Mariano comove população de Mato Grosso

É assassinada em Cuiabá, a mando de um comerciante com quem convivia, a jovem estudante Maiana Mariano Vilela, 16 anos. O empresário Rogério Silva Amorim, de 38 anos, separado da esposa, mantinha relação com Maiana há cerca de cinco meses. O relacionamento começou a se complicar, por razões não conhecidas, e ele teria, com a ajuda da ex-esposa, bolado um plano para se livrar da garota.

Contratou Paulo Ferreira Martins, de 44 anos e Carlos Alexandre da Silva, de 34 anos para matá-la. No dia do crime, pediu-lhe que passasse no banco, descontasse um cheque de R$ 500,00 e levasse o dinheiro para Paulo Ferreira em uma chácara próxima. Maiana, em uma moto, que lhe fora presenteada pelo amásio, descontou o cheque e levou o dinheiro, conforme combinado. Deu-se conta da cilada, apenas quando chegou ao local.

Dominada com facilidade por Paulo, que a esperava, foi asfixiada até a morte. Em seguida, o assassino, com o auxílio de Carlos Alexandre, conduziu o corpo até a ponte do Coxipó do Ouro, onde houve o sepultamento, em uma cova rasa. (Olhar Juridico 10/o3/2018)

Apenas cinco meses depois, o corpo da estudante foi encontrado, após escavações feitas pelo corpo de bombeiros. A ossada foi recolhida pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e foram presos, além do mandante Rogério Silva Amorim e sua ex-esposa Calisângela de Moraes, mais seis pessoas envolvidas. 

Os cinco meses entre a morte de Maiana e a descoberta de seu corpo, foram acompanhados por Max Aguiar, do site HNT:

O relógio marcava 17h30 do dia 21 de dezembro de 2011, quando Suely Mariano Vilela, mãe de Maiana Mariano Vilela, que estava em viagem para o Paraná, recebeu um telefonema de Rogério Amorim, condenado por ser mandante, dizendo que a sua filha estava fora de casa há mais de 24 horas e ninguém sabia do paradeiro da adolescente. Mal sabia a mulher que quem lhe informava o desaparecimento de Maiana já tinha encomendado a morte dela.

Suely veio para Cuiabá e começou uma "caçada" por sua filha, que demorou cinco meses. O que mais chamou a atenção em todo esse tempo era que Rogério ajudava nas buscas, inclusive dizendo que ela poderia estar em São Paulo.

Entretanto, em maio de 2012, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Família concluiu que Rogério mandou matar Maiana porque não estava suportando dois relacionamentos. "A pressão na mente dele foi tanta que ele resolveu torar a vida dela. A esposa de Rogério descobriu e pediu pra ele acabar com isso e Maiana não era fácil de soltar. Queria moto, roupas e outras coisas caras", disse a delegada que investigou o crime, Anaide Barros.² (HNT, 28/12/2016)

CONDENADOS - Em julgamento realizado em 19 de outubro de 2016, os indiciados foram condenados pelo Tribunal do Júri de Cuiabá, presidido pela juíza Mônica Catarina Perri. O empresário Rogério da Silva Amorim, foi sentenciado a 20 anos e 3 meses em regime fechado, como mandante do crime e por homicídio tipicamente qualificado. Paulo Ferreira Martins foi condenado a 18 anos e 9 meses e Carlos Alexandre da Silva a 1 ano e 6 meses em regime aberto.

FONTE: ¹Olhar Juridico, Cuiabá, 10/03/2018), ²HNT, Cuiabá, 28/12/2016









20 de dezembro

20 de dezembro

1881 - Assassino de soldado condenado à morte




Acusado do assassinato do policial Benedito José da Cruz, é condenado à morte em Corumbá, o réu Benedito José dos Santos. A notícia aparece, sem destaque, no jornal O Iniciador:

POR SENTENÇA do Dr. Juiz de Direito substituto da comarca, datada de 20 do corrente, foi condenado o réu Benedito Jose dos Anjos, no máximo das penas do art. 192 do Cod. Pen. (pena de morte), pelo fato de haver assassinado o soldado policial Benedito José da Cruz.

Na mesma data e pelo mesmo juiz, foi condenado no médio das penas do art.193 do Cod. Crim. (prisão com trabalho por 12 anos), o soldado naval João José Júlio, por ter ferido a paraguaia Rosa Joana Sanchez, no dia 18 de julho do ano próximo passado, na povoação do Ladário, de cujos ferimentos resultou a morte da ofendida em 11 de janeiro deste ano.

FONTE: Jornal O Inciador (Corumbá), 25 de dezembro de 1881.


20 de dezembro

1935 – Criado o município de Dourados




Decreto nº 30, do governo do Estado de Mato Grosso, emancipa o distrito de Dourados, desmembrando-o de Ponta Porã:

O governador do Estado de Mato Grosso, tendo em vista a representação que lhe dirigiram os habitantes de Dourados, sobre a necessidade de ser elevado aquele distrito a município, e considerando que o distrito de Dourados, possuindo uma população superior a 15 mil almas, vem assinalando o seu crescente desenvolvimento pela exportação em grande escala de erva-mate, gado-vacum, cereais e outros produtos;


Considerando que o referido distrito, além de sua situação geográfica, está ainda dotado de elementos necessários à sua elevação a município;


Considerando que ao poder público cabe prover às necessidades dos núcleos de população para a sua pronta expansão, formando os municípios como célula da grandeza do Estado, usando das faculdades que lhe são conferidas por lei

DECRETA:


Art. Único – Fica criado o município de Dourados, com os seguintes limites: partindo da cabeceira do Ronda, seguindo este até sua foz no rio Santa Maria, descendo este até sua barra no rio Brilhante, continuando o curso deste até sua confluência no rio Ivinhema; por este abaixo até desaguar no rio Paraná; seguindo o curso deste até receber o rio Amambaí, subindo este até encontrar a foz do Piratiny; por este acima até sua mais alta cabeceira; deste ponto uma linha reta seguindo o espigão meste até a cabeceira mais alta do rio Douradinho; por este abaixo até sua foz no rio Dourados; este acima até sua barra no córrego Guariroba, no rio Dourados; subindo o córrego Guariroba até a sua mais alta cabeceira; e deste ponto uma linha reta até o ponto inicial da cabeceira do Ronda; revogadas as disposições em contrário.


Palácio do governador do Estado em Cuiabá, 20 de dezembro de 1935, 47° da República.


Dr. Mário Correa.


O município foi instalado no dia 22 de janeiro de 1936, com a posse de João Vicente Ferreira, seu primeiro prefeito nomeado.


FONTELori Gressler & Lauro Swensson, Aspectos Históricos do Povoamento e da Colonização do Estado de Mato Grosso do Sul, edição dos autores, Dourados, 1988, página 74

FOTO: João Vicente Ferreira, extraída do livro Dourados seus pioneiros, sua história.

19 de dezembro

19 de dezembro

1826 – Expedição Langsdorff deixa Albuquerque

A comissão científica, patrocinada pelo governo russo, deixa Corumbá e continua sua viagem rio Paraguai acima, rumo à sua próxima escala, Cuiabá:

No dia 19 de dezembro partimos de Albuquerque. O comandante acompanhou-nos até a praia e, em honra ao sr. cônsul, mandou dar umas salvas. Iam conosco vários guanás.


Continuou nossa navegação com extrema lentidão, tanto mais incômoda quanto os mosquitos não nos deixavam um instante de sossego. É um suplício indizível.
Tornava-se, além disso, de dia para dia mais penoso o modo de subir contra corrente pelo crescimento do rio que tendo, naquela estação de chuvas, recebido já bastante água nas cabeceiras, não permitia mais às zingas alcançarem o fundo. Recorriam então nossos camaradas a umas varas compridas, terminadas em forquilha, com as quais, agarrando os ramos de árvores e troncos ou apoiando a extremidade de encontro a eles, empurravam as canoas por diante. Raros eram, porém, os galhos resistentes e cada vez mais violenta a correnteza. Porisso também nos movíamos com morosidade desesperadora, que os mosquitos, a chuva e a monotonia transformavam em sofrimento quase insuportável.


FONTEHercules Florence, Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1941, página 74.


19 de dezembro

1951 - Indenizados servidores do antigo território de Ponta Porã




19 de dezembro

1916 - Nasce em Cuiabá, Manoel de Barros



Filho de João Wenceslau Leite de Barros e Alice Pompeu Leite de Barros, nasce em Cuiabá, Manoel de Barros. Ainda criança mudou-se para o Pantanal da Nhecolândia, no município de Corumbá, onde foi alfabetizado por sua tia Rosa Pompeu de Campos. Fez seus estudos primários em Campo Grande no Colégio Municipal, dirigido pelo professor João Tessitore Júnior, onde foi aluno da professora Olívia Enciso. Fez o curso secundário no Rio, onde segundo ele, despertou para a poesia, depois de ler Antonio Vieira.

Em 1934 iniciou o curso de Direito. Concluiu o curso mas nunca advogou. Seu primeiro livro foi "Poemas concebidos sem pecado", de 1937, com tiragem de 20 volumes. Em 1942 publicou "Face imóvel" e em 1956, "Poesias", pela Editora Pongetti. Ganhou em 1960 o Prêmio Orlando Dantas, patrocinado pelo jornal Diário de Notícias do Rio de Janeiro, com o livro "Compêndio para uso dos pássaros". Em 1965 vence o prêmio nacional de poesia da Fundação Cultural do Distrito Federal, e com o dinheiro editou em 1969, a sua "Gramática expositiva do chão".

"Matéria de poesia", segundo ele, foi o livro mais elogiado de sua obra. Em 1982 lançou "Arranjos para assobio", pela Editora Civilização Brasileira. Em 1985 saiu "Pré-coisas", seguido pelo "O guardador de águas" (1989), "Concerto a céu aberto para solos de aves" (1991) e "O livro das ignorâncias".

Assim Manoel de Barros se define:

Minha poesia é uma reflexão permanente. A palavra me atinge de tal modo, que a língua passa a inventar coisas. Nunca escrevi uma palavra que não tenha roçado no meu corpo. Minha poesia é marcada por um constante morrer e renascer. Essa permanente metamorfose está presente em toda a minha obra. Acho que é importante para qualquer poeta reviçar as coisas. Descobri, por exemplo, que uma palavra arcaica tem o poder de dar viço novo a qualquer outra já gasta. É por isso que gosto de ler os clássicos quinhentistas. A partir da palavra aprendo a inventar. Ela é o fio condutor que nos faz penetrar em nossos ancestrais.

Manoel de Barros faleceu em 13 de novembro de 2014, em Campo Grande.


FONTE: Maria da Glória Sá Rosa e outras, Memória da arte em Mato Grosso do Sul, UFMS/CECITEC, Campo Grande, 1992,página 45.

FOTO: estátua desenhada e esculpida por Victor Henrique Woitschach (Ique).


19 de novembro

1951 - Indenizados servidores do ex-território de Ponta Porã

O presidente Getúlio Vargas sancionou lei aprovada pelo Congresso Nacional, abrindo, pelo Ministério da Justiça, o crédito especial de Cr$ 11.994.394,80 para custear o pagamento dos proventos de disponibilidade, relativos ao período de 16 de dezembro de 1947 a 31 de dezembro de 1949. dos ex-servidores dos extintos territórios de Iguaçu e Ponta Porã, beneficiados pela lei n° 128, de 24-10-1947.

FONTE: Correio da Manhã (RJ), 20 de dezembro de 1951.








18 de dezembro

18 de dezembro

1907 – Decreto consolida legislação fundiária do Estado



Decreto do governo Generoso Ponce, regula a colonização de terras devolutas no Estado de Mato Grosso. Através das facilidades criadas pelo decreto nº 200, segundo Virgílio Correa Filho, “inúmeros são os colonos que espontaneamente procuram radicar-se em Mato Grosso, obtendo, para isso, gratuitamente, por meio de petição ao presidente do Estado, processada analogamente às de compra, lotes de 50 a 200 hectares de terras devolutas, nas regiões para esse fim destinadas:

Nessas condições, acham-se as que ladeiam a E. F. Noroeste do Brasil, na largura de 10 quilômetros para cada lado, de Três Lagoas a Porto Esperança; as que distam menos de 6 quilômetros das margens dos rios Taquari; do São Lourenço e seus afluentes, na secção navegável; do Jauru; do Cabaçal; do Sipotuba; do Paraguai, até Santa Ana.

Ademais, por vezes, o governo tem experimentado apressar a colonização, de que há mister o Estado, mediante concessões a empresas particulares, que se comprometem a fundar núcleos coloniais, em retribuição aos favores que lhes são prometidos.

Até hoje, mais avultada se apresenta a colonização espontânea, tendo resultado improfícua a tentativa de estabelecimentos de núcleos coloniais, de que se encarregaram vários concessionários.

Todavia, a colônia de Terenos, fundada pela municipalidade de Campo Grande, ao tempo do intendente Arnaldo de Figueiredo, com o auxílio do Estado, na presidência de Pedro Celestino, prosperou e constitui exemplo convincente das possibilidades de iniciativas análogas.


FONTE: Virgílio Correa Filho, Mato GrossoCoeditora Brasílica, Rio de Janeiro, 1922 180

17 de dezembro

17 de dezembro
 
1865 – Forças brasileiras acampam em Coxim




As tropas brasileiras que combaterão os paraguaios na fronteira, após vários meses no trajeto entre São Paulo e Mato Grosso, acampam “no lugar denominado Beliago, ou mais vulgarmente Coxim, incorporando-se a elas o contingente de tropas da província de Goiás, o qual aí se achava desde o dia 7 de setembro daquele ano e era composto de um esquadrão de cavalaria e de um batalhão de linha n. 20, completado com duas companhias de praças voluntárias”.

O tenente Taunay, da comissão de engenharia da força, descreve o novo acampamento da expedição brasileira:

O local, indicado por vários entendidos como o mais próprio para cobrir a capital da província de Mato Grosso e ao mesmo tempo defender as estradas que dessem pronta comunicação com as outras províncias limítrofes, assenta, como dissemos, na confluência dos dois rios Taquari e Coxim, os quais unem as suas águas depois de curso bastante longo, vindo o primeiro da direção média E. e o outro de S.E., e formando no ponto de reunião uma corredeira importante, a última que encontravam os navegantes desses caudais, ao demandarem o rio Paraguai e a cidade de Cuiabá. Este local devia para o futuro tomar certo incremento e já se ia constituindo em núcleo de população, quando os paraguaios prolongaram até aí a sua devastadora incursão. Era ponto de muitos gêneros de Goiás, tendo sido, desde o século passado, necessidade de se formar aí um estabelecimento, quando em uso a navegação interna pelos rios Paraná e Pardo de um lado, e Camapuã e Coxim do outro, para lá do varadouro que levava do vale do Paraná ao do Paraguai. Até a barra dos dois rios, chegam canoas grandes com extrema facilidade, sendo possível a vinda de vapores a 2 ½ léguas abaixo dela, como já se deu.


Existia em 1862 o projeto de criação de uma colônia militar à margem direita do Taquari e o presidente de então, o sr. Herculano Ferreira Pena, tornou salientes em seu relatório à assembléia provincial as vantagens que para o profuso abastecimento dos pontos situados à margem do grande Paraguai, e mesmo para o da capital se originariam com a formação de um centro povoado que, atraindo a exportação ao Coxim, a estendesse com pouco custo até Corumbá, Dourados, etc. Tendo havido o projeto de se construir uma obra de fortificação passageira para a guarnição que aí ficou com quatro bocas de fogo, por ocasião da descida das forças para Miranda, não achou o engenheiro, 1º tenente Joaquim José Pinto Chichorro da Gama, em todos os terrenos próximos, um local conveniente para esse fim. A planta, porém, e o traçado foram entregues ao coronel comandante das forças.


Debaixo do ponto de vista militar, como já mostramos, não preenche a posição nenhuma das condições precisas. Considerado, porém, pelo lado pitoresco e comercial, o Coxim, cercado de outeiros baixos, banhado por um belo rio, navegável e de águas claras, rodeado de frondente vegetação, em situação favorável à saúde, como demonstrou exuberantemente a estatística do hospital ambulante da força é localidade aprazível e uma das mais apropriadas para um centro de população.


O Taquari, depois de receber o contingente do Coxim rola uma massa considerável de água, apresentando, entre margens altas e abruptas, a largura média de 176 metros. Pelo lado esquerdo segue-o uma fita larga de bonita mataria e, dali a 40 léguas, sempre com um curso regular e livre de obstáculos, vai atirar-se no rio Paraguai, abaixo de Corumbá, que fica à margem direita daquele caudal.


Os recursos de que dispunha o lugar eram diminutíssimos: apenas duas fazendas se achavam numa periferia de 12 léguas, ambas de minguados produtos; tendo sindo, além disso, uma delas, a de Luiz Teodoro, devastada pelos inimigos, os quais, na invasão de abril daquele ano, além de queimarem os mantimentos que não podiam levar, estragaram também todas as plantações ainda novas. Pouco ou nenhum gado existia em seus arredores e as más pastarias favorecem o desenvolvimento da peste de cadeiras, tão fatal aos animais muares e cavalares em todo o sul de Mato Grosso. 


Uma alteração profunda no sistema atual de viver não há contudo sofrer demora: a passagem para a vida agrícola. A moléstia que grassa entre os cavalos produzirá esta modificação. Não há cavalo que resista àquela peste, depois de poucos anos de trabalho, de modo que, em certas épocas, qualquer animal atinge preços despropositados. Em alguns anos a dificuldade em obter cavalhada tem impossibilitado o costêo, sem o qual o gado se torna arisco e bravio, como o que avistamos na base da serra de Maracaju. (...)


Nessas condições e já começando a sentir a penúria da falta de víveres, como acima deixamos expendido, acampou a força esperando ordem para posteriores marchas. O tempo das águas começando em setembro, devia prolongar-se até maio, impedindo a passagem pelos terrenos inundados que separam o Coxim do rio Aquidauana, onde, de novo, aparecem as terras altas, e onde se acham os primeiros postos paraguaios.


FONTE: Taunay, Em Mato Grosso Invadido, Companhia Melhoramentos de S. Paulo, sd, página 58

IMAGEM: barracão da comissão de engenheiros no acampamento de Coxim. Desenho de Taunay.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...