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sábado, 19 de fevereiro de 2011

12 de junho

12 de junho


1860 - Autorizada a criação da primeira escola pública da Corumbá

É aprovada pela lei n° 5 de a860, a primeira escola pública da povoação de Corumbá. A resolução é do presidente da próvíncia, Antonio Pedro da Alencastro:

"Art. 1° - Fica aprovada a Resolução de 21 de outubro do ano próximo passado, que ciou uma escola de instrução primária do 1° grau na Povoação de Corumbá para o sexo masculino com o ordenado marcado aos professores das Freguesias.

Art. 2° - Quando for suprimida uma cadeira, quer de instrução primária, quer de estudo secundário, o respectivo professor, sendo vitalício, e contando mais de dez anos de serviço, será aposentado com o ordenado por inteiro; e revogadas as disposições em contrário".


FONTE: Colleção das Leis Provinciais (MT), 1835 a 1912, pagina 32.



1867 – Termina oficialmente a retirada da Laguna


Homenagem do Exército brasileiro aos combatentes de Laguna em Porto
Canuto no município de Anastácio
Tendo chegado os sobreviventes um dia antes em Porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana, desfaz-se oficialmente, a retirada da Laguna, considerada a maior aventura da guerra do Paraguai. O major José Tomás Gonçalves, seu último comandante, baixou ordem do dia, encerrando a campanha, que durou 35 dias:


A retirada, soldados, que acabais de efetuar, fez-se em boa ordem, ainda que no meio das circunstâncias as mais difíceis. Sem cavalaria contra o inimigo audaz que a possuía formidável, em campos onde o incêndio da macega, continuamente aceso, ameaçava devorar-nos e vos disputava o ar respirável, extenuados pela fome, dizimados pela cólera que vos roubou em dois dias o vosso comandante, o seu substituto e ambos os vossos guias, todos esses males, todos estes desastres vós os suportastes numa inversão de estações sem exemplo, debaixo de chuvas torrenciais, no meio de tormentas de imensas inundações, em tal desorganização da natureza que parecia contra vós conspirar. Soldados! Honra à vossa constância, que conservou ao Império os nossos canhões e as nossas bandeiras!


O governo paraguaio festejou o final da marcha brasileira como uma vitória de seu exército.


FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14a. edição, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, página 137.


12 de junho


1874 - Criados os cartórios judiciais em Corumbá


Pela lei nº 8, do presidente José de Miranda da Silva Reis, o governo da província de Mato Grosso, cria os cartórios da comarca de Corumbá, a saber:

"Artigo único. - Ficam criados no Termo de Santa Cruz de Corumbá os ofícios 1° e 2° tabeliães; servindo o 1° de Tabelião do público, judicial e notas e do escrivão da Provedoria e do juri e execuções criminais; e o 2° de Escrivão de Órfãos e ausentes que lhe fica anexo; revogadas as disposições em contrário".

FONTE: Coletânia de leis da província de Mato Grosso, 1835 a 1912, página 14.


1882 – Nasce em Nioaque Antônia de Moraes Ribeiro, dona Neta


Dona Neta (ao centro) com familiares
Nasce em Nioaque, Antonia de Moraes Ribeiro. Estudou em Cuiabá onde casou-se com Antônio Correa da Costa, de tradicional família cuiabana. O casal muda-se para a fazenda Chapada, da família dela, em Nioaque. Em 1913, com seis filhos e já com o carinhoso apelido de dona Neta, muda-se de vez para Campo Grande. Em 1921 morre-lhe o marido, vítima de febre tifóide, contraída em Três Lagoas. Viúva aos 36 anos, com oito filhos, “dona Neta, com invulgar bravura, enfrentou a situação, conseguiu dirigir as fazendas Chapada, em Nioaque, Guanandi e Cedro em Ponta Porã.”

Faleceu
aos 81 anos, em 1963. Paulo Coelho Machado, seu biógrafo, conta que pouco antes de morrer dona Neta convocou todos os filhos e a cada um fez “agradecimento emocionante pela solidariedade que ininterruptamente lhe deram, adicionando pequenas recomendações como últimas lições de vida tiradas da própria experiência.”
Deixou 15 netos e 38 bisnetos e um saudável casarão na avenida Afonso Pena, que seria demolido para dar lugar à galeria Dona Neta.



FONTE: Paulo Coelho Machado, A grande avenida, Funcesp/UBE, Campo Grande, 2000, página 206.



12 de junho

1910 - Fundada a Associação Comercial de Corumbá

Reunidos na tarde de domingo, as 14 horas, no edifício da Câmara Municipal, empresários de Corumbá decidem criar a associação comercial da cidade: O Correio do Estado fez o registro:

"O n´mero de pessoas que compareceram à reunião tão foi grande, mas a qualidade dessas mesmas pessoas, reconhecidamente corajosas e empreendedoras, representava uma grande força, que é do que realmente dependem os mais difíceis e importantes cometimentos".

Sobre a importância da nova entidade, o jornal destacou o foco dos empresários "na urgência de por em prática uma ação em comum a bem dos interesses do já desenvolvido comércio desta praça, certos de que só unidos  é que poderão resistir a todas as lutas que contra os seus direitos forem abertas, - esses bons elementos que compareceram à reunião de domingo resolveram iniciar os trabalhos para organização da Associação Comercial de Corumbá".

O primeiro presidente, escolhido pela unanimidade dos fundadores, foi Salustiano Msaciel, sócio da empresa M. Cavassa Filho e Cia, que indicou Alvaro Armando para secretário. O primeiro ato do presidente foi a criação de uma comissão para elaboração dos estatutos da entidade, com os seguintes componentes: Salvador Paes de Campos, Eugênio Ferreira da Cunha, Hipólito Rondon, Ciriaco de Toledo e Joaquim Teodoro da Rocha.

FONTE: Correio do Estado (Corumbá), 15 de junho de 1910.



12 de junho

1979 - Exonerado o primeiro governador de Mato Grosso do Sul





Nomeado pelo presidente Ernesto Geisel, com base na Lei Complementar n° 31/77 (Lei da Divisão) e empossado em 1° de janeiro, é exonerado do cargo de governador de Mato Grosso do Sul, o engenheiro gaúcho Harry Amorim Costa. Enfraquecido em Brasília com a posse do general João Batista Figueiredo, Harry não obteve o apoio do senador Pedro Pedrossian, então o mais prestigiado líder político do Estado, que conseguiu sua demissão e a indicação de seu sucessor, o prefeito de Campo Grande, engenheiro Marcelo Miranda. Assumiu em seu lugar até o dia 29, data da posse do novo governador nomeado, o deputado Londres Machado, presidente da Assembleia Legislativa. 

O legado de Harry Amorim seria o seu projeto de governo moderno para um estado modelo, desprezado por seu sucessores. A única obra que conseguiu realizar no curto espaço de tempo de seu governo foi a pavimentação do trecho da BR-60 entre Campo Grande e Sidrolândia.

Em 1982 foi eleito deputado federal pelo PMDB. Em 1987 foi nomeado secretário de Maio Ambiente no governo de Marcelo Miranda, vindo a falecer, em acidente automobilístico em 19 de agosto de 1988.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

12 de março



12 de março

2014 - Impeachment do prefeito


Após dez horas de julgamento, Alcides Bernal foi cassado pela Câmara Municipal de Campo Grande na noite de 12 de março de 2014.. Ele foi condenado nas nove denúncias, em todas elas com 23 votos favoráveis à perda do mandato, por conta de irregularidades em contratos firmados com as empresas Salute, Mega Serv e Jagás. 
A Sessão de Julgamento que culminou na cassação do primeiro prefeito na história de Campo Grande começou por volta das 14h20, com a leitura da denúncia feita pelos empresários Luiz Pedro Guimarães e Raimundo Nonato. Por volta das 16h30, Bernal chegou à Câmara Municipal entre vaias e aplausos.
Em seguida, foi lida a defesa escrita apresentada pelo denunciado. Ao todo, nove vereadores utilizaram seus 15 minutos na Tribuna, após a leitura e, depois disso, Jesus de Oliveira Sobrinho, advogado de Bernal, e o próprio denunciado apresentaram suas alegações.
Em 115 anos de município, Alcides Bernal foi o primeiro prefeito cassado pela câmara municipal em Campo Grande.

Bernal foi substituído pelo vice-prefeito Gilmar Olarte, acusado de conspirar contra o mandato do prefeito e, por decisão judicial, retomou o cargo em 25 de agosto de 2015. Em 2016 candidato à reeleição não conseguiu chegar ao segundo turno.

VEJA O ÚLTIMO DISCURSO DO PREFEITO CASSADO 

12 de março

1889 - Nasceu na Paraíba Severino de Queiroz






Filho de João Mateus de Queiroz e Alexandrina de Queiroz, nasce em São João do Cariri, na Paraíba, Severino de Queiroz. Sargento do Exército, foi convocado pelo presidente Pedro Celestino para servir como oficial da polícia militar de Mato Grosso. Em Cuiabá, como capitão, foi ajudante de ordens dos governadores Pedro Celestino e Mário Correa. Em Campo Grande dedicou-se ao jornalismo e ao magistério, lecionando e dirigindo diversas escolas locais. O professor Severino de Queiroz faleceu em Campo Grande em 9 de março de 1960. Seu nome foi perpetuado em uma unidade escolar do Estado, na vila Rosa, construída em 1968. 


FONTE: Lélia Rita Figueiredo, Campo Grande o homem e a terra, edição da autora, Campo Grande, sd., página 399.




12 de março

1936 - Nasce em Campo Grande Armênio Iranick Arakelian






Nasce em Campo Grande, Armênio Iranick Arakelian. Filho de Cacike Arakelian e Yossana Irani Arakelian, iniciou o curso ginasial no Colégio Osvaldo Cruz, concluiu o ensino fundamental em São Paulo. Iniciou o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo,  formado em 1966. Ao formar-se voltou para Campo Grande. De Campo Grande vai trabalhar em Cuiabá. Em Campo Grande é responsável pelo projeto e construção por inúmeras obras públicas no Estado, com destaque para o Hospital Universitário de Campo Grande e teatro Glauce Rocha e construção do monumento da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (o paliteiro), projetado por seu colega Caetano Fraccaroli

FONTE: Ângelo Arruda, Pioneiros da arquitetura e da construção em Campo Grande, Uniderp, 2002, página 343.

segunda-feira, 7 de março de 2011

25 de agosto

25 de agosto

1866 - Invasores paraguaios dão boas notícias de Corumbá

Correspondência de Corumbá, publicada pelo jornal oficial do governo paraguaio em Assunçao, mostra aparente tranquilidade de Corumbá, sob o jugo inimigo desde 3 de janeiro de 1865:

"Tivemos este ano grande abundância de mantimentos, graças ao zelo e dedicação do incansável tenente-coronel Cabral. Este lugar que desde sua criação (cuja origem se remonta há muitos anos) nunca se havia prestado à agricultura, segundo dizem seus aborígenes, este ano produziu tudo o que foi semeado em seu solo. Os fatos falam bem alto a este respeito. Grande abundância de arroz, mandioca, outros mantimentos e boas ervas e verduras de diversas espécies, mostrando que a esterilidade deste terreno era somente pela inação de seus habitantes. Por outro lado, tem diminuído, extraordinariamente,  até nos arrabaldes desta vila, a imensa quantidade de mosquitos, que antes era um de seus maiores flagelos. São palpáveis os melhoramentos de Corumbá, durante a administração do tenente-coronel Cabral, razão pela qual não podemos deixar de deixar patente nossa gratidão a este digno servidor da Pátria, que tanto tem cooperado para a felicidade de Corumbá, por tantos e tão importantes serviços".

FONTE: El Semanario, 25 de agosto de 1866, Assunção (PY).




25 de agosto

1929 - Criada em Campo Grande a Aliança Liberal





Por iniciativa dos irmãos cuiabanos o engenheiro Ytrio e o médico Fernando Correa da Costa, filhos do ex-governador Pedro Celestino, é criado em Campo Grande o diretório da Aliança Liberal, partido de oposição que dá apoio à candidatura de Getúlio Vargas para presidente da República, que concorre com Júlio Prestes, cuja vitória na eleição de 3 de maio de 1930, desencadearia a Revolução de 30 e o início da chamada era Vargas. Foram eleitos para a direção, Ytrio Correa da Costa, José Passarelli, José Valeriano Maia, Fernando Correa da Costa, Alfredo C. Pacheco, Alcides Alves da Silva e Piolino de Aragão Soares.

Dos integrantes da executiva, Fernando Correa da Costa viria a ser prefeito de Campo Grande (1947), governador do Estado de Mato Grosso (1950/55 e 1960/65) e senador da República por dois mandatos. Seu irmão Ytrio foi prefeito nomeado de Campo Grande e deputado federal por vários mandatos.

FONTE: Jornal A Campanha, Campo Grande, 1º de setembro de 1929.




25 de agosto

1932 - Rebeldes se retiram de Quitéria

Henrique Martins, comandante rebelde
Na revolução constitucionalista, após se refazer da refrega do dia 12 de agosto, quando teve que recuar depois de renhida resistência dos rebeldes sul-matogrossenses, a força legalista volta a atacar, até a retirada dos revolucionários para o Sucuriu, o que se deu após três dias de combates:

Após a reunião conduzimos o contigente à margem do rio onde havia vau e acomodamos a tropa debaixo do arvoredo. À hora exata iniciamos a travessia do rio com água na cintura, operação que levou algum tempo porque os soldados despidos conduziam suas roupas e armamentos na cabeça. Às 5 horas, três pelotões já estavam em posição, escalonados numa frente de 300 metros, aproximados, os patriotas do batalhão Atanagildo França foram agrupados e intercalados nos espaços vazios da formação de nosso contingente. [Esse batalhão reunido não dava o efetivo de 50 homens].


Às 6 horas da manhã do dia 22, nossa artilharia iniciou o ataque com o bombardeio de tiros contínuos de granadas. O inimigo revidou à altura e a luta se travou bateria contra bateria, num duelo de granadas incendiárias que atearam fogo no campo ressequido, impedindo que as manobras previstas fossem realizadas, ante às imensas labaredas que atingiram proporções impressionantes, reduzindo a carvão e cinza toda a vegetação agreste da região, ofuscada pela fumaça. Diante do sinistro, nossa tropa que se estendia em linha sinuosa para o ataque, retroagiu ao ponto de partida, protegendo-se na orla do mato, à margem direita do rio. O 21° B.C. e o Btl. Carvalhinho também tiveram frustradas as suas missões. À tarde o campo em que se travaria o combate estava cinério, enfumaçado, a noite caiu nesse ambiente desolador.


Na manhã seguinte o inimigo nos molestou com inquietantes disparos de artilharia. Enquanto bombardeava as posições do 21° B.C. e do capitão Corroberto, também nos atacava com petardos de obuses que explodiam no ar, espargiam balins de chumbo nas árvores que nos cobriam. Por três dias ficamos estacionários, garantindo apenas as nossas posições e fechando por circunstância imperiosa uma brecha (abertura) ao longo da nossa defesa, pela deserção de alguns patriotas do batalhão Atanagildo.


O incêndio interrompeu todo o plano de luta. Mais de um quilômetro quadrado da região, partido da estrada de rodagem, ao longo da linha de crista do terreno até a orla do rio, transformou-se em mar de cinza, deixando em destaque os relevos do solo antes ocultos por capim e vegetações ressequidas.


"O dia 23 de agosto amanheceu chuvoso e calmo na linha de frente, mas na manhã de 24, sob um chuvisqueiro inoportuno, o inimigo nos molestou com disparos de obuses sem partir para o ataque. (...)


A 25 o QG planejou novo ataque para ser desencadeado à noite do dia 26, sem o auxílio de nossa artilharia, objetivando surpreender o inimigo. A manobra seria a mesma que foi frustrada pelo incêndio do dia 22, apenas com detalhes diferentes, empregados em operações noturnas. À noite de 25 o inimigo rompeu o silêncio, metralhando o nosso setor de vigilância, ataque que revidamos e o tiroteio cessou. O dia 26 amanheceu tranquilo sem que o inimigo desse sinal de vida, sintoma bastante estranho, contrário aos dos dias anteriores. Por volta das 14 horas, como a trégua continuasse, organizamos uma patrulha sob o comando do sargento Aderbal Antunes, com missão de investigar o que estava acontecendo. Palmilhando no leito do córrego do Pinto, trecho coberto de vegetação e camuflagem, os patrulheiros penetraram rastejantes no terreno adversário e após acurada observação, constataram que o inimigo se retirara.¹


A propósito deste combate, Emílio Barbosa, que participou da revolução constitucionalista como voluntário, depõe:


Em novo setor fui prestar serviço e lá na Quitéria o major [Dutra] pediu reforço para fazer a retirada. Seguiu o Ênio com 120 voluntários e todos queriam ir, gente brava. Vinte e quatro horas combatendo, deram tempo para o major retirar os seus homens e até um caminhão das nossas forças foi utilizado, tendo o Ênio que voltar a pé, brigando e conseguiu salvar toda a companhia, com um extraviado apenas um voluntário, que ergo preces para que não tenha a morte o acometido.


Feito o recuo de Quitéria e do Desbarrancado conduziu Henrique [Martins] (foto) os 400 homens para a margem direita do Sucuriu, no lugar chamado Porto do Galiano e se entrincheirou. Vigiando 40 k marginais do rio, localizados nos pontos fracos as metralhadoras, aguardou o inimigo que não se fez esperar.²

FONTE: ¹Lindolpho Emiliano dos Passos, Goiás de ontem, memórias militares e políticas, edição do autor, Goiânia, 1987, página 105. ²Emilio G. Barbosa, Panoramas do Sul de Mato Grosso, Editora Correio do Estado, Campo Grande, 1961, página 174. (foto de Henrique Martins, reproduzida do livro Memórias Janela da História de seu filho Wilson Barbosa Martins)






25 de agosto


1961Jânio Quadros renuncia





Frustrando toda a nação, que o elegera com consagradora votação, renuncia, denunciando pressão de forças ocultas, o presidente Jânio Quadros, que assumira o governo nove meses antes. Foi o filho de Campo Grande que ascendeu mais alto na política brasileira pelo voto direto.

Sua renúncia foi oficializada na seguinte carta ao Congresso Nacional:

"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.

Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.

Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.

Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.

Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.

Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."

Brasília, 25 de agosto de 1961.

Jânio Quadros"









sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

12 de Setembro



1893Morre o marechal Porto-Carrero

Forte de Coimbra, em fotografia do início do século XX

Falece ao 74 anos no Rio de Janeiro, o marechal Hermenegildo de Albuquerque Porto- Carrero, o barão do Forte de Coimbra. Nascido em Recife, Pernambuco em 13 de abril de 1818, como tenente-coronel, destacou-se na defesa do forte de Coimbra em 27 de dezembro de 1864, por ocasião da ocupação paraguaia ao Sul de Mato Grosso. Quando, estalou a guerra do Brasil com o Paraguai, com o aprisionamento do “Marquês de Olinda”, a 12 de novembro de 1864, Portocarrero, então Tenente Coronel Comandante do 3º Batalhão de Artilharia, se achava à frente do forte , um dos primeiros pontos atingidos pela invasão inimiga. Em sua companhia se encontrava a sua família, que, bem como a do Ten. João de Oliveira Meio, prestou eficaz auxílio à defesa do forte, chegando a preparar munições com que se procurava tornar, adaptando-as às armas ali encontradas, mais demorada a resistência.

Atacada de chofre por uma fortíssima coluna de 4.000 homens, comando de Barrios, cunhado do ditador, sem aparelhamento necessário, Coimbra, já aureolada pela resistência de Ricardo Franco, confirmou as tradições de bravura que a cercavam de um fastígio de heroísmo lendário. 

Resistiu enquanto pode, não obstante ser apenas de centena e meia de homens a sua guarnição, levados nessa conta os 40 índios do Capitão Lapagate e só após dois dias de luta tenacíssima e ante o completo malogro
da tentativa de oposição à passagem do inimigo, sem esperança de reforço, é que Portocarrero, ouvindo o conselho de oficiais, resolveu evacuar o forte, retirando-se para Corumbá, no vapor de Guerra “Amhambahy” comandado pelo 1º Tenente Balduino de Aguiar.

FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Mato-grossense, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 42 e José de Mesquita, Genealogia Matogrossense, Editora Resenha Tributária, São Paulo, 1992, página 219. 


12 de stembro 

1934Nasce em São Paulo, Rubens Gil de Camilo



Nasce em São Paulo, Rubens Gil de Camilo. Veio para Campo Grande aos 5 anos de idade. Fez o primário no Colégio Dom Bosco, o ginasial no Joaquim Murtinho. Aos 16 anos entrou para a Aeronáutica. Com 17 anos prestou exame para a Marinha em Corumbá. Aos 18, em 1951 muda-se para São Paulo, onde cursou arquitetura na Universidade Mackenzie, formando-se em 1960. Retorna a Campo Grande onde se dedica à profissão. Seus projetos mais conhecidos são o Palácio Popular da Cultura no Parque dos Poderes e a sede da Federação das Indústrias, na avenida Afonso Pena.

Faleceu tragicamente durante uma pescaria em agosto de 2000.
 Em sua homenagem o governo do Estado deu o seu nome ao Centro Popular de Cultura, seu mais conhecido projeto.

FONTE: Ângelo Arruda, Pioneiros da Arquitetura e da Construção em Campo Grande, Uniderp, Campo Grande, 2002, página 323.



segunda-feira, 7 de março de 2011

23 de agosto

23 de agosto


1925 Rebeldes descem o rio Paraná



Após o sangrento combate de Três Lagoas entre rebeldes e tropas legalistas, reúnem-se em Epitácio “os chefes revolucionários, inclusive o recém-chegado caudilho, já idoso, João Francisco Pereira de Souza, vindo do Rio Grande do Sul, e decidem descer o rio Paraná. Surgiu um pequeno impasse entre o comandante legalista Izidoro Dias Lopes (foto) e o caudilho gaúcho, porque ambos foram inimigos figadais um do outro, no correr da guerra civil de 1893-95, estado sulino: um ‘pica-pau’, João Francisco; outro ‘maragato’, Izidoro. Naquela revolução muitas cabeças rolaram pela degola de um lado e de outro, fazendo-os lembrarem-se daqueles trágicos e negros momentos de nossa história. Afinal, entenderam-se.

A 23 de agosto, João Francisco desce o rio Paraná comandando cerca de 500 homens, incluídos Juarez e os remanescentes do combate de Três Lagoas. Um vapor rebocava duas chatas levando cavalos e seus ginetes. Por terra, margeando o rio, com muita dificuldade, uma partida de cavalaria marchava para vencer eventuais legalistas encontrados".


Este pequeno grupo seria um dos embriões da coluna Prestes.







FONTE: Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999, página 263. (Imagem: marxists.org http://bit.ly/etFgXl)






23 de agosto


1933 Inaugurado relógio da 14 com a Afonso Pena








É inaugurado na travessa da rua 14 de Julho com a avenida Afonso Pena, o relógio central de Campo Grande.

Foi por quase quarenta anos o principal ponto de referência da cidade. Para Paulo Coelho Machado tratava-se de “um belo monumento de uns cinco metros de altura em alvenaria e o relógio tinha quatro faces (ou mostradores). As badaladas eram ouvidas em toda a vizinhança. A construção foi contemporânea a do obelisco, durante a administração Ytrio Correa da Costa. Dois marcos que despertavam o orgulho dos campograndenses.

A iniciativa foi do comandante da Circunscrição Militar, coronel Newton Cavalcante, um militar extremanente interessado na nossa cidade, enérgico, de imaginação e realizador.” 


O relógio foi demolido na segunda gestão do prefeito Antônio Mendes Canale (1970/1973). O prefeito André Puccinelli levantou uma réplica do mesmo na avenida Afonso Pena, entre a Calógeras e a 14 de julho.




FONTE: Paulo Coelho Machado, A rua principal, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1991, página 23.



23 de agosto


1955 - Corumbá: entra no Brasil o primeiro trem petroleiro da Bolívia


A primeira composição com tanques de combustível da Bolívia entra em Corumbá, marcando o início do transporte do produto no Brasil, como resultado de convênio entre os dois países, firmado no dia 13 de junho desse ano. A notícia foi dada em telegrama do general Augusto Magessi, comandante da 2a. Brigada Mista, sediada em Corumbá, ao ministro da Guerra, e ganhou espaço em toda a grande imprensa nacional:

"O MINISTRO da Guerra acaba de receber telegrama do general Augusto Magessi, comandante da 2a. Brigada Mista, sediada em Corumbá, comunicando-lhe haver chegado àquela cidade o primeiro trem com 12 vagões-tanques transportando 200.000 litros de gasolina, oriundos de Santa Cruz de la Sierra, e querosene, de acordo com o Convênio assinado em 13 de junho último, no Rio de Janeiro. Uma partedestes combustíveis será remetida para Campo Grande. A notícia em apreço é auspiciosa. Depois de longa espera, o povo de Mato Grosso recebe agora o primeiro carregamento do combustível, dando-se início à nova era no intercâmbio comercial entre Brasil e Bolívia. A Estrada de Ferro Corumbá - Santa Cruz de La Sierra, construída peloo Brasil, de acordo com os protocolos firmados entre os chanceleres dos dois países, tem a finalidade precípua de carrear para o Brasil o combustível boliviano e de levar para o altiplano andino os produtos de nossa economia".

FONTE: Diário de Notícias, Rio, 23 de agosto de 1.55.




sábado, 5 de março de 2011

8 de agosto

8 de agosto

1875 - Nasce Eduardo Olímpio Machado



Nasce em Xique-Xique na Bahia, Eduardo Olímpio Machado. Em sua cidade natal concluiu o curso primário. Em 1887, órfão de pai, muda-se para Salvador com o objetivo de concluir seus estudos, formando-se em Ciências Jurídicas.  Em 1902 assume o cargo de promotor de Ilhéus em seu Estado, ano em que encontra-se com o ministro Joaquim Murtinho, que o convida para integrar a magistratura de Mato Grosso, aceita o convite e assume a comarca de Corumbá em 1903. No ano seguinte, por desavença política com o governador Totó Paes, demite-se do cargo de juiz de direito e muda-se para Nioaque, onde passa a exercer a advocacia.Em 18 de setembro de 1905 casa-se com Elvira, filha de Antonio Rodrigues Coelho, proprietário da fazenda Esperança, com quem tem três filhos, Eunice, Iná e Paulo Coelho Machado.

Em 1911 vence a eleição para 2º vice-presidente do Estado de Mato Grosso na chapa encabeçada por Costa Marques. Em 1912 muda-se com a família para Campo Grande. Apoiou a revolução de 30 e rompeu com Vargas em 1932, quando participou com Vespasiano Barbosa Martins da revolução constitucionalista ao lado dos paulistas.

Em 1926 participou da criação da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, sendo eleito o seu primeiro presidente.

Com a volta do regime democrático, candidata-se a prefeito de Campo Grande em 1936 e vence o médico Antonio Boaventura, também da Bahia. Assume a prefeitura em 28 de março de 1937. A 10 de novembro, Getúlio Vargas dá o golpe do Estado Novo e o país volta à ditadura. Eduardo Olímpio foi mantido no cargo, mesmo sem explicitar apoio ao ditador. Sua prioridade foi o saneamento básico da cidade e resultou no primeiro programa de planejamento urbano de Campo Grande, encomendado ao Escritório Saturnino de Brito, do Rio de Janeiro.

A 12 de agosto de 1941 renunciou ao mandato, sendo nomeado para substituí-lo o secretário da prefeitura Demósthenes Martins. Faleceu em Campo Grande em 17 de novembro de 1968.

Eduardo Olímpio Machado era pai do advogado, político e historiador Paulo Coelho Machado.


FONTES: Alisolete Antonia dos Santos Weingärtner, Eduardo Olímpio Machado - Austeridade e visão progressista na atuação política, in Campo Grande: Personalidades históricas, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2012, página 125; Antonio Lopes Lins, Eduardo Olímpio Machado - o homem, o meio, seu tempo, Vaner Bícego-Editora, São Paulo, sd, páginas 101 e 141.



8 de agosto


1905 Rondon em Campo Grande

Rua 7 de Setembro, no início do século passado



Em sua viagem de exploração ao Sul de Mato Grosso, Rondon e sua comitiva “depois de passar na fazenda Lajeado, de propriedade da viúva Pereira, tia de Inocência, a doce protagonista do romance de Taunay”, chegam a Campo Grande, vila a qual dedica algumas linhas em seu diário:

“Hospedou-nos o Tte. Gomes, sub-delegado e comandante do destacamento policial. Recebemos manifestações de agrado, com banda de música e foguetório. Com sua polícia bem vestida, limpa e disciplinada, mantinha o Tte. Gomes perfeita ordem na povoação, sobretudo depois que obrigou o famigerado Sebastião Lima a se render, depondo armas e dissolvendo a sua turma de assassinos. Bela fotografia tiramos – o povo saindo da igreja. Eram duas promissoras cidades do sul de Mato Grosso – Campo Grande e Aquidauana. Muito feliz me senti por verificar a marcha do povoamento e do progresso desta zona do meu Estado”. 



FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969. Página 196.






quarta-feira, 9 de março de 2011

30 de agosto

30 de agosto

1734 - Cuiabanos atacam paiaguás



Parte de Cuiabá contingente armado de moradores da vila para dar combate aos índios paiaguás, ao longo do Pantanal. O episódio está nos anais do senado da Câmara:

Preparouse nesta vila a leva p.ª a dita Guerra tudo a custa do Povo, e sem despeza da Real Fazenda sem embargo de Sua Magestade a mandar fazer a custa della, e só tiverão o adjutorio de alguma Palavra com que asistio a Camara pelloz seoz bens. Despenderão liberalmente de suas fazendas para esta acção Antonio Pinto da Fonceca, o Brigadeiro Regente Antonio de Almeida Lara, Balthazar de Sam Payo Couto, Salvador de Espinha Silva, Antonio de Pinho de Azevedo, Antonio Antunes Maciel, seo irmão Fellipe Antunes Maciel, Antonio Pires de Campos, Pedro Vás de Barros, Antonio de Moraes Navarro, Gabriel Antunes de Campos, João Macha de Lima, Manoel Dias Penteado, Pedro Taques de Almeida, e outros varios que a sua custa prepararão canoas, armas, camaradas, e mais petreixoz necessarios. 

Sahio a Armada do Porto Geral desta Villa no primeiro de Agosto deste anno de 1734” composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagage, e tres balças, que erão cazaz portateis armadas sobre canoas. Oito centos quarenta e dous homens entre brancoz, pretos, e pardoz. Tudo o que era branco levava cargo e só se dezião Soldados os negroz, pardos, Indios e mestiçoz forão p.r Capelloens o Padre Fr. Pacifico dos Anjos, Religiozo Franciscano e o Padre Manoel de Campos Bicudo do habito de São Pedro com todos os paramentoz para se selebrarem Missa como o fazião dentro nas balças. | Rodarão Cuyabá abaixo, e Paragoay sem ver couza alguma de novidade por espaço de hum mez antes de chegar a bocaina virão ao serrar da noite fogos ao longe, e rodando mança mente sem extrondo acharão no barranco da parte esquerda pouzados alguns bugres, que dormião com seus fogos acezos, e tinhão as canoas embicadas em que andavão a espia da nossa armada, de que já tinhão noticia por revelação dos seus fiticeiros. Imbicarão as nossas canoas de guerra, dispararão-se lhes alguns tiros de mosquetes, levantarão se os bugres aturdidoz, deo se lhes huma carga serrada, em que morrerão quarenta, e escaparão quatro fogidos, pelo mato, que senão seguirão, tomou se hum vivo as mãos, que falava castelhano mal limado, dizendo que era castelhano catholico, que o não matacem não lhe valeo o pretesto, fizerão-no empicado, e as canoas em pedaços. Seguirão Rio abaixo tres dias e tres noites continuas sem pouzar, seria meya noite da terceira quando virão fogos ao longe por huma Bahia dentro da parte esquerda, emcaminharão se a elles remando sem estrondo, e ao romper da alva abeirarão o arayal do Gentio, que estava em hum campeste de terra alta a beira da agoa. Tocou hum negro huma trombeta, sem ser mandado, alvorosouse o Gentio, embarcarão se os guerreiros nas suas canoas a peleijar com a nossa Armada e huma grande chusma com suas algazarras custumadas; disparou se lhes huma carga de mosquitaria serrada, com que ficarão muitos mortos, e os mais acolherão se a terra, e em quanto isto se passou, muito dos que havião ficado no arayal escaparão em canoas cozidos com a terra por hum e outro lado, as quaes não passarão de dés, e os mais meterão se pela terra dentro que hera campestre com capoens de mato carrasquenho. Imbicarão as nossas canoas de Guerra, disparando sempre mosquetaria, com que matarão ainda muitos no Arrayal, lançouse logo a nossa Soldadesca ao alcansse dos fogetivoz pelo campestre dentro a fazer prezas, que logo aprezentavão aos officiaes, no que se ocuparão thé as duas horas da tarde. Recolhidos ao Arrayal contarão se duscentos secenta e seis prizioneiroz, e seis centos mortos por terra e nas agoas, que hera Bahia aonde não havia correnteza. Ficarão ainda muitoz espalhadoz | pelo mato dentro, que os nossos Soldados os não quizerão seguir, suspendendo a sua furia, por saberem que as prezas, que se aprezentavão ao Comandante no Arrayal, logo ahi as hia repartindo com os cabos, e pessoas principaes, e que elles nada tinhão daquela empreza, disserão huns para os outros = Venhão elles apanha-los se quizerem = e com isto se retirarão. Perecerão dos nossos dous negros e hum mulato mortos, pelas nossas mesmas armas as imbicar no Arrayal. Embarcarão-se a fazer pouzo fora daquele lugar, por estar inficionado com os cadaveres, e as agoas com o sangue que delles corria.

Consultou-se no dia seguinte Sesehouvera seguir o Gentio fugitivo thé dar se lhe fim, ou dar a função por acabada; foi a mayor parte dos rastos, que se seguice, não quis o Comandante fazelo com o pretexto de não chegar as Povoações Castelhanas, para que não tinha ordem de Sua Magestade, e falando se em procurar os que ficavão dispersos pelo mato afirmou a Soldadesca, que nenhum ficava, vendo elles o contrario, sentidos de que asprezas todas estivessem com dono, e elles com o trabalho, dizendo huns com outros = vão elles se quizerem = com isto voltarão dando a empreza por finda.


FONTE: Annaes do senado da Câmara de Cuiabá (1719-1830) folhas 18,19 e 20.

FOTO: meramente ilustrativa.


30 de agosto


1842Concorrência para estrada entre Piracicaba e o rio Paraná



Fundadores de Paranaíba entram em licitação para construção de estrada entre esta vila e a cidade de Piracicaba no interior paulista, nos seguintes termos:

Januário Garcia Leal e José da Costa Lima, moradores em Santana do Paranaíba comprometem-se a fazer a estrada que vai desta vila à barranca do rio Paraná pondo balsa no rio, fazendo todas as pontes, aterrados e cavas e seguindo a picada aberta por Joaquim Francisco Lopes. Comprometem-se mais em dar esta concluída em fins de 1844. Os suplicantes obrigam-se a trazer 12 carros e apresentar ditos carros em pátio desta vila e receberão então dois contos de réis. Obrigamos a fazer o retoque da estrada que o inspetor disse que não está bom. O suplicantes não exigem quantia adiantada, querem receber o dinheiro todo quando chegarem nesta vila com os carros para o que deve estar o dinheiro em mãos do procurador Domingos José da Silva Braga. Constituição, 30 de agosto de 1842. Januário Garcia Leal e José da Costa Lima.


Venceram a concorrência, assinaram o contrato em 1843 e entregaram a obra dois anos depois. Ao que se sabe, é a primeira ligação rodoviária entre São Paulo e o Sul de Mato Grosso.





FONTE: Hildebrando Campestrini, Santana do Paranaíba, de 1700 a 2002, 2a. edição, IHGMS, Campo Grande, 2002, página 30.






30 de agosto


1866Taunay escreve do Taboco


À frente das tropas brasileiras que deveriam protagonizar o episódio da retirada da Laguna, como integrante da comissão de engenheiros, Taunay volta a escrever ao pai, no Rio de Janeiro:

Aqui estamos acampados desde 2 de julho o que quer dizer há perto de dois meses. Os víveres não nos faltam mais: a abundância começa a reinar e mesmo os objetos de luxo vêem apresentar-se à nossa cobiça. Temos boa cerveja, vinho e até mesmo excelente manteiga.


O movimento comercial enfim se estabeleceu conosco e os carros de boi fazem ouvir sua melodia especial pelos caminhos impraticáveis do Pantanal. De modo que encontramos no nosso mercado toda espécie de roupa e já em nós se nota alguma faceirice na apresentação depois de havermos ficado reduzidos a um estado quase completo de nudez... o que contribui para a alegria geral e a melhoria sensível do estado sanitário da expedição.


A terrível paralisia que em menos de um mês levou oito oficiais no número dos quais se acha o nosso querido Chichorro da Gama, diminuiu de intensidade e as febres intermitentes resistem aos esforços dos médicos devido a falta completa de sulfato de quinina. Guardo como um tesouro os pacotinhos que V. me deu, reservando-os para uma ocasião em que forem necessários. Tenho creio que 120 gramas bem empacotadas numa caixinha de folha creio que é até um preservativo tê-los à mão, para infundir confiança no organismo e o salvaguardar das influências destes lugares pestilentos.


Meu álbum continua a enriquecer-se. Começo a temer em breve não ter mais página em branco, no entanto terei feito bastante desenhos. Minhas habilidades se aperfeiçoam sensivelmente e a coleção merece a atenção de todos. Tento desenhar as flores mais notáveis com todos os seus caracteres fitológicos e tomar bem os tipos de índios que me caem sob as vistas.


O coronel Carvalho está agora nos Morros onde passamos quatro meses e meio; vai tentar restabelecer a saúde alterada por pequena febre que já estava tomando o caráter muito sério de perniciosa. Do braço vai melhor e já tirou o aparelho.


Pelos relatórios que já foram entregues, quando V. receber esta carta de Trindade e Luiz, poderá ter idéia bem nítida desta localidade: Morros nascida da força das circunstâncias e que deverá desaparecer quando estas cessarem.
Alguns doentes das pernas o acompanharam para ver se uma mudança de clima traria alguma modificação ao seu estado mórbido e agora começa a evidenciar-se que só uma pronta retirada da Província poderá salvar os doentes.


Os dois oficiais que se safaram imediatamente acham-se melhor, começando a ter algum movimento nas pernas. 




FONTE: Taunay, Cartas de Campanha de Mato Grosso (1866), Mensário do Jornal do Commercio, Rio, 1943, página 170.



30 de agosto

1920 - Nasce Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações 


Humberto Neder (o primeiro à direita) com a família em 1954

Nasceu em Campo Grande, Humberto Neder, o quinto filho de Rachid Neder e Euzébia Neder. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar Joaquim Murtinho e no Ginásio Dom Bosco, tendo concluído o fundamental e médio no Colégio Andrews no Rio de Janeiro. Ingressou na Faculdade Nacional de Direito do Rio, em 1942, interrompendo seus estudos para participar da II Guerra Munidial, em Monte Castelo, na Itália.

Terminada a guerra, Neder conclui o curso de Direito, casa-se com a mineira Nair de Toledo Câmara e retorna a Campo Grande, em 1947, e instala escritório de advocacia no edifício Nakao,atividade que exerce por pouco tempo para dedicar-se ao empreendedorismo. Após breve inserção no ramo imobiliário, associa-se a Michel Nasser e funda a companhia telefônica de Campo Grande, cuja inauguração aconteceu em 26 de agosto de 1957, com capacidade inicial de 1500 terminais na cidade. Em 1963 inicia-se o serviço interurbano com a primeira ligação de Campo Grande a São Paulo.

A Teleoste, como passou a chamar-se a empresa, ligou Mato Grosso ao mundo e foi a concessionária da telefonia no Estado até sua incorporação ao sistema estatal.

Em 1961, no auge do sucesso da companhia telefônica em Campo Grande, Neder e outros dirigentes da empresa de telecomunicações cria o Banco do Povo, com sede em Campo Grande e poucos meses depois de sua fundação,com filiais em Corumbá, Dourados, Presidente Prudente, Ponta Porã, Angélica, São Paulo e Rio de Janeiro. O Banco do Povo,inviabilizado a partir do golpe de 64, foi vendido por Humberto Neder a um grupo empresarial de Corumbá.

Na política, Neder (PTB) chegou a suplente do senador Filinto Muller (PSD),tendo assumido por 5 meses. Em 64 foi o primeiro preso político de Campo Grande, permanecendo encarcerado por 90 dias à disposição do Exército.

Humberto Neder faleceu em São Paulo em 30 de setembro de 2011. 



FONTE/FOTO: Cláudio Vilas Boas Soares, Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, páginas 14 e seguintes.


30 de agosto

2012 - Caso Breno e Leonardo. Truculência dispensável

Breno Luigi Silvestrini Araújo, 18 anos e Leonardo Batista Fernandes, 18 anos, e Leonardo Batista Fernandes, 19 anos, amigos desde a infância e estudantes universitários, foram assassinados em Campo Grande, depois de sequestrados, por uma quadrilha, que tinha por objetivo furtar seu veículo, uma Pajero e levar para o Paraguai para trocar por droga.

O homicídio foi desvendado quatro dias depois pela titular da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (Defurv), que deteve cinco suspeitos: Rafael da Costa da Silva, 22 anos e sua esposa,  Dayani Aguirre Clarindo, 24 anos, Weverson Gonçalves Feitosa, 22 anos, e Raul Andrade Pinto (primo de Rafael) e um adolescente de 17 anos, irmão de Rafael.

O CRIME - Na noite do assassinato, quatro membros do bando, em um carro de passeio, próximo a um movimentado barzinho no bairro Miguel Couto, escolheram dois veículos e esperaram um dos condutores. Por volta das 20 horas, Leonardo e Breno saíram do bar e dirigiram-se à Pajero e foram rendidos. 

Weverson assumiu a direção do carro e Leonardo e Breno foram levados para o macroanel de Campo Grande, na saída para Aquidauana e Rochedo. No local, numa tubulação abaixo da rodovia, os jovens foram espancados e obrigados a ficar de joelhos. Breno foi o primeiro a ser executado, com um tiro na cabeça. Leonardo, recebeu um tiro na nuca, desferidos por Rafael.

A polícia civil agiu com agilidade. A primeira a ser presa foi Dayani. Em Miranda, quando viajava de carona em um caminhão. Em seguida, Silva foi detido em um matagal nas proximidades de Corumbá. Feitosa foi preso em sua casa na cidade de Aquidauana. Raul e o adolescente foram capturados em Campo Grande.

ESTREANTES - No inquérito a delegada concluiu que "essa é uma quadrilha isolada e diferenciada. Os integrantes foram movidos a participar da ação criminosa pelo dinheiro fácil. Eles iriam comprar cocaína para iniciar ação no tráfico de drogas.

Os suspeitos foram indiciados por latrocínio, sequestro, ocultação de cadáveres, formação de quadrilha e corrupção de menores.

CONDENADOS - Os seis acusados foram condenados a penas que, somadas, chegam a 209 anos de cadeia: Rafael da Costa da Silva, 42 anos e 4 meses; Raul de Andrade Pinto, 35 anos e 4 meses; Weverson Gonçalves Feitosa, 36 anos e 4 meses; Dayani Aguirre Clarindo, 33 anos e 4 meses; Edson Natalício de Oliveira Gomes, 29 anos e 8 meses e Jonilton Jacksin Leite de Almeida, 38 anos e 10 meses de prisão.

Com informações do G1-MS e do Campo Grande News.




sábado, 12 de outubro de 2013

3 de novembro

03 de novembro
 
1867 – Morre o governador Frederico Campos

Frederico Campos não chegou a conhecer o Estado
 
Preso em Assunção pelo governo paraguaio quando se dirigia a Cuiabá para tomar posse, o presidente Frederico Campos, de Mato Grosso, sucumbe em prisão no país inimigo.


Bacharelou-se em Matemática. Assentou praça em 14 de janeiro de 1822. Segundo-tenente em 20 de junho de 1823. Participou da Guerra da Independência, tendo então recebido medalha. Promovido a primeiro-tenente em 12 de outubro de 1824, a capitão em 25 de janeiro de 1828, a major em 13 de setembro de 1837, a tenente-coronel graduado em 7 de setembro de 1842 e a efetivo no posto em 14 de maio de 1844, chegando a coronel em 2 de dezembro de 1855.
Pertenceu ao Corpo de Engenheiros.
Presidiu a Província da Paraíba. Em 12 de novembro de 1864, nomeado presidente de Mato Grosso, viajava, para tomar posse, no paquete “Marquês de Olinda”, que foi atacado e capturado por Solano Lopez, um dos fatos que dariam início à guerra contra o Paraguai. Frederico Carneiro de Campos foi feito prisioneiro.

Comendador da Ordem de Avis e dignitário da Ordem do Cruzeiro. Admitido como sócio correspondente do IHGB em 10 de novembro de 1842.

FONTE: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, 2017.



03 de novembro

1869 – Frei Mariano libertado se apresenta em Cuiabá

Livre de sua prisão no Paraguai, frei Mariano se apresenta aos seus superiores em Cuiabá e acresce ao seu currículo a seguinte manifestação de seu superior:

Atestamos e certificamos que o missionário revdo. Frei Mariano de Bagnaia desde que chegou neste bispado em dias de outubro de 1847 tem-se empregado sempre no serviço da igreja, já como exercendo todas as funções eclesiásticas de que nos encarregamos, e sempre com muito zelo, devoção e exemplar fervor, merecendo por isso toda a nossa confiança, amor e particular estima. Sua vida pública e mesmo particular tem sido constantemente honesta e cheia de virtudes e por isso mesmo tem recebido e gozado geral estima de todos os filhos dessa diocese. Jamais o ocupamos, que não fôssemos atendidos prontamente com edificação e humildade, e nomeando-o ultimamente como vigário da comarca eclesiástica de Baixo-Paraguai e pároco encomendado da igreja da comarca de Miranda, ali cumpriu seus deveres com tanto zelo e exatidão que só temos de engrandecê-lo de louvores pelo muito que fez a benefício da igreja e de seus filhos espirituais. Ali se edificou a igreja, despendendo nesta obra quase o que havia de seu ordenado e emolumentos,onde conservou com firmeza apostólica até a fatal invasão dos paraguaios, na esperança de que não fosse ao menos destruída a sua igreja e aprisionados seus paroquianos.

Tivemos porém que lamentar sua prisão realizada em princípio de 1865 e muitas vezes o nosso coração encheu-se de amarguras ao saber de seus sofrimentos assim arrebatado violentamente e arrebatado de sua igreja, foi por isso que deixou de remeter como cumpria os mapas dos sacramentos administrados depois de sua prisão. Logo, porém, que se viu salvo pelas mãos da Providência em primeiro lugar e depois pelo valor de nossas armas militares, em agosto do corrente ano procurou imediatamente recolher-se para esta cidade apresentando-se a nós cheio de amor e declarando que está pronto para continuar o serviço da S. igreja como melhor nos parecer, o que foi para nós de extrema alegria e de muita consolação. Pois estamos outra vez com um cooperador eclesiástico de toda a confiança, zelo e instrução e fervoroso no serviço de Deus e de sua igreja.

Cuiabá, 3 de novembro de 1869.
D. José Bispo de Cuiabá.

FONTE:  Frei Alfredo Sganzerla, A história de Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992página 403





03 de novembro


1918 – Gripe espanhola em Campo Grande



Relatório do intendente geral do município Rosário Congro, dá detalhes da passagem da gripe por Campo Grande:

“Depois de haver semeado o luto e a dor na bela capital da República, em São Paulo e inúmeras cidades do território nacional, o morbo atingiu também o nosso Estado, onde, felizmente, se manifestou em caráter benigno, apesar de seu extraordinário poder de expansão.


Não logrou esta cidade passar indene, e a 3 de novembro do ano findo irrompia o mal em Campo Grande alcançando, em poucos dias, proporções assustadoras.

A falta de todos os recursos profiláticos e de isolamento, além de outros, converteram a cidade num vasto hospital, sendo de uma louvável dedicação, digna de todos os encômios, o ilustrado corpo clínico, em sua árdua tarefa.
"Na impossibilidade de organizar um serviço de hospitalização, pela falta de um edifício que reunisse as condições exigidas de higiene e conforto, resolvi organizar um serviço ambulatório, deficientíssimo ainda assim, pela carência de pessoal, mesmo a soldo e mandei distribuir o seguinte boletim:
‘A pandemia reinante alastra-se por toda a cidade, menosprezando todos os recursos profiláticos, como se tem verificado no Rio, em São Paulo e nas grandes capitais européias, onde ainda perdura.


A moléstia tem-se manifestado, felizmente, benigna; a situação porém agrava-se por terem enfermado vários membros do nosso dedicado corpo clínico, sobrecarregando de atividades e trabalho os demais doutores, já exaustos por certo e igualmente ameaçados.


Uma farmácia fechou suas portas por ter caído todo o seu pessoal e começa a escassear, pela mesma causa, o fornecimento diário dos gêneros alimentícios indispensáveis aos doentes, como leite, galináceos e outros.
O intendente municipal no intuito de minorar a situação que se apresenta, pede a notificação de todos os casos em que se verifique a necessidade, não só de medicamentos como de outros recursos, inclusive de pessoal.
Cento e cinqüenta e seis receitas foram aviadas por conta da intendência e muitos remédios foram remetidos para a zona suburbana e rústica, onde era grande o número de enfermos e dos quais, diariamente afluíam os pedidos de socorros.


No edifício da escola municipal, tendo adquirido leitos e roupas, hospitalizei seis doentes que, com o dr. delegado de higiene, encontrara num casebre distante uma légua da cidade, sem recursos de qualquer espécie, tendo-se verificado ali, pela manhã desse dia, o falecimento de um outro morador, cujo enterramento providenciei.


Posteriormente, outros doentes receberam tratamento no mesmo edifício.
Imagino por este fato, quão elevado devia ter sido o número de enfermos entre os habitantes da campanha em toda a enorme extensão do município.
Sem a possibilidade de uma estatística, calculo entretanto em mais de dois mil os casos verificados nas distantes povoações de Entre Rios, Jaraguari, Rio Pardo e na cidade, sendo que somente nesta os notificados ultrapassaram de mil.


O número de óbitos na cidade foi apenas de trinta e seis, o que atesta a benignidade com que o mal nos visitou.
Devo registrar o gesto nobre e altruístico do sr. dr. Antonio Ferrari, enviando-me para socorro aos doentes pobres um quilo de quinino.
Esta preciosa dádiva chegou a meu poder quando a epidemia estava já em franco declínio, o que me permitiu dividi-la com o sr. dr. Nicolau Fragelli, intendente de Corumbá, a quem , espontaneamente fiz oferta telegráfica, ante a virulência com que grassava ali a terrível enfermidade.
Devo ainda por em destaque a atitude pronta, solícita e incansável do sr. dr. José Gentil da Silva, delegado de higiene, atendendo com presteza a todos os enfermos por mim indicados, colocando-os sob seu tratamento, e fazendo visitas domiciliares não só no perímetro urbano como nas zonas mais afastadas.


Os gastos totais feitos pela intendência, com os socorros por ela prestados, atingiram à soma de 4:658$300, conforme balancete discriminado de 30 de abril do corrente ano, publicado no Correio do Sul”. 


FONTEJ. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, Edição do autor, Campo Grande, 1980, página 139

FOTO: Campo Grande no ínicio da década de 20 do século passado.


OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...