quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

5 de março

5 de março


1874 - Escravos libertados em homenagem à retomada de Corumbá.

Reunida nesta data, diretores de teatro de Cuiabá, dão conta da cessão do espaço da entidade a um grupo de jovens para apresentação de peças, cujo lucro foi revertido na libertação de escravos em Cuiabá e Corumbá, entre eles, um grupo cuja liberdade homenageou a retomada de Corumbá do jugo paraguaio, comemorada no dia 13 de junho, conforme relatório do comendador Henrique José Vieira, diretor da associação mantenedora do teatro:

"Contando com a vossa indulgência, cedi o teatro a diversos moços filantrópicos que se reuniram para nele representarem aplicando o lucro em favor da liberdade, dando o satisfatório resultado que passo a mencionar:

No dia 18 de abril de 1872 libertaram a uma escrava menor de nome Rita, de propriedade de Francisco Leite de Pinho e Azevedo, pela quantia de Rs. 400$000.

Em 29 de maio do mesmo ano libertaram a menor Joana, de propriedade de dona Maria Ribeiro Taques pela quantia de 200$000.

Em 13 de junho do referido ano, (comemorando o aniversário de Corumbá) libertaram a menor Romana, de propriedade de D. Luiza Mendes Malheiros, pela quantia de 300$000.

Libertaram ao menor João, de propriedade de Manoel Ferreira Coelho, pela quantia de 400$000.

Libertaram a menor Maria, de propriedade de Rosa Inocência de Vasconcelos, pela quantia de 400$000.

Libertaram, finalmente, ao menor Augusto, de propriedade de D. Rita da Ressurreição Nunes Bueno, pela quantia de 200$000".


FONTE: O Liberal, (Cuiabá), 15 de março de 1974.


5 de março


1932 - Fazendeiro ataca a Matte Larangeira



Campanário, sede brasileira da Matte Larangeira




Conseqüência de uma pendenga por posse de uma área de terra, o fazendeiro João Ortt, juntando pequeno grupo de amigos decide enfrentar a poderosa companhia que monopolizava a exploração e comércio da erva mate no Sul de Mato Grosso. Partiu de Maracaí, nome de sua propriedade, em litígio, em 5 de março de 1932. "Em vários pontos - acompanha-o o cronista Humberto Puiggari - já deveriam estar a postos outros grupos armados que se iriam incorporando ao que comandava pessoalmente. Caso fosse bem sucedido no arriscado empreendimento, tomaria Campanário, sede da empresa e imporia condições de modo a deixá-lo tranqüilo na 'posse' Maracahy.
 
Seguindo um plano anteriormente traçado fez atacar o rancho Paraná pelo seu lugar tenente Eduardo Cubas. Foi o primeiro fracasso. Sem desanimar dirigiu-se a determinado sítio onde deveria estar à sua espera um numeroso contingente armado. Lá não encontrou ninguém. Desanimado, finalmente, dissolveu o grupo que o acompanhava e passou-se para o território paraguaio, exilando-se voluntariamente".

 
A reação foi imediata, fulminante e de grande truculência:


A Empresa, de parceria com as autoridades policiais e com o objetivo de não deixar aparecer o motivo real do levante, passou a telegrafar aos quatro ventos, que nos ervais havia surgido uma revolução...COMUNISTA! Pobre João Ortt... elevado à dignidade de chefe comunista, sem saber mesmo até hoje o que venha a ser comunismo.


No Paraguai, recebia João Ortt notícias dos espancamentos e assassínios dos seus amigos comunistas, crimes esses cometidos por gente que se dizia da Empresa, aliada às autoridades locais. Somente em Sacarón, distrito onde está situada a 'posse' Maracahy, foram barbaramente assassinadas cinco pessoas: José M. Gadioso - degolado; Nicolás Martinez, degolado; o menor Pedro Rodrigues, fuzilado; um casal de índios, fuzilados e os corpos atirados na corrente do rio Maracahy.


Um mês depois, João Orth retornaria ao Brasil e voltaria a atacar a empresa,  dessa vez confrontando-se com forças do exército.




FONTE: Umberto Puigari, Nas fronteira de Mato Grosso, terra abandonada..., Casa Mayença, São Paulo, 1933. Página 113.
FOTO: Luiz Alfredo Marques Magalhães, Retratos de uma época, (2ª edição), edição do autor, Campo Grande, 2013, página 169. 



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