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sexta-feira, 4 de março de 2011

26 de julho

26 de julho

1866 – Morre Chichorro da Gama


Chichorro da Gama é o primeiro da esquerda para a direita (sentado). Taunay é  o segundo
da esquerda para a direita (em pé)


Vítima da perneira, ou beri-beri, uma paralisia dos membros inferiores, que “rouba-nos vidas preciosas, e em menos de quarenta dias oito oficiais sucumbem”, faleceu no Taboco, o tenente da comissão de engenheiros da força brasileira Joaquim José Pinto Chichorro da Gama, colega de Taunay, que o eleva à condição de herói e mártir:

...estão bem presentes à memória dos companheiros de campanha os verdadeiros atos de heroísmo que praticou para cumprir exatamente com os seus deveres militares. Atacado logo em princípio da viagem, em S. Paulo, de gravíssima pneumonia, não quis ouvir falar em volta. Mal sarado montou a cavalo e seguiu com a expedição. Restabeleceu-se afinal, mas ao chegar ao Coxim, novamente esteve às portas da morte com outra enfermidade longa e violenta. Instado, rogado para que voltasse para a corte, a nada quis atender. – Prefiro morrer aqui, dizia ele, a dar um passo para trás.

Nas marchas afrontava todos os incômodos: a nada se poupava, e quando no rio Negro viu que o chefe da comissão de engenheiros os seus colegas de propósito o arredavam de comissões mais arriscadas, exigiu que fossem nivelados todos os direitos e, tomando a peito romper pela água um caminho para a força, atirou-se com um companheiro aos pantanais e varou-os. Quando voltou caiu para não mais se levantar.

Foi enterrado no Taboco em lugar bento e assinalado por uma cruz e um cercado. Entretanto, meses depois o proprietário daquela fazenda cometeu o sacrilégio de mandar derrubar o símbolo sagrado que protegia a guarida eterna daquele lidador que tanto lutara contra sorte infausta.

FONTE: Taunay, Em Mato Grosso invadido, Edições Melhoramentos, São Paulo, sd., página 74.




26 de julho

1905 – Rondon passa por Ponta Porã



Acampamento do major Cândido Mariano da Silva Rondon e sua comitiva



Em sua viagem de inspeção ao Sul do Estado, após a extensão da linha telegráfica até Bela Vista, Rondon chega a Ponta Porã, “povoado com rancharia de zinco e capim, numa planície imensa, sem rio que o abastecesse, apenas uma lagoa para servidão pública. Havia, entretanto, nos arredores, cabeceiras que poderiam fornecer boa água aqueles 1000 habitantes. O comércio fazia-se com Concepcion, através da célebre picada de Ciriguello, por onde passou Lopes na retirada para Cerro Corá. Era a parte de Ponta Porã pertencente ao Paraguai, muito maior que a parte brasileira e chama-se hoje Juan Caballero, nome do patriarca da independência daquele país.”

FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 195.


26 de julho

1926 – Inaugurado o G.E. Joaquim Murtinho



Ginásio Joaquim Murtinho em seu primeiro aniversário
Tendo sua pedra fundamental lançada em junho de 1920, pelo presidente Dom Aquino Correa, em sua visita a Campo Grande, é finalmente, entregue o prédio do primeiro grupo escolar de Campo Grande, construído pelo português Luis Lousinha, no governo de Estêvão Alves Correa, tendo como encarregado dos trabalhos o coronel Antero Paes de Barros.

O seu primeiro diretor foi o professor paulista Bartolomeu Lopes dos Santos.

FONTE: Paulo Coelho Machado, A grande avenida, Funcesp/UBE, Campo Grande, 2000, página 342.


26 de julho

1974 - Deputado assassinado em Chapada dos Guimarães



Aos 45 anos é assassinado em Chapada dos Guimarães, o deputado federal Emanuel Pinheiro (Arena-MT). Sua morte teve repercussão nacional:

"Foi assassinado hoje por volta das 13 horas, nesta cidade, o deputado federal Emanuel Pinheiro com seis tiros, pelas costas. O assassino, João Lopes, esposo da ex-prefeita de Chapada dos Guimarães, entregou-se às autoridades, sendo imediatamente recolhido à penitenciária local e, após transferido para Cuiabá. Nada foi revelado sobre os motivos que levaram o homicida a cometer o bárbaro crime.

Com o assassinato do deputado Emanuel Pinheiro assumirá a vaga na Câmara dos Deputados, o suplente arenista Edyl Ferraz.

O deputado Emanuel Pinheiro foi nas últimas eleições o quarto deputado federal mais votado, com 21 mil votos. Os três outros foram Garcia Neto com 32 mil votos, Ubaldo Barém com 23 mil votos e Marcílio Lima, com 22 mil votos.

O deputado assassinado na cidade de Chapada dos Guimarães, nasceu na capital do Estado, Cuiabá, no ano de 1929. No próximo dia primeiro de agosto deveria completar 45 anos de idade. Exerceu em Mato Grosso as profissões de advogado e professor e o cargo de procurador.

Emanuel Pinheiro deixa viúva a sra. Maria Helena Freitas Pinheiro e órfãos: Helena Maria, Marco Antonio, Marco Túlio, Emanuel Júnior e Marco Polo.

CARREIRA

A vida pública do deputado Emanuel Pinheiro foi marcada pelos seguintes fatos, depois de ter exercido durante vários anos o cargo de arquivista da prefeitura de Cuiabá, foi eleito deputado estadual por duas legislaturas de 1963 a 1967 e de 1967 a 1971, tendo nesta segunda legislatura exercido as funções de presidente da Assembleia Legislativa em 1970 - novembro - foi eleito deputado federal mais votado.

Em Brasília era membro das comissões de Educação e Cultura e do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste e suplente da comissão de Constituição e Justiça.

Emanuel Pinheiro tinha dois títulos de cidadania concedidos pelos municípios de N.S. do Livramento e Jaciara, ambos em Mato Grosso".


FONTE: Correio Brazieliense (Brasília) 27 de julho de 1974. 



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

4 de julho



4 de julho

1921 - Nasce Lenine de Campos Póvoas




Nasce em Cuiabá Lenine de Campos Póvoas, filho de dois eméritos professores, Rosa de Campos Póvoas e Nilo Póvoas.
Concluiu os estudos primários e secundários em sua terra natal, bacharelando-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, turma de 1945.
Em sua carreira docente pode ser destacada sua atuação junto à Escola Técnica de Comércio de Cuiabá, e como professor titular da cadeira de Direito Penal do Departamento de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso.
Na política, foi eleito Deputado Estadual em Mato Grosso por duas legislaturas 1947/1950 (Constituinte) e 1951/1954.
Ocupou também os cargos de Ministro (hoje Conselheiro) do Tribunal de Contas do Estado, Vice-Governador, pelo voto direto, eleito em 3 de outubro de 1965, na chapa do governador Pedro Pedrossian (PSD); Secretário de Administração do Estado no Governo José Fragelli, tendo sido o primeiro a ocupar essa Secretaria; Presidente da Fundação Cultural de Mato Grosso, no governo José Garcia Neto, inaugurando essa função, hoje transformada em Secretaria de Estado de Cultura; Chefe da Casa Civil do governo estadual, em 1990; Diretor Superintendente da Cia. Mato-Grossense de Mineração – Metamat.
Integrou, na categoria de sócio efetivo, o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, onde ofereceu riquíssima contribuição.
Faleceu em Cuiabá-MT, aos 29 de janeiro de 2007.
Bibliografia
Em sua vasta produção intelectual, retratou a cultura e conhecimento que adquiriu em sua trajetória, podendo-se destacar:
  • Introdução ao Estudo da Geografia Humana (1944),
  • Panorama sombrio: análise da situação financeira do Estado de Mato Grosso, (1950);
  • Síntese Geográfica dos Estados Unidos (1955);
  • Radiografia de Mato Grosso (1957);
  • Viagem a Portugal (1970 e 1986);
  • Uma nova Secretaria do Estado (1974);
  • Administração de Pessoal (1975);
  • A Secretaria de Administração no ano de 1974-1975;
  • Mato Grosso, um convite à fortuna (1977);
  • Sobrados e Casas senhoriais de Cuiabá (1980);
  • História da Cultura Mato-Grossense (1982);
  • Influência do Rio da Prata em Mato Grosso (1982);
  • Perspectivas Democráticas e Econômicas da Grande Cuiabá (1983);
  • Cuiabá de Outrora (1983);
  • O Ciclo do Açúcar e a política de Mato Grosso (1983);
  • Roteiro Sul-Americano (1984);
  • Síntese de História de Mato Grosso (1985);
  • O Estado de Mato Grosso (1985);
  • História de Cuiabá (1987);
  • Cuiabanidade: crônica sobre Cuiabá e sua gente (1987);
  • Na tribuna da Imprensa (1987);
  • Cadeira nº 40: discurso de Posse na Academia Sul-Matogrossense de Letras) (1987);
  • O Caos Brasileiro (1988);
  • Os Italianos em Mato Grosso (1989);
  • Nilo Póvoas, um mestre (1991);
  • O Barão de Melgaço (1994);
  • As raízes portuguesas de Cuiabá (1988);
  • História Geral de Mato Grosso (996, 2 v.).

FONTE Academia Mato-grossense de Letras (Cuiabá)



4 de julho

  
1936Maquinista ganha prêmio milionário


“De simples maquinista a milionário”, sob este título a revista Folha da Serra, de Campo Grande, noticiava o resultado da loteria federal que sorteou o ferroviário Alfredo Silva, com o maior prêmio até então conseguido por um campograndense:

A sorte é varia e cega, não há que discutir. E para a alcançar nada melhor que a tentar. O ditado lá diz – quem não arrisca não petisca.


Foi assim pensando que o sr. Alfredo Silva, simples maquinista da Noroeste, aqui há muito residente, se resolveu a jogar na FEDERAL, na extração de 4 de julho último, dos 1000 contos de réis. Comprou um bilhete inteiro, o 13.744. Isto dois dias antes. A roda da fortuna favoreceu-o com a cornocópia de mil bilhetes de um conto cada, do Banco do Brasil – Hoje está milionário. 

Tanto dinheiro não o pôs orgulhoso ou o desorientou. Continuou o mesmo homem, o mesmo maquinista.

Pedindo-lhe esta revista uma fotografia sua, fez questão cerrada de oferecer-nos uma pose com a indumentária de maquinista.

Querendo bem a Campo Grande, embora mineiro de nascimento, de Januária, pois aqui vive há muitos anos, resolveu empregar parte de sua elevada fortuna em prédios que adquiriu nesta cidade recentemente.

O sr. Alfredo Silva é solteiro e nasceu em 4 de maio de 1894. Tem uma irmã casada em Curvelo. Pretende aposentar-se logo que conte o tempo legal e aqui radicar-se definitivamente.¹


Paulo Coelho Machado dá os detalhes:


Sonhou com um cavalo na corrida. Procurou um bilhete com final 44 e na Preferida, nos fundos da Farmácia São José, encontrou o bilhete n0 13.744. Não gostou do 13 inicial, mas não havia outro. A extração era para dois dias após, 4 de junho de 1936. Seguiu nessa noite para Bauru e lá carregou no cavalo. Regressou a Campo Grande fazendo castelos, enquanto conduzia sua fogosa locomotiva. Não deu outra coisa, senão o número sonhado e o simpático ferroviário, com a maior emoção de sua vida, conferiu o bilhete: mil contos de réis na Loteria Federal. Fez os cálculos - mais dez contos no bicho, o que lhe valeu a alcunha de Mil e Dez.


É do mesmo cronista o desfecho desta história de sorte:


Fretou um vagão-cabine, bradando aos quatro ventos que daí por diante passaria a ser somente passageiro e exigente. Encheu o carro de mulheres recrutadas na famosa Rua 7 e lá se foi, ditoso e felizardo para Bauru e São Paulo receber os polpudos prêmios. Deu uma esticada até o Rio de Janeiro para visitar um primo ilustre, que antes não tivera coragem de procurar: Hermenegildo de Barros, jurista e ministro do Supremo Tribunal Federal.
Mulato escuro, magro, alto, com quarenta anos de idade, o Mil e Dez, de volta a Campo Grande, casou-se com uma jovem cabrocha bonitinha, de pele esticada, grenha curta, que lhe exigiu um dote em dinheiro, que avaramente guardou no cofre da casa, junto com as jóias ganhas durante os esponsais.
O casal passou a residir num sobradinho na Rua 14, ainda chamada João Pessoa nessa época, onde depois morou o advogado Carlos Hugueney Filho, junto da Padaria Espanhola, de Gabriel Cubel. O idílio foi efêmero. Contrataram advogados para o desquite amigável. Logo apareceram supostos filhos naturais, pedindo investigação de paternidade e pensão alimentícia.
Das lutas no pretório aprenderam, um tanto tarde, a velha lição da sabedoria popular, de que mais vale um mau acordo do que uma boa demanda. Foi exatamente assim que o deslumbrado Mil e Dez acabou a vida como engraxate na Rua 14.²





FONTE: ¹ Revista Folha da Serra, edição de 26/08/ 1936. ² Paulo Coelho Machado, A rua principal, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1991. Página 52.




4 de julho



1990Morre o milionário Nain Dibo


Naim e esposa com o cantor Agnaldo Rayol em Campo Grande
Aos 79 anos faleceu em Campo Grande o empresário sírio, Naim Dibo. Aos 15, embarcou como clandestino de um navio, com destino ao Brasil. Sua trajetória no mundo novo é relembrada por sua neta Margarete Dibo Nacer Lani:

Sem nenhum dinheiro, sem amigos e ainda tendo que se comunicar com gestos, uma vez que não sabia uma só palavra da língua portuguesa, desembarca em Santos um adolescente animado a começar uma vida nova. (...) 


Ele vive outra emoção ao desembarcar na Estação da Noroeste, destino final de uma longa e penosa viagem. Quanto mistério envolve a vida de um jovem imigrante que, não tendo nenhuma profissão e com escolaridade mínima, consegue não só sobreviver num país estranho, mas alcançar o que todos sonhamos, a plena realização de nosso ideal.


Na opinião de vovô, nenhum outro país recebeu os imigrantes tão generosamente como o Brasil. Esse jeito de receber fazia com que se apaixonassem pela nova Pátria que os acolhia com tanto carinho. Vovô era apaixonado por Campo Grande. Foi aqui que ele conheceu sua esposa Elza, tiveram seus filhos e construíram, tijolo por tijolo, seu êxito comercial.¹


Em Campo Grande Naim foi vendedor ambulante, lanterninha no Cine Trianon, carroceiro, até 1931, quando comprou seu primeiro fordinho e se transformaria no legendário Turco, o maior e mais bem sucedido mascate do Sul de Mato Grosso. Em 1937, Naim Dibo entra nos negócios de importação, inciando com a compra de arame para cerca em Hamburgo na Alemanha, “de ótima aceitação entre os fazendeiros”, segundo Paulo Coelho Machado.


Com a II Guerra Mundial, suspensas as relações comerciais com a Alemanha, Naim já havia ampliado seu comércio exterior a outras países e outros itens. Além de arame de outras procedências, o seu atacado contava ainda com a comercialização de telhas de zinco, pneus, sal, banha, gasolina erva-mate, cerveja e trigo argentino. Ficou rico, investindo na compra de casas, dinheiro a juro e construção civil e ações. 


Benemérito, doou à Santa Casa de Campo Grande equipamentos para cirurgia cardíaca, tomografia computadorizada, transplante de rim e córnea. Ao hospital do Pênfigo doou uma bomba de circulação extracorpórea; e ao hospital de Sidrolândia, equipamentos de sua sala cirúrgica além de outros benefícios.²





FONTE: ¹Marcareth Dibo Nacer Lani, CAMPO GRANDE, Enersul, Campo Grande, 1999, página 335.² Paulo Coelho Machado, A rua principal, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, página 69.

terça-feira, 1 de março de 2011

6 de julho

6 de julho


1906Morto o presidente Totó Paes


Procedente de Corumbá, à frente de cerca de 2000 homens, Generoso Ponce toma Cuiabá e põe o governador Antonio Paes de Barros em fuga, refugiando-se com alguns companheiros nas proximidades da fábrica de pólvora no Coxipó.

 
Coronel Totó Paes
Pela madrugada de 6 de julho, sitiam o reduto onde lobrigaram indícios de acampamento suspeito.


Gisam meio de prender, ao clarear do dia, os seus ocupantes, sem que pudesse nenhum escapar. Antes de completar as providências, o disparo de um tiro imprudentemente desfechado do interior do capão, provocou a descarga cerrada dos atacantes e a dispersão da comitiva presidencial. Cada qual procurou-se sumir-se pelas sombras protetoras das árvores, evitando os lados de onde vinha a fuzilaria ameaçadora. Como os seus companheiros A. Paes também se levantou para tentar a evasão. Mas, desnorteado, saiu por uma clareira, onde se destacou o vulto para as pontarias fulminantes.

Antes que alcançasse a mata fronteira baqueou, mortalmente ferido, conforme noticiou o ofício que o vice-presidente em exercício mandou, por cópia ao General Dantas Barreto."

Totó Paes chegou ao poder em 1899, após o racha entre Generoso Ponce e os irmãos Murtinhos, com apoio destes. No Sul de Mato Grosso seu principal inimigo foi o cel. Jango Mascarenhas, de Nioaque. Na região, durante seu mandato, depois da morte de Jango e da submissão de grupos de oposição, o seu governo foi razoavelmente tranquilo.



FONTE: Virgílio Correa Filho, A República em Mato Grosso (II) in Revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, Cuiabá, 1935, página 59.


6 de julho

1915 - Morre Marcelino Pires, um dos pioneiros de Dourados 





Natural de Jataizinho, no Paraná, onde nasceu em 18 de outubro de 1859, faleceu em Dourados, Marcelino Pires Martins, um dos pioneiros de Dourados. Em Mato Grosso desde a penúltima década do século XIX, casou-se em 1886, com Eulália Ferreira Garcia, na fazenda Passatempo, (hoje município de Rio Brilhante). Em Dourados desde 1903, tomou posse de grande área de terras, denominada Fazenda Alvorada. A área onde foi implantada a cidade é parte dessa fazenda e posses de Joaquim Teixeira Alves.

Marcelino Pires participou ativamente de todas as atividades políticas do povoado, até sua transformação em distrito, ocorrida cinco meses antes de sua morte.

A avenida principal e mais antiga de Dourados tem o seu nome.


FONTE: Rozemar Mattos Souza, Dourados, seus pioneiros, sua história, Centro Cívico, Histórico e Cultural 20 de Dezembro, Dourados, 2003, página 237.


6 de julho

2006 - Morre o ex-governador Dante de Oliveira, deputado das diretas

Morre em Cuiabá, o ex-governador Dante de Oliveira, autor da emenda das Diretas Já! Sua bem sucedida carreira política é condensada nos seguintes fatos:

"Dante Martins de Oliveira nasceu em Cuiabá em 6 de fevereiro de 1952, filho de Sebastião de Oliveira e de Maria Benedita Martins de Oliveira. Seu pai foi deputado estadual eleito na legenda da União Democrática Nacional (UDN).

No início dos anos 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro e cursou engenharia civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), passando a integrar a organização de oposi-ção Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que pregava a resistência armada ao movimento político-militar que derrubara o presidente João Goulart em 31 de março de 1964.

Em 1976 concluiu o curso na UFRJ e, retornando à cidade natal, candidatou-se a vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar, não conseguindo, contudo, se eleger. No ano seguinte, passou a ocupar a secretaria geral do MDB mato-grossense. Em 15 de novembro de 1978, foi eleito deputado estadual, vindo a assumir o mandato em fevereiro de 1979.

Com a extinção do bipartidarismo (29/11/1979) e a conseqüente reorganização partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), originário do MDB.

Em 1982, deixou formalmente de integrar o MR-8, em virtude de divergências políticas, e, em novembro, concorreu a deputado federal. Eleito com a segunda votação do partido, assumiu o mandato em 1º de fevereiro de 1983, vindo a integrar como titular a Comissão do Interior e como suplente a Comissão da Agricultura e Política Rural.

O movimento das Diretas Já

O fim do bipartidarismo e do pleito indireto para governador e senador marcou o início do processo de redemocratização. No entanto, a abertura lenta e gradual, conduzida pelos governos militares, não incluiu a modificação do artigo da Constituição de 1967 que instituía a via indireta para a eleição do presidente, demais cargos executivos e 1/3 do Senado. Assim, no início da sessão legislativa, em fevereiro de 1983, apresentou projeto de emenda constitucional, que se tornaria conhecida como emenda Dante de Oliveira, propondo o restabelecimento da eleição direta em todos os níveis e marcando para 15 de novembro de 1984 a eleição para presidente.

Em abril de 1983, o diretório nacional do PMDB deliberou promover uma campanha nacional em prol da realização de eleições diretas para a presidência. Dois meses depois, o ministro das Minas e Energia, César Cals, propôs a reeleição do presidente João Figueiredo. Descartou-se, contudo, a hipótese da reeleição, propondo-se em seguida a candidatura do ministro do Interior, Mário Andreazza, pelo Partido Democrático Social (PDS). Simultaneamente, a campanha oposicionista começava a ampliar-se. Governadores do PMDB divulgaram uma declaração conjunta em que pediam ao Congresso eleições diretas para a presidência. No fim de novembro, realizou-se em São Paulo, patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), a primeira manifestação popular em favor dessa reivindicação, que reuniu cerca de dez mil pessoas.

Em 10 de janeiro de 1984, a comissão executiva do PDS repeliu oficialmente a proposta de restabelecimento das eleições diretas, reafirmando a “legitimidade do Colégio Eleitoral”. Dois dias depois, foi realizado o primeiro comício pró-diretas, no centro de Curitiba, no local conhecido como Boca Maldita, reunindo cerca de 30 mil manifestantes, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Em seguida, foram realizados comícios, passeatas e manifestações menores em Porto Alegre, Camboriú (SC), Vitória, Salvador, João Pessoa e Fortaleza. Em 25 de janeiro, o comício da praça da Sé, em São Paulo, reuniu cerca de trezentas mil pessoas e mostrou o apelo popular da emenda.

As manifestações multiplicaram-se por todo o país. Belo Horizonte promoveu em fevereiro ato chamado Grito dos Mineiros, com cerca de trezentas mil pessoas. Em 14 de março, foi criado o comitê suprapartidário pelas diretas, reunindo integrantes dos partidos de oposição, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades, firmando-se um acordo de negociação e entendimento pelas Diretas Já. No dia 21, o comitê suprapartidário pelas diretas promoveu uma passeata no Rio de Janeiro com 150 mil pessoas. Diante da pressão popular, em 31 de março o presidente Figueiredo divulgou comunicado oficial em rede nacional de televisão, reafirmando que o novo presidente seria escolhido por via indireta.

Aproximando-se a data prevista para a votação da emenda, em abril assistiu-se ao crescimento da campanha pelas diretas. Realizaram-se comícios em Recife e Natal e, no dia 10, uma manifestação no Rio de Janeiro reuniu cerca de um milhão de participantes. No dia 16 do mesmo mês, 1,7 milhão de pessoas compareceram ao comício pró-diretas no vale do Anhangabaú, em São Paulo, transformando-o na maior manifestação popular da história do país. Nesse mesmo dia, o Executivo enviou ao Congresso o projeto de emenda constitucional Leitão de Abreu, alternativo ao de Dante, propondo, entre outros pontos, a eleição direta para presidente em 1988 e a redução para quatro anos do mandato do candidato vencedor no Colégio Eleitoral, que se reuniria em janeiro de 1985. Em seguida, foram decretadas medidas de emergência em Brasília, Goiânia e mais nove municípios de Goiás. Também limitou-se o direito de reunião e as emissoras de rádio e televisão foram proibidas de divulgar os votos do parlamentares na votação da emenda.

Na véspera da votação, as principais cidades assistiram a “panelaços” (manifestações acompanhadas por panelas sendo batidas) a favor das Diretas Já.

A emenda foi derrotada em 25 de abril, em razão de não ter atingido o quórum para que fosse enviada à apreciação do Senado. Contaram-se 298 votos a favor, 65 contra e três abstenções e deixaram de comparecer à sessão 112 deputados.

No Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Dante votou no candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito presidente pela Aliança Democrática, união do PMDB com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal, que derrotou o candidato do regime militar, Paulo Maluf. Tancredo não chegou a ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.

Após a posse de Sarney, Dante defendeu a legitimidade do governo do presidente eleito e declarou-se contrário à proposta de realização de eleição direta em 1986, com a eleição para a Assembléia Nacional Constituinte. Durante os trabalhos legislativos, manifestou-se favorável ao reatamento das relações diplomáticas do Brasil com Cuba e à reforma agrária.

Em junho de 1985 licenciou-se para dedicar-se à campanha para a prefeitura de Cuiabá, tendo sido substituído pelo primeiro suplente, Paulo Nogueira. No mês seguinte sua candidatura foi homologada pela convenção do PMDB, em detrimento das pretensões do deputado estadual Rodrigues Palma. Em novembro, foi eleito com 60% dos votos válidos.

Em dezembro, ao receber no Rio de Janeiro o título de cidadão fluminense, voltou a declarar-se contrário à eleição presidencial direta em 1986, argumentando que prejudicaria os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, que seria empossada em fevereiro de 1987.

Empossado em janeiro de 1986, conclamou os vereadores de todos os partidos para que colaborassem com seu governo, pois a prefeitura estava com os salários do funcionalismo atrasados e era devedora do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

Quando da reforma ministerial, em fevereiro de 1986, iniciaram-se no PMDB discussões em torno da duração do mandato de Sarney. Declarou que a solução dependeria “do desempenho da nova equipe ministerial durante o ano de 1986 e da redução das taxas de inflação”. Defendeu, também, que o mandato de Sarney deveria ser fixado pela Constituinte, manifestando-se contrário à tese da manutenção dos seis anos, como estabelecia a Constituição de 1967.

No Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário

Em maio de 1986, foi convidado pelo presidente José Sarney e aceitou assumir o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, em substituição a Nélson Ribeiro. Ao ser empossado, afirmou a disposição para o debate com os setores ligados à questão fundiária, com exceção da União Democrática Ruralista (UDR), criada por fazendeiros e que adotara “atitudes afrontosas contra o governo e contra o presidente José Sarney”. Afirmou também que o momento era de ação e de prática e que estava incumbido de implantar a reforma agrária com urgência e sem violência, dentro da lei.

O primeiro problema foi a escolha do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), sendo indicado o gaúcho Rubens Ilgenfritz.

Em outubro de 1986, foi interpelado judicialmente no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Associação dos Magistrados do Brasil e mais 13 juízes federais de São Paulo, para que explicasse declarações à imprensa responsabilizando a Justiça de primeira instância pelo atraso na execução do Plano Nacional de Reforma Agrária. Ainda nesse mês, reconheceu a existência de corrupção no INCRA e anunciou a divulgação de resultados de investigações de comissões de inquérito, até o fim do ano. Em novembro, defendeu a redução do mandato do presidente, ressalvando que esse assunto deveria ser amplamente discutido entre a liderança da Aliança Democrática e Sarney, antes de se levar uma proposta à Assembléia Nacional Constituinte. Defendeu também a realização de eleições exclusivas para presidente, sendo contrário à convocação do pleito para 1988, com as eleições para prefeitos.

No mês seguinte, foi iniciada uma crise envolvendo dirigentes do INCRA e o porta-voz da presidência, Fernando César Mesquita, que divulgara na imprensa denúncia de corrupção no órgão. Em 15 de dezembro, apresentou seu pedido de demissão do ministério, o que não foi aceito, tendo-se solucionado a crise com o afastamento do porta-voz.

Em março de 1987, na reunião da Executiva do PMDB, propôs a realização de um plebiscito interno para consultar as bases sobre a duração do mandato de Sarney e declarou a improbidade dos seis anos: “O atual governo sempre teve caráter de transitoriedade. Assim sendo, a Constituinte deveria fixar um mandato menor para o presidente ou até mesmo concluir pela convocação de diretas já ainda este ano, sem que isso se caracterize, como afirmam alguns, um golpe legislativo. Golpe é o mandato de seis anos.”

A defesa da duração de quatro anos para o mandato presidencial e a dificuldade de gerir o programa de reforma agrária culminaram, em 21 de maio, na saída do ministério. O pronunciamento feito por Sarney dias antes foi o estopim para o pedido de demissão. No discurso, o presidente estabeleceu seu mandato em cinco anos e exigiu que seus subordinados acatassem essa decisão. Ao deixar o cargo, Dante afirmou que não mais participaria da base de Sarney e que “o presidente atropelou a Assembléia Nacional Constituinte em sua soberania”.

No balanço de sua atuação no ministério, verificou-se que algumas das metas não foram cumpridas. Assentou apenas 23 mil famílias dentro da meta de 450 mil, fixada para 1986-1987. Em compensação, desapropriou 88 áreas para fins de reforma agrária — cerca de dois milhões de hectares —, enquanto todos os governos anteriores haviam desapropriado apenas 42. Durante a sua gestão, foram criadas oito varas de Justiça agrária. A pasta da Reforma Agrária foi ocupada pelo político pernambucano Marcos Freire.

Onze dias depois de pedir demissão, Dante de Oliveira reassumiu o mandato de prefeito de Cuiabá, com uma festa que reuniu os senadores Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, o deputado catarinense Luís Henrique, líder do PMDB na Câmara, e parlamentares de diversos estados. No exercício do cargo, enfrentou uma grave crise financeira, com salários dos funcionários atrasados e mais de 90% da receita comprometidos com a folha de pagamento.
Em janeiro de 1988, em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, manifestou-se a favor da realização de eleições presidenciais ainda naquele ano e voltou a defender a duração de quatro anos para o mandato presidencial. No fim do ano, atribuiu o mau desempenho do PMDB nas eleições municipais à “ambigüidade ideológica” do partido com relação ao governo Sarney e defendeu o confronto entre a esquerda e a direita do partido, na convenção que se realizaria em março de 1989.
Nas eleições presidenciais de 1989, combateu a proposta do deputado Ulisses Guimarães (PMDB) de formar uma frente contra os candidatos Leonel Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), e Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e defendeu o lançamento de candidato próprio do PMDB. Em fevereiro de 1990, desligou-se do PMDB e ingressou no PDT.
Em outubro de 1990, concorreu à Câmara pela coligação Frente Popular (PDT, PMDB, PT, Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), tendo sido o mais votado do estado, com 49.889 votos. Não conseguiu ser empossado, entretanto, pois a coligação não atingira o quociente eleitoral de 90 mil votos. Impetrou recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir o mandato, não obtendo sucesso.
Em outubro de 1992, foi eleito novamente prefeito de Cuiabá, com 68,2% dos votos válidos. Tomou posse em janeiro de 1993. No primeiro ano, conseguiu regularizar o pagamento dos salários do funcionalismo, atrasados quando assumiu o mandato, e negociou a rolagem da dívida municipal.
Governador do estado
Em maio de 1994, disputou o governo, apoiado por uma ampla aliança denominada Cidadania e Desenvolvimento, integrada pela Frente Popular Democrática, formada por PDT, PMDB, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), PCdoB, Partido Popular Socialista (PPS), PSB e PT, e pela Frentinha, integrada por Partido da Mobilização Nacional (PMN), Partido Social Cristão (PSC) e Partido Verde (PV). Embora a coligação contasse com o apoio de quatro dos candidatos à presidência — Luís Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Leonel Brizola (PDT) e Orestes Quércia (PMDB) —, declarou que pedia votos apenas para Brizola, candidato de seu partido.
Em 3 de outubro de 1994, foi eleito no primeiro turno, com 471.104 votos, cerca de 67% da votação no estado. Foi empossado em janeiro de 1995, encontrando a administração praticamente falida, somando uma dívida equivalente a mais de três anos da receita líquida e com atraso de três meses no pagamento do funcionalismo. Além disso, a folha de pagamento consumia 91% da receita estadual e fora aumentada em fins de 1994, em conseqüência da aprovação de um novo plano de cargos, carreiras e salários pelo ex-governador Júlio Campos.
Em março, suspendeu o pagamento da parte dos salários do funcionalismo que excedia a mil reais.
Em maio, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Licínio Stefani, entrou com pedido de intervenção federal no estado no Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de não se ter verificado repasse ao Judiciário da quantia correspondente aos salários de juízes e servidores estaduais em março, abril e maio.
Em julho, pagou a parcela dos salários do funcionalismo com títulos, chamados pela população de “pantanetas”, que podiam ser usados para desconto no Banco do Estado de Mato Grosso, no comércio e no pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em outubro, o Ministério Público Federal no estado apresentou ação de inconstitucionalidade contra esses títulos, por considerar que não havia garantia de liquidação dos débitos feitos pelo estado com o papel. No mesmo mês, o governo obteve empréstimo da Caixa Econômica Federal (CEF) para atender às necessidades financeiras.
Em novembro, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso pediu novamente a intervenção federal no estado, porque o governador não estava repassando para o Judiciário os duodécimos referentes a setembro e outubro, em conseqüência dos cortes no orçamento de 1995. Em dezembro, o estado devia quatro meses de salários e não havia previsão de pagamento do 13º. Com um empréstimo na CEF, pagou parcelas devidas ao Judiciário.
Em julho de 1996, solicitou ao Tesouro a suspensão do pagamento da dívida estadual com a CEF por 90 dias. Ainda nesse mês, o estado recebeu recursos do Banco Mundial, a fim de financiar o ajuste da máquina pública. Em agosto, foi o primeiro governador a conseguir renegociar a dívida do estado com o governo federal, reduzindo de 46% da receita líquida para 15% o comprometimento mensal com o Tesouro e obtendo ainda uma antecipação de receita da privatização das Centrais Elétricas Mato-Grossenses (Cemat), de 38,5 milhões de reais. O ajuste foi conseguido com um corte de dez mil funcionários, a redução em 16% do custeio da máquina administrativa e a redução do déficit de 238 milhões de reais para 130 milhões de reais.
Em janeiro, firmou com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o protocolo do acordo de reestruturação da dívida estadual, determinando o refinanciamento de 729 milhões de reais em 30 anos. O acordo previu a realização de um programa de ajuste que impediria a contratação de novas dívidas e a redução do débito global do estado até o equivalente à arrecadação anual. O contrato para o refinanciamento da dívida, que completou a operação, seria firmado com o ministro da Fazenda em exercício, Pedro Parente, em julho.
Ainda em janeiro de 1997, a Executiva Nacional do PDT anunciou que solicitaria a expulsão de Dante, em razão do apoio do governador à aprovação, no Congresso, do projeto de emenda constitucional que permitiu a reeleição para os cargos do executivo. Quando da votação, o governador teria pressionado a bancada federal para que votasse a favor da emenda da reeleição. Antes que fosse implementada qualquer medida punitiva, deixou a agremiação e, em abril, filiou-se ao PSDB.
Em novembro, privatizou a Cemat, com o apoio das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Disputou com sucesso a reeleição em outubro de 1998, por uma coligação formada por PSDB, PSB, PMN e PV, obtendo 53,95% dos votos válidos. Em dezembro, anunciou um amplo programa de reformas com o objetivo de ajustar as contas do estado. As medidas anunciadas teriam sido decididas a partir de um estudo do ajuste fiscal proposto pelo governo federal. Foram enviadas, ainda, ao Legislativo uma nova lei para o ICMS e uma lei complementar com alteração das alíquotas para o sistema previdenciário estadual.
Nesse novo mandato à frente do Executivo estadual, por foi substituído em três ocasiões pelo vice Márcio Lacerda, mediante licenças por ele mesmo solicitadas devido a sérios problemas de saúde, causados por diabetes e por uma diverticulite aguda. Entretanto, conseguiu completar o seu segundo mandato consecutivo como governador de Mato Grosso em 31 de dezembro de 2002.



ÚLTIMOS CAPÍTULOS
Em seu último ano de mandato, o governo de Dante foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver mais de 12 milhões de reais por superfaturamento nas obras de pavimentação da BR-163, que liga Mato Grosso ao Pará. Conforme a decisão do TCU, os preços chegaram a ser superfaturados em até 500%.
Além disso, o processo aberto contra ele por seu envolvimento no caso Usimar – juntamente com a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, do Partido da Frente Liberal (PFL) –  levou-o a tentar justificar para a grande imprensa por que ele, como governador e membro do Conselho Deliberativo da Amazônia (Condel), em dezembro de 1999 teria aprovado o financiamento no valor de 1,38 bilhão de reais, aprovado pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para a empresa Usimar, de propriedade de Roseana Sarney.
O projeto da Usimar chegou a ser classificado, pelos procuradores da Justiça, como “a fábrica de autopeças mais cara do mundo”: a Audi, por exemplo, teria investido 800 milhões de reais na fábrica de automóveis situada no Paraná. Segundo Dante de Oliveira, nessa reunião que afinal aprovou o projeto de Roseana – com o voto favorável dele – teria sido uma “reunião relâmpago”. Outro argumento também utilizado por Dante consistiu em que, na mencionada reunião, não teria sido lido o parecer do Ministério da Fazenda que apontava irregularidades nesse financiamento.
Todavia, não foi descartado o fato de que o voto favorável dado ao empreendimento de Roseana Sarney, por parte de Dante de Oliveira, teria “laços de gratidão”: a família de Dante tinha negócios em sociedade com a família de Roseana (empresários Armando de Oliveira, irmão de Dante, e Fernando Sarney, irmão de Roseana). E mais do que isso: Dante devia, ainda, ao ex-presidente José Sarney, o favor da sua indicação, em 1986, para o Ministério Extraordinário da Reforma Agrária.
Nos bastidores dessa história política, há informações de que o então presidente Sarney teria convidado Dante para o tal ministério como solução do tipo “válvula de escape”: para que o PMDB pudesse livrar Dante, pelo menos temporariamente, da desastrada administração que vinha realizando como prefeito de Cuiabá. Segundo a imprensa local, essa estratégia adotada teria dado certo: Dante acabou ficando pouco mais de um ano no ministério. Nesse período, a prefeitura de Cuiabá foi assumida pelo vice, coronel José Meireles, e parte dos problemas financeiros então existentes foram até sanados. Assim, portanto, Dante não interessava mais ao governo do presidente Sarney, mas foi substituído por ter sido incompetente no desempenho do cargo – segundo afirmações do ex-deputado Osvaldo Sobrinho, adversário de Dante na campanha ao governo estadual em 1994.
Nas eleições realizadas em outubro de 2002, o ex-governador acabou recebendo a sua primeira “condenação”: foi rejeitado pelo povo nas urnas, fracassando em sua tentativa de tentar uma vaga no Senado Federal na legenda do PSDB.
Em um dos últimos capítulos de sua carreira política, Dante chegou a sofrer a acusação de que o "comendador" João Arcanjo Ribeiro – preso em Cuiabá após ser condenado por liderar o crime organizado em Mato Grosso – bancara sua campanha à reeleição nas eleições de outubro de 1998, na qual havia conquistado o seu primeiro mandato à frente do governo estadual. O autor da acusação, efetuada em depoimento à Justiça Federal em 2003 e sempre negada por Dante, foi o ex-gerente Arcanjo Nilson Teixeira.
Dante ainda chegou a lançar uma nova candidatura a deputado federal, pelo PSDB, nas eleições programadas para outubro de 2006, porém veio a falecer em Cuiabá, ainda em plena campanha, em decorrência de uma infecção generalizada no dia 6 de julho de 2006, aos 54 anos de idade.
Era casado com Telma Pimentel Figueiredo de Oliveira, por ele nomeada secretária de Promoção Social durante sua primeira gestão à frente da prefeitura de Cuiabá (de 1985 a 1988) e, posteriormente, deputada federal por Mato Grosso na legenda do PSDB – eleita, pela primeira vez, em outubro de 2002, para a legislatura 2003-2007, e  reeleita em outubro de 2006, para a legislatura 2007-2011".


FONTE: Cristiane Jalles, Maria Letícia Correia e Arnaldo Marques, Dante Martins de Oliveira, Dante Martins de Oliveira, CPDOC/FGV.

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