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domingo, 27 de fevereiro de 2011

24 de junho

24 de junho

1835 - Rusga: condenados à morte 




O juiz de Direito de Cuiabá, Antonio José da Silva e Guimarães, profere a sentença aos principais cabecilhas da Rusga, movimento nativista que massacrou comerciantes e líderes portugueses (bicudos) na capital da província em 30 de maio de 1834:

Conformando-se com a decisão dos Juízes de Fato, condeno os réus Vitoriano Gomes, Manoel Ciríaco, José Ferreira da Silva e Francisco Pereira do Nascimento à pena de morte, que será dada na forca, com as solenidades dos artigos 30 e 40 do Código Criminal, visto constar do presente processo plenamente serem os ditos réus os que haviam mortos os brasileiros adotivos os sargentos mores Antonio Joaquim Moreira Serra e Antonio José Soares Guimarães, de caso premeditado, e ânimo corrompido, e depois passaram a roubar as casas, fazendo arrombamentos e partilharam entre si, os mais companheiros, todo o dinheiro, ouro, prata e tudo mais quanto puderam conduzir fazendo violências às casas e às famílias: e aos réus Joaquim Leite Pereira, Joaquim José de Santana, Antonio da Silva Pamplona e João da casa de Ana Joaquina, os condeno em Galés perpétuas, visto que ajudaram mutuamente a perpetração dos roubos e arrombamentos e a Geraldo Justino e Antonio Euzébio os condenei a cada um a quatro anos de prisão com trabalhos e na multa de vinte por cento do valor furtado, visto que somente roubaram; e a José Anastácio Fernandes o absolvo da culpa e pena, visto não ser cúmplice e pagarem todas as custas.


FONTE: Rubens de Mendonça, Histórias das revoluções em Mato-Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1970, página 48.


FOTO: praça Alencastro, a primeira praça pública de Cuiabá.


24 de junho


1867 - Varíola expulsa soldados brasileiros de Corumbá




 
Na guerra contra o Paraguai, por ordem do presidente Couto Magalhães, os dois corpos expedicionários de Cuiabá, que haviam retomado Corumbá - segundo Rubens de Mendonça - retornam à capital do Estado. 

Ao ser assaltada e tomada aquela praça pelo primeiro corpo, a 13 de junho de 1867, verificou-se ao dar sepultura aos mortos que muitos deles mostravam sinais recentes de erupção variolosa, sendo depois constatada a existência de outros paraguaios atacados do mesmo mal, quer entre os prisioneiros, quer na enfermaria local. Dos soldados retirados das prisões alguns foram encontrados em estado comatoso.¹


Constatou-se verdadeira epidemia. “Foram sendo atacados às dezenas, num crescendo assustador, devido à falta absoluta de recursos”. Por esta razão, o presidente da província que nesta data chegara a Corumbá, determinou a retirada, que começou no dia seguinte, saindo as embarcações de Ladário. Comandaram-na o tenente-coronel Antônio Maria Coelho e o major Antônio José da Costa.


O governador em seu relatório ao ministro da guerra, aponta a gravidade da epidemia como causa da evacuação:

Infelizmente a bexiga assola toda esta região, e nas circunstâncias em que me acho, numa expedição onde os cômodos são mui limitados porque assim era necessário para a sua presteza, com cerca de 2.000 homens, dos quais só são vacinados os filhos de outras províncias, a 160 léguas dos depósitos e recursos que estão na capital, considero que seria mal mais grave se se comunicasse às forças do que uma derrota, e pois julguei preferível sujeitarmo-nos à possibilidade de um novo encontro com os paraguaios, se eles vierem ocupar segunda vez estes pontos, do que desanimar e perder estas forças com a inglória morte da peste que provavelmente se comunicaria à província.

Em consequência disto proibi todo e qualquer contato da força com os infectados, limitando-se a deixar aqui uma guarda com o único fim de observar qualquer movimento do movimento do inimigo, e já expedi ordem para que a mais se retire, assim como a flotilha

Levada pela flotilha do governador, a varíola alastrou-se pelo norte do Estado, causando grande mortandade em Cuiabá.



FONTE: ¹Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 327. ²Diário do Rio de Janeiro, 28 de agosto de 1867.

FOTO: imagem meramente ilustrativa.




24 de junho


1921 - Ferroviários tentam soltar preso em Aquidauana




Cadeia de Aquidauna no início do século passado
Armados de revólver, ferroviários de Aquidauana tentam tomar a cadeia pública para soltar um colega preso. A versão da polícia está num boletim de 14 de agosto desse ano:

De ordem de Sua Exa. Revma. Presidente do Estado [Dom Aquino Correa], transmitida pelo secretário da Justiça, este Comando tem a máxima satisfação de tornar conhecido à Força Pública, a atitude brilhante e verdadeiramente militar, assumida pelo 2o tenente JOSÉ MARQUES PEREIRA, Comandante do Destacamento de Aquidauana, no dia 24 de junho último, por ocasião dos lamentáveis acontecimentos que naquela cidade se verificaram, ameaçando a ordem pública.


Cerca de cem operários inferiores da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, empunhando revólver, pretendiam assaltar a cadeia pública local e à viva força, por em liberdade um dos presos, colega dos assaltantes. O tenente José Marques Pereira, com seu reduzido destacamento ante a enorme superioridade numérica dos amotinados, e em meio das hostilidades, sob cerrado tiroteio e, com risco de vida, transpôs a Praça da República para chegar ao quartel e pondo-se a frente de meia dúzia de valiosos soldados, conseguira rechaçar os assaltantes restabelecendo-se a tranquilidade pública, revelado por esse gesto de valor, coragem e alta noção do dever militar. 



FONTE: Ubaldo Monteiro, A Polícia de Mato Grosso, Governo do Estado, Cuiabá, 1985, página 55.


24 de junho

1941 - Inaugurado em Coxim monumento aos heróis de Laguna

É entregue à população de Coxim pela 9a. Região Militar (de Campo Grande) monumento destinado a "perpetuar a passagem da força expedicionária em operações no estado de Mato Grosso, durante a guerra do Paraguai, batizando a estaca inicial do cruento e doloroso itinerário dos heróis que realizaram a epopeia da Laguna, gloriosas páginas que são orgulho do Exército e da Nação".

Localizado na praça Cândido Rondon, fronteiro à igreja, construído em alvenaria de tijolo, revestido de argamassa branca, o pequeno monumento assenta sobre uma base de concreto com armadura metálica cruzada. Na base do monumento, cravados de alvenaria, distinguem-se duas placas, fundidas em bronze no arsenal de Guerra do Rio de Janeiro:

Desta localidade, onde, com ânimo forte e moral alevantada, receberam a ordem do Governo Imperial do Brasil para desalojar o inimigo ocupando o município de Miranda, partiram os valorosos soldados do Brasil que, no cumprimento do dever, escreveram as páginas imortais da Retirada da Laguna - 20-XII-1865/VI-1866.

Aos intrépidos oficiais e praças da "Constância e Valor" que, tendo como comandante o Coronel Manuel Pedro Drago, Brigadeiro José Antonio da Fonseca Galvão, Coronel Carlos de Moares Camisão e José Tomas Gonçalves, constituíram por ocasião da guerra do Paraguai, a heroica Força Expedicionária de Mato Grosso, homenagem da 9ª Região Militar - 24-VI-1941.

Em outubro do mesmo ano dá-se o lacramento na base do monumento dos ossos de alguns heróis da guerra, evento registrado na

Ata nº 5 (cinco) - Aos vinte e seis dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e quarenta e um, nesta cidade de Herculânea, antiga Coxim, Estado de Mato Grosso, na praça General Rondon, pelas oito horas da manhã, presente o sr. Prefeito Municipal, Viriato da Cruz Bandeira, autoridades civis e militares, representante do clero, colegiais, pessoas gradas e o povo em geral, fez-se o lacramento na base do pedestal do monumento erigido pelo Governo Federal, dedicado aos heróis da "Retirada da Laguna", dos ossos do venerando padre capelão que acompanhou a heroica coluna comandada pelo General Camisão que marchou sobre Laguna na guerra do Paraguai, coluna essa que por algum tempo estacionou nesta cidade, onde veio a falecer aquele piedoso sacerdote, lacrando-se conjuntamente, por especial ordem do Exmo. Sr. General Mário José Pinto Guedes, comandante da Nona Região Militar, com sede neste Estado de Mato Grosso, os ossos por todos os títulos respeitáveis do Alferes Randolfo Olegário de Figueiredo, falecido no posto de major nesta cidade, herói da retomada de Corumbá que braço a braço lutou ao lado de Antonio Maria Coelho e Cunha e Cruz, os lendários daquele epopeia que passaram para os fastos da história pátria. E, para que tudo ficasse constado, mandou o Sr. Prefeito fosse lavrada a presente ata por mim, Temístocles de Oliveira Filho, secretário da Prefeitura Municipal e dela extraísse duas cópias autênticas, uma para ser depositada na urna de que trata a presente ata e a outra para ser enviada ao Exmo. Sr. General Comandante da 9ª Região Militar, sediada neste Estado. Eu, Temístocles de Oliveira Filho, secretário municipal, a datilografei e também assino. (Assinados) Viriato da Cruz Bandeira, prefeito municipal; Laudelino Eduardo Figueiredo, filho do veterano da Guerra do Paraguai Randolfo Olegário de Figueiredo; padre-frei Canuto Amon Ofmr; Nelson Cesar, pretor do Termo; Manoel Marcelino de Araújo, Ten-Cel da 2a. linha; Eremita Ajube Cartilho, agente postal telegráfico; Antonio de Souza Góes, delegado de Polícia; Antonio Joaquim de Arruda, diretor do grupo escolar; Raul Benevides Santana, 1° Tabelião de Notas; Aníbal de Oliveira, 2° Tabelião de Notas; Joaquim José Santana, encarregado da 2a. Secção de linha; Jaime Ferreira de Souza, escrivão da Delegacia de Polícia; Solon Cesário da Silva, comerciante; Elias Duailibi, comerciante; Garcez Ferreira Leão, cirurgião dentista; Felipe Jorge, comerciante; Mercedes César; Etelvina Garcia; Diva Fontoura, Virgínia Ferreira; João Ferreira, comerciante; Oto Spengler; Evanir Cesar e Temístocles de Oliveira Filho, Secretário Municipal.

FONTE: 9a. Região Militsr, Campo Grande, MS.


sábado, 12 de outubro de 2013

3 de novembro

03 de novembro
 
1867 – Morre o governador Frederico Campos

Frederico Campos não chegou a conhecer o Estado
 
Preso em Assunção pelo governo paraguaio quando se dirigia a Cuiabá para tomar posse, o presidente Frederico Campos, de Mato Grosso, sucumbe em prisão no país inimigo.


Bacharelou-se em Matemática. Assentou praça em 14 de janeiro de 1822. Segundo-tenente em 20 de junho de 1823. Participou da Guerra da Independência, tendo então recebido medalha. Promovido a primeiro-tenente em 12 de outubro de 1824, a capitão em 25 de janeiro de 1828, a major em 13 de setembro de 1837, a tenente-coronel graduado em 7 de setembro de 1842 e a efetivo no posto em 14 de maio de 1844, chegando a coronel em 2 de dezembro de 1855.
Pertenceu ao Corpo de Engenheiros.
Presidiu a Província da Paraíba. Em 12 de novembro de 1864, nomeado presidente de Mato Grosso, viajava, para tomar posse, no paquete “Marquês de Olinda”, que foi atacado e capturado por Solano Lopez, um dos fatos que dariam início à guerra contra o Paraguai. Frederico Carneiro de Campos foi feito prisioneiro.

Comendador da Ordem de Avis e dignitário da Ordem do Cruzeiro. Admitido como sócio correspondente do IHGB em 10 de novembro de 1842.

FONTE: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, 2017.



03 de novembro

1869 – Frei Mariano libertado se apresenta em Cuiabá

Livre de sua prisão no Paraguai, frei Mariano se apresenta aos seus superiores em Cuiabá e acresce ao seu currículo a seguinte manifestação de seu superior:

Atestamos e certificamos que o missionário revdo. Frei Mariano de Bagnaia desde que chegou neste bispado em dias de outubro de 1847 tem-se empregado sempre no serviço da igreja, já como exercendo todas as funções eclesiásticas de que nos encarregamos, e sempre com muito zelo, devoção e exemplar fervor, merecendo por isso toda a nossa confiança, amor e particular estima. Sua vida pública e mesmo particular tem sido constantemente honesta e cheia de virtudes e por isso mesmo tem recebido e gozado geral estima de todos os filhos dessa diocese. Jamais o ocupamos, que não fôssemos atendidos prontamente com edificação e humildade, e nomeando-o ultimamente como vigário da comarca eclesiástica de Baixo-Paraguai e pároco encomendado da igreja da comarca de Miranda, ali cumpriu seus deveres com tanto zelo e exatidão que só temos de engrandecê-lo de louvores pelo muito que fez a benefício da igreja e de seus filhos espirituais. Ali se edificou a igreja, despendendo nesta obra quase o que havia de seu ordenado e emolumentos,onde conservou com firmeza apostólica até a fatal invasão dos paraguaios, na esperança de que não fosse ao menos destruída a sua igreja e aprisionados seus paroquianos.

Tivemos porém que lamentar sua prisão realizada em princípio de 1865 e muitas vezes o nosso coração encheu-se de amarguras ao saber de seus sofrimentos assim arrebatado violentamente e arrebatado de sua igreja, foi por isso que deixou de remeter como cumpria os mapas dos sacramentos administrados depois de sua prisão. Logo, porém, que se viu salvo pelas mãos da Providência em primeiro lugar e depois pelo valor de nossas armas militares, em agosto do corrente ano procurou imediatamente recolher-se para esta cidade apresentando-se a nós cheio de amor e declarando que está pronto para continuar o serviço da S. igreja como melhor nos parecer, o que foi para nós de extrema alegria e de muita consolação. Pois estamos outra vez com um cooperador eclesiástico de toda a confiança, zelo e instrução e fervoroso no serviço de Deus e de sua igreja.

Cuiabá, 3 de novembro de 1869.
D. José Bispo de Cuiabá.

FONTE:  Frei Alfredo Sganzerla, A história de Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992página 403





03 de novembro


1918 – Gripe espanhola em Campo Grande



Relatório do intendente geral do município Rosário Congro, dá detalhes da passagem da gripe por Campo Grande:

“Depois de haver semeado o luto e a dor na bela capital da República, em São Paulo e inúmeras cidades do território nacional, o morbo atingiu também o nosso Estado, onde, felizmente, se manifestou em caráter benigno, apesar de seu extraordinário poder de expansão.


Não logrou esta cidade passar indene, e a 3 de novembro do ano findo irrompia o mal em Campo Grande alcançando, em poucos dias, proporções assustadoras.

A falta de todos os recursos profiláticos e de isolamento, além de outros, converteram a cidade num vasto hospital, sendo de uma louvável dedicação, digna de todos os encômios, o ilustrado corpo clínico, em sua árdua tarefa.
"Na impossibilidade de organizar um serviço de hospitalização, pela falta de um edifício que reunisse as condições exigidas de higiene e conforto, resolvi organizar um serviço ambulatório, deficientíssimo ainda assim, pela carência de pessoal, mesmo a soldo e mandei distribuir o seguinte boletim:
‘A pandemia reinante alastra-se por toda a cidade, menosprezando todos os recursos profiláticos, como se tem verificado no Rio, em São Paulo e nas grandes capitais européias, onde ainda perdura.


A moléstia tem-se manifestado, felizmente, benigna; a situação porém agrava-se por terem enfermado vários membros do nosso dedicado corpo clínico, sobrecarregando de atividades e trabalho os demais doutores, já exaustos por certo e igualmente ameaçados.


Uma farmácia fechou suas portas por ter caído todo o seu pessoal e começa a escassear, pela mesma causa, o fornecimento diário dos gêneros alimentícios indispensáveis aos doentes, como leite, galináceos e outros.
O intendente municipal no intuito de minorar a situação que se apresenta, pede a notificação de todos os casos em que se verifique a necessidade, não só de medicamentos como de outros recursos, inclusive de pessoal.
Cento e cinqüenta e seis receitas foram aviadas por conta da intendência e muitos remédios foram remetidos para a zona suburbana e rústica, onde era grande o número de enfermos e dos quais, diariamente afluíam os pedidos de socorros.


No edifício da escola municipal, tendo adquirido leitos e roupas, hospitalizei seis doentes que, com o dr. delegado de higiene, encontrara num casebre distante uma légua da cidade, sem recursos de qualquer espécie, tendo-se verificado ali, pela manhã desse dia, o falecimento de um outro morador, cujo enterramento providenciei.


Posteriormente, outros doentes receberam tratamento no mesmo edifício.
Imagino por este fato, quão elevado devia ter sido o número de enfermos entre os habitantes da campanha em toda a enorme extensão do município.
Sem a possibilidade de uma estatística, calculo entretanto em mais de dois mil os casos verificados nas distantes povoações de Entre Rios, Jaraguari, Rio Pardo e na cidade, sendo que somente nesta os notificados ultrapassaram de mil.


O número de óbitos na cidade foi apenas de trinta e seis, o que atesta a benignidade com que o mal nos visitou.
Devo registrar o gesto nobre e altruístico do sr. dr. Antonio Ferrari, enviando-me para socorro aos doentes pobres um quilo de quinino.
Esta preciosa dádiva chegou a meu poder quando a epidemia estava já em franco declínio, o que me permitiu dividi-la com o sr. dr. Nicolau Fragelli, intendente de Corumbá, a quem , espontaneamente fiz oferta telegráfica, ante a virulência com que grassava ali a terrível enfermidade.
Devo ainda por em destaque a atitude pronta, solícita e incansável do sr. dr. José Gentil da Silva, delegado de higiene, atendendo com presteza a todos os enfermos por mim indicados, colocando-os sob seu tratamento, e fazendo visitas domiciliares não só no perímetro urbano como nas zonas mais afastadas.


Os gastos totais feitos pela intendência, com os socorros por ela prestados, atingiram à soma de 4:658$300, conforme balancete discriminado de 30 de abril do corrente ano, publicado no Correio do Sul”. 


FONTEJ. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, Edição do autor, Campo Grande, 1980, página 139

FOTO: Campo Grande no ínicio da década de 20 do século passado.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

12 de fevereiro

12 de fevereiro

1866 - Taunay deixa Coxim com destino a rio Negro e Miranda




Acampamento das tropas brasileiras em Coxim (desenho de Taunay)


Com destino ao rio Negro e a Miranda, a comissão de engenheiros da força expedicionária brasileira, estacionada às margens do Taquari, inicia a exploração do percurso por onde deverá seguir a tropa para dar combate ao exército paraguaio na região fronteiriça. O tenente Taunay, que faz parte dessa comissão, relata:
 
“A 12 de fevereiro de 1866 partimos, pois, e atravessamos o rio Taquari, deixando para sempre o Coxim, onde tanto e tanto sofri de melancolia e desânimo.

 
Nenhuma lembrança grata me prende a este lugar, a não ser as horas em que escrevi e li, com certa ufania, ao Juvêncio, alguns rascunhos literários, O Casamento de Ferrugem e o primeiro ato de uma comédia, A dedicação de Zopyro e que mereceram de meu ouvinte grandes elogios. (...)

 
Logo que comecei a viajar, achei-me outro e, bem me recordo, dormi otimamente, nessa noite de 12 de fevereiro, do outro lado do Taquari, junto a um afluente do Coxim, de onde ainda ouvimos os clarins e cornetas do acampamento.” 



FONTE: Taunay, Em Mato Grosso invadido, Companhia Melhoramentos, São Paulo, sd. Página 12.




12 de fevereiro


1885 - Miranda decreta abolição da escravatura

Miranda, rua do Carmo, no início do século passado



O Clube Emancipador Mirandense em sessão solene declara “completamente livres os escravos da vila de Miranda.” O ato foi reconhecido pela Câmara Municipal que igualmente comemorou o acontecimento, comunicando-o ao juiz de direito, Alcindo Vicente de Magalhães, que então se encontrava em Cuiabá como chefe de polícia da província. 

O ato foi registrado na seguinte ata:

Aos doze dias do mês de fevereiro do ano de mil oitocentos e oitenta e cinco, nesta vila de Miranda, em o Paço da Câmara Municipal, às sete horas da noite, presentes os senhores Capitão Luiz Generoso da Silva e Albuquerque, Antonio Xavier Castelo, Luiz da Costa Leite Falcão, Francisco Eugênio Moreira Serra, Horácio de Almeida Castro e João Augusto da Costa Leite, além de numerosos concursos de senhoras e cavalheiros, foi pelo presidente Capitão Luiz Generoso da Silva Albuquerque, aberta a sessão. Achando-se presente o Excelentíssimo Senhor doutor Juiz de Direito da comarca, Eduardo Augusto Nogueira de Camargo, o senhor Presidente, tomando a palavra, propôs que fosse o mesmo convidado, na qualidade de primeira autoridade Jurídica ou seja judiciária e presidente honorário do clube, para residir a sessão nomeando uma comissão composta dos senhores Castelo e Costa Leite para recebê-lo; o que foi feito, o mesmo tomou a presidência dando em seguida a palavra depois de breve alocução congrulatória ao senhor Capitão Silva e Albuquerque, que proferiu um discurso análogo. Tomou a palavra o secretário Costa Leite, que igualmente proferiu um discurso achando-se presente, entre outros hóspedes e estrangeiros, o tenente Carlos Peixoto de Alencar, o Sr. Presidente, em homenagem às ideias do mesmo, ofereceu-lhe a palavra que, sendo aceita, fez-se ouvir em eloquentes frases. Depois do que, e de breves palavras, o senhor presidente que as proferiu convidou as senhoras e cavalheiros presentes para o baile pela mesma comissão preparado, levantando a sessão, na abertura da qual foram declarados completamente livres os escravos da Vila de Miranda, por entre estrepitosas salvas de palmas e estrondosos vivas. E do que para constar lavrei esta ata, Eu, João Augusto da Costa Leite, Secretário do Club. - Miranda, doze de fevereiro de mil oitocentos e oitenta e cinco. - Eduardo Augusto Nogueira de Camargo, Luiz Generoso da Silva Albuquerque, João Augusto da Costa Leite, Antonio Xavier Castelo, Luiz da Costa Leite Falcão, Horácio de Almeida Castro, Francisco Eugênio Moreira Serra.


FONTE: Estêvão de Mendonça, Datas Matogrossenses, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 90.
FOTO: Album Grafico de Mato Grosso (1914)



12 de fevereiro 

1910 - Aventureiro solitário navega de Cuiabá a Corumbá numa jangada




Tendo como veículo uma pequena jangada, chega a Corumbá, procedente de Corumbá, o poeta e jornalista gaúcho, Sebastião de Campos, que tem percorrido a pé, todos o estados do Brasil, tendo iniciado sua viagem há nove anos. "Chegado à capital do Estado a 1° de agosto - revelou em entrevista a um jornal corumbaense - dali prosseguiu a 19 de dezembro seu itinerário em jangada até esta cidade, gastando nesse penoso e arriscadíssimo percurso fluvial 57 dias de viagem".

Ao jornal, o andejo sintetizou esta sua extenuante caminhada pelo país:

"O sr. Sebastião de Campos iniciou a sua viagem em Porto Alegre, a 15 de junho de 1901,e, atravessando os estados de Santa Catarina e Paraná, terminou este trecho de sua viagem na cidade de Campinas a 30 de novembro.

Daí em continuação de sua viagem, planejada então em volta da terra, partiu a 15 de maio de a904, chegando a Manaus a 3 de abril de 1906, tendo percorrido todos os estados do litoral do Rio de Janeiro até o Pará.

Um dia antes de sua partida de Campinas, no Centro de Ciências, Letras e Artes, do qual Sebastião de Campos é sócio, discutiu-se o itenerário de sua viagem, por uma seleta assembleia  onde muitos oradores se manifestaram contrários a esse empreendimento.

Entretanto, o sr. Sebastião de Campos ocupando por último a tribuna, declarou que sentia profundamente não poder corresponder aos desejos de seus amigos, pois a sua viagem era obra de um mistério e que mais tarde, se tivesse a ventura de regressar ali, então desvendaria esse segredo, que resumiu num símbolo e comovido, beijou nesse momento a bandeira nacional.

Conhecendo já uma parte do opulento estado de Minas, mas faltando-lhe conhecer os estados de Goiás e de Mato Grosso, que não entravam no itenerário de sua viagem, resolveu ele percorrer esses estados. E assim o fez, não sem experimentar longos dias de provações , na espinhosa travessias dos sertões que percorreu, afinal, a sua intrepidez e coragem inauditas".

De Corumbá, Sebastião de Campos deverá seguiu para Assunção, no Paraguai.


FONTE: Correio do Estado (Corumbá), 16 de fevereiro de 1910. 




12 de fevereiro

1965 - Vespasiano Barbosa Martins é homenageado na Câmara dos Deputados



Um mês depois de sua morte, o ex-senador e líder divisionista é homenageado em sessão da Câmara dos Deputados. Entre outros, usaram da palavra os deputados Rachid Derzi, que discorreu de sua amizade pessoal e afinidade político-partidária com o homenageado, Afrânio de Oliveira, de São Paulo e Rui Santos da Bahia, que assim fechou seu discurso:

Conheci Vespasiano na Constituinte 46. Uma das melhores expressões de vida pública brasileira, com quem privei naquela época, foi justamente ele, franco, sincero, honesto, leal, capaz, digno. Não só Mato Grosso, como o Brasil inteiro perde, c
om Vespasiano, um dos exemplares melhores, uma das figuras mais perfeitas da vida pública nacional.



FONTE: Academia de Letras e História de Campo Grande, Biografia de patronos, página 27.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

1º de junho


1º de junho



1860 – Branco doa terra a índio em Paranaíba

Retrato atribuído a José Garcia Leal


Ironicamente, o chefe político de Paranaíba, José Garcia Leal, doa aos Caiapós, antigos senhores absolutos de toda a região, que chegou a chamar-se Caiapônia, um pedaço de terra de sua propriedade:

Entre nós abaixo assinados eu José Garcia Leal e minha mulher dona Maria Umbelina Leal, possuindo livre e desembaraçada uma sorte de terras nas margens do rio Paranaíba no distrito desta vila, na barra do ribeirão denominado Barreiro a qual houvemos por compra como consta dos títulos que delas temos, muito de nossas livres vontades e sem constrangimento de pessoa alguma cedemos delas e fazemos doação aos índios Caiapós que se acham morando nas mesmas por nosso consentimento há mais de vinte anos, as quais terras se compõem de campos e matas e têm sua divisa de aldeia para cima pela parte do poente divisando com a fazenda da Arara meia légua pela parte do Nascente, um quarto divisando com as terras do Porto, e pela parte do Sul pelo espigão da lagoa e pelo Norte meia légua e poderão os ditos índios e seus descendentes possuírem as ditas terras sem que nem nós e nem nossos herdeiros possamos em tempo algum revogar a presente doação, e pedimos às justiças de Sua Majestade Imperial dêem a este todo o inteiro vigor como se fora escritura pública, e para seu titular (?) e firmeza de tudo mandamos passar a presente em que nós assinamos. Fazenda da Serra primeiro de junho de mil oitocentos sessenta. Declaramos ainda que a parte de terras é da quantia de quatrocentos mil réis dia hera ut supra. José Garcia Leal. A rogo Dona Maria Umbelina Leal – Joaquim digo José Joaquim de Lacerda Cintra. Testemunha João Victoriano de Melo Zeferino. Martins Marques. Coletoria-Geral de Santana do Paranaíba mil oitocentos e sessenta. Réis oito mil. Os índios Caiapós pagarão de novos e velhos direitos a quantia de oito mil réis pela doação do presente título.




FONTE: Hildebrando Campestrini, Santana de Paranaíba de 1700 a 2002, 2a. edição, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2002, página 127.




1° de junho


1867 – Retirantes da Laguna completam a travessia do Miranda


Os três dias anteriores foram todos empregados na passagem do rio que, segundo parte do major comandante José Tomás Gonçalves, “conservou-se sempre cheio, dando apenas péssimo e perigoso vau. Com dificuldade passaram as nossas 4 peças e armões, havendo sido queimados os carros manchegos, forja e galera, para dar carne às praças como haviam decidido os comandantes de corpos em reunião...(...) Esforcei-me em trazer as quatro bocas de fogo e consegui-o com grande satisfação. Assim pois, no dia 1º de junho achavam-se as forças do lado direito do rio Miranda, com 9 léguas diante de si em boa estrada para chegarem a Nioac. Os paraguaios haviam efetuado a passagem antes de nós e já se achavam em nossa frente”.

FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14a. edição, Edições Mehoramentos, São Paulo, 1942, página 182.


1° de junho


1893 - Desenterrado tesouro entre Campo Grande e Nioaque



  


Sob o título "Goyaz e Matto Grosso", a Gazeta de Notícias (RJ) publica notícia de um viajante goiano que encontrou e desenterrou um tesouro, contendo duas arcas, na estrada entre Campo Grande e Nioaque. O detalhe é que o sortudo ainda colocou-se à disposição de eventual dono do tesouro para possível resgate do mesmo:


"De viagem pela estrada que conduz de Campo Grande a Nioaque, distante sete léguas do primeiro povoado, o cidadão José Carvalho de Azevedo encontrou uma pedra lavrada por três faces e fincada, notando que aquela pedra só podia ter ali ido parar conduzida por alguém e que devia assinalar alguma coisa, resolveu aí ficar e cavar o lugar, e de fato, depois de uma cova de mais de oito palmos, encontrou um e depois outro caixão contendo valores em ouro, bem como ouro em pó. Por esta estrada passou a força para o Paraguai, havendo aí um grande fogo.

Se alguém se julgar com direito ao achado e dando os sinais certos se lhe indicará, dirigindo-se ao capitão José Carvalho de Azevedo - cidade de Rio Verde, Estado de Goiás".

FONTE: Gazeta de Notícias (RJ) em 1° de junho de 1893.


1905 – Iniciada linha telegráfica para Bela Vista




Depois da inauguração da estação de Porto Murtinho, a 24 de maio, Rondon inicia a extensão da linha desta vila para Bela Vista. Os trabalhos demoraram exatamente 30 dias. O próprio Rondon dá detalhes dessa obra:

A temperatura caiu terrivelmente, descendo o termômetro abaixo de zero, sem que frio tão rigoroso constituísse obstáculo. A 15 passamos para Guavirá, onde matei uma onça parda. Em cada um dos pontos onde nos detínhamos, caçava eu três ou quatro onças, a ponto de já ter perdido a conta.


(...) Não foi possível traçar um só alinhamento ligando dois pontos, porque extenso e formidável brejo se lhes interpunha. Foi necessário projetar diversos alinhamentos, a fim de contornar as cabeceiras do brejão, entre os córregos de Guavirá e Derrota.


A linha chegou à Bela Vista em 30 de junho. Estava terminada a missão Rondon no Sul de Mato Grosso, relativa à extensão de rede telegráfica:


Coroamos, assim, nossos trabalhos no sul do Estado com um golpe de ação, construindo essa linha em um mês, com 100 praças apenas – 61 quilômetros e 590 metros de linha assentada de Bela Vista até Margarida.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 193.




1° de junho

1911 – Bento Xavier invade fronteira


Bento Xavier, primeiro à esquerda, na revolução federalista do Rio Grande do Sul

Continuando sua campanha contra o governo do Estado, iniciada em 1907, o fazendeiro gaúcho Bento Xavier, que se encontrava exilado no Paraguai, retorna ao Brasil, com um forte grupo armado e inicia sua “guerra” com o major Gomes, comandante de polícia em Bela Vista, que relata a investida rebelde e delata a cumplicidade do comandante da guarnição do Exército naquela cidade fronteiriça com o chefe revolucionário:

Relatório - Ao Exmº Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques. D. D. Presidente do Estado de Mato Grosso - 1911.


Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Exª os fatos ocorridos com a praça policial e civis sob meu comando durante o último Movimento Revolucionário havido no Sul do Estado. A 1º de junho do corrente ano, pela manhã, tive conhecimento de que Bento Xavier da Silva, seus filhos, irmãos e adeptos indivíduos estes processados, inimigos do Governo, das autoridades e povo, invadiram nossas fronteiras, por duas partes com grupos armados, vindos do Paraguai, arrebanhando cavalos, recrutando gente e cortando fio telegráfico. Neste mesmo dia, um grupo de gente armada, comandado pelo próprio Bento Xavier, atacou a vivo fogo as imediações da fazenda denominada “Vaquilha”, uma escolta de seis praças e um civil que se dirigiam para a serra a fim de efetuar a captura dos criminosos Ananias Mello e seus companheiros; resultando desse ataque a morte do civil Reginaldo de Mattos e extravio das praças que, milagrosamente, se escaparam. Em seguida, Bento Xavier e seus sequazes dirigiram-se à Fazenda do Sr. Afonso Loureiro e aí praticaram as maiores depredações, procurando aprisionar o dono da fazenda, que conseguiu fugir à sanha daqueles vândalos. Ainda nesse dia, procurando fazer a defesa dos interesses do passo violado, congreguei elementos, convidando amigos, comprando alguns cavalos e outros petrechos indispensáveis para a organização da força, visto nessa ocasião só existirem em quartel 28 praças de polícia, tendo então me dirigido ao Sr. Cap. Antero Aprígio Gualberto de Mattos, comandante interino do Regimento de Cavalaria a fim de solicitar recursos de armamento e munição, visto não haver suficiente na polícia para armar o pessoal voluntário que se me apresentou. Qual não foi a minha surpresa quando eu soube que o dito Capitão Antero se achava no território paraguaio em conferência com o criminoso militar José Vicente Pereira Netto, pessoa que tinha delegações de Bento Xavier para entrar em arreglos com o já referido Cap. Antero de Mattos, comandante do 3º Regimento. Nada mais esperando desta autoridade, que levada por baixos sentimentos políticos, deixava de cumprir com seus deveres de comandante de guarnição e fronteira, para ir confabular com uma horda de salteadores, que todos os anos invadem, a nossa fronteira com proteção das autoridades anarquizadas do Paraguai. Limitado aos meus únicos recursos e dos amigos, comprei algumas armas, munições de guerra, etc.


Outro confronto entre a força de Bento Xavier e as tropas policiais do major Gomes dar-se-ia a 11 de junho.

Uma das bandeiras de Bento Xavier era a divisão de Mato Grosso.

FONTE: Major Gomes, Relatório do Governo do Estado de Mato Grosso, 11-09-1911.
FOTO: acervo Museu Dom Diogo de Souza, Bagé, RS.



1º de junho

1912 - Nasce em Nioaque, Hélio Serejo, o menestrel dos ervais


                                                                                             FUNDAÇÃO DE CULTURA/MS

                           Hélio Serejo, à direita


Nasce em Nioaque, Hélio Serejo. Viveu a infância, a juventude e maioridade na fronteira, mais precisamente em Ponta Porã, onde produziu a maior parte de sua
obra. Escritor, cronista, contista, memoralista e poeta, publicou ao longo de sua carreira cerca de 60 livros. Pertenceu a várias entidades, entre outras, ao Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, a Academia Matogrossense de Letras e a Academia Sul-Matogrossense de Letras, onde ocupou a cadeira nº 30.

Para Geraldo Ramon Ferreira, seu confrade na ASL, Serejo, "construiu a sua consistente obra literária nas sendas da fronteira guarani, nas lides ervateiras da região, nas paragens nativas no Sul do então Mato Grosso, num ambiente de mestiçagem assim descrita pelo historiador Lenine Póvoas:

Indios, donos da terra, falando guarani; povos de origem espanhola; gaúchos fugidos das lutas de chimangos e maragatos, elementos que desciam da baixada cuiabana; mineiros que se alongavam à procura de campos para criar; todos se amalgamaram, misturando seu sangue, seus costumes, seus idiomas, suas tradições, seu folclore, sua música, daí resultando uma civilização fronteiriça de características inconfundíveis.

Sua obra completa em 11 volumes, foi republicada em 2008 pelo Instituto Histórico de Mato Grosso do Sul.

Por muitos anos residiu em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, mudando-se para Campo Grande, em 2005, onde faleceu em 8 de outubro de 2007.

A ponte rodoviária da BR-267, que liga o Porto XV de Novembro (MS) e Santo Anastácio (SP) tem o seu nome.


FONTE: Geraldo Ramon Pereira, (artigo), Correio do Estado, 26/06/2022.




1° de junho


1951 - Prefeito de Coxim é assassinado em Campo Grande







Às 22 horas é assassinado no Hotel Estação, em Campo Grande, Manoel Lino D'Ávila, o Manoel Mariano, prefeito de Coxim (UDN). Em sua edição de 3 de junho, o jornal O Estado de Mato Grosso, de Cuiabá, sob o título Assassinado em Campo Grande o prefeito de Coxim, a seguinte notícia:

Circulou ontem à noite pela cidade a notícia procedente de Campo Grande, que divulgamos em primeira mão, de haver sido assassinado naquela cidade, o prefeito de Coxim, sr. Manoel Lino d'Ávila, mais conhecido por Manoel Mariano, com 12 tiros e nove facadas.

Não se conhece maiores detalhes sobre a dolorosa tragédia em que tombou sem vida o prefeito de Coxim, Manoel Lino d'Ávila, da UDN, cidadão respeitável e que gozava do melhor conceito na sociedade coxinense.

No próximo número daremos circunstanciado relato da tragédia

Tido a princípio como crime político, chegando a causar animosidade entre moradores do distrito de Rio Verde, onde residia a vítima, e de Coxim, descobriu-se tratar-se de latrocínio. Epaminondas Gomes de Arruda, que na época do homicídio servia o exército em Campo Grande, entrevistado anos depois pelo jornal "Correio do Povo", de Coxim, esclareceu o episódio:

Seis meses após sua posse, Mané Mariano foi a Campo Grande para receber o dinheiro de uma boiada. Lá ele tinha uma amante e esta um filho.

O filho da prostituta encontrou o prefeito e lhe pediu dinheiro emprestado. Mané Mariano respondeu-lhe que no momento não tinha. Depois disso Mané foi ao frigorífico para o acerto final, retornando ao hotel em que se hospedara. Ao chegar foi recepcionado pelo rapaz, com uma faca na mão.

O rapaz sangrou Mané Mariano e foi para a rua Aquidauana, onde escondeu a faca e em seguida foi encontrar sua amante, na rua 7, passando a pagar uma rodada de cerveja para as moças da casa.

A PRI-7, a todo o momento, noticiava o crime.

O prefeito tinha um sobrinho que era 3° sargento do exército; servíamos na mesma companhia. Ele respondia pelo comando da guarnição naquele dia. Pedi-lhe algumas horas de licença, gentilmente concedida. Eu também tinha uma namorada polaca na rua 7. Tinha recebido o pagamento e fui visitá-la encontrando a rodada. Peguei a polaca, pedi uma cerveja e sentamo-nos na mesa ao lado.

O rapaz estava no banheiro e quando chegou esbravejou e gritou passando a agredir-me. Foi quando tirei um cabo de aço que carregava na cintura e dei-lhe uma surra desarmando-o.

Em seguida baicou a cavalaria e tive que fugir. Em casa passei a observar o revólver; era um Smith & Wesson 32, dos pequenos. Logo concluí que o malandro não tinha condições de ter uma arma igual aquela. Fui bater na delegacia onde narrei o acontecido. Em seguida o delegado determinou a três policiais que me acompanhassem para trazer o rapaz à delegacia. Prendemos Mário Silvestre, e, ao retornarmos à delegacia, o delegado nos comunicou que o o revólver era produto de roubo.

O rapaz, recolhidos à cela "paraíso dos inocentes", confessou o crime, entregando o relógio, a guaiaca e o restante do dinheiro roubado.

Mário Silvestre dos Santos era o nome do assassino.

Latrocínio foi a tipificação criminal.




FONTE: João Ferreira Neto, Raízes de Coxim, Editora UFMS, Campo Grande, 2004, página 192. 

FOTO:
 gentilmente cedida por familiares da vítima.




1° de junho

1959 - Grupo separatista do Sul do Estado publica manifesto



Lançado no início do ano em Campo Grande, o grupo intitulado Movimento Divisionista de Mato Grosso (MDM) lança manifesto à população. O documento tem os seguintes signatários: Anísio de Barros, Nelson Benedito Neto, Cícero de Castro Faria, Adauto Ferreira, Diomedes Rosa França, José Fragelli, Salviano Mendes Fontoura, Paulo Jorge Simões Correa, Oclécio Barbosa Martins, Diomedes Rosa Pires, Eduardo Machado Metelo, Martinho Marques, Carlos de Sousa Medeiros, Nestor Muzzi, Nelson Mendes Fontoura, Lício Proença Borralho e Nelson Borges de Barros.

Essa campanha, sob o lema "Dividir para multiplicar" e simbolizada por uma tesoura cortando o mapa de Mato Grosso, teve existência efêmera, como explica a historiadora:

"O Manifesto foi propagandeado no final da década, ocasião em que Jânio Quadros, um matogrossense de nascimento, foi candidato a presidente da República. Esperando obter a sua concordância quando ele se hospedou em uma chácara em Campo Grande, pouco antes da campanha eleitoral, uma comissão de separatistas o procurou, mas assim que tomou conhecimento do símbolo do movimento, uma tesoura que cortava o mapa de Mato Grosso em duas partes, teria dito: 'Esta tesoura corta o meu coração'. Suas palavras foram água na fervura".


FONTE: Marisa Bittar, Mato Grosso do Sul, a construção de um Estado, Editora UFMS, Campo Grande, 209, página 289. 

  

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

14 de abril

14 de abril

1867 – Expedicionários deixam a colônia de Miranda rumo ao Apa






Em direção à fronteira e invasão da república paraguaia, os expedicionários brasileiros deixam a colônia de Miranda às margens do rio Miranda. No dia anterior, o coronel Camisão, comandante da força brasileira, dirige aos seus soldados a seguinte proclamação:

Camaradas! Amanhã sairemos para o Apa! Nas margens daquela divisa do território brasileiro flutuará pela primeira vez o Pavilhão Nacional! Seja a sua aparição saudada pelo clamor uníssono dos peitos patriotas, mantida constância e coragem, sustentada pela dignidade do militar. – Os exércitos do Sul alcançando a glória que Deus distribui aos homens inflamados pelo amor da Pátria, traçarão a linha que deveis seguir. – Cercando a bandeira, emblema de nossa civilização, de nossa constituição política, de nossa honra, levantai-a tão alto que o Brasil em peso nos atire as bênçãos de reconhecimento e que o mundo declare haveis bem merecido de vosso país. – Confiai sempre em vós, nos vossos chefes, na Estrela do Império. O Deus das Batalhas nos protegerá e o anjo da Vitória, adejando sobre vossas frontes, arrebatará à imortalidade os mártires, coroando aos vitoriosos.

- Carlos de Moraes Camisão, coronel comandante.

Conforme

O alferes Amaro Francisco de Moura, Secretário Militar.

Taunay detalha o evento, ressaltando a ausência de cavalos para a tropa:

Já a vanguarda, contudo, devia dar-lhe motivos para reflexão, composta como era de nossa cavalaria desmontada. E com efeito já relatamos que não tínhamos mais cavalos, todos vitimados na região de Miranda por uma epizootia do gênero de paralisia reflexa que a nós mesmos, tão cruelmente, viera provar. Quando muito pudera o serviço de faxina conservar alguns muares. Faltava-nos o elemento primordial da guerra nestes terrenos, a cavalaria; e não havia quem com isto não se impressionasse.

"Mal grado a diferença de feição - continua o historiador da marcha - a que se rinham de resignar, nada perderam os nossos caçadores do aspecto marcial. Após eles marchava o 21º batalhão de linha, precedendo uma bateria de duas peças raiadas; depois o 20º batalhão, outra bateria igual à  primeira, acompanhada pelo 17º de Voluntários da Pátria; e afinal as bagagens, o comércio, com a sua gente e material, e as mulheres dos soldados, bastante numerosas.

Ocupava o gado o flanco esquerdo, com as carretas de munições de guerra e de boca, massa confusa protegida por forte retaguarda".





FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 16a. edição, Edições Melhoramentos, S. Paulo, 1942, páginas 150 e 49.

FOTO: Ilustração da capa da 16a. edição do livro Retirada da Laguna, de Taunay.






14 de abril

1969 – Entra em operação a usina de Jupiá



Jupiá a primeira usina do complexo hedrelétrico do rio Paraná
Iniciada em 1961, no governo do presidente Juscelino Kubitscheck, passa a funcionar a primeira unidade geradora da hidrelétrica de Jupiá, a pioneira do complexo energético de Urubupungá, no rio Paraná. “A construção ao longo de treze anos – atesta Jesus H. Martin – representou a conquista de uma tecnologia integralmente nacional para a edificação de grandes barragens, propiciando ao mesmo tempo a formação de um canteiro industrial. Em virtude de sua localização, distante cerca de 670 quilômetros da capital, foi necessária a construção de um linhão que atravessa todo o Estado. Este linhão transportava a energia gerada até a Grande São Paulo, considerado o maior centro consumidor da América Latina”.

O último dos 14 geradores, entrou em operação em 30 de junho de 1974.




FONTE: Jesus H. Martin, A História de Três Lagoas, edição do autor, Três Lagoas, 2000, página 72.


14 de abril

1977 - Corumbá faz companha contra a divisão do Estado


Cássio Leite de Barros, vice-governador de Mato Grosso

Menos de um mês antes do anúncio oficial da divisão de Mato Grosso, ocorrida em 3 de maio de 1977, era intensa a campanha de políticos e população corumbaense contra a separação. Na verdade, a cidade branca acalentava o sonho de ser transformada em terceiro estado, como capital de uma unidade federativa juntando os municípios do Pantanal do Norte e do Sul. A contestação de Corumbá foi registrada pelo Jornal do Brasil (Rio) com nota encimada pelo título Corumbá contesta divisão:

"Cuiabá - A população de Corumbá, que na década de 60 acalentou o sonho de pertencer a um território independente ou mesmo um Estado, teme que a anunciada divisão de Mato Grosso prejudique o desenvolvimento do município, quase todo encravado na bacia do Pantanal e cuja maior riqueza é a pecuária.

A preocupação que deu origem ao slogan Nem com o Sul, nem com o Norte, como Estado Corumbá será mais forte, é também das autoridades estaduais, como o vice-governador Cássio Leite de Barros, que reside em Corumbá, onde, além de outros interesses, possui uma das maiores criações de gado da região pantanosa".

FONTE: Jornal do Brasil (RJ), 14 de abril de 1977.

FOTO: Governo do Estado do Mato Grosso.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...