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sábado, 5 de março de 2011

11 de agosto



11 de agosto

1797 Ricardo Franco assume o forte de Coimbra

Ao tomar posse o capitão-general Caetano Pinto de Miranda Montenegro, como governador da capitania de Mato Grosso, em 1795, “deterioravam-se as relações entre Portugal e Espanha em consequência das guerras napoleônicas, o primeiro aliado à Inglaterra e o segundo à França. Forçosamente os acontecimentos iriam repercutir nas colônias americanas. Tornava-se necessária a maior vigilância na fronteira meridional da capitania, para a qual o gabinete do reino chamava de contínuo as atenções do governo instalado em Vila Bela. De tal modo considerou-se grave a situação no setor que Caetano Pinto julgou de bom alvitre deslocar para o comando do baixo Paraguai e do presídio de Coimbra o mais competente de seus auxiliares: Ricardo Franco de Almeida Serra. Com este ato ficava-lhe também afeta a praça de Albuquerque.

Ricardo Franco partiu, sem demora, da Capital, por via terreste até Cuiabá e fluvial até Coimbra, enquanto simultaneamente desciam tropas para reforço dos efetivos. (...)


A 11 de agosto de 1797 Ricardo Franco assumia o comando do presídio, para se atirar decisivamente às obras do novo forte, com o lançamento da pedra fundamental a 3 de novembro seguinte. Substituía no posto o tenente Francisco Rodrigues do Prado que, em princípios de outubro, seguiria para o Mondego, em cuja margem direita lançaria os alicerces de Miranda, provavelmente a 3 de novembro de 1797, data que relembrava o primeiro ano da chegada de Caetano Pinto a Vila Bela e que Ricardo Franco aproveitara para homenagear o governador. Com o levantamento desses dois redutos, tivera-se em mira embargar a eventual progressão inimiga através do rio Paraguai e do vale do Miranda, como passar a denominar-se o Mbotetei e o Mondego, também em honra ao 6º governador.” 


Ricardo Franco é um dos quatro heróis do hino de Mato Grosso do Sul. Os outros são Camisão, Vespasiano e o tenente Antonio João.


FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd. Página 42. IMAGEM: http://www.br429.net/institucional.php



11 de agosto



1826 – Langsdorf chega ao rio Paraná

A entrada da missão científica russa no caudaloso rio na divisa de Mato Grosso com São Paulo é lembrada por um de seus mais famosos integrantes,o pintor francês Hercules Florence (foto):

Dia 11. De manhã partimos e, depois de uma légua de viagem, fomos abicar pouco aquém da embocadura do Tietê com o Paraná. Já estávamos então na região dos índios Caiapós, cuja aldeia fica na margem deste rio em ponto quase fronteiro à foz do Tietê, um pouco acima. (...)


Querendo visitar o salto de Urubupungá, grande queda do Paraná sita duas léguas acima da boca do Tietê e famosa entre os viajantes destes desertos, deixamos à nossa espera a monção e, levando o guia conosco, partimos em dois batelões. Quinze minutos depois, vimos o Paraná. Tínhamos na nossa frente o último estirão do Tietê e abria-se ante nós aquele caudal cuja largura é aí de um quarto de légua, parecendo ainda maior por ser a margem de lá extremamente baixa. 


O sentimento que experimentei, ao contemplar tão vasta extensão d’água e a riba distante, lembrou-me o abalo que recebe o viajante quando divisa, mar alto, as costas que demanda. Se essa é a França, então seu coração estremece jubiloso ao pensar nos gozos já próximos que lhe franqueia aquele belo país, tão adiantado em civilização; aqui, porém, só podíamos ver selvagens e míseras tocas, espetáculo ainda assim cheio de interesse e novidade para quem quer estudar o homem em seu tipo primitivo.


Para nós aquele momento foi de verdadeira festa. Além do prazer que sentíamos em descansar os olhos sobre a superfície desse grande e novo rio ao sair do penoso Tietê, na grata alegria de nossos camaradas tínhamos novos motivos de satisfação. 



FONTE: Hércules Florence, Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, SP, 1941, página 34. (imagem: Pró-Memória de Campinas http://glo.bo/h1Qilu)


11 de agosto

1899 - Assembleia proclama resultado eleitoral

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso conclui apuração de eleição extraordinária para o governo do Estado, realizada em 20 de julho, consequente da anulação do pleito que elegeu o candidato João Felix Peixoto de Azevedo, candidato apoiado por Generoso Ponce. Foram proclamados eleitos pelo presidente Joaquim Sulpício de Cerqueira Caldas os seguintes candidatos: presidente coronel Antonio Pedro Alves de Barros; 1° vice-presidente coronel João Paes de Barros; 2° vice-presidente coronel João Ferreira Mascarenhas; e 3° vice-presidente coronel Estevão Alves Correa.

Estava oficialmente inaugurada a era Totó Paes que duraria até 1906.

FONTE: Gazeta Official, (Cuiabá), 12 de agosto de 1899.



2009 - Eletrosul lança hidrelétrica em Mato Grosso do Sul






A Eletrosul Centrais Elétricas S/A e o Consórcio São Domingos (composto pelas empresas Engevix e Galvão) e o Governo do Estado, assinam no dia 11 de agosto (terça-feira), às 9h30, no auditório da Casa da Indústria – FIEMS, em Campo Grande, a Ordem de Serviço que dará inicio às obras da Usina Hidrelétrica São Domingos no Mato Grosso do Sul.
Este é o primeiro empreendimento da Eletrosul na área de geração de energia no Mato Grosso Sul desde 1980, ano em que a empresa iniciou as atividades no Estado, direcionadas para a transmissão de energia em alta tensão. A Usina Hidrelétrica São Domingos (UHSD) terá uma potência instalada de 48 MW e energia assegurada de 36,9 MW médios. Com esta potência será capaz de gerar anualmente 323,25 GWh, e segundo cálculos da empresa, a energia assegurada de 36,9 MW, é capaz de alimentar uma cidade de até 210 mil domicílios ou, atender em média, 700 mil pessoas.
Localizada a 268 quilômetros de Campo Grande, a Usina Hidrelétrica de São Domingos será construída na confluência do rio Verde e São Domingos, na divisa dos municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo (região leste do MS), com acesso pela MS-324, em Água Clara.
Os investimentos previstos são da ordem de R$ 290 milhões, sendo mais um empreendimento da Eletrosul inserido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, devendo entrar em operação em 2011, já com 100% de geração, comercializada.
Características: a UHE São Domingos será uma usina de “fio d’água”. Ou seja, seu reservatório tem somente a função de manter o desnível necessário para a geração de energia. A usina será constituída de uma barragem que utilizará um canal de adução para conduzir a água até a casa de força, de forma a aproveitar a queda natural do rio Verde.
A estimativa é que com o empreendimento sejam gerados aproximadamente 1,5 mil empregos diretos e indiretos, beneficiando principalmente os municípios de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, por serem municípios-sede da usina. Também deverá gerar aproximadamente 9 milhões anuais em ICMS.

A empresa – A Eletrosul Centrais Elétricas S.A. é a subsidiária da Eletrobrás que atua na transmissão e geração de energia elétrica nos estados do RS, SC, PR e MS. Com sede em Florianópolis (SC), a empresa possui uma série de empreendimentos em andamento, entre eles, a construção da Usina São Domingos no MS, a Usina Hidrelétrica Mauá (361 MW), que está sendo construída nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira no Paraná e na região de Rondônia, está construindo a Usina Jirau (3.300MW)  em parceria com outras empresas  e que abastecerá cerca de 10 milhões de residências. Também no Rio Grande do Sul estão em andamento às obras da Usina Passo São João (de 77MW) e em Santa Catarina, a empresa possuiu 10 projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas, como a Barra do Rio Chapéu, localizada no Sul catarinense, que está em construção. As demais se encontram na fase de projeto.

Veja entrevista do presidente da Eletrosul sobre o assunto:




A usina entrou em operação em 14 de junho de 2013, segundo boletim da Eletrobrás:

14/06/2013Eletrosul inicia operação de hidrelétrica no Mato Grosso do Sul

Usina São Domingos recebeu mais de R$ 485 milhões em investimento
A Eletrosul colocou em operação comercial, nesta sexta-feira (14), a primeira unidade geradora da Usina Hidrelétrica São Domingos, no Leste do Mato Grosso do Sul. Aproveitando o potencial hidrelétrico do rio Verde, nos municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, o empreendimento conta com duas unidades geradoras com capacidade instalada total de 48 megawatts (MW), suficiente para atender ao consumo de aproximadamente 550 mil habitantes.
"A Usina São Domingos foi um projeto difícil, com muitos desafios técnicos, que conseguimos superar. O início da operação da primeira unidade geradora é muito gratificante. Estamos bastante otimistas com o desempenho operacional da primeira máquina e trabalhando no comissionamento do segundo conjunto gerador para colocá-lo em operação comercial ainda em 2013. Este é o ano da consolidação da Eletrosul como geradora de energia", avaliou o diretor de Engenharia e Operação, Ronaldo dos Santos Custódio.
Com investimento na ordem de R$ 485 milhões, a Usina São Domingos é o maior empreendimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Mato Grosso do Sul. Somente em projetos socioambientais, foram investidos cerca de R$ 14 milhões.
Nos próximos 30 anos, os municípios da área de abrangência da usina receberão uma compensação financeira, no valor de R$ 21,5 milhões, pela utilização dos recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica. O Estado recebe a mesma quantia e a União, R$ 4,7 milhões, totalizando R$ 47,7 milhões. Com o início da operação da usina, a expectativa é de que novos investidores se instalem na região, favorecendo o desenvolvimento socioeconômico das cidades do entorno do empreendimento. Durante as obras, foram gerados aproximadamente 2 mil empregos diretos e indiretos.
O empreendimento
Com 32 metros de altura, a barragem da usina forma um reservatório com área de aproximadamente 19 quilômetros quadrados e volume de 131 milhões de metros cúbicos. O canal, de 400 metros de comprimento por 6 metros de profundidade, e todo o barramento são revestidos em manta de polietileno de alta densidade (PEAD), dando um aspecto exclusivo à obra.
"Diferente de empreendimentos que utilizam métodos convencionais com concreto ou solo argiloso protegido por rochas, a São Domingos é a primeira usina hidrelétrica do Brasil a adotar essa técnica no barramento, que viabilizou a construção do reservatório em terreno arenoso, característico da região", detalha o engenheiro responsável pela obra, André Batistela Ribeiro. O escoamento da energia é feito por uma linha de transmissão (138 kV) de 53 quilômetros até a Subestação Água Clara, pertencente à Enersul, conectando a usina ao Sistema Interligado Nacional (SIN).


FONTE: Eletrosul:http://bit.ly/hAmU7B  Vídeohttp://viamorena.com

FOTO: Maricleyde Vasques.

sexta-feira, 4 de março de 2011

26 de julho

26 de julho

1866 – Morre Chichorro da Gama


Chichorro da Gama é o primeiro da esquerda para a direita (sentado). Taunay é  o segundo
da esquerda para a direita (em pé)


Vítima da perneira, ou beri-beri, uma paralisia dos membros inferiores, que “rouba-nos vidas preciosas, e em menos de quarenta dias oito oficiais sucumbem”, faleceu no Taboco, o tenente da comissão de engenheiros da força brasileira Joaquim José Pinto Chichorro da Gama, colega de Taunay, que o eleva à condição de herói e mártir:

...estão bem presentes à memória dos companheiros de campanha os verdadeiros atos de heroísmo que praticou para cumprir exatamente com os seus deveres militares. Atacado logo em princípio da viagem, em S. Paulo, de gravíssima pneumonia, não quis ouvir falar em volta. Mal sarado montou a cavalo e seguiu com a expedição. Restabeleceu-se afinal, mas ao chegar ao Coxim, novamente esteve às portas da morte com outra enfermidade longa e violenta. Instado, rogado para que voltasse para a corte, a nada quis atender. – Prefiro morrer aqui, dizia ele, a dar um passo para trás.

Nas marchas afrontava todos os incômodos: a nada se poupava, e quando no rio Negro viu que o chefe da comissão de engenheiros os seus colegas de propósito o arredavam de comissões mais arriscadas, exigiu que fossem nivelados todos os direitos e, tomando a peito romper pela água um caminho para a força, atirou-se com um companheiro aos pantanais e varou-os. Quando voltou caiu para não mais se levantar.

Foi enterrado no Taboco em lugar bento e assinalado por uma cruz e um cercado. Entretanto, meses depois o proprietário daquela fazenda cometeu o sacrilégio de mandar derrubar o símbolo sagrado que protegia a guarida eterna daquele lidador que tanto lutara contra sorte infausta.

FONTE: Taunay, Em Mato Grosso invadido, Edições Melhoramentos, São Paulo, sd., página 74.




26 de julho

1905 – Rondon passa por Ponta Porã



Acampamento do major Cândido Mariano da Silva Rondon e sua comitiva



Em sua viagem de inspeção ao Sul do Estado, após a extensão da linha telegráfica até Bela Vista, Rondon chega a Ponta Porã, “povoado com rancharia de zinco e capim, numa planície imensa, sem rio que o abastecesse, apenas uma lagoa para servidão pública. Havia, entretanto, nos arredores, cabeceiras que poderiam fornecer boa água aqueles 1000 habitantes. O comércio fazia-se com Concepcion, através da célebre picada de Ciriguello, por onde passou Lopes na retirada para Cerro Corá. Era a parte de Ponta Porã pertencente ao Paraguai, muito maior que a parte brasileira e chama-se hoje Juan Caballero, nome do patriarca da independência daquele país.”

FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 195.


26 de julho

1926 – Inaugurado o G.E. Joaquim Murtinho



Ginásio Joaquim Murtinho em seu primeiro aniversário
Tendo sua pedra fundamental lançada em junho de 1920, pelo presidente Dom Aquino Correa, em sua visita a Campo Grande, é finalmente, entregue o prédio do primeiro grupo escolar de Campo Grande, construído pelo português Luis Lousinha, no governo de Estêvão Alves Correa, tendo como encarregado dos trabalhos o coronel Antero Paes de Barros.

O seu primeiro diretor foi o professor paulista Bartolomeu Lopes dos Santos.

FONTE: Paulo Coelho Machado, A grande avenida, Funcesp/UBE, Campo Grande, 2000, página 342.


26 de julho

1974 - Deputado assassinado em Chapada dos Guimarães



Aos 45 anos é assassinado em Chapada dos Guimarães, o deputado federal Emanuel Pinheiro (Arena-MT). Sua morte teve repercussão nacional:

"Foi assassinado hoje por volta das 13 horas, nesta cidade, o deputado federal Emanuel Pinheiro com seis tiros, pelas costas. O assassino, João Lopes, esposo da ex-prefeita de Chapada dos Guimarães, entregou-se às autoridades, sendo imediatamente recolhido à penitenciária local e, após transferido para Cuiabá. Nada foi revelado sobre os motivos que levaram o homicida a cometer o bárbaro crime.

Com o assassinato do deputado Emanuel Pinheiro assumirá a vaga na Câmara dos Deputados, o suplente arenista Edyl Ferraz.

O deputado Emanuel Pinheiro foi nas últimas eleições o quarto deputado federal mais votado, com 21 mil votos. Os três outros foram Garcia Neto com 32 mil votos, Ubaldo Barém com 23 mil votos e Marcílio Lima, com 22 mil votos.

O deputado assassinado na cidade de Chapada dos Guimarães, nasceu na capital do Estado, Cuiabá, no ano de 1929. No próximo dia primeiro de agosto deveria completar 45 anos de idade. Exerceu em Mato Grosso as profissões de advogado e professor e o cargo de procurador.

Emanuel Pinheiro deixa viúva a sra. Maria Helena Freitas Pinheiro e órfãos: Helena Maria, Marco Antonio, Marco Túlio, Emanuel Júnior e Marco Polo.

CARREIRA

A vida pública do deputado Emanuel Pinheiro foi marcada pelos seguintes fatos, depois de ter exercido durante vários anos o cargo de arquivista da prefeitura de Cuiabá, foi eleito deputado estadual por duas legislaturas de 1963 a 1967 e de 1967 a 1971, tendo nesta segunda legislatura exercido as funções de presidente da Assembleia Legislativa em 1970 - novembro - foi eleito deputado federal mais votado.

Em Brasília era membro das comissões de Educação e Cultura e do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste e suplente da comissão de Constituição e Justiça.

Emanuel Pinheiro tinha dois títulos de cidadania concedidos pelos municípios de N.S. do Livramento e Jaciara, ambos em Mato Grosso".


FONTE: Correio Brazieliense (Brasília) 27 de julho de 1974. 



20 de julho

20 de julho


1910Criada comarca de Campo Grande


Arlindo de Andrade com o presidente Pedro Celestino
Por força da lei n. 549, sancionada pelo presidente Pedro Celestino Correa da Costa, a vila de Campo Grande é elevada à categoria de comarca especial.
O artigo 2° da lei dispunha: "Formarão a Comarca de Campo Grande o município deste nome e o distrito de Vacaria, para esse fim desanexado da Comarca de Nioaque, conservando um e outro atuais". 

O primeiro juiz, Arlindo de Andrade Gomes, foi nomeado em 16 de março de 1911 e a instalação oficial da nova comarca ocorreu em 12 de maio seguinte.



FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980. Página 99.


20 de julho


1911 - Bento Xavier reconhece a derrota na batalha final contra o major Gomes


De Vila Conceição, no Paraguai, onde se refugiou depois da luta decisiva com o major Gomes, Bento Xavier, em publicação no jornal O Tempo, de Assunção, transcrita pelo Correio do Estado (de Corumbá), explica a incursão, detalha os confrontos e reconhece a derrota:

No dia 1° de junho, a 1 hora da madrugada, passei a fronteira com 19 companheiros. A 1 hora da tarde desse mesmo dia, encontramo-nos com um piquete da polícia do Estado, comandado pelo capitão Reginaldo de Mattos. Travou-se a luta, ficando morto o capitão Mattos e ferido um de seus soldados, com a perna quebrada. Ficaram dois prisioneiros em meu poder, aos quais pus em liberdade para que conduzissem seu companheiro ferido até a casa mais próxima.

Daí seguimos em direção a Aquidauana, onde chegamos a 11 do mesmo mês de junho. A 16, encontrando-nos no lugar denominado Areias, dando pasto aos nossos cavalos encilhados, fomos surpreendidos pelos governistas. Toda nossa cavalhada fugiu, ficando a pé os meus soldados, em número de 120 homens mal armados. Apesar disto, consegui organizar 50 de meus antigos companheiros com armas e empreendi a retirada, perdendo apenas um homem e fazendo várias baixas no inimigo. Consegui também recolher 33 dos meus cavalos encilhados.

Depois, acompanhado de um de meus amigos, dirigi-me ao encontro de uma força de 80 homens, comandada pelo capitão Ozório de Baires, que era meu partidário, para ir em busca do inimigo. Como não encontrei Baires, segui até Ponta Porã, onde também contava com alguns elementos. Estando já de regresso, a 21 fui informado por meu filho mais velho Antonio Xavier da Silva, que se tinha encontrado nas imediações de Bela Vista, na estância de minha propriedade, com uma força de 78 homens comandados pelo delegado de polícia Álvaro Brandão.

Assim que avistei-me com essa força travamos luta. O delegado viu-se obrigado a retirar-se precipitadamente, alcançando os currais da estância onde entrincheirou-se. Entretanto teve de abandonar também a posição, deixando cinco mortos e onze armas de fogo com algumas munições. Não foi mais perseguida essa força porque as minhas tinham ordem terminante de não perseguir o inimigo já derrotado.

Nesse mesmo dia segui para incorporar-me à minha gente acampada na Estrela, defronte da estância dos srs. Quevedo. Desse ponto fui para adiante comandando 50 homens. A 23 encontrei-me com uma força adversária de 200 soldados, mais ou menos, e como o encontro deu-se em uma lombada limpa e as tropas estavam muito perto uma da outra, não pude evitar o combate. Mandei, então, carregar sobre o inimigo para ver se conseguia envolver a cabeça da coluna.

Meu plano foi burlado pelo inimigo que já nos tinha descoberto e era muito superior a nós em número e armamento. Assim é que os governistas, não podendo retroceder, carregaram também sobre nós, dando-se uma pequena refrega da qual resultaram várias baixas de ambas as partes.

Vi-me, assim, obrigado a retirar-me, deixando a vitória aos adversários.


Esta é a expressão da verdade.²


FONTE: Correio do Estado (Corumbá) 20 de julho de 1911.



20 de julho

1932 - Instalada comissão revolucionária de Ponta Porã



Lício Borralho, de gravata, prefeito de Ponta Porã em 1932

Políticos e autoridades militares de Ponta Porã instalam a comissão revolucionária do município em apoio à guerra civil paulista, deflagrada no dia 9 e que tinha como comandante formal o general Klinger, até então comandante da 9a. Circunscrição Militar de Mato Grosso, com sede em Campo Grande. O acontecimento foi registrado na seguinte

Ata de instalação da Comissão Revolucionária do Município de Ponta Porã. Aos vinte dias do mês de julho de mil novecentos e trinta e dois, em a sala de audiência da Prefeitura Municipal desta localidade, reuniu-se pela primeira vez, com o objetivo de dar início aos seus trabalhos, a comissão especialmente aclamada pelos representantes das diversas correntes políticas do município, para formar a frente única revolucionária. Sob a presidência do senhor Doutor Raphael Bandeira e com a presença dos senhores comissários Doutor Lício Borralho, Prefeito Municipal, senhor José Pinto Costa e senhor Waldemiro Correa, foi declarada aberta a sessão. Em seguida foi pelo Doutor Raphael Bandeira, Delegado Militar do Município, numa oração cheia de patriotismo, explicado o fim da criação da referida Comissão, salientando que os seus trabalhos se destinavam a coordenar os esforços de todos os elementos revolucionários locais para a obtenção da vitória da Revolução Pró-Constituição Nacional, merecendo essas suas afirmações a mais completa afirmação, não só dos senhores comissários, como também dos demais presentes. Pelo secretário da Comissão foi lida, depois, a ata da reunião levada a efeito no Hotel Brasil, ontem nesta cidade, sob a presidência do senhor Tenente Coronel Francisco Jaguaribe Gomes de Mattos, em a qual foi designada, com aprovação do Comando 11 RCI, a aludida Junta Revolucionária.

E, após ser lida, também, a portaria baixada pelo mesmo Comando Militar, nomeando o senhor Doutor Raphael Bandeira, para desempenhar as funções de Delegado Militar do Município, foi encerrada a sessão. Nada mais havendo para constar, foi por mim, Adolph Calandrini Alves de Souza, servido de secretário, lavrada esta ata que vai assinada por todos os presentes e por mim subscrita.

(ass) Raphael Bandeira Teixeira, José Pinto Costa, Wlademiro Correa, Lício Borralho, Waldomiro Silveira, Eurindo Neves, Arthur Mendes Rocha, Roberto C. Teixeira, Alcindo de Figueiredo, H. Coutinho, Lourenço Gomes Monteiro, Nicoláo Baes Alliende, Glicério Póvoas, Salustio Otávio de Araújo, Antonio Moreira, Arnaldo Moreira, Arthur Gomes Maia, Carlos Souza, Ataliba Fagundes, Heitor Ferreira, Antonio de Souza Góis, Angelo Moreno, Lídio Lima, Antenor Neves, Bertholino Belarmino da Silva, Alberto Linhares Bentenmüller, Cristobal Lechuga, Jacinto Coelho de Souza, José Maria do Nascimento, Marcelino Lima, Achiles Verlangieri, José Manvailer, Hermenegildo da Costa Lima, Laurindo S. Marques, João Baptista de Souza e Adolph Calandrini Alves de Souza.


FONTE: Arquivo Público Estadual, Boletim nº 2 da Comissão Revolucionária de Ponta Porã, in Mato Grosso do Sul - trajetória 30 anos, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2007, página 50. 

FOTO: do acervo de Yhuld Giovani Bueno.




20 de julho

1933 - Dom Vicente Priante nomeado 5° bispo de Corumbá




Realizou-se na capital paulista a sagração solene de dom Vicente Priante, elevado a bispo da diocese de Corumbá, por bula do papa Pio XI. Dom Priante assume a diocese, após mais de um ano de vacância, com a promoção de Dom Antonio de Almeida Lustosa para o arcebispado de Belém do Pará.

Salesiano, natural de Barra Mansa, onde nasceu a 17 de maio de 1883, cursou humanidades no Colégio Santa Rosa, de Niteroi. Em 1903 na Congregação salesiana recebeu o hábito do padre Carlos Peretto, inspetor das Casas Salesianas do Sul do Brasil.

De 1906 a 19012 exerceu o magistério, como professor e assistente nos colégios de Niteroi e Lorena. Em 1919 recebeu a consagração sacerdotal das mãos de dom Epaminondas d'Ávila, bispo de Taubaté e foi para a Casa de Jaboatão, em Pernambuco, como diretor, sendo transferido em seguida para o Colégio de São João, em Campinas, entidade que dirigiu até 1922. Ainda em Campinas foi diretor do Liceu N.S. Auxiliadora, até 1926, data em que a pedido do bispo de Uberada, dom Antonio de Almeida Lustosa, transferiu-se para a paróquia de São Domingos do Araxá.

Suas últimas atividades, antes de tornar-se bispo de Corumbá, desenvolveram-se na direção do Instituto Dom Bosco, em São Paulo, tendo aos seus cuidados a paróquia de Maria Auxiliadora, do Bom Retiro, bairro paulistano.


FONTE: Jornal do Commercio (Campo Grande), 30 de julho de 1933.

FOTO: acervo da Diocese de Corumbá.


20 de julho

1959 - Executado vereador que denunciou contrabando 






É assassinado em Corumbá na noite de 20 de julho de 1959,o vereador Edu Rocha (PSD). O principal suspeito como mandante do crime foi o chefe da alfândega da cidade, Carivaldo Salles, denunciado pelo edil como chefe de uma quadrilha de contrabandistas de automóveis. As denúncias veiculadas pela revista "O Cruzeiro", então o principal orgão da imprensa brasileira, ganharam repercussão nacionalO homicídio, segundo a revista carioca, ocorreu por volta das 21,30 h e foi descrito em detalhes:

Nessa noite havia sessão na Câmara de vereadores local. Edu Rocha era o líder da bancada pessedista e também o vereador mais votado do município. Já exercera as funções de presidente dcâmara e era apontado como o mais forte candidato a prefeito da cidade. Nessa noite, Carivaldo Salles, que nunca antes comparecera à câmara, assistiu à sessão, desde o começo e quase até o fim. Estava extremamente nervoso. Fumava um cigarro após outro. Durante todo o tempo em que permaneceu no recinto pelas janelas da câmara podia-se ver, furtivamente, a cabeça de elementos notoriamente apontados como pertencentes à "gangde contabandistas. Esses capangas olhavam para dentro do recinto, de soslaio, pelos cantos das janelas, um de cada vez, como se revezando na tarefa de dar cobertura ao "chefe" em caso de algum imprevisto. Quando Edu Rocha terminou seu discurso sobre assunto rotineiro da vida da cidade (nome a ser dado a uma praça pública), Carivaldo saiu e foi sentar-se em seu automóvel vermelho e capota cinza. Tal qual uma fera traiçoeira, ali fora esperar sua vítima. As declarações de numerosas testemunhas permitem compor fielmente o cenário do crime: o "jeep" de Edu Rocha estava estacionado diante da residência da sra. Laura Provenzano, ao lado da Câmara de Vereadores. A uns 5 metros adiante do "jeep", de frente para este e inclusive na contramão), estava parado, sob uma árvore, o carro de Carivaldo. No volante do automóvel, vigiava o capanga do inspetor, de nome César Aral, vulgo "Papito", pistoleiro de má fama e temido pela sua periculosidade. Viera do Paraguai, e em Corumbá prestava serviços a Carivaldo como guarda-costas e como motorista. No assento traseiro do veículo, meio oculto na penumbra, Carivaldo, que abandonara o recinto da Câmara antes do término da sessão, esperava a hora do drama. Quando os vereadores sairam, no final dos trabalhos, muitos deles permaneceram na calçada, conversando em grupos. Edu Rocha e seu colega Arquibaldo Andrade foram os últimos a deixar a porta da Câmara. Palestraram sozinhos durante alguns instantes, e, por fim, a convite de Edu, resolveram tomar um cafezinho. Edu passou por trás do seu "jeep" para alcançar o lado esquerdo do veículo. Quando abriu a porta para sentar-se ao volante, ouviu-se a rajada fatal, entrecortada por um gemido fraco. Arquibaldo Andrade, que se aprestava para entrar no "jeep" pela porta direita, mal teve tempo de voltar a cabeça e ainda assim sentiu grãos de pólvora bateram em seu rosto como chuvisco. Nesse momentoo porteiro da Câmara, Feliciano Rodrigues, que fechava a porta do edifício, caia ao chão, contorcendo-se em dores e pedindo socorro. Arquibaldo Andrade pode ver o carro vermelho de Carivaldo arrancar em debalada carreira, desaparecendo no fim da praça. Ao correr para pedir socorro, Arquibaldo viu, saindo de "um ponto qualquer do jardim", o lugar-tenente de Carivaldo, o valentão Artigas Vilalva, de quem tanto falamos em nossas reportagens sobre o contrabando. (...) 

Ao tombar ao solo, Edu Rocha já não tinha mais vida. Não era para menos. A rajada de metralhadora foi disparada quase à queima roupa, a mais ou menos dois metros de distância, de vez que o carro do assassino passou rente ao jipe do vereador. A metralhadora empregada foi do tipo "piripipi", muito usada na Bolívia e Paraguai. O laudo do exame cadavérico, assinado  pelos cirurgiões que autopsiaram o corpo de Edu, atesta a brutalidade do crime. O vereador foi atravessado por 5 balas que penetraram: a) na boca, destruindo os incisivos superiores;b) na região frontal esquerda; c) na região frontal direita;d) na região external (peito) no seu terço médio; e) na região paraexternal esquerda, para dentro da linha mediana.


Levado a juri em 24 de outubro de 1963, Carinaldo foi absolvido por 5 a 2.



FONTE: Revista O Cruzeiro (RJ), 27 de agosto de 1959.



20 de julho


1972 - Vingança tardia: a morte do coronel Couto

Foi morto a tiro em Campo Grande, aos 44 anos, o coronel PM Benedito Campos Couto. Sua morte, teria sido um ato de vingança, segundo confidenciou a amigos o seu autor antes de cometê-la. Réu confesso do assassinato do vereador Hans Peters, de Terenos, no início da década de 60, Antonio Estevão de Marães, o Antonio Verdureiro, entregou-se à polícia em Campo Grande, logo em seguida ao homicídio. Na delegacia, cujo titular era o então major Benedito de Campos Couto, denunciou espancamento, o qual teria tido a participação direta de delegado, ocasionando-lhe, entre outras lesões, um processo irreversível de perda das funções sexuais.

Cumprida a pena, Marães, como havia jurado na cadeia, matou com um tiro de revólver o coronel Couto. O crime mobilizou a PM do Estado inteiro, a partir de Campo Grande com a finalidade de capturar o assassino, encontrado em poucas horas e, ao reagir - segundo a versão da polícia - recebeu uma saraivada de tiros, vindo a falecer horas depois na Santa Casa.¹

QUEM ERA O CORONEL - O coronel Benedito Campos Couto era uma figura legendária da polícia militar de Mato Grosso. Nascido em Cuiabá, cursou a Academia de Polícia do Barro Branco em São Paulo. Como capitão assumiu a Delegacia de Polícia e o comando do destacamento policial do município. No governo de Fernando Correa da Costa (1960-1965) atingiu o cargo de delegado especial da zona Sul de Mato Grosso, com 34 delegacias sob sua jurisdição.²

Considerado herói da corporação, por lei estadual, sancionada pelo governador Reinaldo Azambuja, o coronel Couto dá nome ao 1° Batalhão da PM e a uma rua em Campo Grande.


FONTE: ¹Barbosa, Eronildo, Sindicalismo no Sul de Mato Grosso 1920-1980, Campo Grande, página 110; ²Informações do site Midiamax, Campo Grande, 02/09/2020.

terça-feira, 1 de março de 2011

13 de julho

13 de julho


1867 - Paraguai festeja final da retirada da Laguna






Em seu relatório sobre a retirada de Laguna, publicado no órgão oficial do governo, o Paraguai contabilizou a marcha da coluna brasileira como vitória da falange Paraguaia do Norte e felicitou seus soldados como verdadeiros heróis:

El ejercito que venia a apoderarse de nuestras poblaciones, esclavizar nuestras famílias, y trazer su linea divisoria, despedazando nuestro pais, há sucumbido a la aparicion de la falange Paraguaia del Norte. Ella puede decir, como César, llegué, vi, venci.

El desastre de ese Ejército repercutirá com un golpe terrible sobre el ambicioso Emperador, que vê desecha una de sus mas grandes esperanzas, y le llevará una conviccion mas de que sus esclavos jamas conquistaran la tierra de los libres.

Estamos poes de felicitaciones por el importante suceso que acaba de alcanzar el esfuerzo de nuestro brazo: es una venganza terible que debe horrorizar el invasor y echar por tierra su espírito abatido.

Felicitamos ardentemente a la Pátria por la nueva glória, y al Gefe Supremo de la República, cuya prevision y tino guerreiro ha arrancado del enemigo tan valioso laurel.

Felicitamos a la denodada coluna del Norte, castigo y terror del cobarde invasor.

A retirada da Laguna foi oficialmente encerrada em 12 de junho de 1867, no porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana.



FONTE: Jornal El Semanário (Assuncion, PY) 13 de julho de 1876.


13 de julho

1896 Lançada a estrada de ferro  de Uberaba (MG) para Coxim


Estação ferroviária de Uberaba no início do século XX

Realiza-se em Uberaba, Minas Gerais, o ato de lançamento de uma estrada de ferro ligando Minas a Mato Grosso, iniciando naquela cidade, com terminal em Coxim. “A essa solenidade – conta Estevão de Mendonça – compareceram, além das autoridades locais, comerciantes e industriais, os representantes de Mato Grosso, Minas e Goiás. Ao mais antigo jornalista do triângulo mineiro, coronel Antonio Borges Sampaio, coube a honra de bater o prego inaugural da primeira estaca.” ¹

Este evento atendia as disposições do decreto 862, de 16.10.1890, que propunha um sistema de viação geral ligando diversos Estados da União à Capital Federal, incluindo dentre as ferrovias concedidas, duas para Mato Grosso: 1) a estrada de Catalão (Goiás) à fronteira com a Bolívia, passando por Cuiabá e Cáceres; e 2) a estrada que partindo de um ponto entre Uberaba e São Pedro de Uberabinha, se dirigisse à vila de Coxim, no Estado de Mato Grosso. "A primeira - segundo Paulo Cimó - veio a ser declarada caduca em 1903, por não terem os concessionários apresentado os respectivos estudos e orçamentos," e a segunda, que ligaria  Coxim à Estrada de Ferro Mogiana, seguindo de Uberaba a Campinas e ao porto de Santos, foi arquivada em 1904, com a alteração do projeto da NOB que previa um novo traçado a partir de Bauru e terminal em Cuiabá, que resultaria no traçado definitivo do engenheiro Emílio Schnoor, começando em Bauru e terminando em Corumbá,com passagem por Campo Grande.²

Era presidente do Estado de Mato Grosso o engenheiro Antonio Correa da Costa e presidente da República Prudente de Moraes. A mais expressiva liderança política do Estado era o senador Joaquim Murtinho que, em dezembro de 1896, assumiu o Ministério de Indústria, Viação e Obras Públicas.

Era presidente da República o paulista Prudente de Moraes e presidente de Mato Grosso, Antonio Correa da Costa.



FONTE: ¹Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 33;²Paulo Roberto Cimó Queiroz, As curvas do trem e os meandros do poder, o nascimento da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, Editora UFMS, Campo Grande, 1977, página 21.


13 de julho

1930 - Rondon em Corumbá


Chega a Corumbá, o general Candido Rondon à frente da Comissão de Inspeção Geral das Fronteiras:

"O ilustre viajante - segundo o Jornal do Comércio - com a sua comitiva, pela lancha "Rosa Boróro, tendo sido visitado a bordo logo após sua chegada, pelos membros representativos da nossa sociedade, dentre os quais o Exmo. Sr. Cel. Nicola Scaffa, digno Intendente Municipal, cel. Salustiano A. Maciel, operoso presidente de nossa Câmara, imprensa, autoridades militares e inúmeros amigo, tocando ao porto de desembarque abanda 17 Batalhão de Caçadores.

Em Corumbá, Rondón encerrou a primeira fase das inspeções nas linhas limítrofes de Norte e de Oeste, perfazendo cerca de 23.500 quilômetros, desde "sua partida do Rio de Janeiro até esta cidade, via Aragua".ia, Tocantins, Belém, Manaus e nossas fronteiras com Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia".

De Corumbá, a comissão prosseguiu seus trabalhos até o arroio Chuí, no extremo Sul do país.


FONTE: Jornal do Comércio (Campo Grande), 16 de julho de 1930.




13 de julho

 

Criada a Faculdade de Odontologia e Farmácia de Campo Grande

 

     É publicada na Gazeta Oficial, em Cuiabá, o ato de criação da Faculdade  de Odontologia e Farmácia de Campo Grande, a primeira instituição de ensino superior do Estado.

 

     Mantida por uma sociedade anônima, à frente o dentista Agostinho dos Santos, os dois cursos começaram no início deste ano, com professores escolhidos entre profissionais de saúde da cidade, entre eles, os médicos Vespasiano Barbosa Martins e Tertuliano Meireles.

 

     Em 1932 teve as aulas interrompidas e suas dependências ocupadas, depois da derrota dos constitucionalistas. Em 1933, frustrada a tentativa de conseguir inspeção federal para reconhecimento dos cursos, o diretor Agostinho dos Santos, transfere a direção da sociedade para o médico Tertuliano Meireles e muda-se para o Rio de Janeiro.³

 

     A faculdade chegou a formar uma turma de dentistas e outra de farmacêuticos e, não conseguindo o credenciamento federal, encerrou suas atividades.

 

 



1962 - Morre o ex-governador Aníbal de Toledo


Anibal de Toledo, último governador
de Mato Grosso na República Velha

Nascido a 21 de junho de 1881, em Miranda, falece no Rio de Janeiro, o advogado Aníbal José de Toledo. Filho de Daniel Benício de Toledo e Maria José de Oliveira Toledo, realiza seus estudos primários em Cuiabá. Graduou-se em Direito a 6 de dezembro de 1906 pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, com bolsa do governo do Estado. Juiz substituto em Cuiabá (1907/1908), afastou-se da judicatura para assumir a chefia de polícia no governo de Pedro Celestino. Deputado federal de 1912 a 1929. Foi secretário da Câmara dos Deputados e teve atuação em assuntos importantes,destacando-se a ponte sobre o rio Paraná, o vale do rio Madeira, o Tratado de Petrópolis, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e a rumorosa questão de limites entre Mato Grosso e Goiás.

Participou diretamente dos acontecimentos que culminaram com a Caetanada, nome dado ao movimento que culminou com a renúncia do general Caetano de Albuquerque, do governo do Estado, tendo sido ele o denunciante perante a Assembleia Legislativa.

Em 1930 elege-se presidente do Estado de Mato Grosso, tendo sido neste mesmo ano derrubado pela revolução liderada por Getúlio Vargas. 
"Depois de haver sofrido o vexame de uma prisão violenta a injusta - descreve seu biógrafo - decepcionado e pobre, retirou-se definitivamente o dr. Aníbal de Toledo das atividades políticas, entregando-se inteiramente ao exercício da sua profissão no Rio de Janeiro, como advogado da Empreza Mate."

FONTE: Nilo Póvoas, Galeria dos Varões Ilustres de Mato Grosso, Fundação Cultural de Mato Grosso, Cuiabá, 1978, página 15

6 de julho

6 de julho


1906Morto o presidente Totó Paes


Procedente de Corumbá, à frente de cerca de 2000 homens, Generoso Ponce toma Cuiabá e põe o governador Antonio Paes de Barros em fuga, refugiando-se com alguns companheiros nas proximidades da fábrica de pólvora no Coxipó.

 
Coronel Totó Paes
Pela madrugada de 6 de julho, sitiam o reduto onde lobrigaram indícios de acampamento suspeito.


Gisam meio de prender, ao clarear do dia, os seus ocupantes, sem que pudesse nenhum escapar. Antes de completar as providências, o disparo de um tiro imprudentemente desfechado do interior do capão, provocou a descarga cerrada dos atacantes e a dispersão da comitiva presidencial. Cada qual procurou-se sumir-se pelas sombras protetoras das árvores, evitando os lados de onde vinha a fuzilaria ameaçadora. Como os seus companheiros A. Paes também se levantou para tentar a evasão. Mas, desnorteado, saiu por uma clareira, onde se destacou o vulto para as pontarias fulminantes.

Antes que alcançasse a mata fronteira baqueou, mortalmente ferido, conforme noticiou o ofício que o vice-presidente em exercício mandou, por cópia ao General Dantas Barreto."

Totó Paes chegou ao poder em 1899, após o racha entre Generoso Ponce e os irmãos Murtinhos, com apoio destes. No Sul de Mato Grosso seu principal inimigo foi o cel. Jango Mascarenhas, de Nioaque. Na região, durante seu mandato, depois da morte de Jango e da submissão de grupos de oposição, o seu governo foi razoavelmente tranquilo.



FONTE: Virgílio Correa Filho, A República em Mato Grosso (II) in Revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, Cuiabá, 1935, página 59.


6 de julho

1915 - Morre Marcelino Pires, um dos pioneiros de Dourados 





Natural de Jataizinho, no Paraná, onde nasceu em 18 de outubro de 1859, faleceu em Dourados, Marcelino Pires Martins, um dos pioneiros de Dourados. Em Mato Grosso desde a penúltima década do século XIX, casou-se em 1886, com Eulália Ferreira Garcia, na fazenda Passatempo, (hoje município de Rio Brilhante). Em Dourados desde 1903, tomou posse de grande área de terras, denominada Fazenda Alvorada. A área onde foi implantada a cidade é parte dessa fazenda e posses de Joaquim Teixeira Alves.

Marcelino Pires participou ativamente de todas as atividades políticas do povoado, até sua transformação em distrito, ocorrida cinco meses antes de sua morte.

A avenida principal e mais antiga de Dourados tem o seu nome.


FONTE: Rozemar Mattos Souza, Dourados, seus pioneiros, sua história, Centro Cívico, Histórico e Cultural 20 de Dezembro, Dourados, 2003, página 237.


6 de julho

2006 - Morre o ex-governador Dante de Oliveira, deputado das diretas

Morre em Cuiabá, o ex-governador Dante de Oliveira, autor da emenda das Diretas Já! Sua bem sucedida carreira política é condensada nos seguintes fatos:

"Dante Martins de Oliveira nasceu em Cuiabá em 6 de fevereiro de 1952, filho de Sebastião de Oliveira e de Maria Benedita Martins de Oliveira. Seu pai foi deputado estadual eleito na legenda da União Democrática Nacional (UDN).

No início dos anos 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro e cursou engenharia civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), passando a integrar a organização de oposi-ção Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que pregava a resistência armada ao movimento político-militar que derrubara o presidente João Goulart em 31 de março de 1964.

Em 1976 concluiu o curso na UFRJ e, retornando à cidade natal, candidatou-se a vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar, não conseguindo, contudo, se eleger. No ano seguinte, passou a ocupar a secretaria geral do MDB mato-grossense. Em 15 de novembro de 1978, foi eleito deputado estadual, vindo a assumir o mandato em fevereiro de 1979.

Com a extinção do bipartidarismo (29/11/1979) e a conseqüente reorganização partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), originário do MDB.

Em 1982, deixou formalmente de integrar o MR-8, em virtude de divergências políticas, e, em novembro, concorreu a deputado federal. Eleito com a segunda votação do partido, assumiu o mandato em 1º de fevereiro de 1983, vindo a integrar como titular a Comissão do Interior e como suplente a Comissão da Agricultura e Política Rural.

O movimento das Diretas Já

O fim do bipartidarismo e do pleito indireto para governador e senador marcou o início do processo de redemocratização. No entanto, a abertura lenta e gradual, conduzida pelos governos militares, não incluiu a modificação do artigo da Constituição de 1967 que instituía a via indireta para a eleição do presidente, demais cargos executivos e 1/3 do Senado. Assim, no início da sessão legislativa, em fevereiro de 1983, apresentou projeto de emenda constitucional, que se tornaria conhecida como emenda Dante de Oliveira, propondo o restabelecimento da eleição direta em todos os níveis e marcando para 15 de novembro de 1984 a eleição para presidente.

Em abril de 1983, o diretório nacional do PMDB deliberou promover uma campanha nacional em prol da realização de eleições diretas para a presidência. Dois meses depois, o ministro das Minas e Energia, César Cals, propôs a reeleição do presidente João Figueiredo. Descartou-se, contudo, a hipótese da reeleição, propondo-se em seguida a candidatura do ministro do Interior, Mário Andreazza, pelo Partido Democrático Social (PDS). Simultaneamente, a campanha oposicionista começava a ampliar-se. Governadores do PMDB divulgaram uma declaração conjunta em que pediam ao Congresso eleições diretas para a presidência. No fim de novembro, realizou-se em São Paulo, patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), a primeira manifestação popular em favor dessa reivindicação, que reuniu cerca de dez mil pessoas.

Em 10 de janeiro de 1984, a comissão executiva do PDS repeliu oficialmente a proposta de restabelecimento das eleições diretas, reafirmando a “legitimidade do Colégio Eleitoral”. Dois dias depois, foi realizado o primeiro comício pró-diretas, no centro de Curitiba, no local conhecido como Boca Maldita, reunindo cerca de 30 mil manifestantes, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Em seguida, foram realizados comícios, passeatas e manifestações menores em Porto Alegre, Camboriú (SC), Vitória, Salvador, João Pessoa e Fortaleza. Em 25 de janeiro, o comício da praça da Sé, em São Paulo, reuniu cerca de trezentas mil pessoas e mostrou o apelo popular da emenda.

As manifestações multiplicaram-se por todo o país. Belo Horizonte promoveu em fevereiro ato chamado Grito dos Mineiros, com cerca de trezentas mil pessoas. Em 14 de março, foi criado o comitê suprapartidário pelas diretas, reunindo integrantes dos partidos de oposição, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades, firmando-se um acordo de negociação e entendimento pelas Diretas Já. No dia 21, o comitê suprapartidário pelas diretas promoveu uma passeata no Rio de Janeiro com 150 mil pessoas. Diante da pressão popular, em 31 de março o presidente Figueiredo divulgou comunicado oficial em rede nacional de televisão, reafirmando que o novo presidente seria escolhido por via indireta.

Aproximando-se a data prevista para a votação da emenda, em abril assistiu-se ao crescimento da campanha pelas diretas. Realizaram-se comícios em Recife e Natal e, no dia 10, uma manifestação no Rio de Janeiro reuniu cerca de um milhão de participantes. No dia 16 do mesmo mês, 1,7 milhão de pessoas compareceram ao comício pró-diretas no vale do Anhangabaú, em São Paulo, transformando-o na maior manifestação popular da história do país. Nesse mesmo dia, o Executivo enviou ao Congresso o projeto de emenda constitucional Leitão de Abreu, alternativo ao de Dante, propondo, entre outros pontos, a eleição direta para presidente em 1988 e a redução para quatro anos do mandato do candidato vencedor no Colégio Eleitoral, que se reuniria em janeiro de 1985. Em seguida, foram decretadas medidas de emergência em Brasília, Goiânia e mais nove municípios de Goiás. Também limitou-se o direito de reunião e as emissoras de rádio e televisão foram proibidas de divulgar os votos do parlamentares na votação da emenda.

Na véspera da votação, as principais cidades assistiram a “panelaços” (manifestações acompanhadas por panelas sendo batidas) a favor das Diretas Já.

A emenda foi derrotada em 25 de abril, em razão de não ter atingido o quórum para que fosse enviada à apreciação do Senado. Contaram-se 298 votos a favor, 65 contra e três abstenções e deixaram de comparecer à sessão 112 deputados.

No Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Dante votou no candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito presidente pela Aliança Democrática, união do PMDB com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal, que derrotou o candidato do regime militar, Paulo Maluf. Tancredo não chegou a ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.

Após a posse de Sarney, Dante defendeu a legitimidade do governo do presidente eleito e declarou-se contrário à proposta de realização de eleição direta em 1986, com a eleição para a Assembléia Nacional Constituinte. Durante os trabalhos legislativos, manifestou-se favorável ao reatamento das relações diplomáticas do Brasil com Cuba e à reforma agrária.

Em junho de 1985 licenciou-se para dedicar-se à campanha para a prefeitura de Cuiabá, tendo sido substituído pelo primeiro suplente, Paulo Nogueira. No mês seguinte sua candidatura foi homologada pela convenção do PMDB, em detrimento das pretensões do deputado estadual Rodrigues Palma. Em novembro, foi eleito com 60% dos votos válidos.

Em dezembro, ao receber no Rio de Janeiro o título de cidadão fluminense, voltou a declarar-se contrário à eleição presidencial direta em 1986, argumentando que prejudicaria os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, que seria empossada em fevereiro de 1987.

Empossado em janeiro de 1986, conclamou os vereadores de todos os partidos para que colaborassem com seu governo, pois a prefeitura estava com os salários do funcionalismo atrasados e era devedora do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

Quando da reforma ministerial, em fevereiro de 1986, iniciaram-se no PMDB discussões em torno da duração do mandato de Sarney. Declarou que a solução dependeria “do desempenho da nova equipe ministerial durante o ano de 1986 e da redução das taxas de inflação”. Defendeu, também, que o mandato de Sarney deveria ser fixado pela Constituinte, manifestando-se contrário à tese da manutenção dos seis anos, como estabelecia a Constituição de 1967.

No Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário

Em maio de 1986, foi convidado pelo presidente José Sarney e aceitou assumir o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, em substituição a Nélson Ribeiro. Ao ser empossado, afirmou a disposição para o debate com os setores ligados à questão fundiária, com exceção da União Democrática Ruralista (UDR), criada por fazendeiros e que adotara “atitudes afrontosas contra o governo e contra o presidente José Sarney”. Afirmou também que o momento era de ação e de prática e que estava incumbido de implantar a reforma agrária com urgência e sem violência, dentro da lei.

O primeiro problema foi a escolha do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), sendo indicado o gaúcho Rubens Ilgenfritz.

Em outubro de 1986, foi interpelado judicialmente no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Associação dos Magistrados do Brasil e mais 13 juízes federais de São Paulo, para que explicasse declarações à imprensa responsabilizando a Justiça de primeira instância pelo atraso na execução do Plano Nacional de Reforma Agrária. Ainda nesse mês, reconheceu a existência de corrupção no INCRA e anunciou a divulgação de resultados de investigações de comissões de inquérito, até o fim do ano. Em novembro, defendeu a redução do mandato do presidente, ressalvando que esse assunto deveria ser amplamente discutido entre a liderança da Aliança Democrática e Sarney, antes de se levar uma proposta à Assembléia Nacional Constituinte. Defendeu também a realização de eleições exclusivas para presidente, sendo contrário à convocação do pleito para 1988, com as eleições para prefeitos.

No mês seguinte, foi iniciada uma crise envolvendo dirigentes do INCRA e o porta-voz da presidência, Fernando César Mesquita, que divulgara na imprensa denúncia de corrupção no órgão. Em 15 de dezembro, apresentou seu pedido de demissão do ministério, o que não foi aceito, tendo-se solucionado a crise com o afastamento do porta-voz.

Em março de 1987, na reunião da Executiva do PMDB, propôs a realização de um plebiscito interno para consultar as bases sobre a duração do mandato de Sarney e declarou a improbidade dos seis anos: “O atual governo sempre teve caráter de transitoriedade. Assim sendo, a Constituinte deveria fixar um mandato menor para o presidente ou até mesmo concluir pela convocação de diretas já ainda este ano, sem que isso se caracterize, como afirmam alguns, um golpe legislativo. Golpe é o mandato de seis anos.”

A defesa da duração de quatro anos para o mandato presidencial e a dificuldade de gerir o programa de reforma agrária culminaram, em 21 de maio, na saída do ministério. O pronunciamento feito por Sarney dias antes foi o estopim para o pedido de demissão. No discurso, o presidente estabeleceu seu mandato em cinco anos e exigiu que seus subordinados acatassem essa decisão. Ao deixar o cargo, Dante afirmou que não mais participaria da base de Sarney e que “o presidente atropelou a Assembléia Nacional Constituinte em sua soberania”.

No balanço de sua atuação no ministério, verificou-se que algumas das metas não foram cumpridas. Assentou apenas 23 mil famílias dentro da meta de 450 mil, fixada para 1986-1987. Em compensação, desapropriou 88 áreas para fins de reforma agrária — cerca de dois milhões de hectares —, enquanto todos os governos anteriores haviam desapropriado apenas 42. Durante a sua gestão, foram criadas oito varas de Justiça agrária. A pasta da Reforma Agrária foi ocupada pelo político pernambucano Marcos Freire.

Onze dias depois de pedir demissão, Dante de Oliveira reassumiu o mandato de prefeito de Cuiabá, com uma festa que reuniu os senadores Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, o deputado catarinense Luís Henrique, líder do PMDB na Câmara, e parlamentares de diversos estados. No exercício do cargo, enfrentou uma grave crise financeira, com salários dos funcionários atrasados e mais de 90% da receita comprometidos com a folha de pagamento.
Em janeiro de 1988, em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, manifestou-se a favor da realização de eleições presidenciais ainda naquele ano e voltou a defender a duração de quatro anos para o mandato presidencial. No fim do ano, atribuiu o mau desempenho do PMDB nas eleições municipais à “ambigüidade ideológica” do partido com relação ao governo Sarney e defendeu o confronto entre a esquerda e a direita do partido, na convenção que se realizaria em março de 1989.
Nas eleições presidenciais de 1989, combateu a proposta do deputado Ulisses Guimarães (PMDB) de formar uma frente contra os candidatos Leonel Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), e Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e defendeu o lançamento de candidato próprio do PMDB. Em fevereiro de 1990, desligou-se do PMDB e ingressou no PDT.
Em outubro de 1990, concorreu à Câmara pela coligação Frente Popular (PDT, PMDB, PT, Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), tendo sido o mais votado do estado, com 49.889 votos. Não conseguiu ser empossado, entretanto, pois a coligação não atingira o quociente eleitoral de 90 mil votos. Impetrou recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir o mandato, não obtendo sucesso.
Em outubro de 1992, foi eleito novamente prefeito de Cuiabá, com 68,2% dos votos válidos. Tomou posse em janeiro de 1993. No primeiro ano, conseguiu regularizar o pagamento dos salários do funcionalismo, atrasados quando assumiu o mandato, e negociou a rolagem da dívida municipal.
Governador do estado
Em maio de 1994, disputou o governo, apoiado por uma ampla aliança denominada Cidadania e Desenvolvimento, integrada pela Frente Popular Democrática, formada por PDT, PMDB, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), PCdoB, Partido Popular Socialista (PPS), PSB e PT, e pela Frentinha, integrada por Partido da Mobilização Nacional (PMN), Partido Social Cristão (PSC) e Partido Verde (PV). Embora a coligação contasse com o apoio de quatro dos candidatos à presidência — Luís Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Leonel Brizola (PDT) e Orestes Quércia (PMDB) —, declarou que pedia votos apenas para Brizola, candidato de seu partido.
Em 3 de outubro de 1994, foi eleito no primeiro turno, com 471.104 votos, cerca de 67% da votação no estado. Foi empossado em janeiro de 1995, encontrando a administração praticamente falida, somando uma dívida equivalente a mais de três anos da receita líquida e com atraso de três meses no pagamento do funcionalismo. Além disso, a folha de pagamento consumia 91% da receita estadual e fora aumentada em fins de 1994, em conseqüência da aprovação de um novo plano de cargos, carreiras e salários pelo ex-governador Júlio Campos.
Em março, suspendeu o pagamento da parte dos salários do funcionalismo que excedia a mil reais.
Em maio, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Licínio Stefani, entrou com pedido de intervenção federal no estado no Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de não se ter verificado repasse ao Judiciário da quantia correspondente aos salários de juízes e servidores estaduais em março, abril e maio.
Em julho, pagou a parcela dos salários do funcionalismo com títulos, chamados pela população de “pantanetas”, que podiam ser usados para desconto no Banco do Estado de Mato Grosso, no comércio e no pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em outubro, o Ministério Público Federal no estado apresentou ação de inconstitucionalidade contra esses títulos, por considerar que não havia garantia de liquidação dos débitos feitos pelo estado com o papel. No mesmo mês, o governo obteve empréstimo da Caixa Econômica Federal (CEF) para atender às necessidades financeiras.
Em novembro, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso pediu novamente a intervenção federal no estado, porque o governador não estava repassando para o Judiciário os duodécimos referentes a setembro e outubro, em conseqüência dos cortes no orçamento de 1995. Em dezembro, o estado devia quatro meses de salários e não havia previsão de pagamento do 13º. Com um empréstimo na CEF, pagou parcelas devidas ao Judiciário.
Em julho de 1996, solicitou ao Tesouro a suspensão do pagamento da dívida estadual com a CEF por 90 dias. Ainda nesse mês, o estado recebeu recursos do Banco Mundial, a fim de financiar o ajuste da máquina pública. Em agosto, foi o primeiro governador a conseguir renegociar a dívida do estado com o governo federal, reduzindo de 46% da receita líquida para 15% o comprometimento mensal com o Tesouro e obtendo ainda uma antecipação de receita da privatização das Centrais Elétricas Mato-Grossenses (Cemat), de 38,5 milhões de reais. O ajuste foi conseguido com um corte de dez mil funcionários, a redução em 16% do custeio da máquina administrativa e a redução do déficit de 238 milhões de reais para 130 milhões de reais.
Em janeiro, firmou com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o protocolo do acordo de reestruturação da dívida estadual, determinando o refinanciamento de 729 milhões de reais em 30 anos. O acordo previu a realização de um programa de ajuste que impediria a contratação de novas dívidas e a redução do débito global do estado até o equivalente à arrecadação anual. O contrato para o refinanciamento da dívida, que completou a operação, seria firmado com o ministro da Fazenda em exercício, Pedro Parente, em julho.
Ainda em janeiro de 1997, a Executiva Nacional do PDT anunciou que solicitaria a expulsão de Dante, em razão do apoio do governador à aprovação, no Congresso, do projeto de emenda constitucional que permitiu a reeleição para os cargos do executivo. Quando da votação, o governador teria pressionado a bancada federal para que votasse a favor da emenda da reeleição. Antes que fosse implementada qualquer medida punitiva, deixou a agremiação e, em abril, filiou-se ao PSDB.
Em novembro, privatizou a Cemat, com o apoio das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Disputou com sucesso a reeleição em outubro de 1998, por uma coligação formada por PSDB, PSB, PMN e PV, obtendo 53,95% dos votos válidos. Em dezembro, anunciou um amplo programa de reformas com o objetivo de ajustar as contas do estado. As medidas anunciadas teriam sido decididas a partir de um estudo do ajuste fiscal proposto pelo governo federal. Foram enviadas, ainda, ao Legislativo uma nova lei para o ICMS e uma lei complementar com alteração das alíquotas para o sistema previdenciário estadual.
Nesse novo mandato à frente do Executivo estadual, por foi substituído em três ocasiões pelo vice Márcio Lacerda, mediante licenças por ele mesmo solicitadas devido a sérios problemas de saúde, causados por diabetes e por uma diverticulite aguda. Entretanto, conseguiu completar o seu segundo mandato consecutivo como governador de Mato Grosso em 31 de dezembro de 2002.



ÚLTIMOS CAPÍTULOS
Em seu último ano de mandato, o governo de Dante foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver mais de 12 milhões de reais por superfaturamento nas obras de pavimentação da BR-163, que liga Mato Grosso ao Pará. Conforme a decisão do TCU, os preços chegaram a ser superfaturados em até 500%.
Além disso, o processo aberto contra ele por seu envolvimento no caso Usimar – juntamente com a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, do Partido da Frente Liberal (PFL) –  levou-o a tentar justificar para a grande imprensa por que ele, como governador e membro do Conselho Deliberativo da Amazônia (Condel), em dezembro de 1999 teria aprovado o financiamento no valor de 1,38 bilhão de reais, aprovado pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para a empresa Usimar, de propriedade de Roseana Sarney.
O projeto da Usimar chegou a ser classificado, pelos procuradores da Justiça, como “a fábrica de autopeças mais cara do mundo”: a Audi, por exemplo, teria investido 800 milhões de reais na fábrica de automóveis situada no Paraná. Segundo Dante de Oliveira, nessa reunião que afinal aprovou o projeto de Roseana – com o voto favorável dele – teria sido uma “reunião relâmpago”. Outro argumento também utilizado por Dante consistiu em que, na mencionada reunião, não teria sido lido o parecer do Ministério da Fazenda que apontava irregularidades nesse financiamento.
Todavia, não foi descartado o fato de que o voto favorável dado ao empreendimento de Roseana Sarney, por parte de Dante de Oliveira, teria “laços de gratidão”: a família de Dante tinha negócios em sociedade com a família de Roseana (empresários Armando de Oliveira, irmão de Dante, e Fernando Sarney, irmão de Roseana). E mais do que isso: Dante devia, ainda, ao ex-presidente José Sarney, o favor da sua indicação, em 1986, para o Ministério Extraordinário da Reforma Agrária.
Nos bastidores dessa história política, há informações de que o então presidente Sarney teria convidado Dante para o tal ministério como solução do tipo “válvula de escape”: para que o PMDB pudesse livrar Dante, pelo menos temporariamente, da desastrada administração que vinha realizando como prefeito de Cuiabá. Segundo a imprensa local, essa estratégia adotada teria dado certo: Dante acabou ficando pouco mais de um ano no ministério. Nesse período, a prefeitura de Cuiabá foi assumida pelo vice, coronel José Meireles, e parte dos problemas financeiros então existentes foram até sanados. Assim, portanto, Dante não interessava mais ao governo do presidente Sarney, mas foi substituído por ter sido incompetente no desempenho do cargo – segundo afirmações do ex-deputado Osvaldo Sobrinho, adversário de Dante na campanha ao governo estadual em 1994.
Nas eleições realizadas em outubro de 2002, o ex-governador acabou recebendo a sua primeira “condenação”: foi rejeitado pelo povo nas urnas, fracassando em sua tentativa de tentar uma vaga no Senado Federal na legenda do PSDB.
Em um dos últimos capítulos de sua carreira política, Dante chegou a sofrer a acusação de que o "comendador" João Arcanjo Ribeiro – preso em Cuiabá após ser condenado por liderar o crime organizado em Mato Grosso – bancara sua campanha à reeleição nas eleições de outubro de 1998, na qual havia conquistado o seu primeiro mandato à frente do governo estadual. O autor da acusação, efetuada em depoimento à Justiça Federal em 2003 e sempre negada por Dante, foi o ex-gerente Arcanjo Nilson Teixeira.
Dante ainda chegou a lançar uma nova candidatura a deputado federal, pelo PSDB, nas eleições programadas para outubro de 2006, porém veio a falecer em Cuiabá, ainda em plena campanha, em decorrência de uma infecção generalizada no dia 6 de julho de 2006, aos 54 anos de idade.
Era casado com Telma Pimentel Figueiredo de Oliveira, por ele nomeada secretária de Promoção Social durante sua primeira gestão à frente da prefeitura de Cuiabá (de 1985 a 1988) e, posteriormente, deputada federal por Mato Grosso na legenda do PSDB – eleita, pela primeira vez, em outubro de 2002, para a legislatura 2003-2007, e  reeleita em outubro de 2006, para a legislatura 2007-2011".


FONTE: Cristiane Jalles, Maria Letícia Correia e Arnaldo Marques, Dante Martins de Oliveira, Dante Martins de Oliveira, CPDOC/FGV.

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