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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

16 de abril

16 de abril

1884 - Nasce Arlindo de Andrade, primeiro juiz de Campo Grande






Nasce em Timbaúba, estado de Pernambuco, Arlindo de Andrade Gomes. Filho de Manuel da Cunha Andrade Gomes e Maria Cavalcanti de Andrade, aprendeu a ler com a mãe em sua cidade natal. No Recife fez os preparatórios e ingressou na faculdade de direito. Para manter os estudos entrou no Diário de Pernambuco onde tornou-se comentarista político. Colou grau em ciências jurídicas em 5 de dezembro de 1907. 

Imediatamente após a formatura decide mudar-se para Cuiabá, curiosamente, na primeira década do século passado, maior que São Paulo em número de habitantes: 35.987 contra 31.385 moradores. Na capital de Mato Grosso, Arlindo de Andrade lecionou Botânica no tradicional Liceu Cuiabano, tendo sido professor de Arnaldo Estevão de Figueredo, futuro prefeito de Campo Grande e governador do Estado. 

Em 10 de junho de 1909 foi nomeado inspetor escolar de Cuiabá pelo presidente Pedro Celestino. Em outubro do mesmo ano é nomeado procurador fiscal da Delegacia do Tesouro Federal do Estado de Mato Grosso pelo presidente Nilo Peçanha. No ano seguinte aceita o convite do presidente do Estado, Pedro Celestino para ocupar a comarca de Nioaque no Sul de Mato Grosso, em vaga deixada por seu colega advogado Eduardo Olímpio Machado.

Em 1911 assume a recém criada comarca de Campo Grande, permanecendo no cargo por apenas 50 dias. Exerce a advocacia e funda em 1913 o semanário "O Estado de Mato Grosso," o primeiro jornal da cidade, cuja primeira edição circulou no dia 22 de junho. 

Em 1919 lidera em Campo Grande a campanha de Rui Barbosa para a presidência da República contra Epitácio Pessoa o candidato oficial. Na defesa da bandeira oposicionista fundou o jornal "Rui Barbosa", que se editou durante a campanha, onde o baiano candidato foi derrotado pela terceira vez. 

Ainda em 1919 participa da organização da biblioteca pública de Campo Grande, cuja pedra fundamental é lançada no dia 21 de abril na avenida Afonso Pena.

Em 1921 assume a intendência municipal de Campo Grande. Como prefeito construiu o grupo escolar (atual escola Joaquim Murtinho) na avenida Afonso Pena. No setor urbanístico, com sua paixão pelas plantas, arborizou as ruas e cuidou das praças e jardins e também de seu arruamento.

Importante: de sua própria chácara, na rua Marechal Rondon (hospital do Câncer) saíram, gratuitamente, mudas das árvores que hoje ornamentam a cidade. Os "ficus" das avenidas Mato Grosso e Afonso Pena, bem como os dois principais jequitibazeiros da praça dr. Ari foram plantados em sua gestão.

Em 1930 integrou a Aliança Liberal, responsável pela chegada de Getúlio Vargas ao poder e em 1932 rompeu com Getúlio e apoiou os paulistas, chegando a compor o secretariado do governo provisório de Mato Grosso, à frente Vespasiano Barbosa Martins.

Mudou-se para Campinas na década de 50 e faleceu em São Paulo, em 20 de agosto de 1975, aos 91 anos.

FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1988.

16 de abril

1892 - Jornal europeu comenta independência de Mato Grosso

De pouca ressonância no Brasil, a proposta de independência de Mato Grosso, feita por militares de Corumbá e Cuiabá, em rebelião que derrubou o governo constitucional de Manoel Murtinho, teve enorme repercussão na imprensa européia. O Economist, em longo editorial "faz considerações sobre a separação provável da maior parte dos estados que hoje formam a República do Brasil. Diz que era natural que se quebrasse a coesão que unia as províncias do antigo império, que tinha sua força no respeito geral votado à familia imperial e que só o orgulho dos brasileiros pelas vastas dimensões do seu país era talvez a única força que ainda ligava os estados da República. Não considera como muito grande a perda material causada pela separação de Mato Grosso; diz que as imensas florestas, situadas à tão grande distância do litoral, nunca poderão, nem o poderão ser tão cedo, utilizadas como fonte de riqueza, que embora esse estado possua minas minas de quase todas as espécies de minerais, as distâncias, a escassez de trabalho e a falta de meios de comunicações, fazem-nas completamente inúteis. O Brasil poderá pagar, se quiser, as suas dívidas, tanto com o Mato Grosso como sem ele, e com a sua separação trará alívio às dificuldades da autoridade central, cuja força seria mais sentida se o território sobre o qual a exerce fosse menor. Para um Estado importante como o Brasil não há talvez ônus mais enfraquecedor do que um excesso de território que não produz renda alguma, que não pode, entretanto, ser completamente negligenciado, mas que antes, pelo contrário, está sempre custando dinheiro do tesouro, com melhoramentos de vias de comunicação."

"Todavia - prossegue o articulista - a separação de Mato Grosso da União Brasileira deve ser sentida por causa das consequencias resultantes. Os estados tem poucos interesses comuns e em alguns casos, os interesses são até divergentes e opostos. Não falando das diferenças de população, os estados marítimos ressentem-se do Rio de Janeiro, e os do interior, que não têm ligação natural com a capital, só sofrem com as suas constantes revoluções. O Rio nada pode fazer para lugares tão longiquos e inacessíveis, e só faz sentir pela influência do fisco que cobra direito de trânsito sobre todas as mercadorias que para lá vão, e que está continuamente a exigir-lhes impostos, a opor-se a elevação das notabilidades locais, que, consciente ou inconscientemente, querem querem governar as suas províncias, por si, sem responsabilidade a um poder distante e moroso".

Mais adiante o editorial destaca que os "estados querem dispor das suas pequenas forças públicas, querem fazer leis que lhes convenham às suas circunstâncias e cobrar e gastar toda a sua renda do melhor modo que acharem. As suas tendências são, pois, para a autonomia, e se a República houvesse sido governada com sabedoria, ela teria com toda a probabilidade, conservado as províncias mais remotas presas por algum vínculo frouxo, mas o governo do Marechal Fonseca geriu tão mal as finanças, e aquele que lhe sucedeu mostrou-se instável, que cada uma das províncias há de, sem dúvida, ir marchando para uma independência formal, esforçando-se o Rio por manter apenas autoridade sobre as suas vizinhas imediatas".

Discorrendo sobre uma reação à eventuais atos de independência dos estados, o periódico londrino explica que o "exemplo foi dado e não há coisa alguma que torne impossível a imitação, por ser o Rio, embora o mais rico dos estados e o melhor armado, incapaz de guerras de conquistas. É possível qie consiga operar por mar contra as províncias marítimas, mas não possui nem dinheiro nem as forças para expedições, e como no caso especial de Mato Grosso, através de vastas florestas, em que um punhado de homens familiarizados com o terreno pode derrotar qualquer força armada".

Ainda no mesmo raciocínio, entende o artigo que um "grande estado europeu poderia dificilmente conservar o Brasil contra a vontade dos provincianos, e o governo do Rio não o pode certamente fazê-lo. Quando de posse de todo o Império e do poder de fazer empréstimos, conquistou dificilmente o pequeno estado de Paraguai".

É de opinião o escritor do Economist que só haverá dano para o mudo com a mudança, se algum dos nossos estados independentes restabelecer a escravidão; mas, pensa que isso não será provável, porque os negros resistirão; e como não é provável que se guerreiem entre si, hão de produzir tantos como agora. Um grande perigo seria um levante dos negros livres como estão nada terão a ganhar com uma revolta. Os Estados Unidos não permitirão que a Europa se aproveite das dissenções entre os estados, e que se confinarão a questões de limites, que se resolverão pacificamente. Os credores estrangeiros pouco sofrerão com isso, porque a sua verdadeira garantia está na renda da alfândega do Rio, e como este continuará a ser o porto de abastecimento para o interior, as suas rendas aduaneira não diminuirão.

Finaliza o editorial o jornal londrino, preconizando:

Este Estado e os seus vizinhos imediatos é provável que continuem a se chamar Brasil, e se souberem abster-se de revoluções e ter uma polícia decente, poderão ser mais ricos e mais felizes do que, quando perdidos dentro de República, que é antes uma expressão geográfica de um Estado sólido de qualquer categoria. 

FONTE: Jornal do Commercio (RJ) 7 de maio de 1892.


16 de abril

1921 - Peste bovina: produtores de Corumbá pedem providências

Em ofício enviado ao deputado Aníbal de Toledo, no Rio de Janeiro, produtores rurais e políticos de Corumbá, pedem interferência do parlamentar junto ao governo federal, no sentido de autorizar inspeção sanitária do governo, de modo a atestar a saúde dos animais do município, a fim de evitar a paralisação das exportações, impostas pela peste bovina em São Paulo:

"Os poderes municipais, os criadores e os industriais aqui residentes, alarmados pela notícia de que a peste bovina dizima o gado em São Paulo e Minas, reuniram-se ontem na Intendência Municipal e deliberaram pedir à V.Ex. conseguir do Sr. Presidente da República a nomeação de um veterinário que examine neste município o estado do gado abatido nos saladeiros e ateste a sua saúde, sendo a sua firma legalizada pelo Cônsul britânico, afim de evitar a paralização da exportação, que será feita via Santos, visto a Argentina e o Uruguai haverem proibido o trânsito de produtos bovinos brasileiros.

Esta medida se impõe pelo receio dos fazendeiros de uma possível invasão da peste, desejosos de reduzir e aproveitar o gado enquanto sadio. Outras providências foram resolvidas, tendentes ao isolamento das fazendas, as quais comunico ao presidente do Estado, aos intendentes dos municípios, em grande parte ignorantes ainda das terríveis ocorrências. Atenciosas saudações - Christão Carstens, Intendente Municipal".

FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 19/04/1921


16 de abril

1952 - Fundação de Naviraí




Um grupo de fazendeiros do interior de São Paulo constitui a Colonizadora Vera Cruz - Mato Grosso, lançam um núcleo fundiário no Sul de Mato Grosso e para sediar a área rural, fundam a cidade de Naviraí, a princípio Vera Cruz. O projeto visava a exploração da terra por um processo de integração, ou seja, a convivência harmoniosa entre grandes e pequenas propriedades. Daí, intermeando fazendas com pequenas parcelas, deu-se início à ocupação econômica do cone sul de Mato Grosso.

Os pioneiros da exploração foram Virgilio Fioravante, Florêncio Fioravanti, Vanher Fioravanti, dr. Renato Fioravanti, Irio Spinardi, Vicente Ottoboni, Luiz Ottoboni, Batista Ottoboni Neto, João Nicolau, Vicente Scarabotolo, Ariosto da Riva, Ismael Ferreira Coimbra, Carlos Alberto de Souza Brito, Mário Belonhesi, José Marques Guimarães, Everaldo Marchioni, Homero Ferreira e João Batista Menin.*

Município em 11 de novembro de 1963, desmembrando-se de Caarapó, Naviraí era em 2019, a principal cidade do extremo Sul do Estado de Mato Grosso do Sul.

FONTE: *Correio Paulistano (SP), 12 de abril de 1953.





16 de abril

2000 - Morre o professor Celso Müller do Amaral




Nascido em 31 de agosto de 1920,na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, faleceu em Dourados, o professor e ex-deputado Celso Müller do Amaral. Em Dourados desde os 12 anos, em 1935 inicia o curso primário no colégio Dom Bosco. Estudou Ciências e Humanidades no Seminário Seráfico SãoLuis de Tolosa, no Paraná e formou-se em Química, na Faculdade Mackenzie de São Paulo em 1949. Na política,elegeu-se vereador várias vezes e deputado estadual em dois mandatos, antes da divisão do Estado.
Sua carreira política esteve ligada ao seu interesse pelo ensino. Como vereador, fundou o primeiro ginásio de Dourados - o Ginásio Oswaldo Cruz - do qual foi diretor e liderou entre 1957 e 58 o movimento político pela implantação do ensino público em seu município, a partir da implantação do Colégio Estadual Getúlio Vargas. Na Assembleia Legislativa em Cuiabá, bateu-se pela criação da Universidade Estadual de Mato Grosso, com sede em Dourados e pela criação da Escola de Agronomia em Dourados.
Em sua homenagem o governo do Estado dedicou-lhe a denominação de uma escola na cidade e, por iniciativa do deputado Geraldo Resende o campus da Universidade Federal da Grande Dourados passou a ter o seu nome.

FONTE: Deputado Geraldo Resende, Justificação do projeto de lei 5.949/2005, Câmara dos Deputados, Brasilia.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

4 de abril

4 de abril

1912 – Criada a paróquia de Campo Grande



Igreja de Santo Antonio de Campo Grande, em 1922.

D. Cyrilo de Paula Freitas, bispo de Corumbá, ascende à paróquia a capela de Santo Antônio de Campo Grande, com os limites dilatados a Camapuã e Bataguassu. O primeiro pároco foi o padre diocesano, José Joaquim de Miranda, que por sua “afeição aos assuntos da política local é destituído do cargo, ao qual não abdica. Apenas deixa a paróquia quando, em 16 de julho 1916, é assassinado por um grupo de pistoleiros em sua própria casa.”
O primeiro pároco, José Joaquim de Miranda foi substituído na direção da paróquia pelo padre Mariano
 João Alves.



FONTE: Cleonice Gardin, Campo Grande, entre o sagrado e o profano, Editora da UFMS, Campo Grande, 1999, página 107.


4 de abril
1967 – Arena 1 rompe com Pedrossian



Prenunciando a crise que redundaria em malogrado processo de impeachment contra o governador Pedro Pedrossian, a Arena 1, sub-legenda do partido governista, publica nota oficial rempendo com o seu governo. Integravam a sub-legenda arenista os deputados: Sebastião Cunha, Nunes Rocha, Reinaldo Moraes, Nelson Ramos, Alexandrino Marques, Oscar Soares, Augusto Mario, Celso Amaral, João de Paula (foto), Oliveira Lima e Ubaldo Barém. Compunham a Arena 2, ligada ao governador os deputados Afro Stefanini, Cacildo Hugueney, Emanuel Pinheiro, Renê Barbour, Reinaldo Moraes, Tomaz de Aquino e Waldomiro Gonçalves. 


FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso (II), Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967. Páginas 321 e 321.






4 de abril

2014 - Tombada a ponte Eurico Gaspar Dutra



Ponte Eurico Gaspar Dutra, em construção

Inaugurada há 65 anos é homologado o tombamento da ponte ferroviária Eurico Gaspar Dutra, sobre o rio Paraguai. "Muito mais do que a porta aberta para o escoamento dos produtos vindos da Bolívia para o Brasil, a ponte Eurico Gaspar Dutra - segundo a jornalista Ana Carolina Monteiro - é a conexão entre o atraso e a civilização, entre os séculos 19 e 20, por cima do rio Paraguai. Assim como toda a história da construção da ponte Eurico Gaspar Dutra, os números relacionados a ela também são impressionantes para uma obra do início do século 20, executada em uma região de difícil acesso".

A ponte tem 2.000 metros de comprimento, 112 metros de altura no vão central, até 10 metros de largura. Em sua construção foram ocupados cerca de
2.100 operários, que, em quase dez anos de trabalho ininterrupto, manipularam 25,1 mil mil metros cúbicos de concreto armado, com 2.600 toneladas de aço e cerca de 27 quilômetros de estacas variadas.

FONTE: Ana Carolina Monteiro, Correio do Estado, 8 de abril de 2014.

sábado, 12 de outubro de 2013

3 de novembro

03 de novembro
 
1867 – Morre o governador Frederico Campos

Frederico Campos não chegou a conhecer o Estado
 
Preso em Assunção pelo governo paraguaio quando se dirigia a Cuiabá para tomar posse, o presidente Frederico Campos, de Mato Grosso, sucumbe em prisão no país inimigo.


Bacharelou-se em Matemática. Assentou praça em 14 de janeiro de 1822. Segundo-tenente em 20 de junho de 1823. Participou da Guerra da Independência, tendo então recebido medalha. Promovido a primeiro-tenente em 12 de outubro de 1824, a capitão em 25 de janeiro de 1828, a major em 13 de setembro de 1837, a tenente-coronel graduado em 7 de setembro de 1842 e a efetivo no posto em 14 de maio de 1844, chegando a coronel em 2 de dezembro de 1855.
Pertenceu ao Corpo de Engenheiros.
Presidiu a Província da Paraíba. Em 12 de novembro de 1864, nomeado presidente de Mato Grosso, viajava, para tomar posse, no paquete “Marquês de Olinda”, que foi atacado e capturado por Solano Lopez, um dos fatos que dariam início à guerra contra o Paraguai. Frederico Carneiro de Campos foi feito prisioneiro.

Comendador da Ordem de Avis e dignitário da Ordem do Cruzeiro. Admitido como sócio correspondente do IHGB em 10 de novembro de 1842.

FONTE: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, 2017.



03 de novembro

1869 – Frei Mariano libertado se apresenta em Cuiabá

Livre de sua prisão no Paraguai, frei Mariano se apresenta aos seus superiores em Cuiabá e acresce ao seu currículo a seguinte manifestação de seu superior:

Atestamos e certificamos que o missionário revdo. Frei Mariano de Bagnaia desde que chegou neste bispado em dias de outubro de 1847 tem-se empregado sempre no serviço da igreja, já como exercendo todas as funções eclesiásticas de que nos encarregamos, e sempre com muito zelo, devoção e exemplar fervor, merecendo por isso toda a nossa confiança, amor e particular estima. Sua vida pública e mesmo particular tem sido constantemente honesta e cheia de virtudes e por isso mesmo tem recebido e gozado geral estima de todos os filhos dessa diocese. Jamais o ocupamos, que não fôssemos atendidos prontamente com edificação e humildade, e nomeando-o ultimamente como vigário da comarca eclesiástica de Baixo-Paraguai e pároco encomendado da igreja da comarca de Miranda, ali cumpriu seus deveres com tanto zelo e exatidão que só temos de engrandecê-lo de louvores pelo muito que fez a benefício da igreja e de seus filhos espirituais. Ali se edificou a igreja, despendendo nesta obra quase o que havia de seu ordenado e emolumentos,onde conservou com firmeza apostólica até a fatal invasão dos paraguaios, na esperança de que não fosse ao menos destruída a sua igreja e aprisionados seus paroquianos.

Tivemos porém que lamentar sua prisão realizada em princípio de 1865 e muitas vezes o nosso coração encheu-se de amarguras ao saber de seus sofrimentos assim arrebatado violentamente e arrebatado de sua igreja, foi por isso que deixou de remeter como cumpria os mapas dos sacramentos administrados depois de sua prisão. Logo, porém, que se viu salvo pelas mãos da Providência em primeiro lugar e depois pelo valor de nossas armas militares, em agosto do corrente ano procurou imediatamente recolher-se para esta cidade apresentando-se a nós cheio de amor e declarando que está pronto para continuar o serviço da S. igreja como melhor nos parecer, o que foi para nós de extrema alegria e de muita consolação. Pois estamos outra vez com um cooperador eclesiástico de toda a confiança, zelo e instrução e fervoroso no serviço de Deus e de sua igreja.

Cuiabá, 3 de novembro de 1869.
D. José Bispo de Cuiabá.

FONTE:  Frei Alfredo Sganzerla, A história de Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992página 403





03 de novembro


1918 – Gripe espanhola em Campo Grande



Relatório do intendente geral do município Rosário Congro, dá detalhes da passagem da gripe por Campo Grande:

“Depois de haver semeado o luto e a dor na bela capital da República, em São Paulo e inúmeras cidades do território nacional, o morbo atingiu também o nosso Estado, onde, felizmente, se manifestou em caráter benigno, apesar de seu extraordinário poder de expansão.


Não logrou esta cidade passar indene, e a 3 de novembro do ano findo irrompia o mal em Campo Grande alcançando, em poucos dias, proporções assustadoras.

A falta de todos os recursos profiláticos e de isolamento, além de outros, converteram a cidade num vasto hospital, sendo de uma louvável dedicação, digna de todos os encômios, o ilustrado corpo clínico, em sua árdua tarefa.
"Na impossibilidade de organizar um serviço de hospitalização, pela falta de um edifício que reunisse as condições exigidas de higiene e conforto, resolvi organizar um serviço ambulatório, deficientíssimo ainda assim, pela carência de pessoal, mesmo a soldo e mandei distribuir o seguinte boletim:
‘A pandemia reinante alastra-se por toda a cidade, menosprezando todos os recursos profiláticos, como se tem verificado no Rio, em São Paulo e nas grandes capitais européias, onde ainda perdura.


A moléstia tem-se manifestado, felizmente, benigna; a situação porém agrava-se por terem enfermado vários membros do nosso dedicado corpo clínico, sobrecarregando de atividades e trabalho os demais doutores, já exaustos por certo e igualmente ameaçados.


Uma farmácia fechou suas portas por ter caído todo o seu pessoal e começa a escassear, pela mesma causa, o fornecimento diário dos gêneros alimentícios indispensáveis aos doentes, como leite, galináceos e outros.
O intendente municipal no intuito de minorar a situação que se apresenta, pede a notificação de todos os casos em que se verifique a necessidade, não só de medicamentos como de outros recursos, inclusive de pessoal.
Cento e cinqüenta e seis receitas foram aviadas por conta da intendência e muitos remédios foram remetidos para a zona suburbana e rústica, onde era grande o número de enfermos e dos quais, diariamente afluíam os pedidos de socorros.


No edifício da escola municipal, tendo adquirido leitos e roupas, hospitalizei seis doentes que, com o dr. delegado de higiene, encontrara num casebre distante uma légua da cidade, sem recursos de qualquer espécie, tendo-se verificado ali, pela manhã desse dia, o falecimento de um outro morador, cujo enterramento providenciei.


Posteriormente, outros doentes receberam tratamento no mesmo edifício.
Imagino por este fato, quão elevado devia ter sido o número de enfermos entre os habitantes da campanha em toda a enorme extensão do município.
Sem a possibilidade de uma estatística, calculo entretanto em mais de dois mil os casos verificados nas distantes povoações de Entre Rios, Jaraguari, Rio Pardo e na cidade, sendo que somente nesta os notificados ultrapassaram de mil.


O número de óbitos na cidade foi apenas de trinta e seis, o que atesta a benignidade com que o mal nos visitou.
Devo registrar o gesto nobre e altruístico do sr. dr. Antonio Ferrari, enviando-me para socorro aos doentes pobres um quilo de quinino.
Esta preciosa dádiva chegou a meu poder quando a epidemia estava já em franco declínio, o que me permitiu dividi-la com o sr. dr. Nicolau Fragelli, intendente de Corumbá, a quem , espontaneamente fiz oferta telegráfica, ante a virulência com que grassava ali a terrível enfermidade.
Devo ainda por em destaque a atitude pronta, solícita e incansável do sr. dr. José Gentil da Silva, delegado de higiene, atendendo com presteza a todos os enfermos por mim indicados, colocando-os sob seu tratamento, e fazendo visitas domiciliares não só no perímetro urbano como nas zonas mais afastadas.


Os gastos totais feitos pela intendência, com os socorros por ela prestados, atingiram à soma de 4:658$300, conforme balancete discriminado de 30 de abril do corrente ano, publicado no Correio do Sul”. 


FONTEJ. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, Edição do autor, Campo Grande, 1980, página 139

FOTO: Campo Grande no ínicio da década de 20 do século passado.


sexta-feira, 4 de março de 2011

18 de julho

18 de julho

1865 - Expedicionários chegam a Uberaba

Procedente do Rio de Janeiro e São Paulo, força expedicionária brasileira, com destino ao Sul de Mato Grosso, chega a Uberaba no triângulo mineiro:

Chegando as forças de S. Paulo e da província do Paraná, à cidade de Uberaba, incorporaram-se à vinda de Minas, ao mando do Ilmo. Sr. coronel Galvão, a qual se achava acampada a meia légua N. O. na direção do caminho de Goiás. O quartel do comando acantonou no interior da cidade, assim como as demais repartições anexas, que tinham com ele vindo de São Paulo, acrescentando a do quartel mestre general, que começou a funcionar a 25 de julho.

A brigada mineira compunha-se do batalhão de voluntários n. 17 e dos corpos fixo e policial da província de Minas. Depois da fusão dos contingentes trazidos das duas outras províncias ficou organizada uma brigada, compreendendo mais uma companhia de cavalaria e um corpo de artilharia, que foi formado com o casco do contingente dessa arma, vindo a província do Amazonas.

Com destino a Coxim, a força expedicionária deixou Uberaba na manhã de 6 de setembro.

FONTE: Taunay, Marcha das Forças, Melhoramentos, São Paulo, 1928, página 59.



18 de julho

1890Nioaque é elevada à categoria de vila*






Por decreto do presidente Antônio Maria Coelho, primeiro governador de Mato Grosso no regime republicano, a freguesia de Nioaque, principal centro político do Sul do Estado, com a denominação Levergeria (em homenagem ao ex-governador Augusto Lerverger) passa à condição de vila:

Art. 1º - Fica elevada à categoria de vila, constituindo termo unido à comarca de Miranda e município próprio a freguesia de Levergeria.


Art. 2º - Ficam alterados os limites que à mesma freguesia marcou a Lei n. 506, de 1877, para os seguintes: uma reta que, partindo da confluência dos rios Miranda e Nioaque, vai ter ao morro Azul, à margem esquerda do Aquidauana; margem esquerda deste até sua mais alta origem no lugar denominado Pontinha – na estrada de Camapuã – e da Pontinha outra reta que vai ter às cabeceiras do rio Sanguesuga e pela margem direita até sua foz no rio Paraná e pela margem direita do Paraná até o Iguatemi, seguindo-se a linha da frenteira até o marco das cabeceiras do rio Apa; margem esquerda deste até o rio Pedra de Cal e por este acima até sua cabeceira e daí à do ribeirão Prata até sua confluência no rio Miranda e margem direita deste até a foz do Nioaque”. 


*Vila correspondia ao município atual.


FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque Evolução Histórica e Revolução de Mato Grosso,Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992. Página 27.

FOTO: sede da primeira prefeitura de Nioaque. Reprodução do Album Graphico de Mato Grosso, Corumbá, 2014.





18 de julho


1912 Criado município de Ponta Porã







Pela Resolução n° 617, sancionada pelo presidente do Estado de Mato Grosso, Joaquim A. da Costa Marques, Ponta Porã, a mais próspera povoação da fronteira Brasil-Paraguai, é elevada à categoria de município. "A fundação de Ponta Porã - constata o historiador - como a de tantas outras cidades, não constituiu ato premeditado de ninguém, por isso não lhe pode fixar uma data precisa. O lugar foi evoluindo aos poucos, e o povo vinha fixar residência aí, de preferência onde mais tarde se estabelecia o comércio do lado do Paraguai e depois do Brasil, em razão da proximidade da picada do 'Chiriguelo', por onde vinha de Conceição toda a mercadoria necessária ao seu consumo, inclusive o sal para as fazendas de criação, já que naqueles tempos não existia outra zona de abastecimento mais próxima, em território brasileiro".¹

Seu primeiro morador foi o capitão João Antonio de Trindade, carioca, veterano da guerra do Paraguai, herói da retirada da Laguna, que chegou ao lugar em 1892.

Resolução de 10 de abril de 1900 reconhece sua existência com a criação da respectiva paróquia. Por lei de 23 de setembro de 1915 é elevada à categoria de comarca e "continuou a prosperar, tendo por base econômica os opulentos hervais, a que deve o povoamento, entreverados de campos, onde se tem desenvolvido boa criação de gado".²

Instalado o município em 25 de março de 1913, tomam posse o primeiro prefeito eleito Ponciano de Matos e os conselheiros municipais Felisberto Marques, Manuel Moreira, Heliodoro José de Almeida, Valêncio de Brum e o suplente João Maria da Silva. 
 



FONTES: ¹Pedro Ângelo da Rosa, Resenha Histórica de Mato Grosso (Fronteira com o Paraguai), Livraria Ruy Barbosa, Campo Grande, 1962, página 29; ² Virgílio Correa Filho, Mato Grosso, (2a edição) Coeditora Brasílica, Rio de Janeiro, 1939, página 174.



FOTO: Ponta Porã no inicio do século passado. Extraída do Album Graphico de Matto-Grosso (1914)



2017 - Ex-vereador e esposa assassinados a golpes de facas e facões




São assassinados em Campo Grande o ex-vereador Cristovão Silveira e sua esposa Cristina Silveira. O crime, que chocou pela brutalidade com que foi cometido, foi retratado pela imprensa, com detalhes:

O vereador Cristovão Silveira,65, e sua mulher, Fátima de Jesus Diniz Silveira, 54, foram cruelmente assassinados na tarde de terça-feira (18) em uma chácara na MS-080, na área rural de Campo Grande. O ex-parlamentar foi morto com várias facadas e a mulher teve o corpo parcialmente carbonizado, além de indícios de ter sido abusada sexualmente. Três envolvidos no crime foram presos pela ação, um morreu em confronto com a polícia e outro continua foragido.

Conforme a Polícia Civil, por volta das 14h, vizinhos ouviram Cristovão discutindo com o funcionário Rivelino Mangelo, 48. Cerca de duas horas depois, Rivelino procurou socorro em um bar próximo do local, pois havia sido ferido em um assalto.

O vizinho Ronaldo Ribeiro, 50, mora há 30 anos na região e não conhecia os moradores, que estão no local há pouco tempo. Ele conta que o caseiro pediu para usar o telefone, mas não desconfiou da atitude.

"Tenho um bar na região e tem telefone fixo. Ele pediu para usar o telefone, o pé estava sangrando muito. Ele disse que sete homens invadiram a chácara para roubar um carro e bateram nele. Nós chamamos o corpo de bombeiros e levaram ele. Quando anoiteceu, vimos vários carros da polícia e só ficamos sabendo o que aconteceu com os donos. Não desconfiamos de nada", relata.

Corpo do ex-vereador foi encontrado em lavanderia com vários ferimentos na face

Rivelino estava com um ferimento profundo no pé e foi levado para a Santa Casa da capital, e a história de um possível roubo chamou a atenção da classe médica, que acionou a polícia. Ainda no hospital, o funcionário entrou em contradição por várias vezes.

Equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), do GOI (Grupo de Operação e Investigação) e do Batalhão de Cheque da Polícia Militar foram até a chácara e ficaram chocadas com a cena do crime.

Na primeira casa, que possivelmente era usada como lavanderia, foi encontrado o corpo de Cristovão, com vários ferimentos feitos por faca, principalmente na cabeça. Ainda segundo a polícia, são ferimentos incontáveis, e o rosto da vítima estava totalmente desfigurado.

A mulher dele, Fátima, foi encontrada seminua, com os pés e as pernas queimados. Ela também foi morta com golpes de facão. As equipes ainda acreditam que ela pode ter sofrido violência sexual. Os corpos foram encaminhados ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para perícia.

Já na casa principal a quadrilha arrombou a porta para procurar as chaves do carro da família, uma caminhonete Triton L200. Eles levaram também uma televisão. As equipes encontraram no celular de Rivelino, áudios em um aplicativo, para comparsas combinando o homicídio. As conversas eram de cerca de uma semana antes do ocorrido e, conforme o delegado do Garras, Fábio Peró, eles demonstraram o interesse de Rivelino em cometer o crime, mesmo que não houvesse apoio dos comparsas.

A Polícia Militar de Corumbá - a 417 km de Campo Grande, foi avisada e perseguiu a caminhonete pela BR-262, onde estavam os dois envolvidos no latrocínio. Um deles identificado como Diogo André dos Santos, 20, e o outro apenas como Gabriel.

Na perseguição, a dupla saiu com o veículo da pista, bateu em árvores e fugiu a pé. A polícia localizou ambos, houve confronto entre os criminosos e policiais e Diogo foi baleado e morreu. Gabriel conseguiu fugir pelo mato, mas a polícia mantém o cerco para localizar o homem, que não havia sido preso até o fechamento desta matéria.

Família de vereador teria se mudado para chácara há 6 meses e levou caseiro

Os filhos de Rivelino, que também o teriam ajudado no crime, Alberto Nunes Mangelo, 20, e Rogério Nunes Mangelo, 19, foram presos em Anastácio - a 123 km da capital - com as roupas rasgadas e sujas. A polícia acredita que Cristovão teria lutado com um dos suspeitos, mas acabou sendo ferido. A participação de Alberto foi receber uma televisão e Rogério atuou diretamente no crime, desferindo golpes no casal.

Vizinhos ficaram chocados com a notícia, uma agente de saúde, que não quis se identificar, e que presta atendimento para a família de funcionários, conta que o casal se mudou há seis meses, após comprar a chácara e trouxe os caseiros.

"Já conversei com ele (Rivelino), me pareceu uma pessoa tranquila. Moravam ele, a esposa, que é cadeirante, e uma filha de 12 anos", disse. Segundo apurado pela polícia, a esposa e a filha do mentor do crime estavam no local apenas no período da manhã e, em interrogatório, afirmaram ter notado certa "ansiedade e nervosismo" de Rivelino e tirá-las do local.

Sem entender, obedeceram as instruções dadas por ele de sair da chácara. Rivelino informou que trabalhava para Cristovão há cerca de quatro meses.

O suspeito possui passagem pela polícia por violência doméstica, furto e lesão corporal. O filho Rogério também possui passagens, desde a adolescência, por furto, lesão corporal e vias de fato. O caso está sendo investigado como latrocínio pela equipe do Garras.

Vereador por cinco mandatos

Cristóvão Silveira (PSDB) foi vereador em Campo Grande por cinco mandatos consecutivos. Seu último mandato foi de 2008 a 2012, quando não se candidatou. Seus mandatos destacaram-se por várias iniciativas relevantes, destacando-se a lei 3.121/95, que estabeleceu a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança no município e a lei 4.992/11, conhecida como Cantina Saudável, criando normas para as cantinas nas escolas publicas da capital. 

FONTE: Karina Campos e Vitória Ribeiro, O Estado, Campo Grande, 20 de julho de 2017.

terça-feira, 1 de março de 2011

6 de julho

6 de julho


1906Morto o presidente Totó Paes


Procedente de Corumbá, à frente de cerca de 2000 homens, Generoso Ponce toma Cuiabá e põe o governador Antonio Paes de Barros em fuga, refugiando-se com alguns companheiros nas proximidades da fábrica de pólvora no Coxipó.

 
Coronel Totó Paes
Pela madrugada de 6 de julho, sitiam o reduto onde lobrigaram indícios de acampamento suspeito.


Gisam meio de prender, ao clarear do dia, os seus ocupantes, sem que pudesse nenhum escapar. Antes de completar as providências, o disparo de um tiro imprudentemente desfechado do interior do capão, provocou a descarga cerrada dos atacantes e a dispersão da comitiva presidencial. Cada qual procurou-se sumir-se pelas sombras protetoras das árvores, evitando os lados de onde vinha a fuzilaria ameaçadora. Como os seus companheiros A. Paes também se levantou para tentar a evasão. Mas, desnorteado, saiu por uma clareira, onde se destacou o vulto para as pontarias fulminantes.

Antes que alcançasse a mata fronteira baqueou, mortalmente ferido, conforme noticiou o ofício que o vice-presidente em exercício mandou, por cópia ao General Dantas Barreto."

Totó Paes chegou ao poder em 1899, após o racha entre Generoso Ponce e os irmãos Murtinhos, com apoio destes. No Sul de Mato Grosso seu principal inimigo foi o cel. Jango Mascarenhas, de Nioaque. Na região, durante seu mandato, depois da morte de Jango e da submissão de grupos de oposição, o seu governo foi razoavelmente tranquilo.



FONTE: Virgílio Correa Filho, A República em Mato Grosso (II) in Revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, Cuiabá, 1935, página 59.


6 de julho

1915 - Morre Marcelino Pires, um dos pioneiros de Dourados 





Natural de Jataizinho, no Paraná, onde nasceu em 18 de outubro de 1859, faleceu em Dourados, Marcelino Pires Martins, um dos pioneiros de Dourados. Em Mato Grosso desde a penúltima década do século XIX, casou-se em 1886, com Eulália Ferreira Garcia, na fazenda Passatempo, (hoje município de Rio Brilhante). Em Dourados desde 1903, tomou posse de grande área de terras, denominada Fazenda Alvorada. A área onde foi implantada a cidade é parte dessa fazenda e posses de Joaquim Teixeira Alves.

Marcelino Pires participou ativamente de todas as atividades políticas do povoado, até sua transformação em distrito, ocorrida cinco meses antes de sua morte.

A avenida principal e mais antiga de Dourados tem o seu nome.


FONTE: Rozemar Mattos Souza, Dourados, seus pioneiros, sua história, Centro Cívico, Histórico e Cultural 20 de Dezembro, Dourados, 2003, página 237.


6 de julho

2006 - Morre o ex-governador Dante de Oliveira, deputado das diretas

Morre em Cuiabá, o ex-governador Dante de Oliveira, autor da emenda das Diretas Já! Sua bem sucedida carreira política é condensada nos seguintes fatos:

"Dante Martins de Oliveira nasceu em Cuiabá em 6 de fevereiro de 1952, filho de Sebastião de Oliveira e de Maria Benedita Martins de Oliveira. Seu pai foi deputado estadual eleito na legenda da União Democrática Nacional (UDN).

No início dos anos 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro e cursou engenharia civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), passando a integrar a organização de oposi-ção Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que pregava a resistência armada ao movimento político-militar que derrubara o presidente João Goulart em 31 de março de 1964.

Em 1976 concluiu o curso na UFRJ e, retornando à cidade natal, candidatou-se a vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar, não conseguindo, contudo, se eleger. No ano seguinte, passou a ocupar a secretaria geral do MDB mato-grossense. Em 15 de novembro de 1978, foi eleito deputado estadual, vindo a assumir o mandato em fevereiro de 1979.

Com a extinção do bipartidarismo (29/11/1979) e a conseqüente reorganização partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), originário do MDB.

Em 1982, deixou formalmente de integrar o MR-8, em virtude de divergências políticas, e, em novembro, concorreu a deputado federal. Eleito com a segunda votação do partido, assumiu o mandato em 1º de fevereiro de 1983, vindo a integrar como titular a Comissão do Interior e como suplente a Comissão da Agricultura e Política Rural.

O movimento das Diretas Já

O fim do bipartidarismo e do pleito indireto para governador e senador marcou o início do processo de redemocratização. No entanto, a abertura lenta e gradual, conduzida pelos governos militares, não incluiu a modificação do artigo da Constituição de 1967 que instituía a via indireta para a eleição do presidente, demais cargos executivos e 1/3 do Senado. Assim, no início da sessão legislativa, em fevereiro de 1983, apresentou projeto de emenda constitucional, que se tornaria conhecida como emenda Dante de Oliveira, propondo o restabelecimento da eleição direta em todos os níveis e marcando para 15 de novembro de 1984 a eleição para presidente.

Em abril de 1983, o diretório nacional do PMDB deliberou promover uma campanha nacional em prol da realização de eleições diretas para a presidência. Dois meses depois, o ministro das Minas e Energia, César Cals, propôs a reeleição do presidente João Figueiredo. Descartou-se, contudo, a hipótese da reeleição, propondo-se em seguida a candidatura do ministro do Interior, Mário Andreazza, pelo Partido Democrático Social (PDS). Simultaneamente, a campanha oposicionista começava a ampliar-se. Governadores do PMDB divulgaram uma declaração conjunta em que pediam ao Congresso eleições diretas para a presidência. No fim de novembro, realizou-se em São Paulo, patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), a primeira manifestação popular em favor dessa reivindicação, que reuniu cerca de dez mil pessoas.

Em 10 de janeiro de 1984, a comissão executiva do PDS repeliu oficialmente a proposta de restabelecimento das eleições diretas, reafirmando a “legitimidade do Colégio Eleitoral”. Dois dias depois, foi realizado o primeiro comício pró-diretas, no centro de Curitiba, no local conhecido como Boca Maldita, reunindo cerca de 30 mil manifestantes, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Em seguida, foram realizados comícios, passeatas e manifestações menores em Porto Alegre, Camboriú (SC), Vitória, Salvador, João Pessoa e Fortaleza. Em 25 de janeiro, o comício da praça da Sé, em São Paulo, reuniu cerca de trezentas mil pessoas e mostrou o apelo popular da emenda.

As manifestações multiplicaram-se por todo o país. Belo Horizonte promoveu em fevereiro ato chamado Grito dos Mineiros, com cerca de trezentas mil pessoas. Em 14 de março, foi criado o comitê suprapartidário pelas diretas, reunindo integrantes dos partidos de oposição, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades, firmando-se um acordo de negociação e entendimento pelas Diretas Já. No dia 21, o comitê suprapartidário pelas diretas promoveu uma passeata no Rio de Janeiro com 150 mil pessoas. Diante da pressão popular, em 31 de março o presidente Figueiredo divulgou comunicado oficial em rede nacional de televisão, reafirmando que o novo presidente seria escolhido por via indireta.

Aproximando-se a data prevista para a votação da emenda, em abril assistiu-se ao crescimento da campanha pelas diretas. Realizaram-se comícios em Recife e Natal e, no dia 10, uma manifestação no Rio de Janeiro reuniu cerca de um milhão de participantes. No dia 16 do mesmo mês, 1,7 milhão de pessoas compareceram ao comício pró-diretas no vale do Anhangabaú, em São Paulo, transformando-o na maior manifestação popular da história do país. Nesse mesmo dia, o Executivo enviou ao Congresso o projeto de emenda constitucional Leitão de Abreu, alternativo ao de Dante, propondo, entre outros pontos, a eleição direta para presidente em 1988 e a redução para quatro anos do mandato do candidato vencedor no Colégio Eleitoral, que se reuniria em janeiro de 1985. Em seguida, foram decretadas medidas de emergência em Brasília, Goiânia e mais nove municípios de Goiás. Também limitou-se o direito de reunião e as emissoras de rádio e televisão foram proibidas de divulgar os votos do parlamentares na votação da emenda.

Na véspera da votação, as principais cidades assistiram a “panelaços” (manifestações acompanhadas por panelas sendo batidas) a favor das Diretas Já.

A emenda foi derrotada em 25 de abril, em razão de não ter atingido o quórum para que fosse enviada à apreciação do Senado. Contaram-se 298 votos a favor, 65 contra e três abstenções e deixaram de comparecer à sessão 112 deputados.

No Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Dante votou no candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito presidente pela Aliança Democrática, união do PMDB com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal, que derrotou o candidato do regime militar, Paulo Maluf. Tancredo não chegou a ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.

Após a posse de Sarney, Dante defendeu a legitimidade do governo do presidente eleito e declarou-se contrário à proposta de realização de eleição direta em 1986, com a eleição para a Assembléia Nacional Constituinte. Durante os trabalhos legislativos, manifestou-se favorável ao reatamento das relações diplomáticas do Brasil com Cuba e à reforma agrária.

Em junho de 1985 licenciou-se para dedicar-se à campanha para a prefeitura de Cuiabá, tendo sido substituído pelo primeiro suplente, Paulo Nogueira. No mês seguinte sua candidatura foi homologada pela convenção do PMDB, em detrimento das pretensões do deputado estadual Rodrigues Palma. Em novembro, foi eleito com 60% dos votos válidos.

Em dezembro, ao receber no Rio de Janeiro o título de cidadão fluminense, voltou a declarar-se contrário à eleição presidencial direta em 1986, argumentando que prejudicaria os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, que seria empossada em fevereiro de 1987.

Empossado em janeiro de 1986, conclamou os vereadores de todos os partidos para que colaborassem com seu governo, pois a prefeitura estava com os salários do funcionalismo atrasados e era devedora do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

Quando da reforma ministerial, em fevereiro de 1986, iniciaram-se no PMDB discussões em torno da duração do mandato de Sarney. Declarou que a solução dependeria “do desempenho da nova equipe ministerial durante o ano de 1986 e da redução das taxas de inflação”. Defendeu, também, que o mandato de Sarney deveria ser fixado pela Constituinte, manifestando-se contrário à tese da manutenção dos seis anos, como estabelecia a Constituição de 1967.

No Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário

Em maio de 1986, foi convidado pelo presidente José Sarney e aceitou assumir o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, em substituição a Nélson Ribeiro. Ao ser empossado, afirmou a disposição para o debate com os setores ligados à questão fundiária, com exceção da União Democrática Ruralista (UDR), criada por fazendeiros e que adotara “atitudes afrontosas contra o governo e contra o presidente José Sarney”. Afirmou também que o momento era de ação e de prática e que estava incumbido de implantar a reforma agrária com urgência e sem violência, dentro da lei.

O primeiro problema foi a escolha do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), sendo indicado o gaúcho Rubens Ilgenfritz.

Em outubro de 1986, foi interpelado judicialmente no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Associação dos Magistrados do Brasil e mais 13 juízes federais de São Paulo, para que explicasse declarações à imprensa responsabilizando a Justiça de primeira instância pelo atraso na execução do Plano Nacional de Reforma Agrária. Ainda nesse mês, reconheceu a existência de corrupção no INCRA e anunciou a divulgação de resultados de investigações de comissões de inquérito, até o fim do ano. Em novembro, defendeu a redução do mandato do presidente, ressalvando que esse assunto deveria ser amplamente discutido entre a liderança da Aliança Democrática e Sarney, antes de se levar uma proposta à Assembléia Nacional Constituinte. Defendeu também a realização de eleições exclusivas para presidente, sendo contrário à convocação do pleito para 1988, com as eleições para prefeitos.

No mês seguinte, foi iniciada uma crise envolvendo dirigentes do INCRA e o porta-voz da presidência, Fernando César Mesquita, que divulgara na imprensa denúncia de corrupção no órgão. Em 15 de dezembro, apresentou seu pedido de demissão do ministério, o que não foi aceito, tendo-se solucionado a crise com o afastamento do porta-voz.

Em março de 1987, na reunião da Executiva do PMDB, propôs a realização de um plebiscito interno para consultar as bases sobre a duração do mandato de Sarney e declarou a improbidade dos seis anos: “O atual governo sempre teve caráter de transitoriedade. Assim sendo, a Constituinte deveria fixar um mandato menor para o presidente ou até mesmo concluir pela convocação de diretas já ainda este ano, sem que isso se caracterize, como afirmam alguns, um golpe legislativo. Golpe é o mandato de seis anos.”

A defesa da duração de quatro anos para o mandato presidencial e a dificuldade de gerir o programa de reforma agrária culminaram, em 21 de maio, na saída do ministério. O pronunciamento feito por Sarney dias antes foi o estopim para o pedido de demissão. No discurso, o presidente estabeleceu seu mandato em cinco anos e exigiu que seus subordinados acatassem essa decisão. Ao deixar o cargo, Dante afirmou que não mais participaria da base de Sarney e que “o presidente atropelou a Assembléia Nacional Constituinte em sua soberania”.

No balanço de sua atuação no ministério, verificou-se que algumas das metas não foram cumpridas. Assentou apenas 23 mil famílias dentro da meta de 450 mil, fixada para 1986-1987. Em compensação, desapropriou 88 áreas para fins de reforma agrária — cerca de dois milhões de hectares —, enquanto todos os governos anteriores haviam desapropriado apenas 42. Durante a sua gestão, foram criadas oito varas de Justiça agrária. A pasta da Reforma Agrária foi ocupada pelo político pernambucano Marcos Freire.

Onze dias depois de pedir demissão, Dante de Oliveira reassumiu o mandato de prefeito de Cuiabá, com uma festa que reuniu os senadores Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, o deputado catarinense Luís Henrique, líder do PMDB na Câmara, e parlamentares de diversos estados. No exercício do cargo, enfrentou uma grave crise financeira, com salários dos funcionários atrasados e mais de 90% da receita comprometidos com a folha de pagamento.
Em janeiro de 1988, em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, manifestou-se a favor da realização de eleições presidenciais ainda naquele ano e voltou a defender a duração de quatro anos para o mandato presidencial. No fim do ano, atribuiu o mau desempenho do PMDB nas eleições municipais à “ambigüidade ideológica” do partido com relação ao governo Sarney e defendeu o confronto entre a esquerda e a direita do partido, na convenção que se realizaria em março de 1989.
Nas eleições presidenciais de 1989, combateu a proposta do deputado Ulisses Guimarães (PMDB) de formar uma frente contra os candidatos Leonel Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), e Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e defendeu o lançamento de candidato próprio do PMDB. Em fevereiro de 1990, desligou-se do PMDB e ingressou no PDT.
Em outubro de 1990, concorreu à Câmara pela coligação Frente Popular (PDT, PMDB, PT, Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), tendo sido o mais votado do estado, com 49.889 votos. Não conseguiu ser empossado, entretanto, pois a coligação não atingira o quociente eleitoral de 90 mil votos. Impetrou recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir o mandato, não obtendo sucesso.
Em outubro de 1992, foi eleito novamente prefeito de Cuiabá, com 68,2% dos votos válidos. Tomou posse em janeiro de 1993. No primeiro ano, conseguiu regularizar o pagamento dos salários do funcionalismo, atrasados quando assumiu o mandato, e negociou a rolagem da dívida municipal.
Governador do estado
Em maio de 1994, disputou o governo, apoiado por uma ampla aliança denominada Cidadania e Desenvolvimento, integrada pela Frente Popular Democrática, formada por PDT, PMDB, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), PCdoB, Partido Popular Socialista (PPS), PSB e PT, e pela Frentinha, integrada por Partido da Mobilização Nacional (PMN), Partido Social Cristão (PSC) e Partido Verde (PV). Embora a coligação contasse com o apoio de quatro dos candidatos à presidência — Luís Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Leonel Brizola (PDT) e Orestes Quércia (PMDB) —, declarou que pedia votos apenas para Brizola, candidato de seu partido.
Em 3 de outubro de 1994, foi eleito no primeiro turno, com 471.104 votos, cerca de 67% da votação no estado. Foi empossado em janeiro de 1995, encontrando a administração praticamente falida, somando uma dívida equivalente a mais de três anos da receita líquida e com atraso de três meses no pagamento do funcionalismo. Além disso, a folha de pagamento consumia 91% da receita estadual e fora aumentada em fins de 1994, em conseqüência da aprovação de um novo plano de cargos, carreiras e salários pelo ex-governador Júlio Campos.
Em março, suspendeu o pagamento da parte dos salários do funcionalismo que excedia a mil reais.
Em maio, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Licínio Stefani, entrou com pedido de intervenção federal no estado no Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de não se ter verificado repasse ao Judiciário da quantia correspondente aos salários de juízes e servidores estaduais em março, abril e maio.
Em julho, pagou a parcela dos salários do funcionalismo com títulos, chamados pela população de “pantanetas”, que podiam ser usados para desconto no Banco do Estado de Mato Grosso, no comércio e no pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em outubro, o Ministério Público Federal no estado apresentou ação de inconstitucionalidade contra esses títulos, por considerar que não havia garantia de liquidação dos débitos feitos pelo estado com o papel. No mesmo mês, o governo obteve empréstimo da Caixa Econômica Federal (CEF) para atender às necessidades financeiras.
Em novembro, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso pediu novamente a intervenção federal no estado, porque o governador não estava repassando para o Judiciário os duodécimos referentes a setembro e outubro, em conseqüência dos cortes no orçamento de 1995. Em dezembro, o estado devia quatro meses de salários e não havia previsão de pagamento do 13º. Com um empréstimo na CEF, pagou parcelas devidas ao Judiciário.
Em julho de 1996, solicitou ao Tesouro a suspensão do pagamento da dívida estadual com a CEF por 90 dias. Ainda nesse mês, o estado recebeu recursos do Banco Mundial, a fim de financiar o ajuste da máquina pública. Em agosto, foi o primeiro governador a conseguir renegociar a dívida do estado com o governo federal, reduzindo de 46% da receita líquida para 15% o comprometimento mensal com o Tesouro e obtendo ainda uma antecipação de receita da privatização das Centrais Elétricas Mato-Grossenses (Cemat), de 38,5 milhões de reais. O ajuste foi conseguido com um corte de dez mil funcionários, a redução em 16% do custeio da máquina administrativa e a redução do déficit de 238 milhões de reais para 130 milhões de reais.
Em janeiro, firmou com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o protocolo do acordo de reestruturação da dívida estadual, determinando o refinanciamento de 729 milhões de reais em 30 anos. O acordo previu a realização de um programa de ajuste que impediria a contratação de novas dívidas e a redução do débito global do estado até o equivalente à arrecadação anual. O contrato para o refinanciamento da dívida, que completou a operação, seria firmado com o ministro da Fazenda em exercício, Pedro Parente, em julho.
Ainda em janeiro de 1997, a Executiva Nacional do PDT anunciou que solicitaria a expulsão de Dante, em razão do apoio do governador à aprovação, no Congresso, do projeto de emenda constitucional que permitiu a reeleição para os cargos do executivo. Quando da votação, o governador teria pressionado a bancada federal para que votasse a favor da emenda da reeleição. Antes que fosse implementada qualquer medida punitiva, deixou a agremiação e, em abril, filiou-se ao PSDB.
Em novembro, privatizou a Cemat, com o apoio das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Disputou com sucesso a reeleição em outubro de 1998, por uma coligação formada por PSDB, PSB, PMN e PV, obtendo 53,95% dos votos válidos. Em dezembro, anunciou um amplo programa de reformas com o objetivo de ajustar as contas do estado. As medidas anunciadas teriam sido decididas a partir de um estudo do ajuste fiscal proposto pelo governo federal. Foram enviadas, ainda, ao Legislativo uma nova lei para o ICMS e uma lei complementar com alteração das alíquotas para o sistema previdenciário estadual.
Nesse novo mandato à frente do Executivo estadual, por foi substituído em três ocasiões pelo vice Márcio Lacerda, mediante licenças por ele mesmo solicitadas devido a sérios problemas de saúde, causados por diabetes e por uma diverticulite aguda. Entretanto, conseguiu completar o seu segundo mandato consecutivo como governador de Mato Grosso em 31 de dezembro de 2002.



ÚLTIMOS CAPÍTULOS
Em seu último ano de mandato, o governo de Dante foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver mais de 12 milhões de reais por superfaturamento nas obras de pavimentação da BR-163, que liga Mato Grosso ao Pará. Conforme a decisão do TCU, os preços chegaram a ser superfaturados em até 500%.
Além disso, o processo aberto contra ele por seu envolvimento no caso Usimar – juntamente com a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, do Partido da Frente Liberal (PFL) –  levou-o a tentar justificar para a grande imprensa por que ele, como governador e membro do Conselho Deliberativo da Amazônia (Condel), em dezembro de 1999 teria aprovado o financiamento no valor de 1,38 bilhão de reais, aprovado pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para a empresa Usimar, de propriedade de Roseana Sarney.
O projeto da Usimar chegou a ser classificado, pelos procuradores da Justiça, como “a fábrica de autopeças mais cara do mundo”: a Audi, por exemplo, teria investido 800 milhões de reais na fábrica de automóveis situada no Paraná. Segundo Dante de Oliveira, nessa reunião que afinal aprovou o projeto de Roseana – com o voto favorável dele – teria sido uma “reunião relâmpago”. Outro argumento também utilizado por Dante consistiu em que, na mencionada reunião, não teria sido lido o parecer do Ministério da Fazenda que apontava irregularidades nesse financiamento.
Todavia, não foi descartado o fato de que o voto favorável dado ao empreendimento de Roseana Sarney, por parte de Dante de Oliveira, teria “laços de gratidão”: a família de Dante tinha negócios em sociedade com a família de Roseana (empresários Armando de Oliveira, irmão de Dante, e Fernando Sarney, irmão de Roseana). E mais do que isso: Dante devia, ainda, ao ex-presidente José Sarney, o favor da sua indicação, em 1986, para o Ministério Extraordinário da Reforma Agrária.
Nos bastidores dessa história política, há informações de que o então presidente Sarney teria convidado Dante para o tal ministério como solução do tipo “válvula de escape”: para que o PMDB pudesse livrar Dante, pelo menos temporariamente, da desastrada administração que vinha realizando como prefeito de Cuiabá. Segundo a imprensa local, essa estratégia adotada teria dado certo: Dante acabou ficando pouco mais de um ano no ministério. Nesse período, a prefeitura de Cuiabá foi assumida pelo vice, coronel José Meireles, e parte dos problemas financeiros então existentes foram até sanados. Assim, portanto, Dante não interessava mais ao governo do presidente Sarney, mas foi substituído por ter sido incompetente no desempenho do cargo – segundo afirmações do ex-deputado Osvaldo Sobrinho, adversário de Dante na campanha ao governo estadual em 1994.
Nas eleições realizadas em outubro de 2002, o ex-governador acabou recebendo a sua primeira “condenação”: foi rejeitado pelo povo nas urnas, fracassando em sua tentativa de tentar uma vaga no Senado Federal na legenda do PSDB.
Em um dos últimos capítulos de sua carreira política, Dante chegou a sofrer a acusação de que o "comendador" João Arcanjo Ribeiro – preso em Cuiabá após ser condenado por liderar o crime organizado em Mato Grosso – bancara sua campanha à reeleição nas eleições de outubro de 1998, na qual havia conquistado o seu primeiro mandato à frente do governo estadual. O autor da acusação, efetuada em depoimento à Justiça Federal em 2003 e sempre negada por Dante, foi o ex-gerente Arcanjo Nilson Teixeira.
Dante ainda chegou a lançar uma nova candidatura a deputado federal, pelo PSDB, nas eleições programadas para outubro de 2006, porém veio a falecer em Cuiabá, ainda em plena campanha, em decorrência de uma infecção generalizada no dia 6 de julho de 2006, aos 54 anos de idade.
Era casado com Telma Pimentel Figueiredo de Oliveira, por ele nomeada secretária de Promoção Social durante sua primeira gestão à frente da prefeitura de Cuiabá (de 1985 a 1988) e, posteriormente, deputada federal por Mato Grosso na legenda do PSDB – eleita, pela primeira vez, em outubro de 2002, para a legislatura 2003-2007, e  reeleita em outubro de 2006, para a legislatura 2007-2011".


FONTE: Cristiane Jalles, Maria Letícia Correia e Arnaldo Marques, Dante Martins de Oliveira, Dante Martins de Oliveira, CPDOC/FGV.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...