segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

4 de julho



4 de julho

1921 - Nasce Lenine de Campos Póvoas




Nasce em Cuiabá Lenine de Campos Póvoas, filho de dois eméritos professores, Rosa de Campos Póvoas e Nilo Póvoas.
Concluiu os estudos primários e secundários em sua terra natal, bacharelando-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, turma de 1945.
Em sua carreira docente pode ser destacada sua atuação junto à Escola Técnica de Comércio de Cuiabá, e como professor titular da cadeira de Direito Penal do Departamento de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso.
Na política, foi eleito Deputado Estadual em Mato Grosso por duas legislaturas 1947/1950 (Constituinte) e 1951/1954.
Ocupou também os cargos de Ministro (hoje Conselheiro) do Tribunal de Contas do Estado, Vice-Governador, pelo voto direto, eleito em 3 de outubro de 1965, na chapa do governador Pedro Pedrossian (PSD); Secretário de Administração do Estado no Governo José Fragelli, tendo sido o primeiro a ocupar essa Secretaria; Presidente da Fundação Cultural de Mato Grosso, no governo José Garcia Neto, inaugurando essa função, hoje transformada em Secretaria de Estado de Cultura; Chefe da Casa Civil do governo estadual, em 1990; Diretor Superintendente da Cia. Mato-Grossense de Mineração – Metamat.
Integrou, na categoria de sócio efetivo, o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, onde ofereceu riquíssima contribuição.
Faleceu em Cuiabá-MT, aos 29 de janeiro de 2007.
Bibliografia
Em sua vasta produção intelectual, retratou a cultura e conhecimento que adquiriu em sua trajetória, podendo-se destacar:
  • Introdução ao Estudo da Geografia Humana (1944),
  • Panorama sombrio: análise da situação financeira do Estado de Mato Grosso, (1950);
  • Síntese Geográfica dos Estados Unidos (1955);
  • Radiografia de Mato Grosso (1957);
  • Viagem a Portugal (1970 e 1986);
  • Uma nova Secretaria do Estado (1974);
  • Administração de Pessoal (1975);
  • A Secretaria de Administração no ano de 1974-1975;
  • Mato Grosso, um convite à fortuna (1977);
  • Sobrados e Casas senhoriais de Cuiabá (1980);
  • História da Cultura Mato-Grossense (1982);
  • Influência do Rio da Prata em Mato Grosso (1982);
  • Perspectivas Democráticas e Econômicas da Grande Cuiabá (1983);
  • Cuiabá de Outrora (1983);
  • O Ciclo do Açúcar e a política de Mato Grosso (1983);
  • Roteiro Sul-Americano (1984);
  • Síntese de História de Mato Grosso (1985);
  • O Estado de Mato Grosso (1985);
  • História de Cuiabá (1987);
  • Cuiabanidade: crônica sobre Cuiabá e sua gente (1987);
  • Na tribuna da Imprensa (1987);
  • Cadeira nº 40: discurso de Posse na Academia Sul-Matogrossense de Letras) (1987);
  • O Caos Brasileiro (1988);
  • Os Italianos em Mato Grosso (1989);
  • Nilo Póvoas, um mestre (1991);
  • O Barão de Melgaço (1994);
  • As raízes portuguesas de Cuiabá (1988);
  • História Geral de Mato Grosso (996, 2 v.).

FONTE Academia Mato-grossense de Letras (Cuiabá)



4 de julho

  
1936Maquinista ganha prêmio milionário


“De simples maquinista a milionário”, sob este título a revista Folha da Serra, de Campo Grande, noticiava o resultado da loteria federal que sorteou o ferroviário Alfredo Silva, com o maior prêmio até então conseguido por um campograndense:

A sorte é varia e cega, não há que discutir. E para a alcançar nada melhor que a tentar. O ditado lá diz – quem não arrisca não petisca.


Foi assim pensando que o sr. Alfredo Silva, simples maquinista da Noroeste, aqui há muito residente, se resolveu a jogar na FEDERAL, na extração de 4 de julho último, dos 1000 contos de réis. Comprou um bilhete inteiro, o 13.744. Isto dois dias antes. A roda da fortuna favoreceu-o com a cornocópia de mil bilhetes de um conto cada, do Banco do Brasil – Hoje está milionário. 

Tanto dinheiro não o pôs orgulhoso ou o desorientou. Continuou o mesmo homem, o mesmo maquinista.

Pedindo-lhe esta revista uma fotografia sua, fez questão cerrada de oferecer-nos uma pose com a indumentária de maquinista.

Querendo bem a Campo Grande, embora mineiro de nascimento, de Januária, pois aqui vive há muitos anos, resolveu empregar parte de sua elevada fortuna em prédios que adquiriu nesta cidade recentemente.

O sr. Alfredo Silva é solteiro e nasceu em 4 de maio de 1894. Tem uma irmã casada em Curvelo. Pretende aposentar-se logo que conte o tempo legal e aqui radicar-se definitivamente.¹


Paulo Coelho Machado dá os detalhes:


Sonhou com um cavalo na corrida. Procurou um bilhete com final 44 e na Preferida, nos fundos da Farmácia São José, encontrou o bilhete n0 13.744. Não gostou do 13 inicial, mas não havia outro. A extração era para dois dias após, 4 de junho de 1936. Seguiu nessa noite para Bauru e lá carregou no cavalo. Regressou a Campo Grande fazendo castelos, enquanto conduzia sua fogosa locomotiva. Não deu outra coisa, senão o número sonhado e o simpático ferroviário, com a maior emoção de sua vida, conferiu o bilhete: mil contos de réis na Loteria Federal. Fez os cálculos - mais dez contos no bicho, o que lhe valeu a alcunha de Mil e Dez.


É do mesmo cronista o desfecho desta história de sorte:


Fretou um vagão-cabine, bradando aos quatro ventos que daí por diante passaria a ser somente passageiro e exigente. Encheu o carro de mulheres recrutadas na famosa Rua 7 e lá se foi, ditoso e felizardo para Bauru e São Paulo receber os polpudos prêmios. Deu uma esticada até o Rio de Janeiro para visitar um primo ilustre, que antes não tivera coragem de procurar: Hermenegildo de Barros, jurista e ministro do Supremo Tribunal Federal.
Mulato escuro, magro, alto, com quarenta anos de idade, o Mil e Dez, de volta a Campo Grande, casou-se com uma jovem cabrocha bonitinha, de pele esticada, grenha curta, que lhe exigiu um dote em dinheiro, que avaramente guardou no cofre da casa, junto com as jóias ganhas durante os esponsais.
O casal passou a residir num sobradinho na Rua 14, ainda chamada João Pessoa nessa época, onde depois morou o advogado Carlos Hugueney Filho, junto da Padaria Espanhola, de Gabriel Cubel. O idílio foi efêmero. Contrataram advogados para o desquite amigável. Logo apareceram supostos filhos naturais, pedindo investigação de paternidade e pensão alimentícia.
Das lutas no pretório aprenderam, um tanto tarde, a velha lição da sabedoria popular, de que mais vale um mau acordo do que uma boa demanda. Foi exatamente assim que o deslumbrado Mil e Dez acabou a vida como engraxate na Rua 14.²





FONTE: ¹ Revista Folha da Serra, edição de 26/08/ 1936. ² Paulo Coelho Machado, A rua principal, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1991. Página 52.




4 de julho



1990Morre o milionário Nain Dibo


Naim e esposa com o cantor Agnaldo Rayol em Campo Grande
Aos 79 anos faleceu em Campo Grande o empresário sírio, Naim Dibo. Aos 15, embarcou como clandestino de um navio, com destino ao Brasil. Sua trajetória no mundo novo é relembrada por sua neta Margarete Dibo Nacer Lani:

Sem nenhum dinheiro, sem amigos e ainda tendo que se comunicar com gestos, uma vez que não sabia uma só palavra da língua portuguesa, desembarca em Santos um adolescente animado a começar uma vida nova. (...) 


Ele vive outra emoção ao desembarcar na Estação da Noroeste, destino final de uma longa e penosa viagem. Quanto mistério envolve a vida de um jovem imigrante que, não tendo nenhuma profissão e com escolaridade mínima, consegue não só sobreviver num país estranho, mas alcançar o que todos sonhamos, a plena realização de nosso ideal.


Na opinião de vovô, nenhum outro país recebeu os imigrantes tão generosamente como o Brasil. Esse jeito de receber fazia com que se apaixonassem pela nova Pátria que os acolhia com tanto carinho. Vovô era apaixonado por Campo Grande. Foi aqui que ele conheceu sua esposa Elza, tiveram seus filhos e construíram, tijolo por tijolo, seu êxito comercial.¹


Em Campo Grande Naim foi vendedor ambulante, lanterninha no Cine Trianon, carroceiro, até 1931, quando comprou seu primeiro fordinho e se transformaria no legendário Turco, o maior e mais bem sucedido mascate do Sul de Mato Grosso. Em 1937, Naim Dibo entra nos negócios de importação, inciando com a compra de arame para cerca em Hamburgo na Alemanha, “de ótima aceitação entre os fazendeiros”, segundo Paulo Coelho Machado.


Com a II Guerra Mundial, suspensas as relações comerciais com a Alemanha, Naim já havia ampliado seu comércio exterior a outras países e outros itens. Além de arame de outras procedências, o seu atacado contava ainda com a comercialização de telhas de zinco, pneus, sal, banha, gasolina erva-mate, cerveja e trigo argentino. Ficou rico, investindo na compra de casas, dinheiro a juro e construção civil e ações. 


Benemérito, doou à Santa Casa de Campo Grande equipamentos para cirurgia cardíaca, tomografia computadorizada, transplante de rim e córnea. Ao hospital do Pênfigo doou uma bomba de circulação extracorpórea; e ao hospital de Sidrolândia, equipamentos de sua sala cirúrgica além de outros benefícios.²





FONTE: ¹Marcareth Dibo Nacer Lani, CAMPO GRANDE, Enersul, Campo Grande, 1999, página 335.² Paulo Coelho Machado, A rua principal, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, página 69.

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