segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

25 de maio

25 de maio

1730 - Paiaguás atacam comitiva com 60 arrobas de ouro




Tendo à frente o ouvidor da comarca, Antonio Alves Lanhas Peixoto, deixa Cuiabá com destino a São Paulo uma expedição com numeroso grupo de canoas, conduzindo centenas de pessoas e sessenta arrobas de ouro, resultante do quinto cobrado dos mineradores locais, cobrado pela coroa portuguesa. Tão logo tomaram o rio Paraguai, lhe saiu de um sangradouro turba de paiaguás dando "um urro tão estrondoso que atemorizou os ânimos de alguns e excitou o valor a outros".

A batalha, da qual saíram vitoriosos os índios, é detalhadamente descrita por sobreviventes e eternizada nos Annaes do Senado da Câmara de Cuiabá:

Peleijarão fortissima mente de parte a parte, foi tanto o sangue derramado, que rubricava as agoas do Paragoay tornando as de cristalinas a anacoradas. Acabou a vida Lanhas em marcial contenda, dando tantas mostras do seu valor, que por si só deo muito que fazer aos barbaros, pois tanto obrava Lanhas com toda a mais companhia defendia-se não só a si como a todos os mais que a elle se encontravão, de tal sorte que sobre elle cahia toda a barbara furia, pasmos de ver, o que obrava hum só homem. Não menos se reconheceo alli o vallor do cabo daquela Esquadra Ignacio Pinto Monteiro natural de Sam Paulo que a troco de muitas vidas vendeo a sua. Miguel Pedrozo da Silva, que perdendo no conflito Piloto, e Reimeiros, lhe rodou a canoa thé o barranco do rio, onde estavam alguns dos nossos vendo a tragedia de palanque e refazendosse de Piloto, e novos alentos tornou a cometer aos inimigos com tanta ouzadia, que fés por entre elles entrada franca, matando huns, tomando lanças ao outro, e a outros finalmente embarcando canoas thé que perdeo a vida e passou ao Eterno descansso. Continha a frota do Gentio | oitenta canoas com melhor de quinhentos bugres, peleijarão das nove horas da manham thé as duas da tarde, em que acabarão quatro centos catholicoz, e dos infieis cincoenta, escapando dos nossos oito pessoas que por terra se havião a costado a hum reduto. Logo depois que do Porto desta Villa sahio esta monção, partio outro trosso de canoas, em que hia por Cabo João de Araujo Cabral em tres canoas com bastante gente que levava ouro dos Quintos de El Rey. E mais atras Felipe de Campos Bicudo, e sua comitiva em outras tantas canoas. Chegados huns e outros ao lugar da tragedia virão gente no barranco do rio e examinando quem erão, acharão, os que tinhão escapado de quem souberão o sucesso como se passou. Em corporados todos ellegerão cabo João de Araujo Cabral, para continuarem a viagem, mas temerozos de que o gentio adiante os esperasse, falharão, e dalli escreverão a este Senado, e Pessoas Principaes, para lhes mandarem socorro, com que pudessem proseguir a jornada com segurança dos Reais Quintosm12, respondeu se lhes, que não havia socorro, e que voltassem com os quintos, para em outra ocazião se remeterem. Emquanto os portadores vierão, e voltarão, ouvião os que estavão falhadoz para dentro do Sangradouro, de onde havia sahido o Gentio, que hera por de traz de huma Ilha, humas vozes e brados como de gente humana, e seguindo esta vós a ver de quem era, e revistar o lugar não acharão gente viva, que pudesse bradar mas sim muitos corpos mortoz huns em terra, outroz no pantanal, e outros pendurados em forcas, que erão os que escapavão da morte no conflito, e tomadoz prizioneiros alli lhes deo o gentio a todos morte em forcas, a porretadas, ou travessados com lanças; Ahi acharão caixas quebradas, roupas espalhadas, papeis rasgados, e entre tudo isto huma Imagem de Santo Antonio com a cabeça dividida do corpo a quem atribuião os brados, para que servisse aquele lastimozo espectaculo. Derão sepultura aos cadaveres, e vendo que não tinhão socorro voltarão huns para tras, e outros seguirão viagem por terra em que morrerão quaze todos a fome, e chegarão alguns a Camapoam com vida levando as costas o ouro de | El Rey aonde o pozerão em salvo.


FONTE: Annaes do Senado da Câmara do Cuiabá (1719-1830) folha 17.



25 de maio


1870 - Assentada a pedra fundamental da matriz de Corumbá




Realizam-se as bênçãos e o assentamento da pedra fundamental da igreja matriz de Corumbá,no lugar da antiga paróquia, totalmente destruída pelos invasores paraguaios. Em seu diário, frei Mariano de Bagnaia, o vigário da vila, escreve sobre o ato e as dificuldades para começar a obra:

Logo depois tratei de edificar uma boa igreja mas encontrei uma parede de oposição por parte daqueles que me deviam auxiliar e depois de tanta espera, finalmente só no dia 25 de maio de 1870 que tive o prazer de colocar com toda a solenidade do ritual Romano, a primeira pedra da Igreja Matriz que existe hoje em Corumbá.

A igreja seria festivamente inaugurada a 14 de outubro de 1877.
 

FONTE: Frei Alfredo Sganzerla, A história de frei Mariano de Bagnaia, Edição Fucmt - MCC, Campo Grande, 1992, página 209.


25 de maio


1879 - Atentado contra a imprensa


Máquina impressora de jornais no final do século XIX

É assaltada a tipografia do periódico O Iniciador, jornal que se publica em Corumbá. O atentado é atribuído, segundo Rubens de Mendonça, “a oficiais e praças do terceiro regimento estacionado naquela localidade, por desavenças entre comerciantes portugueses, cuja causa supunha-se patrocinada pelo dito periódico e alguns militares pouco ordeiros que, com o apoio de outra gazeta, haviam exacerbado essas desavenças.

O fato revestia-se de muita gravidade, pois que além da audácia com que fora praticado, invadindo um grupo armado de espada e revólveres, um estabelecimento dessa ordem, o primeiro da província, e onde residem os familiares dos proprietários, acresce que semelhante fato mais que tudo, exprimia o iminente perigo que corria a segurança pública, quando a exacerbação dos ânimos, que já se notava, poderia trazer como consequência um conflito sério entre militares e os comerciantes portugueses e seus aderentes. O próprio agente consular português, o mais ameaçado, já havia recebido aviso que pretendiam quebrar o escudo da Agência".¹


O atentado ao jornal corumbaense teve repercussão no Rio de Janeiro:

Em Corumbá houve um assalto à tipografia do Iniciador. Muitos vultos, entre eles oficiais do exército, segundo asseguram, atacaram munidos de revóveres e espadas, os fundos e frente da casa, arrombando portas e disparando tiros.

Houve muitos ferimentos ao que por enquanto nos consta. Oportunamente darei mais circunstanciadas notícias sobre tão grave atentado.

O sr. general Carvalho, comandante interino das armas, lá estava a passeio e parece que limitou-se a trazer consigo alguns dos oficiais turbulentos. Não se compreendendo como tal fato se desse justamente quando a estada daquele chefe militar, pelo seu prestígio (que deve ter), devia evitá-lo.

Consta também que o presidente da província já mandou que o chefe de polícia seguisse por este mesmo paquete a sindicar dessa ocorrência. Vamos ver o que fará o Sr. Dr. Pedra.²




FONTE: ¹Rubens de Mendonça, Historia do Jornalismo em Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1963. Página 114. ²Jornal do Comercio (RJ), 3 de julho de 1879.

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