domingo, 13 de outubro de 2013

22 de novembro

22 de novembro
 
1826 – Langsdorff volta à água

Águas revoltas nas cabeceiras do rio Coxim
 
A expedição científica russa, com destino a Cuiabá e Amazônia, deixa Camapuã na manhã anterior, a cavalo, e no mesmo dia chega ao Porto Furado, no rio Coxim, aonde retoma a viagem fluvial. Hercules Florence registra:


“Dia 22. Ao nascer do sol, chegaram alguns homens de Camapuã, trazendo dois presos amarrados e desertores de Miranda. Ao sr. cônsul pedia o comandante o favor de entregá-los em Albuquerque, quando por lá passasse.

Recomeçamos nossa extensa viagem e, como o rio estava ainda perto de suas cabeceiras e pouca largura tinha, a cada instante passávamos por baixo de caramanchões formados de grandes árvores, ou por arcadas de guaitivocas. De vez em quando também grossos madeiros atravessados sobre a corrente nos detinham o passo. Tudo isso fizera com que desarmássemos as barracas, para não serem despedaçadas pelos ramos e galhos. Não foi senão dias depois que tornamos a levantá-las, ficando todo esse tempo expostos ao sol e ao sereno. Felizmente, o tempo conservou-se sempre favorável.


"Descíamos depressa, virando a todo o momento à esquerda e à direita, conforme as voltas estreitas e múltiplas do rio.


"Vimos a boca do ribeirão do Barreiro Grande e transpusemos o baixio Coroinha.”
  


FONTE: Hercules Florence, Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1941, página 53

FOTO: mtc-m12.sid.inpe.br



22 de novembro

1921 - Sob pressão política e financeira, juri condena ricaço em Corumbá

Resistindo à forte pressão política e financeira, com tentativa de suborno e ameaça retaliação, juri popular condena prestigiado viajante de Corumbá:

"Na sessão de ontem no Tribunal do Júri foi submetido a julgamento o viajante comercial Jorge Rafful, que em fevereiro último assassinou o seu colega Bento Pinho. Apesar do grande suborno posto em execução, pelo intendente municipal, que é político de influência e prestígio, contratado para defender o réu, e, ainda mais, pela ação do pai do criminoso que é homem da grande fortuna e que pretendeu solapar a ação da justiça, com grandes quantias, o tribunal depois de um exaustivo trabalho, que se prolongou até alta madrugada, condenou o acusado à pena máxima.

O conselho de jurados, composto de pessoas todas pobres, foi de uma honestidade inatacável, muito impressionando o espírito público.

A impressão geral é que esse resultado exprime bem que na pequena cidade de Corumbá ainda não penetrou o avacalhamento da instituição do júri, nem com o poder do ouro, nem com o poder da política que tudo aniquila".¹ 

Em sessão de 1° de dezembro de 1923, o STF, com parecer do ministro Muniz Barreto negou, por unanimidade, pedido de habeas corpus, impetrado pela defesa do réu.²

FONTE: ¹O Paiz (RJ), 25/11/1921); ²O Jornal (RJ) 02/12/1923.




22 de novembro

1930 – Getúlio Vargas recebe Rondon



Detido no Rio Grande do Sul por não aderir à revolução, o general Rondon envia ao presidente Vargas o seu pedido de reforma. O episódio é narrado pelo próprio militar:

A resposta foi um telegrama em que o dr. Getúlio enumerava, com os maiores elogios, os meus serviços. Terminava com as seguintes palavras: "não posso deixar de atender a seu pedido de reforma, embora pesaroso, porque foi feito em caráter irrevogável".


Não foi só. Insisti tenazmente para que me submetessem a um conselho de justiça ou conselho de guerra, a fim de que fossem apuradas quaisquer irregularidades acaso cometidas no exercício de minhas funções.


A 7 de novembro comunicava-me o Quartel General da 3ª Região ter recebido ordem do chefe do governo provisório para me considerar em liberdade.


A 21 chegava eu ao Rio e a 22 me apresentava ao ministro da Guerra, general Leite de Castro, que me negou a demissão pedida do cargo de Inspetor de Fronteiras.


Chamou-me, depois, o dr. Getúlio Vargas à sua presença. Disse-lhe que uma vez reformado entregaria os elementos colhidos, para que outros fizessem os relatórios dos trabalhos realizados. Respondeu-me ele não aceitando o alvitre. Os relatórios tinham de ser escritos por mim. E depois de muitos elogios disse-me:


- A pátria não lhe deu ainda quitação, precisa de seus serviços e muito espera deles.


E quando lhe fiz sentir que eu não fora atendido quanto ao tribunal especial que me deveria julgar, respondeu:


- Não se constituirá nenhum, porque o mais alto tribunal que é a opinião pública da nação, já o julgou, general.  



FONTE43 - Esther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas,  Rio, 1969, página 557.



22 de novembro

1995 –Lei do Plano Diretor de Campo Grande
       



É sancionada pelo prefeito Juvêncio César da Fonseca (foto) a Lei Complementar n°5 que institui o Plano Diretor, a Política Urbana e a Política de Desenvolvimento do Município de Campo Grande, assim definidas: Plano Diretor, conjunto de diretrizes e meios instituídos para implementação da política urbana do município; Política Urbana, conjunto de princípios instituídos para o cumprimento da função social da cidade e da propriedade, integrante da política de desenvolvimento; e Política de Desenvolvimento, conjunto de diretrizes, meios de participação comunitária e de controle social das ações públicas, instituídas para viabilização da gestão democrática do município, visando a melhoria da qualidade de vida, justiça social, o crescimento econômico e a proteção ambiental.

FONTE: Planurb, Campo Grande a cidade onde moro, Prefeitura Municipal, Campo Grande, 1998, página 65.

FOTO: Correio do Estado.

20 de novembro

20 de novembro

1901 - Rondon chega em Coxim


Em missão de reconhecimento do trajeto da linha telegráfica Cuiabá-Bela Vista, já implantada de Cuiabá ao Itiquira, Rondon chega a Coxim, conforme registro em seu diário:

Apeamos na casa do cel. Albuquerque onde diversas pessoas aguardavam a chegada da Comissão. O primeiro a me abraçar foi meu antigo professor de primeiras letras, João Batista da Silva Albuquerque, irmão do coronel. Professor público em Cuiabá anteriormente, era, no momento, o mais forte negociante de Coxim. Na escola pública por ele regida, é que me matriculou meu tio Manuel Rodrigues quando em 1873 cheguei de Mimoso.


Veio também me cumprimentar um homem que reconheci como o assassino de um camarada da fazenda Santa Luzia. Sem olhar para a mão que me estendia ele, perguntei-lhe se não era desertor do exército. Gaguejou e, disfarçando, esgueirou-se, desaparecendo antes que tivesse sido possível tomar qualquer providência.


Estava o coronel Albuquerque, infelizmente, muito abatido com grave perturbação cardíaca.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 141

FOTO: Projeto Memória

19 de novembro

19 de novembro
 
1901 – Rondon chega ao Buriti



Em sua viagem de inspeção desde o rio Itiquira, no trajeto por onde deveria passar a linha telegráfica de Cuiabá a Bela Vista, Rondon chega ao ponto mais próximo de Coxim, conforme registra em seu diário:

Prosseguimos com o levantamento expedido – por meio de bússola, passômetro e aneróide, - percorrendo em três horas a distância até Pimenteira, onde pousamos. Que belo local e que excelentes pastagens! É um ribeirão, vindo da serra, que ao se estender no pantanal se cobre de aguapés. Presas umas às outras, formam espesso tapete, onde mal podem as águas correr, dando assim origem a corixas e baias. Revoadas de patos bravos, garças, marrecas, tuiuiús, cabeças secas dão vida, cor, movimento àquelas paragens pantanosas que recebem freqüentes visitas das onças, em busca de capivaras que ai abundam. São campos de criação admiráveis os que se estendem em torno, predominando, nas baixadas, o arroz silvestre e nos terrenos altos que se lhes intercalam, o capim branco.


Continuamos a 18 pela estrada existente que se desenvolvia em múltiplas voltas em demanda da casa do morador Antonio Henrique.


Tendo parado em Retiro Velho para almoçar, só chegamos a Buriti à tarde, acolhidos por humildes sertanejos que nos receberam como sói acontecer entre a nossa gente simples, com a mais atenciosa hospitalidade.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, 140

FOTO: acervo Rio Show/Globo - meramente ilustrativa.


18 de novembro

18 de novembro


1882 - 

18 de novembro

1911 - Morre o senador Joaquim Murtinho



Aos 63 anos, morre no Rio de Janeiro, o senador Joaquim Murtinho, o político mais influente de Mato Grosso e um dos mais importantes do Brasil nas duas primeiras décadas da república. Nascido em Cuiabá em 7 de novembro de 1848, filho do baiano José Antonio Murtinho, governador da província de Mato Grosso (1868), estudou no Rio, onde formou-se em medicina e engenharia. Sua morte teve repercussão nacional, com a cobertura em todos os jornais do estado e do país:

Já íamos encerrar, hoje, pela madrugada, o serviço de nossa redação, quando fomos surpreendidos pela dolorosíssima notícia da morte do eminente senador Dr. Joaquim Murtinho. Esse fatal desenlace teve lugar a 1 1/2 da manhã, em Santa Tereza, na casa em que residia o notável homem de Estado.

A hora adiantadíssima em que foi conhecida a desoladora nova não nos permite mais que uma ligeira referência à vida e à obra do grande morto, decerto uma das mais salientes e luminosas figuras da política nacional.

Espírito de organizador, vigorosamente ativo, as suas crenças de bom republicano datavam ainda da monarquia, e, desde os primeiros dias da República ele veio ilustrando e fazendo prestigiado o seu nome por uma brilhante série de serviços de grande alcance prestados ao país.

Como parlamentar, a sua ação foi das mais fecundas; como cientista, o seu nome tem glórias que o fizeram reputar quase sem competidor entre nós. Médico e fisiologista prodigioso, era além disso engenheiro, absolutamente senhor das ciências positivas.

Mas onde sua personalidade avultava, num forte relevo de eminentes qualidades e méritos excepcionais era, sem dúvida, como estadista.

A sua vida de estadista iniciou-a como ministro da viação do governo de Manoel Vitorino, vindo depois continuá-la no governo Campos Sales, como ministro da Fazenda. Foi nesse posto que as circunstâncias de momento tornavam extremamente difícil, cercado de escolhos onde podiam irremediavelmente naufragar os créditos da nação, que ele executou o seu programa financeiro, ao qual se deve o restabelecimento do nosso bom nome no estrangeiro e o levantamento de nossas energias econômicas.

Tudo o que daí pra cá obtivemos no nosso progresso é uma consequência inegável da sua ação e da sua obra de governo.

Presidente da delegação brasileira ao Congresso Pan-Americano, que no ano passado se reuniu em Buenos Aires, senador por Mato Grosso, lente por concurso da Politécnica, parlamentar, estadista, homem de ciência, em qualquer desses ramos de atividade o homem eminente que acaba de morrer mostrou sempre que pertencia à ordem das individualidades de máxima grandeza intelectual e moral e prestou ao Brasil os mais assinalados serviços.

O seu desaparecimento cobre de luto a Nação.

O enterro de Joaquim Murtinho deu-se no dia 20 de novembro no cemitério São João Batista.


FONTE: O Paiz (RJ), 19 de novembro de 1911

FOTO: Diário da Manhã, 21 de novembro de 1911.



18 de novembro 

1919 – Morre fundador de Aquidauana


Aos 83 anos, falece em Aquidauana, Manoel Paes de Barros, um dos fundadores da cidade:

Natural de Cuiabá, era fazendeiro com uma área de 53.150 ha, constituídos pelas fazendas Boa Vista e Pirainha. A mais próxima de Aquidauana, situada à margem direita do rio, era a Boa Vista, onde mantinha um entreposto comercial para fornecimento aos fazendeiros e abastecimento de lenha, frutas, rapadura e aguardente para as embarcações que vinham de Miranda e Corumbá para Aquidauana. Era casado com d. Virgínia Trindade de Barros. Nasceu em 13 de junho de 1885 e faleceu em 18 de novembro de 1919. Recebeu a patente de coronel da Guarda Nacional em 1901, assinada pelo presidente da República Campos Sales. Foi prefeito municipal e deputado estadual.


FONTE: Cláudio Robba, Aquidauana ontem e hoje, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1992, página 88



 

17 de novembro

 17 de novembro

1913 - Município protesta contra área da invernada militar

Em ofício dirigido ao governo em Cuiabá, o intendente geral de Campo Grande, José Santiago, reclama contra área reservada à invernada militar:


No 97. Exmo. Sr. dr. Secretário de Agricultura. A Intendência Municipal de Campo Grande vem trazer à consideração de V. Exa. o seguinte protesto: conforme telegramas e ofício de V. Ex. e do Exmo. sr. Presidente do Estado está reservado para o município de Campo Grande a pequena área de terras devolutas compreendida entre a fazenda Serradinho e a zona municipal. Alongando demasiadamente para o lado da Vila a invernada militar quando para esta havia terras de sobra na antiga posse das ‘Piraputangas’ a medição ultimamente procedida pelo 1° tenente Gaudie Lei abrangeu mais de cinquenta hectares destas terras, há mais de 30 anos que estas terras estão ocupadas por particulares e desde que o Exmo. Sr. Presidente do Estado afirmou que elas seriam concedidas ao município não proibi que ali o pastoreio de animais e que os particulares fizessem suas roças e ranchos sem prejuízo da medição e da divisão que melhor aprouver ao município, que lhe for dado o título definitivo. Como disse a medição deve alongar-se para oeste onde há mais de uma légua de terras boas. Os 50 hectares compreendidos na medição muito prejudicam o município cuja área é muito pequena para sua população sempre crescente. Em carta anterior à V.Exa. tive ocasião de explicar bem este assunto e estou convicto de que V. Exa. mandará modificar a medição neste ponto.


FONTE:  Arquivo Municipal de Campo Grande, Livro 14/a caixa 3, folha 142.


17 de novembro

2006 - Morre em Campo Grande o senador Ramez Tebet




Nascido em 7 de novembro de 1936 em Três Lagoas, faleceu em Campo Grande, o senador Ramez Tebet. Fez seus primeiros estudos em Lins e o curso de Direito no Rio de Janeiro, onde iniciou seu longo aprendizado político, como militante da Associação Mato-grossense de Estudantes. Advogado criminalista e promotor, ingressou na política como prefeito nomeado de Três Lagoas. Elegeu-se pela primeira vez em 1978, pela Arena, deputado estadual constituinte, vindo a assumir a função de relator geral de primeira Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul. Em 1982 é eleito vice-governador, na chapa do PMDB, assumindo o governo em 1986, com a desincompatibilização do titular, Wilson Martins, que deixou o cargo para ser candidato a senador. Em 1990 vence a eleição para o Senado, onde foi relator do Projeto Sivam, presidente da CPI do Judiciário e do Conselho de Ética do Senado. Em 2001 é nomeado pelo presidente Fernando Henrique, ministro da Integração Nacional, cargo que exerce por pouco tempo, deixando-o para assumir a presidência do Senado. Em 2002 reelege-se com expressiva votação para o Senado. Foi presidente da Comissão de Asssuntos Econômicos.

A morte do senador Ramez Tebet teve repercussão nacional. Destaque dado pela Folha de S.Paulo:

O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) morreu na noite desta sexta-feira, por volta das 23h30, em Campo Grande (MS). Tebet estava em sua casa, com os quatro filhos e a esposa.

O senador sofria de câncer no fígado e havia sido internado no final de outubro no hospital Albert Einstein, em São Paulo, por causa de uma infecção causada por reações alérgicas após trocar a medicação utilizada na quimioterapia.

A situação estava sob controle e, há uma semana, ele foi liberado do hospital para continuar o tratamento em sua casa, em Campo Grande. Na ocasião, Tebet acreditava que poderia voltar a trabalhar no Senado na próxima semana.
Na sexta-feira, porém, o quadro se agravou. Ele voltou a sentir problemas respiratórios. Alguns anos atrás, Tebet havia lutado e superado um tumor no pulmão. Ele também já havia sofrido um câncer na bexiga.

Na sexta-feira, porém, o quadro se agravou. Ele voltou a sentir problemas respiratórios. Alguns anos atrás, Tebet havia lutado e superado um tumor no pulmão. Ele também já havia sofrido um câncer na bexiga.

Durante a sexta-feira, Tebet permaneceu sem falar e respondendo apenas a alguns estímulos. Embora conseguisse respirar sozinho, ele era auxiliado por um aparelho para eliminar a secreção pulmonar. Segundo sua assessoria de imprensa, tratava-se de uma medida para dar mais conforto ao paciente. 

Tebet completou 70 anos no último dia 7 de novembro. Ele cumpria seu segundo mandato como senador pelo PMDB e ficaria na Casa até o fim de 2011. Ele será substituído por seu primeiro suplente, Valter Pereira de Oliveira (PMDB). O corpo do senador deverá ser enterrado hoje em sua cidade natal. 


FONTE: Folha de S.Paulo, 17 de novembro de 2006.




16 de novembro

16 de novembro

1865 - Forças brasileiras entram em Mato Grosso
Paisagem sul-matogrossnese, eternizada por Taunay

Expedição militar brasileira, destinada a combater o inimigo que havia invadido o Sul de Mato Grosso no final de 1864, depois de passar por São Paulo, Minas Gerais e Goiás, alcança o território da província de Mato Grosso, às margens do rio Verde, afluente do Paraná, na divisa com Goiás. O cadete Taunay, autor da "Retirada da Laguna" e membro da comissão da engenheiros das forças brasileiras, registra, com detalhes do acontecimento:


"às 4 horas e 55 minutos marchou a força ao rumo O. por uma légua, tomando depois, como na véspera, para o O. S.O., em cuja direção média caminhou 2 ¹/² léguas por chapadões cobertos apenas de capim barba de bode, que brotava virente pela muita chuva dos dias passados. Aqui e acolá destacam-se capões, reduzidos às vezes a simples fitas ao acompanharem os filetes de água que serpeiam aos encontros dos declives".


Completada a travessia do rio Verde, a força acampou junto ao córrego Invernadinha, já em território matogrossense, assim caracterizado pelo atento observador:


"O terreno percorrido é em geral acidentado, ora argiloso; ora arenoso; às vezes com cerrados dos lados da via, outras com mato fechado. O aspecto da vegetação foi sempre o mesmo em todas estas marchas."


Não escapou à observação do escriba o contestado entre Goiás e Mato Grosso:


"O rio Verde é motivo de grande controvérsia entre as duas províncias de Goiás e Mato Grosso, querendo esta considerá-lo a sua linha divisória com aquela, que muito pelo contrário pretende dever estender os seus direitos até a confluência do Taquari com o Coxim. O terreno litigioso te, pois, desde esta questão avivada na presidência em Goiás do sr. José Martins Pereira de Alencastro, ficado sujeito à ação das duas partes reclamantes, o que seria causa de conflitos, colisões e graves incômodos para os seus habitantes, se não fosse a vastidão dos territórios e a escassez e disseminação da população.".


FONTE: Taunay, Marcha das Forças, Editora Melhoramentos, S. Paulo, 1928, página 120.



16 de novembro
 
1848 – Joaquim Francisco, o Sertanejo, atravessa o rio Paraná




Barão de Antonina, o patrão do Sertanejo

Em viagem de Curitiba ao Sul de Mato Grosso, iniciada a 7 de outubro, Joaquim Francisco Lopes,  “vara o Paraná e desce para ganhar a embocadura do Ivinhema. Navega ao longo do rio, em cujas barrancas estavam os índios caiuás; dá-lhes presentes à vontade, colhendo informações através de um ‘linguará’ (intérprete) sobre as terras que atravessava. Muita mata e os campos procurados não existiam por ali. Prossegue a viagem; toma o rio Brilhante, em cujas proximidades sabia estar Antonio Gonçalves Barbosa, morador da fazenda Boa Vista, onde chega a 7 de dezembro, por terra, deixadas as canoas à margem do rio Vacaria".
Irmão de Francisco Lopes, o Guia Lopes, Joaquim Francisco Lopes, o Sertanejo, como ficou conhecido, estava a serviço do barão de Antonina que lhe contratara para adquirir terras e construir uma estrada até Miranda.  


FONTE: Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, Sua Evolução Histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999, página 92.




16 de novembro

1866 - Guerra do Paraguai: recrutamento compulsório e fuzilamento para recapturados

Depoimento de um tenente brasileiro, que conseguiu escapar do recrutamento imposto aos brasileiros, denunciou que soldados do exército do Paraguai, perseguem moradores da Corumbá ocupada, que tentam escapar do recrutamento compulsório, decretado pelo governo do marechal Solano Lopes. Aqueles que são recapturados são sumariamente fuzilados, como conta dos poucos que conseguiram escapar:

Há três dias chegou de Corumbá, por via da Bolívia, o tenente Feitosa, um dos prisioneiros daquela vila. Refere que, tendo que embarcar para Assunção em 30 de agosto, conseguira evadir-se com 16 dentre os seus infelizes companheiros, 10 dos quais sendo alcançados pelos paraguaios foram todos fuzilados, escapando ele - Feitosa - e mais 6. As orelhas das vítimas foram cortadas e levadas para Assunção como sinal de boa diligência, segundo conta um dos escapos".

FONTE: Correio Paulistano (SP), 18 de janeiro de 1867.


16 de novembro

1909 – Concluída medição do rocio de Campo Grande


Vista geral do povoado de Campo Grande em foto do início do século XX 

O engenheiro Themístocles Brasil, atendendo ao intendente José Santiago executa a demarcação do rocio da vila. Em seu trabalho “encontrou, dentro dos limites previamente disignados, circunscrevendo-o mais estreitamente às cabeceiras que afluem para os dois córregos que regam o povoado, a fim de que ele não ficasse privado da água necessária à sua manutenção e higiene, a área de 6.540 ha. 34 ha. e 74 m2".



FONTE: 33 - Paulo Coelho Machado, A Rua VelhaTribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1990, página 110.


16 de novembro

1918 - Gripe espanhola: governo responde críticas de inspetor de saúde de Corumbá

Em resposta ao inspetor da saúde dos portos, em Corumbá, Gastão de Oliveira, o presidente do Estado, dom Aquino Correa, justifica a criação de barreira sanitária na localidade de Amolar para isolar Cuiabá do contágio, já detectado nessa cidade:

"Respondo vosso atencioso despacho de anteontem cujas ponderações bem atestam a vossa competência e dedicação que desempenhais o importante cargo que o governo federal em boa hora vos confiou. Queirais antes de tudo aceitar meus cordiais agradecimentos pela generosa oferta do vosso valioso concurso do qual muito espera esta Presidência. Cabe-me , entretanto, declarar-vos que este governo, depois de ter reclamado da União providências urgentes para defesa sanitária do Sul do Estado, hoje, infelizmente, invadido pela gripe espanhola, resolveu empenhar todos os esforços afim de salvar, quanto possível, regiões do Norte em geral, mais abandonadas, depauperadas. Nesse sentido telegrafei ao intendente desse município, combinasse convosco medidas oportunas eficazes de evitar aí o contágio. Tendo sido também, por fim, atacada também essa cidade, tornou-se a população aqui sempre mais apreensiva, exigindo enérgica ação do Governo, tendente a isolar esta capital, o que a todos parece relativamente fácil, porquanto, não temos senão uma quase única via de comunicação e esta muito pouco trafegada. Assim foi que tendo mandado instalar posto médico na povoação de Amolar, determinei ultimamente fossem mantidas em observação cinco dias todas as embarcações procedentes desse porto, para onde deverão regressar, caso se manifeste durante esse tempo, epidemia a bordo, visto impossibilidade de dotar aquele posto necessário conforto hospitalar. Quer-me parecer esta medida não trará complicações internacionais, nem poderia ter sido afeta ao serviço sanitário federal que, infelizmente, não existe nesta capital. Devo enfim ponderar que não estando nós ainda aqui aparelhados para adotar modernos recursos profiláticos e terapêuticos somos forçados em momentos como este a insistir em quaisquer outros que ao menos tranquilizem o espírito do povo, preparando-lhe o moral para combater a epidemia caso Deus não nos queira dela preservar. Especial intuito do Governo é evitar provavelmente evitar a entrada de doentes nas populações ainda imunes, o que sempre causa prejudicial impressão como acontece aí mesmo em Corumbá, apesar de vossas inteligentes e solícitas providências e melhores recursos do que dispondes. Pensando ter assim justificado amplamente o procedimento deste governo desejoso apenas males do povo, cujo bem estar deve se a suprema lei para governantes, folgo do ensejo para vos apresentar minhas cordiais saudações. Bispo Aquino, Presidente".

FONTE: A Cruz (Cuiabá), 24/11/1918.

14 de novembro


14 de novembro

 
1874 – Concluída demarcação da fronteira


Coronel Eneas Galvão, o visconde de Maracaju



Em ofício enviado aos seus superiores, o coronel de engenheiros Rufino Enéas Gustavo Galvão comunica a conclusão da obra de delimitação da fronteira Brasil-Paraguai:

“É com a maior satisfação, comunico ao ministro dos Estrangeiros, que apresento à V. Exa. o exemplar desta ata (a derradeira) e o daquela carta (geral), pertencentes ao Brasil, por comprovarem tão importantes documentos que ficou completamente concluída a demarcação de nossa fronteira com esta República, único trabalho deste gênero realizado até o presente sem interrupção e no curto espaço de vinte e seis meses. A extensão de 190 léguas da fronteira demarcada, está pouco conhecida, 80 de picadas abertas nas serras de Amambaí e Maracaju e nas cabeceiras do Apa para deslindar a questão de Estrela; a custosa navegação daquele rio e a do Alto Paraná, com os riscos que apresenta acima da foz do Iguaçu, podem dar uma ideia da perseverança da comissão e dos trabalhos com que lutou para efetuar esta demarcação.”
 


FONTE: Virgílio Correa Filho, História de Mato Grosso, Fundação Júlio Campos, Várzea Grande, 1994, página 575



14 de novembro

1923 - Solidariedade: carta de Pedro Celestino a Arlindo de Andrade

Arlindo de Andrade, Pedro Celestino e Oliveira Neto, em Campo Grande


Intendente geral de Campo Grande, Arlindo de Andrade tem sua casa metralhada por uma escolta comandada pelo então 1° tenente Filinto Müller, a mando do coronel Paiva Meira, que empenhado em “por cobro às violências e crimes da cidade cometeu certas arbitrariedades.” No caso do chefe do executivo campograndense, a alegação para o ato de truculência foi a denúncia infundada de que Andrade protegia um bandido, com quem tivera relações profissionais como advogado. Atitude revoltante, a ocorrência teve repercussão inclusive na capital do Estado, de onde o presidente Pedro Celestino enviou-lhe a seguinte carta:


Respondo sua apreciada carta de primeiro do mês passado e é com vivo prazer que me congratulo com meus amigos do município pelo restabelecimento da ordem e garantias, aí perturbadas pelo desvairamento do cel. Paiva Meira. Foi uma situação vexatória que passou, causando muitas contrariedades a demora da solução, felizmente reparadora dos males causados pela integridade e critério do general Nepomuceno que, estou certo, restaurará a reciprocidade de prestígio e de apoio de que necessitam as autoridades para o bom desempenho da respectiva função social. Muito confio na ação patriótica desse ilustre general colaborando na esfera das suas atribuições com o governo do Estado para a prosperidade desta unidade do país ainda tão carecedora de elementos com que possa, só por si, prover todas necessidades administrativas, principalmente no que diz respeito à ordem nos municípios do sul, todos eles reclamando maior contingente e mais eficiência da força pública, o que o governo não tem podido atender devido a escassez de recursos, de pessoal idôneo e às distâncias que separam essas circunscrições. Evolue, porém, o Estado se bem que lentamente de modo a podermos esperar melhores dias em que essas falhas desapareçam com a consolidação política conciliadora e afastamento das lutas partidárias, objetivos que me esforço por firmar.


Muito agradeço seu bonito e excelente trabalho para o líder da prosperidade dos municípios do Estado, posição essa para a qual tem o meu amigo concorrido com entusiasmo e operosidade, colocando Campo Grande em destaque saliente. Sinto não dispor o governo de recursos e de aparelho administrativo suficientes para suprir com outros municípios as deficiências de esforços e de iniciativas para sua rápida evolução. O exemplo, porém, de Campo Grande e Corumbá estimulará, espero, suas influências locais.



FONTEPaulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, o primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, página 47.



14 de novembro

1953 – Ferrovia chega a Santa Cruz de la Sierra

Transposto o Rio Grande em uma ponte provisória de madeira, com 361 metros de comprimento, chega finalmente a Santa Cruz de la Sierra, a ferrovia Brasil-Bolívia. A via férrea foi entregue ao tráfego em 1954 com as composições de carga e passageiros partindo em determinados dias das semana de Corumbá e de Santa Cruz.

Resultado de compromisso assumido em 1928, perante a Bolívia de estender os trilhos da NOB até Santa Cruz, a  9 de novembro de 1938 chegava a Corumbá a comissão encarregada pelos dois governos de iniciar as obras, sob a chefia dos engenheiros Luis Alberto Whately, da parte do Brasil, e Juan Rivero Torres, da boliviana. De imediato atacados, os trabalhos morosamente arrastaram-se pelos anos a fora, em virtude dos obsoletos processos ainda em voga, na execução do projeto aprovado, que visava, ademais, a ligação do litoral atlântico ao pacífico, através da linha Santa Cruz – Yacuíba – Salta – Antofagasta.

A Comissão Mista Brasil-Bolívia, órgão diretor, instalou-se em Corumbá com escritórios, almoxarifados, serviços médicos, etc., com destacada atuação durante o período, do início ao término das obras.


A estrada tem extensão de 651 quilômetros, atravessando no primeiro trecho, terrenos baixos, por vezes pantanosos, para depois alcançar, a partir de El Carmen, os aclives da serra de Santiago. Dado o acentuado número de acidentes, a ferrovia ficou conhecida como trem da morte.

FONTELécio G. de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd, página 107 



sábado, 12 de outubro de 2013

13 de novembro

13 de novembro
 
1772 – Luis de Albuquerque toma posse do governo de Mato Grosso

Príncipe da Beira, o primeiro forte construído por Luiz de Albuquerque
Após longa jornada, iniciada no Rio de Janeiro a 17 de maio, passando por Minas e Goiás, assume o governo da capitania de Mato Grosso e Cuiabá, o capitão-general Luis de Albuquerque e Cáceres, “entre todos os seus colegas , quem mais se demorou no governo da capitania fronteiriça, em quadra fecunda, a que imprimiu o cunho da sua notável sagacidade administrativa, de finalidade política”. (...) Ocupado em ampliar e garantir as fronteiras ocidentais do Brasil fundou o Forte Príncipe da Beira, às margens do rio Guaporé, Forte de Coimbra, Albuquerque (Corumbá) e Santa Maria (Cáceres) no rio Paraguai.


FONTE: Virgílio Correa Filho, Viagens de Capitães-Generaes, in Revista do IHMT, 1931/32, Cuiabá, página 9.




13 de novembro

1884 – Nasce em Corumbá, Nicolau Fragelli






Nasce em Corumbá, Nicolau Fragelli. Filho de José Fragelli e Tereza Provenzano Fragelli, de origem italiana. Fez o curso primário em sua cidade natal e o secundário em Cuiabá. Aos 19 anos matriculou-se na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, formando-se em 1911, aperfeiçoando-se em Paris em 1914. Iniciou na política em 1918, elegendo-se deputado estadual na gestão de Dom Aquino Correa, no governo. Em 14 de agosto do mesmo ano é nomeado intendente geral (prefeito) de Corumbá, para superar crise política local. 

Deputado até 1930, quando teve o mandato cassado pela revolução getulista, retorna à política em 1934, reconduzido à Assembléia Legislativa pelo Partido Evolucionista. O golpe do Estado Novo, em 1937, retira-lhe novamente o mandato. Em 1945, com a redemocratização, ingressa na UDN, União Democrática Nacional, e vence sua última eleição, a de suplente de senador.


Sobre ele escreve Nilo Povoas:


A vida pública de Nicolau Fragelli foi um grande exemplo de honestidade política, de fidelidade democrática e de cumprimento do dever. A sua vida particular foi a do chefe de família exemplar, ainda nos moldes patriarcais, amigo leal e médico humanitário. Viveu para a família, para a sociedade e para a Pátria. Morreu nos braços dos filhos que ele soube educar aprimoradamente e cercado da estima e da consideração do vasto círculo das amizades que ele soube cultivar!  


Seu herdeiro político foi seu filho, o advogado José Fragelli, deputado estadual, deputado federal, governador nomeado de Mato Grosso, senador da República e presidente do Congresso Nacional.


FONTE: Nilo Povoas, Galeria dos Varões IlustresVol. II, Fundação Cultural de Mato Grosso, Cuiabá, 1978, PÁGINA 134

FOTO: anuncio reproduzido do Album Graphico de Matto-Grosso, Corumbá, 1914.



13 de novembro

2020 - Morre de coronavírus o deputado Onevan de Matos



Morreu aos 77 anos, em São Paulo, o deputadp Onevan de Matos (PSDB), representante da região cone Sul do Estado, na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul. Mineiro de Frutal, Minas Gerais, onde nasceu em 17 de dezembro de 1942, Onevan foi vítima da covid 19 e morreu "durante uma cirurgia cirúrgica cardíaca, situação que se agravou depois que ele passou a tratar a doença causada pelo coronavírus".¹ 

O governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB) decretou três dias de luto oficial. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Correa, publicou a seguinte nota:

Mais uma vítima de um ini9migo mundial que deixou este 2020 mai tristeOnevan deixará um legado de paixão e trabalhopor seu Estado, por sua gente e por sua família. Dos mistérios da vida e morte está entre os maiores, e nos resta oferecer a amigos e familiares nossos mais sinceros pêsames. Levaremos o orgulho da amizade e as lembranças de um homem que deixará sua marca de trabalho, amor e dedicação.

Onevan de Matos iníciou sua carreira como vereador, por dois mandatos, no município de Jales (SP), pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
 
Chegou em Naviraí, então Estado de Mato Grosso, no ano de 1975, para exercer a sua profissão: de advogado.. Onevan foi responsável pela estruturação do então partido de Oposição ao Regime Militar nesta região do Estado.
 
Em 1978, logo após a criação de Mato Grosso do Sul, foi eleito deputado estadual na primeira Legislatura do Estado, participando da elaboração da 1ª Constituição da nova unidade da federação.
 
Em 1983 tomou posse em seu segundo mandato de deputado estadual. No seu terceiro mandato, que se iniciou em 1987, se licenciou  para concorrer ao cargo de prefeito de Naviraí. Vitorioso na eleição, deixou a Assembleia Legislativa em 31 de dezembro de 1988 para assumir a prefeitura.
 
No seu mandato (1989-1992) realizou obras  priorizando nas áreas de saúde,hHabitação, educação e infraestrutura.

Em 1998 foi eleito pela quarta vez deputado estadual em Mato Grosso do Sul, sendo reeleito em 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018.²

Quando morreu disputava o mandato de prefeito de Naviraí. Foi substituído na chapa por sua filha Rahyza de Matos, eleita em 15 de novembro de 2020.

FONTE: ¹Correio do Estado (Campo Grande) 14 de novembro de 2020; ²Assembleia Legislativa MS.
FOTO: Campo Grande News.




12 de novembro

12 de novembro

 
1864 – Paraguai aprisiona presidente de Mato Grosso

Vapor Marquez de Olinda, aprisionado pelo governo paraguaio quando se dirigia a Corumbá


Foi a senha para a eclosão da guerra do Brasil, Argentina e Uruguai contra a república guarani, que duraria cinco anos, com a derrota do país vizinho. O episódio é narrado pelo historiador Acyr Vaz Guimarães:

Em 12 de novembro de 1864, subia barco brasileiro, pacificamente, as mansas águas do rio Paraguai, rumo à província de Mato Grosso, levando seu futuro presidente – o coronel Frederico Carneiro de Campos, que substituiria o general Albino de Carvalho, quando recebe, inesperadamente, depois de passadas as águas de Assunção, já distante da capital, um tiro de canhão de navio paraguaio, avisando-o de que fizesse alto! O navio – o Marquês de Olinda, da companhia de navegação que servia à linha de Mato Grosso, foi apresado por ordem do presidente López. Foi o primeiro tiro da guerra!¹ 


O fato teve enorme repercussão e é detalhado pela imprensa brasileira, com as tintas do civismo esperado: 

Não pára nisto os vexames e o procedimento barbaresco do ditador do Paraguai nesta extraordinária emergência.

O vapor Marquez de Olinda foi declarado boa preza e a bandeira brasileira está considerada por aquele governo como inimiga.

O presidente de Mato Grosso, bem como os oficiais que o acompanhavam estão em Assunção a bordo do Marquez de Olinda, como prisioneiros de guerra e incomunicáveis.

A pena treme em nossa mão quando escrevemos esta série de atentados, quando temos que anunciar as famílias de nossos compatriotas que jazem em terrível cativeiro os bárbaros tormentos que estão sofrendo.

Para que esses desgraçados não morram à fome é preciso que o nosso consul ali lhes envie diariamente os alimentos porque na república não é uso sustentar os presos.

O pedido de alimentos vai primeiro à polícia e quando se tem de embarcar são examinados do modo mais infame possível, porquanto os soldados picam o pão e a carne em pedacinhos, e no jarro de leite metem a mão e braço a pretexto de apreender comunicações.

O vapor Marquez de Olinda esta´debaixo de baterias das baterias do vapor Taquari e cercado dia e noite por lanchas armadas, isto além do destacamento que existe a bordo para vigiar individualmente cada prisioneiro. A maior parte destes já estão enfermos por causa do excessivo calor e da má água que bebem.

Em uma palavra tais são as mortificações que sofrem aqueles espíritos , que por mais valor que tenham não será impossível que alguém sucumba a tão grande martírio.

Resta, pois, ao governo imperial ir em socorro daqueles desgraçados e sem perda de tempo sindicar os ultrajes inferidos à nossa honra pelo ditador do Paraguai.²

Em função dos maus tratos, o coronel Frederico Carneiro de Campos morreu em plena guerra, em 3 de novembro de 1867


FONTE: ¹Acyr Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999, página 134. ²Correio Mercantil (RJ), 21 de dezembro de 1864



2005

12 de novembro

Fogo no corpo contra usinas no Pantanal


Em Campo Grande (MS), o ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros incendeia seu próprio corpo para protestar contra o projeto que tramitava na Assembleia Legislativa, autorizando a construção de usinas de álcool e açúcar na  bacia do Paraguai, no Pantanal.

Ao meio dia de sábado, durante um protesto popular, Anselmo estendeu dois colchonetes no calçadão da rua Barão de Rio Branco, em frente ao Bar do Zé, encharcou-os de gasolina, sentou-se sobre eles e ateou-lhes fogo.

Francelmo, como era conhecido, morreria no dia seguinte, com queimaduras em 100% do corpo. “Já que não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo”, escreveu Francelmo numa de suas cartas de despedida.

O projeto das usinas, de iniciativa do deputado Dagoberto Nogueira (PDT), tentava reverter uma legislação que o próprio Francelmo ajudara a criar, em 1982.

Na época, especialistas advertiam que as usinas poderiam poluir o Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água potável do planeta. Além disso, em caso de acidente, a vinhaça (subproduto da destilação do álcool) atingiria a bacia hidrográfica do Pantanal, causando danos irreversíveis ao ecossistema.

O sacrifício de Francelmo surtiria efeito: a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pressionaria os deputados estaduais e, no dia 30 daquele mês, por 17 votos a 4, a Assembleia Legislativa sepultaria o projeto.

Em 5 de junho de 2006, Dia do Meio Ambiente, o local da imolação de Francelmo, no centro de Campo Grande, receberia um memorial. Quatro meses depois, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), fundado por ele, aprovaria uma moção instituindo a data de 12 de novembro como o Dia do Pantanal.

Em sua homenagem, o prefeito de Campo Grande, André Puccinelli, deu o nome dele ao parque nas cabeceiras do córrego do Sóter.

Com informações da Folha de S.Paulo (online), 14/11/2005. 


OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...