sábado, 14 de dezembro de 2013

25 de dezembro

25 de dezembro

1846 – Morre em Cáceres o chefe da Sabinada baiana

Sabinada, a revolta separatista e republicana da Bahia

Falece em seu exílio na fazenda Jacobina, em Cáceres, o médico baiano Francisco Sabino Alves da Rocha Vieira (foto), chefe da revolta de 1837, que ficou registrada na história do Brasil como Sabinada.

“Preso com pesados grilhões ao colo e aos pulsos, foi depois condenado à morte, e por comutação de pena, deportado para a província de Goiás. Casou-se nessa província (já era viúvo) e abandonou a esposa, de onde passou para Mato Grosso”.


Seus restos mortais foram retirados em 1895 e remetidos para a cidade de Salvador, a pedido do Instituto Histórico da Bahia.


FONTEEstevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 335.



25 de dezembro


1864 - Marinha paraguaia chega ao forte Coimbra





Ignorando as decisões tomadas pelo governo paraguaio com relação ao Brasil, o novo comandante da guarnição brasileira, tenente-coronel Hermenegildo Portocarrero, não percebeu quando as forças comandadas pelo coronel Vicente Barrios, subiram o rio Paraguai e, parando a uns 100 quilômetros do forte, enviaram um navio para fazer o reconhecimento. “Este foi e voltou sem ser visto e informou que próximo ao forte ouviu tiros. Soube-se depois que a guarnição estava fazendo exercícios de tiro ao alvo, sem saber que o inimigo se aproximava.”

"Tão denso era o nevoeiro - relata o historiador - que só na madrugada do dia 27, quando a fumaça das chaminés dos navios foi avistada pela sentinelas, Coimbra tomou conhecimento do avanço paraguaio."

O inventário da investida detalha:

"A frota inimiga, capitaneada pelo Igurey, era formada por 5 vapores e 5 grandes embarcações a reboque, e totalizava 39 canhões de bordo. Vieram a reboque também balsas-curral com gado para o abastecimento da tropa, e cavalos. As tropas de combate formavam 4 batalhões, num total de 3.200 homens. Traziam 12 peças de campanha."

Um contraste com as disponibilidades da guarnição brasileira em disputa:

A artilharia era constituída de 31 canhões velhos, dos quais apenas 11 estavam em condições de atirar, mas como o número de artilheiros era insuficiente, só 5 podiam ser manejados.

Até 5 de agosto desse ano a guarnição era de apenas 46 homens. Com a chegada do Corpo de Artilharia subiu para 115. Auxiliaram também na defesa outros elementos que se encontravam em Coimbra: 10 índios cadiuéus da tribo do cacique Lixagota, 5 guardas da Alfândega de Corumbá, 5 colonos de Albuquerque, 18 presos, um operário contratado e mais um civil não identificado.

A munição de artilharia era abundante, mas a de infantaria era escassa. apenas 12.000 cartuchos, dos quais 2.000 cedidos pela canhoneira Anhambai.

Valioso auxílio prestou na defesa essa embarcação com dois canhões de calibre 32, tripulada por 34 marinheiro e comandada pelo 1º-tenente Balduíno do Amaral.

Colhido de surpresa Portocarrero tomou rapidamente as providências para a defesa com os poucos elementos de que dispunha e fez recolher ao forte as famílias que habitavam a aldeia.

O ataque decisivo ao forte ocorreu a partir do dia 27, culminando com a fuga dos combatentes brasileiros e a ocupação de Coimbra pelos paraguaios.

FONTECarlos Francisco Moura, O forte de Coimbra, sentinela avançada da fronteira, Edições UFMT, Cuiabá, 1975, página 60.


25 de dezembro

1927 - Inaugurada a Santa Casa de Campo Grande

É solenemente inaugurada a Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande. O ato oficial foi aberto pelo presidente da Associação Beneficente Campograndense, mantenedora da entidade, tabelião Eduardo Santos Pereira e contou com a presença de representantes de toda a sociedade local e convidados de outras cidades. Abriu a sessão o presidente Santos Pereira, que passou a palavra, primeiramente ao vice-presidente, dr. Oliveira Mello, "que fez o histórico do empreendimento e terminou fazendo um apelo à generosidade dos habitantes dos habitantes desta cidade". Encerraram os discursos o prefeito Jonas Correa da Costa e o médico Fernando Correa da Costa, que falou pelo corpo clínico do hospital.

Compareceram ao evento, evento outras, as seguintes autoridades: representante do comandante da circunscrição militar, Pedro Laurentino Chaves, juiz de direito da comarca, Jonas Correa da Costa, prefeito municipal, desembargador Antonio Quirino de Araújo, sub-chefe de polícia do Estado, deputado Miguel do Carmo de Oliveira Mello, vereador Arnaldo Estevão de Figueiredo, vice-presidente da Câmara municipal, deputado e jornalista Jaime Ferreira de Vasconcelos, Eurindo Neves, juiz de direito de Ponta Porã, Eduardo Olímpio Machado, presidente da Associação Comercial, Edmundo Machado, juiz de direito de Nioaque, Clarindo Correa da Costa, juiz de direito de Porto Murtinho, Hormínio Mendes, suplente de juiz de direito, capitão Humberto Miranda, coletor federal, Arnaldo Serra, agente fiscal de imposto de consumo, major Generoso Leite, agente do correio, advogado Sabino Costa, delegado de polícia, advogado Dolor Ferreira de Andrade, Teixeira Filho, Mariz Pinto, Arthur Jorge, Costa Pinto, Victor Limoeiro, Tertuliano Meirelles, Anibal Duarte e Pacífico Lopes de Sequeira.


FONTE: A Cruz, Cuiabá, 22-01-1928.




25 de dezembro

1935 – Promulgada em Cuiabá a Constituição de Mato Grosso


Deputado Estêvão Alves Correa

É sancionada a primeira constituição de Mato Grosso, pós revolução de 30 e guerra civil de 1932. O ato foi marcado pelo discurso do presidente Estevão Alves Correa:

Os mato-grossenses aqui nascidos ou radicados, que souberem escrever no passado, entre outras muitas, com a figura homérica de Antonio João, nas páginas gloriosas da resistência de Dourados; com a bravura de Antonio Maria Coelho, as da retomada de Corumbá; com Leverger, a da resistência de Melgaço; com Batista das Neves, o cavalheiro sem medo e sem mancha, as dos convés de Minas Gerais, onde derramou seu sangue generoso para sufocar a revolta e a indisciplina; com Joaquim Murtinho as da organização das finanças públicas , sabendo que na ocasião se impopularizava; com D. José, D. Carlos, os dois Antonio Correa, Generoso Ponce, o condotteri, Melo, o Bravo, e Pedro Celestino o saudoso guia dos matogrossenses; e com os homens da primeira República, que escreveram as rutilas páginas da Constituição de 91; os matogrossenses, ainda, podemos dizer sem falsa modéstia, continuam dignos de sua terra.


Não é preciso para prová-lo a citação de nomes, muitos dos quais aqui presentes, daquele que, para a glória do Estado, ainda vivem. Promulgamos hoje uma Constituição que encerra ainda maiores conquistas que a da primeira República.

Não a estudarei: já o fizeram ilustres deputados, quando ela foi discutida.
Naturalmente não será perfeita, nem satisfará em absoluto a cada um de nós, mas foi a que a Assembléia, pode fazer de melhor, no momento.


Para isso, demonstrando seu patriotismo, maioria e minoria deram-se as mãos, trabalhando com maior afinco e a maior cordialidade e esforçando-se ambos para coimá-la de possíveis falhas e para que pudessem promulgá-la, hoje "dia consagrado à comemoração da unidade espiritual dos povos cristãos".

Festejamos assim este dia glorioso, começando a respeitar a Constituição, em seu preâmbulo, promulgando-a no maior dia que a cristandade possui.


Continuamos nossa marcha ascencional para um radioso porvir, respeitando o passado que nos tivemos, sendo ainda uma prova disso, dirigir-vos a palavra pela nunca desmentida generosidade dos senhores deputados o primogênito do único sobrevivente da Constituinte de 91.

À sessão compareceram os drs. bacharel Aquiles Verlangieri, dr. Antonio Leite de Barros, advogado Mário Mota, cel. Antonio Antero Paes de Barros, deputado Gabriel Vandoni de Barros, dr. Alberto Novis, dr. João Batista Nunes Ribeiro, dr. Flávio Augusto de Rezende Rudim, deputado Corsino Bouret, dr. Ernesto Pereira Borges, advogado Arcílio Pompeo de Barros, professor Jercy Jacob, deputado Joaquim Cesário, coronel Waldomiro Correa da Costa, deputado Armindo Pinto de Figueiredo, Henrique José Vieira Neto e Estevão Alves Correa, representantes dos prefeitos dos municípios de Diamantino, Livramento, Cáceres, Guajará-Mirim, Corumbá, Santo Antonio do Madeira, Aquidauana, Lajeado, Poconé, Nioaque, Entre-Rios, Maracaju, Coxim, Porto Murtinho, Miranda e o deputado federal Trigo de Loureiro e senador João Vilasboas e deputado federal Ítrio Correa da Costa. 


O texto final da nova carta foi aprovado pelos deputados Estevão Alves Correa, Benjamim Duarte Monteiro, Filogônio de Paula Correa, Miguel Ângelo de Oliveira Pinto, Francisco Pinto de Oliveira, Henrique José Vieira Neto, Joaquim Cesário da Silva, Jospe Silvino da Costa, Nicolau Frageli, Rosário Congro, Armindo Pinto de Figueiredo, João Evaristo Curvo, Júlio Muller, Corsino Bouret, João Ponce de Arruda, Caio Correa, Gabriel Vandoni de Barros, Josino Viegas de Oliveira Paes, Agrícola Paes de Barros, João Leite de Barros, José Gentil da Silva, Luis de Miranda Horta, Deusdedit de Carvalho e Bertoldo da Silva Freire.

A principal inovação da carta promulgada foi a criação do deputado classista:

Art 4° - O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa, composta de deputados do povo e das organizações profissionais, tendo mandato de quatro anos.

§ 1º - É fixado em vinte e quatro o número de deputados do povo e eleitos mediante sistema proporcional e sufrágio universal igual e direto; em três o das organizações profissionais, eleitos na forma fixada pela lei, compreendidos, para este feito, os grupos seguintes: empregadores, empregados, profissões liberais e funcionários públicos.

§ 2º - O deputado do povo deve ser brasileiro nato, eleitor, maior de 25 anos e residente no Estado por mais de quatro anos. 

§ 3º - O representante de organizações profissionais deverá ter os requisitos acima, devendo pertencer, pelo menos, há um ano, a uma associação do grupo que o eleger, salvo quando esta contar menos de um ano de existência legal."


A Constituição de 35 foi a de mais curta vigência de Mato Grosso. Em 1937 seria revogada pela decretação da ditadura do Estado Novo, à frente Getúlio Vargas.



FONTEEstevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 343.


25 de dezembro

2015 - Morre o compositor Geraldo Roca, co-autor do Trem do Pantanal





Foi encontrado morto em sua residência em Campo Grande, por volta das 11 horas da manhã, o compositor Geraldo Roca, parceiro de Paulinho Simões da música "Trem do Pantanal". A causa foi suicídio. Segundo familiares ele tinha histórico de depressão e fazia tratamento contra a doença. Nascido no Rio de Janeiro há 61 anos, o artista mora em Campo Grande desde o início da década de 70. Em 1975 - conta a jornalista Liziane Berrocal, "Roca e Paulinho Simões compuseram uma viagem a Santa Cruz de la Sierra o hino 'não oficial' do maior patrimônio de Mato Grosso do Sul. A música tinha o nome inicial de 'Trilhos da terra' e ganhou o nome de 'Trem do Pantanal' até por uma questão de se um lugar mundialmente conhecido.

A fuga da ditadura foi o mote para a frase 'mais um fugitivo da guerra', porque Paulinho Simões fugira dos militares no golpe de 1964, quando frequentava uma célula do PCB no Rio de Janeiro.

As músicas começaram a ganhar o Brasil quando Almir Sater gravou a dupla e várias outras versões foram regravadas, como o Bando do Velho Jack, que em 1998 ganhou a edição regional do Skol Rock, famoso festival nacional que reunia nomes em ascenção no cenário rock do país. Em entrevistas a veículos de comunicação, Roca tinha calculado pelo menos umas 100 regravações do 'trem' entre cantores, orquestras e bandas. Ele também foi o responsável por músicas como 'Uma pra Estrada', Polca Outra Vez' e 'Mochileira'".


FONTE: Liziane Berrocal, O adeus a Geraldo Roca, O Estado de Mato Grosso do Sul, 26-12-2015.


FOTO: O Estado de Mato Grosso do Sul.

24 de dezembro

24 de dezembro

1935 – Aprovada, em Cuiabá, redação final da nova constituição estadual 




Concluída a redação do texto é posta em discussão e votação, pelo presidente Estevão Alves Correa, a nova carta constitucional de Mato Grosso, promulgada no dia seguinte, 25 de dezembro. 

Aprovada pela unanimidade dos constituintes, a grande inovação da constituição estadual é o voto corporativista, de acordo com os dispositivos de seu art. 4°:


"O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa,composta de deputados do povo e das organizações profissionais, tendo mandato por quatro anos.

§ 1° - É fixado em vinte e quatro o número de deputados do povo e eleitos mediante sistema proporcional e sufrágio universal, igual e direto; em três o das organizações profissionais, eleitos na forma fixada por Lei, compreendidos, para este efeito, os grupos seguintes: empregadores; empregados; profissões liberais e funcionários públicos.

§ 2° - O deputado do povo deve ser brasileiro nato, eleitor, maior de 25 anos e residente no Estado por mais de quatro anos.

§ 3° - O representante de organizações profissionais deverá ter o requisitos acima, devendo pertencer, pelo menos, há um ano, a uma associação do grupo que o eleger, salvo quando esta contar menos de um ano de existência legal".


FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 192.

FOTO: 1 - Estevão Alves Correa, Presidente, 2 - Benjamim Duarte Monteiro, líder da maioria, 3 - Filogônio de Paula Correa, líder da minoria, 4 - Miguel Ângelo de Oliveira Pinto, vice-presidente, 5-Francisco Pinto de Oliveira, 6-Henrique José Vieira Neto, 1° secretário, 7- Joaquim Cesário da Silva, 2° secretário, 8-José Silvino da Costa, 9-Nicolau Fragelli, 10-Rosário Congro, 11-Armindo Pinto de Figueiredo, 12-João Evaristo Curvo, 13-Julio Muller, 14-Corsino Bouret, 15-João Ponce de Arruda, 16-Caio Correia, 17-Gabriel Vandoni de Barros, 18-Josino Viegas de Oliveira Paes, 19-Agrícola Paes de Barros, 20- João Leite de Barros, 21- José Gentil da Silva, 22- Luis de Miranda Horta, 23 - Deusdedith de Carvalho e 24- Bertoldo da Silva Freire.


24 de dezembro

1977 - Levy Campanhã: o crime do sub-chefe da Casa Civil do governador


Foi assassinado o advogado Levy Campanhã de Sousa, de 38 anos, sub-chefe da Casa Civil do Estado. Levy estava em Campo Grande com a família para as festas de fim de ano, quando foi surpreendido por dois pistoleiros que lhe acertaram três tiros de revólver, calibre 38. Aconteceu em plena luz do dia em frente à sua residência na rua 15 de Novembro, onde brincava com seus dois filhos, um de 6 e outro de 8 anos.

O inquérito policial foi dirigido pelo delegado regional, Aloysio Franco de Oliveira, que, mesmo antes de iniciar as investigações, concluiu não se tratar de crime político:

O delegado regional afirmou que "o crime foi por motivos pessoais e os criminosos não são pistoleiros profissionais". Testemunhas contaram que "os rapazes, depois dos disparos, (três atingiram mortalmente o sr. Levy Campanhã de Sousa) fugiram a pé, com as armas (calibre 38) na mão". Uma das testemunhas diz ser capaz de os reconhecer.¹

Passados quase dois meses sem nenhuma pista segura para desvendar o crime, pressionado pela opinião pública e pela viúva Rosa Campanhã, o governador Garcia Neto, decidiu recorrer ao seu colega Abreu Sodré, governador de São Paulo, que lhe mandou o delegado Sergio Fleury e equipe para tentar desvendar o crime. 

Admitindo a eficiência dos métodos não convencionais do temerário delegado paulista, o secretário de Justiça, Madeira Évora,  justificou sua vinda a Campo Grande, afirmando que do jeito que a polícia matogrossense está conduzindo as investigações, "sem apelar para qualquer tipo de tortura ou violência física, somente por um golpe de sorte chegaremos aos matadores do sr. Levy Campanhã". (JB, 14/02/1978)

Apenas no final de junho, Fleury conseguiu chegar aos dois suspeitos pelo assassinato: Orestes Ferraz dos Santos e Hélio Rosalez. Aquele, sobrinho do advogado e jornalista Ruy Santana dos Santos, também assessor do governo, confessou que o tio contratou seus serviços por Cr$ 50 mil. Detido, Ruy nega qualquer envolvimento, mas é indiciado como mandante, com base no depoimento de Orestes, que também nega envolvimento, alegando que confessou sob tortura. (Jornal da Manhã, 24/07/1978)

Levados a júri popular em 10 de outubro de 1979, Orestes e Rosalis foram condenados a 18 e 16 de reclusão. Rui Santana também foi condenado.

Os três permaneceram pouco tempo na cadeia. Rui Santana morreu de infarto em setembro de 2016, sem assumir a responsabilidade pelo atentado. 

FONTE: ¹Jornal do Brasil (RJ), 27/12/1977; ²Idem, 14/02/1978; ³Jornal da Manhã (Campo Grande), 24/07, 1979; 4Diario da Noite (SP), 11/10/1979.








23 de dezembro

23 de dezembro

1866 – Taunay escreve sua última carta de Miranda


Endereçada aos seus familiares no Rio, o tenente Taunay, combatente na guerra do Paraguai, mostra-se aflito com a insalubridade da vila e a indefinição dos rumos que deve tomar a coluna estacionada em Miranda, antes de sua partida para Laguna:

Dizem que o novo presidente de Mato Grosso, Couto de Magalhães dirige-se a toda a pressa para o Coxim, para onde devem passar estas forças antes de seguir para Cuiabá; vindo as de lá para a fronteira. Teme-se complicações sérias com a Bolívia e querem tomar providências a respeito, mandando-nos para o Norte. Até quando viajaremos? Far-nos-ão percorrer o mundo inteiro? Estou já aborrecidíssimo com esta vida, cujos espinhos só se apreciam metido nela até o pescoço como me acha.


Breve chegará aqui Camisão e mais que provavelmente conduzirá logo as forças para Nioaque, onde dever-se-á fazer um estacionamento conveniente ao restabelecimento das praças que muito tem sofrido do clima pernicioso desta vila. [...]


Temos tido chuvas e mais chuvas; todas as tardes há pancadas, umas sobre outras, torrenciais, que enchem logo todas as depressões do terreno que se transforma em lagoazinhas e bacias, fontes de febres intermitentes.


FONTETaunay, Mensário do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1943, página 345


23 de dezembro

2021 - Vítimas fatais do coronavírus tem dia de memória em Campo Grande


22 de dezembro


22 de dezembro


1856 - Nasce Joaquim Eugenio Gomes da Silva (Nheco)

Filho de Joaquim José Gomes da Silva (Barão de Vila Maria) e Maria da Glória Pereira Leite da Silva, nasce em São Luis de Cáceres, Joaquim Eugênio Gomes da Silva, o Nheco. Em 1879, recém casaco com d. Maria das Mercês, filha de de Francisco Leite de Barros e de Antonia de Arruda Leite de Barros, muda-se para Corumbá para apossar-se de terras localizadas à margem esquerda do rio Paraguai, na fezenda Firme, ocupadas anteriormente por seu pai. Segue-o Carlos Vandoni de Barros, destacando seus principais colaboradores:

Nessa primeira fase da fundação da fazenda, cujo nome era "Firme", e na fase do povoamento que, incontestavelmente, foi a principal, pois no dizer de Alberdi, "provar é progredir", foram seus cooperadores, além de outros, o seu cunhado Gabriel Patrício de Barros, já falecido, organização completa do homem de bem, veterano de guerra contra o governo do Paraguai, homem reto e bom, coração sempre aberto à caridade; Manuel Gomes da Silva, já falecido, alma intrépida e infatigável, que fopi, sem dúvida alguma, um dos mais ardorosos companheiros de Nheco; João de Barros, o homem que todos nós conhecemos e admiramos, o homem exemplo, como já escrevemos alhures, que é hoje uma das venerandas figuras dessa região, onde a sua palavra é acatada e respeitada; João Batista de Barros, organização de homem alegre e bom, coração magnânimo, incentivador de energias, espírito acolhedor e afável, e Antonio Pedro da Costa, um dos mais dedicados colaboradores de Nheco, que foi em vida um desses temperamentos inconfundíveis, um caráter como poucos, um homem honerado na mais alta expressão da palavra.

A sesmaria, dividida entre os filhos de Nheco, passaria a ser conhecida como Nhecolândia, com várias fazendas, dedicadas à criação de gado. 

Nheco faleceu em 1909. A direção de sua fazenda, ficou a cargo do filho primogêntio, Mario Gomes da Silva, que veio a falecer cinco anos depois. Ao morrer, Nheco deixou uma gleba de terras pastais e lavradas que se estendia do rio Paraguai à vazente Grande ou Funda. Deixou esposa e os filhos Mário Gomes da Silva, Paulino Gomes da Silva, Eugênio Gomes da Silva, Luis Gomes da Silva, Estêvão Gomes da Silva, Otília Gomes Nery e Mercedes de Barros Maciel.


FONTE: Carlos Vandoni de Barros, Nhecolândia, (2a. edição), Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2012, página 109.


22 de dezembro

1930 – Lei dos dois terços de trabalhadores brasileiros preocupa multinacional do mate

Legislação da revolução de 30, obriga que as empresas tenham no mínimo de 2/3 de trabalhadores brasileiros. A medida atinge de cheio a Companhia Mate Larangeira, cujos recursos humanos eram, em sua maioria esmagadora, de origem estrangeira, principalmente paraguaia. Em reunião da diretoria, o presidente da empresa manifesta sua apreensão à nova lei:

Uma outra ameaça [...] que irá proporcionar grave perturbação nos trabalhos organizados há tantos anos e a custa de tão pesados sacrifícios é a recente exigência do Ministério do Trabalho, para que dois terços do nosso pessoal nos diversos serviços sob nossa exploração, sejam compostos de trabalhadores nacionais e isso dentro do prazo de noventa dias.


FONTE: Odaléa Bianchini, A Companhia Matte Larangeira e a Ocupação da Terra do Sul de Mato Grosso (1880-1940), Editora UFMS, Campo Grande, 2000, páginas 175 e 254.



22 de dezembro

1936 – Vespasiano reage e escapa de atentado em Cuiabá
Senador João Vilasboas, deputado Estevão Alves Correa e senador Vespasiano

Em luta aberta contra o governador Mário Correa, os senadores oposicionistas Vespasiano Barbosa Martins e João Vilasboas sofrem atentando, de repercussão em todo o Estado:

A nossa pacata cidade de Cuiabá assistiu estarrecida e indignada, na noite de 22 do mês passado, a execução de um plano tenebroso, que visava a eliminação dos dois preclaros chefes da ‘Aliança Mato-Grossense’, senadores João Vilasboas e Vespasiano Martins, ultimamente chegados a esta capital.

Por volta das 22 horas daquele dia, depois da saída da última visita, dispunham-se já aqueles dois ilustres representantes matogrossenses no Senado da República a recolherem-se aos seus aposentos, quando a casa em que se hospedavam foi inopinadamente invadida por numeroso grupo de perigosos facínoras, arrebanhados em diversas localidades.


Penetrando na casa, o primeiro a ser visto foi o senador João Vilasboas que recebeu o primeiro tiro, ferindo-o no ombro direito.


Aos disparos desse primeiro tiro, acode o senador Vespasiano com o seu revólver em punho, recebendo logo a cerrada fuzilaria dos assaltantes.
Com uma coragem indômita, deteve o nosso valoroso chefe, um dos celerados, ferindo dois deles, obrigando-os a sair em debandada.


Terminada aquela luta infrene, desigual, estava a esvair-se em sangue o destemido chefe. Havia recebido três ferimentos: um na região acromial esquerda, com fratura do osso; um outro no terso superior da coxa direita, mais um outro na região deltoidiana direita e ainda mais um raspão de bala no antebraço direito, sendo que destes ferimentos só o da coxa apresentava orifício de entrada e saída.


FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 239

FOTO: do livro História do poder legislativo de Mato Grosso, de Rubens de Mendonça.



21 de dezembro

21 de dezembro


1913 – Roosevelt mata onça no Pantanal




Em sua excursão pelo Brasil o ex-presidente dos Estados Unidos caça em fazenda pantaneira, em Corumbá. Rondon, que guiava a comitiva de Theodore Roosevelt registrou a façanha em seu diário:

A estada na fazenda das Palmeiras foi muito agradável. Matou o sr. Roosevelt a sua primeira onça, um magnífico exemplar da nossa canguçu-açu, o maior e mais terrível felino sul-americano. No dia imediato, matava Kermit a segunda onça – um casal. Deu-se o sr. Roosevelt por satisfeito e tratou de apressar a viagem. Esforçava-se por levar a cabo a expedição, sacrificando, porém, tudo quanto lhe não parecesse indispensável à realização do plano traçado. É que muito o preocupava a feição que vinham tomando os acontecimentos entre os Estados Unidos e o México. Chefe de partido, não queria ficar ausente senão o tempo essencial, isso mesmo, porque tinham todos a atenção voltada para a sua expedição. Fora por isso cancelada a visita à fazenda do Firme, rico viveiro de onças e dos grandes mamíferos da América do Sul, que faltavam no museu.


A expedição que chegou a Corumbá no dia 15 de dezembro permaneceu na cidade até a véspera do Natal, quando subiu o rio Paraguai.


FONTEEsther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 373 

FOTO: extraída do livro Viagens e caçadas em Mato Grosso, de H. Pereira da Cunha.




21 de dezembro

2011 - Caso Maiana Mariano comove população de Mato Grosso

É assassinada em Cuiabá, a mando de um comerciante com quem convivia, a jovem estudante Maiana Mariano Vilela, 16 anos. O empresário Rogério Silva Amorim, de 38 anos, separado da esposa, mantinha relação com Maiana há cerca de cinco meses. O relacionamento começou a se complicar, por razões não conhecidas, e ele teria, com a ajuda da ex-esposa, bolado um plano para se livrar da garota.

Contratou Paulo Ferreira Martins, de 44 anos e Carlos Alexandre da Silva, de 34 anos para matá-la. No dia do crime, pediu-lhe que passasse no banco, descontasse um cheque de R$ 500,00 e levasse o dinheiro para Paulo Ferreira em uma chácara próxima. Maiana, em uma moto, que lhe fora presenteada pelo amásio, descontou o cheque e levou o dinheiro, conforme combinado. Deu-se conta da cilada, apenas quando chegou ao local.

Dominada com facilidade por Paulo, que a esperava, foi asfixiada até a morte. Em seguida, o assassino, com o auxílio de Carlos Alexandre, conduziu o corpo até a ponte do Coxipó do Ouro, onde houve o sepultamento, em uma cova rasa. (Olhar Juridico 10/o3/2018)

Apenas cinco meses depois, o corpo da estudante foi encontrado, após escavações feitas pelo corpo de bombeiros. A ossada foi recolhida pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e foram presos, além do mandante Rogério Silva Amorim e sua ex-esposa Calisângela de Moraes, mais seis pessoas envolvidas. 

Os cinco meses entre a morte de Maiana e a descoberta de seu corpo, foram acompanhados por Max Aguiar, do site HNT:

O relógio marcava 17h30 do dia 21 de dezembro de 2011, quando Suely Mariano Vilela, mãe de Maiana Mariano Vilela, que estava em viagem para o Paraná, recebeu um telefonema de Rogério Amorim, condenado por ser mandante, dizendo que a sua filha estava fora de casa há mais de 24 horas e ninguém sabia do paradeiro da adolescente. Mal sabia a mulher que quem lhe informava o desaparecimento de Maiana já tinha encomendado a morte dela.

Suely veio para Cuiabá e começou uma "caçada" por sua filha, que demorou cinco meses. O que mais chamou a atenção em todo esse tempo era que Rogério ajudava nas buscas, inclusive dizendo que ela poderia estar em São Paulo.

Entretanto, em maio de 2012, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Família concluiu que Rogério mandou matar Maiana porque não estava suportando dois relacionamentos. "A pressão na mente dele foi tanta que ele resolveu torar a vida dela. A esposa de Rogério descobriu e pediu pra ele acabar com isso e Maiana não era fácil de soltar. Queria moto, roupas e outras coisas caras", disse a delegada que investigou o crime, Anaide Barros.² (HNT, 28/12/2016)

CONDENADOS - Em julgamento realizado em 19 de outubro de 2016, os indiciados foram condenados pelo Tribunal do Júri de Cuiabá, presidido pela juíza Mônica Catarina Perri. O empresário Rogério da Silva Amorim, foi sentenciado a 20 anos e 3 meses em regime fechado, como mandante do crime e por homicídio tipicamente qualificado. Paulo Ferreira Martins foi condenado a 18 anos e 9 meses e Carlos Alexandre da Silva a 1 ano e 6 meses em regime aberto.

FONTE: ¹Olhar Juridico, Cuiabá, 10/03/2018), ²HNT, Cuiabá, 28/12/2016









20 de dezembro

20 de dezembro

1881 - Assassino de soldado condenado à morte




Acusado do assassinato do policial Benedito José da Cruz, é condenado à morte em Corumbá, o réu Benedito José dos Santos. A notícia aparece, sem destaque, no jornal O Iniciador:

POR SENTENÇA do Dr. Juiz de Direito substituto da comarca, datada de 20 do corrente, foi condenado o réu Benedito Jose dos Anjos, no máximo das penas do art. 192 do Cod. Pen. (pena de morte), pelo fato de haver assassinado o soldado policial Benedito José da Cruz.

Na mesma data e pelo mesmo juiz, foi condenado no médio das penas do art.193 do Cod. Crim. (prisão com trabalho por 12 anos), o soldado naval João José Júlio, por ter ferido a paraguaia Rosa Joana Sanchez, no dia 18 de julho do ano próximo passado, na povoação do Ladário, de cujos ferimentos resultou a morte da ofendida em 11 de janeiro deste ano.

FONTE: Jornal O Inciador (Corumbá), 25 de dezembro de 1881.


20 de dezembro

1935 – Criado o município de Dourados




Decreto nº 30, do governo do Estado de Mato Grosso, emancipa o distrito de Dourados, desmembrando-o de Ponta Porã:

O governador do Estado de Mato Grosso, tendo em vista a representação que lhe dirigiram os habitantes de Dourados, sobre a necessidade de ser elevado aquele distrito a município, e considerando que o distrito de Dourados, possuindo uma população superior a 15 mil almas, vem assinalando o seu crescente desenvolvimento pela exportação em grande escala de erva-mate, gado-vacum, cereais e outros produtos;


Considerando que o referido distrito, além de sua situação geográfica, está ainda dotado de elementos necessários à sua elevação a município;


Considerando que ao poder público cabe prover às necessidades dos núcleos de população para a sua pronta expansão, formando os municípios como célula da grandeza do Estado, usando das faculdades que lhe são conferidas por lei

DECRETA:


Art. Único – Fica criado o município de Dourados, com os seguintes limites: partindo da cabeceira do Ronda, seguindo este até sua foz no rio Santa Maria, descendo este até sua barra no rio Brilhante, continuando o curso deste até sua confluência no rio Ivinhema; por este abaixo até desaguar no rio Paraná; seguindo o curso deste até receber o rio Amambaí, subindo este até encontrar a foz do Piratiny; por este acima até sua mais alta cabeceira; deste ponto uma linha reta seguindo o espigão meste até a cabeceira mais alta do rio Douradinho; por este abaixo até sua foz no rio Dourados; este acima até sua barra no córrego Guariroba, no rio Dourados; subindo o córrego Guariroba até a sua mais alta cabeceira; e deste ponto uma linha reta até o ponto inicial da cabeceira do Ronda; revogadas as disposições em contrário.


Palácio do governador do Estado em Cuiabá, 20 de dezembro de 1935, 47° da República.


Dr. Mário Correa.


O município foi instalado no dia 22 de janeiro de 1936, com a posse de João Vicente Ferreira, seu primeiro prefeito nomeado.


FONTELori Gressler & Lauro Swensson, Aspectos Históricos do Povoamento e da Colonização do Estado de Mato Grosso do Sul, edição dos autores, Dourados, 1988, página 74

FOTO: João Vicente Ferreira, extraída do livro Dourados seus pioneiros, sua história.

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