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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

5 de Setembro

5 de setembro

1866 Tropas brasileiras partem do Taboco

Margem esquerda do Taboco em desenho de Taunay

A força expedicionária brasileira, com destino à fronteira, deixa as margens do Taboco, onde acampara há cerca de dois meses. O relato é do tenente Taunay:

Tornando-se porém o Taboco cada vez mais insalubre, convinha partir dali quanto antes. Entretanto soube-se que a retirada dos inimigos dos pontos do distrito, em que eles tinham conservado destacamentos por mais de um ano e meio, roubara já aos nossos soldados a ocasião de demonstrarem nos combates a coragem que haviam patenteado sempre a lutar com mais terríveis adversários: a peste e a fome. Apesar disto, decidiu o comandante das forças seguir para Miranda. (...)

Tomadas enfim as providências para a marcha, deu-se a partida da margem direita do Taboco no dia 5 de setembro com direção ao porto do Sousa, onde ia efetuar-se a passagem do rio Aquidauana. Caminhando sensivelmente para S. desde começo, atravessou a força campinas cortadas por capões e depois de 2 ½ léguas, foi acampar junto ao córrego da Piranhinha às 11 ½ horas quase na base de um ramal da serra do Maracaju que corre paralelamente à estrada. No encontro desses ramos com a grande cadeia, num recôncavo, fica a aldeia da Paranhinha dos índios Terenas, aí refugiados desde os primeiros dias da invasão paraguaia no ano de 1865.



FONTE: Taunay, Em Mato Grosso invadido, Cia. Melhoramentos, SP, sd., página 79.



5 de setembro

1891 - Eleita a primeira diretoria da Companhia Mate Larangeira





Sob o controle do Banco Rio-Mato Grosso é nomeada no Rio a primeira diretoria da Companhia Matte Larangeira,à frente Francisco Duarte Murtinho (foto). A decisão foi registrada na seguinte ata:

Acta n° 1 da Companhia Matte Larangeira.

Tendo sido por escriptura lançada hoje em Notas do Tabelião Castro,desta Capital, constituida a Companhia Matte Larangeira, os abaixo-assignados D' Francisco Murtinho, D' Lucídio Alexandre Martins e Thomaz Larangeira que compõem a Directoria da mesma Companhia, reuniram-se na sala do 1° andar da casa da Rua d'Alfandega,n° 22, para, em observância do Art. 15 dos Estatutos, designarem, d'entre si, o Presidente e o Secretário da Directoria.
O Director Larangeira propôs para Presidente, o Director Franc° Murtinho e para Secretário o Director D'Laucídio Martins.

Feitas algumas ponderações pelos dois últimos, foi a proposta approvada, ficando os nomeados desdelogo investidos dos respectivos cargos.
Declara-se que a sala a que se fez referência, está contratada para nela funcionar como fica funccionando o escriptório da Campanhia.

Rio de Janeiro,5 de Setembro de 1891.

Francisco Murtinho, Lucídio Alexandre Martins e T° Larangeira.


FONTE e FOTO: Luiz Alfredo Marques Magalhães, Retratos de uma época, os Mendes Gonçalves e a Cia.Matte Larangeira, (segunda edição), edição do autor, Ponta Porã/Campo Grande, 2013, página 41.


5 de Setembro

1918Rosário Congro toma posse em Campo Grande




Nomeado pelo presidente do Estado, dom Aquino Correa, assume a prefeitura de Campo Grande o deputado estadual Rosário Congro. O próprio intendente-interventor dá as razões de sua investidura no cargo:

Perdurando desde 1º de janeiro desse ano, em virtude de conflito político, uma dualidade de Câmara e de Juizes de Paz, o que vinha causando à vida administrativa e jurídica do Município os mais sérios entraves e a mais prejudicial das situações, teve por bem a Assembleia Legislativa do Estado por termo à grave anomalia reinante, anulando as eleições realizadas a 2 de novembro do ano anterior e autorizando o presidente do Estado a nomear o Intendente Geral e Juizes de Paz de Campo Grande, aquele com poderes para exercer também atos do poder legislativo ficando, assim, inteiramente cassada a autonomia do município.

Tem o n.o 768 e é de 9 de julho de 1918, a lei que determinou a intervenção estadual no Município, recaindo a nomeação para Intendente, por ato n.o 329 de 14 de agosto do mesmo ano, no deputado estadual Rosário Congro, cuja posse realizou-se a 5 de setembro, e a de Juizes de Paz nos cidadãos Antônio Benjamim Correa da Costa, Leopoldo Gonçalves dos Santos e João Coelho, sendo seus suplentes João Pedro de Souza, Manoel Joaquim de Moraes e Cândido da Costa Lima, não tendo este último prestado o compromisso legal.


Sobre a posse de Rosário Congro na prefeitura de Campo Grande, a imprensa cuiabana destacou:


Campo Grande, 5 – Perante numerosa assistência, tomou hoje posse no cargo de intendente geral deste município o ilustre deputado Rosário Congro. Durante o ato e enviada por nímia gentileza do comandante da guarnição, tocou a banda do 5° regimento. O novo intendente produziu uma bela alocução traçando a diretriz do seu governo, impressionando agradavelmente o auditório. S. exc. leu o seu primeiro ato de empossamento e, após o recebimento dos arquivos da intendências em dualidade, nomeou seu secretário e tesoureiro. A população, satisfeita com a normalização da vida do município, confia na ação do novo governo, aplaudindo a acertada escolha de d.Aquino.
 


FONTE: Rosário Congro: O município de Campo Grande, publicação oficial, Campo Grande, 1919, página 37. Jornal O Matto-Grosso (Cuiabá) 15 de setembro de 1918.

FOTO:http://bit.ly/zKCCKr


5 de setembro

1961 - Nasce Nelsinho Trad

Filho de Nelson Trad e Therezinha Mandetta Trad, nasce em Campo Grande, Nelson Trad Filho. Fez os cursos primário e secundário em sua cidade natal e o ensino médio no Colégio Andrews, no Rio de Janeiro, onde cursou Medicina, na Universidade Gama Filho.
Com especialidade em urologia, é médico do serviço público. Como político, começou em 1996, quando se elegeu vereador pela primeira vez, reelegendo-se em 2000.De 2001 a 2002, foi presidente da Câmara Municipal. Em 2002, vence a eleição de deputado estadual, cargo que exerceu por apenas dois anos, elegendo-se prefeito de Campo Grande, em 2004 e reeleito em 2008.
Em 2014, foi candidato a governador (PMDB), mas não conseguiu chegar ao segundo turno. Em 2018 elegeu-se senador (PTB). No Senado foi presidente da Comissão de Relações Exteriores e líder da bancada do PSD. 
Na vida pública, recebeu as seguintes homenagens:
Medalha do Pacificador Medalha do Pacificador
2005 - Classificação Excelente no Programa Nacional de Controle de Qualidade (Labcen) 2005 - Prêmio Caixa - Melhores práticas em gestão local
2006 - Classificação Excelente no Programa Nacional de Controle de Qualidade (Labcen) 2006 - Prêmio Caixa - Melhores práticas em gestão local
2006 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor MS
2006 - Referência em Formação Continuada de Professores 2006 - Troféu Super Cidades
2007 - Certificado de Eficiência em Sorologia para Leishmaniose 2007 - Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohab's - ABC
2007 - Classificação Excelente no Programa Nacional de Controle de Qualidade (Labcen) 2007 - Drenar é 10 - Melhores Práticas
2007 - Índio Cidadão MS - Melhores Práticas 2007 - Prêmio Brasil Sorridente
2007 - Prêmio Ecologia
2007 - Qualidade em Educação Infantil (Formar em Rede) 2007 - Selo de Mérito Nacional para 2ª Aldeia Urbana
2007 - Selo de Mérito Nacional Projeto lmbirussu/Serradinho
2008 - Classificação Excelente no Programa Nacional de Controle de Qualidade (Labcen) 2008 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor MS
2008 - Diploma Nacional em Desenvolvimento Sustentável e Saneamento Ambiental
2008 - Melhor experiência em vigilância, prevenção e controle da dengue 2008 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor Centro-Oeste
2008 - Qualidade em Educação Infantil (Formar em Rede) 2008 - Selo Cidade Cidadã
2008 - Selo de Reconhecimento as 73 escolas que superaram o IDEB
2008 - Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohab's - ABC 2009 - Diploma de Mérito pela Valorização da Vida
2009 - PAC-Habitação de interesse social - Jardim Seminário e Residencial Tarsila do Amaral 2009 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor Centro-Oeste
2009 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor MS
2009 - Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohab's - ABC 2010 - Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohab's - ABC 2010 - Prefeito Amigo do Idoso
2010 - Prêmio Prefeito Inovador 2010 - Prêmio TI & Governo
2011- Prêmio Prefeito Inovador - categoria: Cidades com Mais de 200 mil Habitantes 2011- Prêmio Caio - 11ª Edição
2012 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor - Etapa Estadual - destaque temático: Médias e Grandes Municípios Sebrae MS
2012 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor - Etapa Estadual - destaque temático: Promoção ao Desenvolvimento Rural - Sebrae MS
2012 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor - Etapa Estadual - destaque temático: Promoção ao Desenvolvimento Rural - Sebrae MS
2012 - Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor - Etapa Nacional - categoria: Apoio ao Empreendedor Individual, Lei Geral Municipal - Sebrae Nacional
2019 - Ordem do Mérito da Defesa
2019 - Conselho da Ordem do Mérito Naval - Grau de Grande Oficial 2019 - Medalha Amigo da Marinha.

FONTE: Senado Federal, Brasilia, 2021.


sábado, 19 de fevereiro de 2011

10 de junho

10 de junho

1888 - Chega a Cuiabá a notícia da abolição da escravatura

Tendo aparecido em primeira mão no jornal OÁSIS, de Corumbá em 27 de maio, é publicada, no jornal A Província de Mato Grosso (Cuiabá) a notícia da abolição da escravatura no Brasil, pela publicação da lei Áurea,sancionada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888.

 


1907Nasce em Corumbá Gabriel Vandoni de Barros




Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de São Paulo. Candidato a deputado federal em 1933, teve seus direitos políticos cassados por haver participado da revolução constitucionalista de 1932. Foi deputado à 
Constituinte estadual de 1936 e Secretário Geral no governo de Mário Correa da Costa. 

FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário biográfico mato-grossense, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 28.




10 de junho


1914Morto o vereador Amando de Oliveira


Amando de Oliveira e família, pouco antes de seu assassinato
É assassinado em Campo Grande, as 17 horas, quando se dirigia à sua fazenda Bandeira, o vereador Amando de Oliveira. Líder do Partido Republicano, empresário moderno e empreendedor, foi o construtor da primeira casa de alvenaria na vila. Autor de vários projetos aprovados pela Câmara, entre eles o que doou áreas para a Noroeste construir sua estação; que proibia a alienação de terras públicas urbanas às margens de córregos; e da primeira escola mista da cidade. 

Sua morte não foi esclarecida. Foram acusados como mandante o fazendeiro Joaquim Gomes Sandim e executores Procópio Souza de Mello e Antonio Elysio Emendias, que, denunciados pelo promotor Brasílio Ramoya, não chegaram a ser pronunciados. O juiz Manoel Pereira da Silva Coelho por falta de “indício veemente”, libera os acusados e manda o delegado reabir o inquérito, o que não ocorreu. Amando de Oliveira é nome de uma escola estadual na vila Piratininga, próxima à antiga sede de sua fazenda e de uma rua no bairro Amambaí. 



FONTE: Sergio Cruz, Sangue de herói, Primeira Hora e Açu Porã/Funcesp, Campo Grande, 2002, páginas 177 e 186.





10 de junho


1925Organiza-se a Coluna Prestes


A coluna Prestes e seu comando, organizado em Camapuã
Acampados na fazenda Cilada, em Camapuã, no sul de Mato Grosso os revolucionários, até então tidos apenas como revoltosos, decidem formalizar a coluna rebelde, que passou a ser chamada de Coluna Miguel Costa-Carlos Prestes e ficou popularmente conhecida como Coluna Prestes. Sua organização inicial foi a seguinte:

Comandante: General Miguel Costa; Chefe do Estado-Maior e comandante de fato: Coronel Luis Carlos Prestes; sub-chefe do Estado Maior: ten.-cel. Juarez Távora; secretário: capitão Lourenço Moreira Lima. Membros do Estado Maior: majores Paulo Kruger e Mário Geri; capitães Alberto Costa e Ítalo Landucci; tenentes Sadi, Nicário e Morgado; piquete do QG: tenente Hermínio; chefe de saúde: dr. Athaíde.


1º. Destacamento: Cordeiro de Farias, tendo como fiscal o major Virgílio dos Santos;
2º. Destacamento: João Alberto, tendo como fiscal o major Manoel Lira;
3º. Destacamento: Siqueira Campos, tendo como fiscal o capitão Trifino Correa; e 4º. Destacamento: Djalma Dutra, tendo como fiscal o major Ary Salgado. 



FONTE: Glauco Carneiro, O revolucionário Siqueira Campos, Recor Editora, Rio, 1966, página 363.


10 de junho

1929 - Avião desaparecido, encontrado no Pantanal

                                                         A NOITE (RJ) 6-9-2929
                         
Hans Gusy, o piloto do avião sinistrado


O avião "Mário Correa", desaparecido num voo entre Corumbá e Aquidauana é encontrado no Pantanal, nas proximidades do forte Coimbra. A informação é dada pelo diretor geral dos Correios, no Rio de Janeiro, que recebeu mensagens do chefe do distrito e encarregado de estações próximas ao local: 

"De Corumbá - Urgente - Aviador Hans, piloto do avião Presidente Mário Correa, que regressava de Cuiabá e desaparecido desde o dia 4, foi encontrado ontem em pleno pantanal, nas proximidades do Forte Coimbra, por cuja guarnição foi salvo. Consta aqui que um morador do Morro Grande, viajando pelo pantanal, viu de longe a descida do aparelho, indo comunicar o fato ao comandante do forte, que tomou as providências necessárias.

O aviador está em boa saúde, sendo conduzido para o forte onde se encontra. Diz que o aparelho está inutilizado. (a) Arnaldo Azeredo, chefe do distrito".

A pequena aeronave, pilotada pelo alemão Hans Gusy, retornava de Cuiabá, onde participou de uma competição, promovida pela governo do Estado. A primeira escala foi em Corumbá e a segunda seria em Aquidauana, para onde levantou voou no dia 1° de junho. No trajeto deu-se o desaparecimento.²



FONTE: ¹Correio Paulistano, 11/06/1929, A Cruz (Cuiabá), 29/06/1929.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

28 de maio

28 de maio

1800 - Condenados são enforcados em Cuiabá



Grande juri realizado em Cuiabá, condenou vários presos da sede do distrito e adjacências, sendo quatro condenados à pena de morte, executada nesta data. A história confirma:

Porque os assassínios e roubos eram frequentes nesta vila como nos seus contornos Sua Excelência fazer processar os réus que se achavam presos por semelhantes delitos. Para este fim convocou-se junta de justiça; foram deputados, relator o doutor desembargador ouvidor geral da comarca Francisco Lopes Ribeiro inquiziam Francisco Lopes de Souza Ribeiro de Faria e Lemos: juízes adjuntos o doutor Juiz de Fora desta vila, Joaquim Inácio Ferreira da Mota, o doutor secretário do Governo Joaquim José Cavalcante de Albuquerque Lins; o Doutor João Batista Duarte juiz de fora que tinha sido desta vila. O capitão Joaquim da Costa Siqueira, vereador mais velho atual da câmara; e Manoel Leite Penteado que já havia sido deputado adjunto na junta de Vila Bela, enfim em vinte e dois de maio sentenciados vários réus a açoites, degredo e pena última, a qual se executou em quatro réus, a saber: dois pilotos do caminho de povoado inquam do caminho do rio Domingos Teixeira e José Cardoso que foram assassinos do cirurgião Francisco de Paula de Azevedo João Rodrigues/ por alcunha o Surdo/ que assassinou a José Barbosa de Lima no sítio do Quilombo, e ultimamente um preto escravo de Manoel Nunes Martins por assassínio de uma preta no arraial de São Pedro d'el Rei.

Em 28 do mesmo mês se deu a execução de pena última aos sobreditos quatro réus, que padeceram em uma forca ereta para este fim no largo de entrada desta vila e caminho do porto geral, sendo depois decapitados enviadas as cabeças aos sítios de seus delitos. Foi admirável a caridade do Mt° R.° vigário e mais sacerdotes desta vila na contínua assistência que fizeram a estes miseráveis quando se achavam no oratório, e ainda no ato da execução pois acompanhados da Irmandade das Almas/ que nesta Vª faz as vezes de Misericórdia/ assistiram e confortaram aos réus até o último instante deixando edificado o inumerável povo que acudiu a ver a execução. Esta é a segunda vez que o Cuiabá viu semelhante espetáculo como consta da memória geral deste mesmo livro a folha 13.

FONTE: Annaes da Câmara do Senado de Cuiabá (1800).

FOTO: meramente ilustrativa



1867 – Incêndio, arma do inimigo






Um dos mais cruéis recursos da guerrilha paraguaia durante a retirada da Laguna, foi atear fogo no cerrado:

Poucos minutos depois da chegada lançaram os paraguaios fogo ao capim da colina em que se achavam, fogo que, tangido por um violento vento de N, em breve cobriu-nos de espessa fumaça, obrigando-nos a formar um aceiro para impedir a entrada das chamas na área que ocupávamos. – Imediatamente rompeu violenta fuzilaria a que os nossos soldados responderam, apesar de sufocados e quase asfixiados. Com as abertas que as rajadas de vento de quando em quando abriam na fumaça, reconheceu o Batalhão haverem-se aproximado do banhado cento e tantos infantes, os quais, deitados no chão, faziam continuado fogo. – Aproveitando as ocasiões, procuramos ofender ao inimigo, o que conseguimos, pois que, antes da terminação da fumaça, cessaram os tiros da fuzilaria.


FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14a. edição, Melhoramentos, S.Paulo, 1942, página 172.

FOTO: meramente ilustrativa.




28 de maio



1914 Chega a Campo Grande o primeiro trem







O povoado de Campo Grande liga-se por ferrovia a Aquidauana, Miranda e Porto Esparança. O jornal O Estado de Mato Grosso, do ex-juiz Arlindo de Andrade Gomes, dá a alvissareira notícia:

O povo parecia haver cansado de esperá-lo todo mês, toda semana, todo dia.
Mas, afinal, chegou. Uma locomotiva já desceu a encosta e acordou os habitantes a silvar.


Outras tem vindo, alegremente, na faina cyclopica da grande obra nacional. Todo mundo alegrou-se neste bendito rincão brasileiro.


Aos operários cobertos de poeira, misturam-se os habitantes da cidade. São gregos, italianos, japoneses, portugueses e brasileiros de toda casta.


No local da futura estação, grupos de famílias, rapazes, velhos e crianças, irmanam-se como os homens que fazem o caminho do progresso.


Para Paulo Coelho Machado, aquele 28 de maio é “só comparável a outro dia de maio, sessenta e três anos depois, quando chegou pelo telefone a notícia de que fora decidida a criação do Estado de Mato Grosso do Sul, com a indicação de Campo Grande para a capital da nova unidade da federação".¹


O jornalista Valério d'Almeida, testemunha do evento, descreve-o, 44 anos depois:

"A 28 de maio de 1914, resfolegando, espalhando vapor à direita e à esquerda, embadeirada e apitando estrepitosamente, entrava, puxando algumas gôndolas, numa plataforma improvisada, feita de dormentes, erguida à frente de um carro de cargas, à guisa de estação, a primeira locomotiva da estrada de ferro em carater oficial na povoação de Campo Grande.

Margeando a estrada carreteira, que rumava para o "Cascudo" e "Lagoa da Cruz", a esplanada da estação era a mesma de hoje, que se encontra tomada pelas construções gerais da Noroeste, naquele tempo completamente limpa, tomando a distância que vai da Avenida Mato Grosso e Serraria Tomé.

Para o lado norte, aquém da serraria, junto à estrada que vai ao campo de aviação, existia a morada do saudoso Joaquim Bertolino de Proença, que ali possuía uma pequena padaria e armazém e para o lado deste, a chácara dos Medeiros, pretos vindos da missão de Camapuã.

Vasta, portanto, a esplanada que serviu de berço às belas e atraentes construções que hoje se ostentam ao redor, graciosamente.

Corria mundos a fama de assassinatos e chacinas praticados friamente neste pedaço de Mato Grosso, completamente abandonado pelos poderes públicos, ficando tudo na mais absurda impunidade.

Dizia-se de nós tanta barbaridade, que até se nos confrange o coração ao fazer-lhe referência, sob qualquer aspecto.

Crenças as mais inverossímeis se tinham a nosso respeito. Entre muitas a de que o indivíduo que comprava um revólver, para experimentá-lo chamava o primeiro transeunte que passasse, e este, ao voltar-se, recebia em cheio a descarga.

Se a vítima tombasse em seguida, o comprador fechava o negócio, caso contrário, esta só cambaleasse e apavorada procurasse esconder-se, estava dito por não dito, isto é, o revólver voltava às mãos do dono sem mais conversa...

Assim sendo, pode-se imaginar o ambiente encontrado por incalculável número de trabalhadores, entre os quais verdadeiros párias sociais que não tinham mais cabida em parte alguma.

Escavando, aplainando, descarregando dormentes e trilhos, assentando-os no solo revolvido, viam-se japoneses, chineses, russos, romenos, húngaros, austríacos, alemães, italianos, franceses, belgas, ingleses, americanos, negros do Congo e da Angola, portugueses, espanhóis e por fim nordestinos de gaforinha ao vento, nariz achatado e que nos buchinchos formados, ànoite, em antros de mulheres, por dá cá aquela palha, punham os intestinos dos outros à mostra.

E foi assim que, pelas nove horas da manhã de 28 de maio de 1914, penetrou dentro da vila a primeira locomotiva da Itapura-Corumbá.

Como homenagem ao direito da força e da bala, os trabalhadores escolheram para esta estreia a locomotiva numero 44, cuja caldeira bojuda chamada, desde logo, a atenção do expectador. 

Entrou pela plataforma improvisada, cheia de gente, aos gritos e aos vivas entusiásticos sob a divisa tristemente desabonadora contra nós e que era repetida de boca em boca:

"A máquina leva o número 44 prestando honras à justiça de Mato Grosso".

Foi assim que os trabalhadores da Itapura-Corumbá festejaram um dos dias mais importantes da existência de Campo Grande, naquela linda e fria manhã de maio...

Embora sob a égide simbólica de uma arma de fogo, trouxeram no bojo da máquina a imagem do progresso para entregá-la ao povo que nascia predestinado a grandes conquistas".²



A ligação das duas frentes de trabalho (de São Paulo e Porto Esperança),com o término da obra, dar-se-ia a 31 de agosto



FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, o primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 28. Valério d'Almeida, A primeira locomotiva que penetrou na antiga vila de Campo Grande, revista Brasil Oeste, São Paulo, março de 1958, página 39.




28 de maio


1940 - Policia censura discussões sobre a guerra mundial 


Iniciada em 1939, o Brasil mantinha neutralidade na segunda guerra mundial, apesar do governo Vargas mostrar sensível simpatia pela Alemanha e potências do Eixo. O país só entraria no conflito em 1942, ao lado dos aliados, depois que submarinos alemães atacaram navios brasileiros. Em Campo Grande, temendo desordem entre moradores nas discussões sobre o conflito, as autoridades policiais publicaram a seguinte portaria:





 FONTE: Jornal do Comércio, Campo Grande, 3 de junho de 1940.


28 de maio

1950 - Presidente Dutra em Ponta Porã

Durante sua visita oficial ao Estado, o presidente Eurico Gaspar Dutra, incluiu em sua agenda, a cidade de Ponta Porã, cidade em que serviu como oficial do exército:

"Procedente de Campo Grande, o presidente Dutra chegou a esta cidade fronteiriça, precisamente às 15,30 horas de ontem, recebendo ao desembarcar as continências militares de praxe, que lhes foram prestadas pela tropa do Exército aqui sediada.

A seguir, em companhia do governador do Estado de Mato Grosso, sr. Arnaldo Estevão de Figueiredo; do ministro do Trabalho e interino da Justiça; sr. Honório Monteiro. senador Novaes Filho, titular da Agricultura; ministro Henrique Coutinho, presidente do Tribunal de Contas; coronel Carlos Rodrigues Coelho, sub-chefe do gabinete militar da Presidência da República e membros da comitiva, o chefe do governo recebeu os cumprimentos das autoridades do município.

O presidente Dutra assistiu, depois, a um desfile militar em sua honra, findo o qual efetuou demorada visita às instalações do quartel local, percorrendo também a cidade, que é importante centro da indústria ervateira do país".

FONTE: A Manhã (RJ), 30/05/1950

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

10 de Setembro

10 de setembro

1911Estrada de ferro chega a Aquidauana


 Primeira estação ferroviária de Aquidauana


A frente de Porto Esperança dos trilhos da Noroeste do Brasil chega à vila de Aquidauana, que “festeja ruidosamente a chegada da primeira locomotiva da estrada de ferro Itapura-Corumbá”:

Em nome da população saudou ao diretor da estrada o professor João Nunes da Cunha, sendo àquele oferecido pela menina Paulina Alves de Castro um ramalhete de flores naturais. Em nome de seus companheiros de trabalho, o dr. Kessehring agradeceu a saudação que lhe fora feita.


À festa da inauguração compareceu a elite da sociedade de Aquidauana, podendo-se mencionar entre outras pessoas o coronel João de Almeida Castro, que foi um dos fundadores da vila, dr. Manoel Pereira da Silva Coelho, juiz de direito da Comarca, cel. Teodoro Paes da Silva Rondon, também fundador da vila, dr. Francisco Xavier Júnior, dr. Júlio Mário de C. Pinto, Isauro Cabral, tenente Manoel de Oliveira Braga, coronel Estevão Alves Corrrea, advogado Alfredo César Velasco, coronel Antonio Inácio de Trindade, Francisco Fanaia Filho, Antonio Ries Coelho, além de crescido número de senhoras e senhoritas.


A ligação das duas frentes aconteceria apenas em 1914, em Campo Grande, com o encontro dos trilhos e a conclusão da obra.
 

FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 137.

FOTO: ALBUM GRAPHICO DE MATO GROSSO, Corumbá/Hamburgo, 1914.




10 de setembro

1932 – Trava-se a batalha de Porto Murtinho




Dá-se a batalha de Porto Murtinho, confronto bélico decisivo para os destinos da guerra civil de São Paulo em território do sul de Mato Grosso, conforme comunicação do governo de Mato Grosso, em Cuiabá, ao comando federal, no Rio de Janeiro:

Levo ao conhecimento de v.exa. que nossas forças acantonadas em Porto Murtinho foram no dia 10, às doze horas, atacadas por uma grande coluna rebelde, travando-se violenta batalha que durou vinte e cinco horas consecutivas, sob intensa fuzilaria e ação de artilharia, havendo o inimigo no dia seguinte, às 14 horas, abandonado em debandada o campo de luta, onde deixou numerosos mortos e grande cópia de material bélico. Nossa cavalaria, sob o comando do coronel Mário Garcia, prossegue em perseguição dos adversários. Tiveram ação decisiva no combate as tropas do 17° B.C. e a valente maruja do monitor Pernambuco. Congratulo-me com v. ex. por esta brilhante vitória de nossas armas. - Leonidas de Mattos, interventor federal.¹ 

A derrota dos rebeldes é detalhada em carta de um combatente:

E era, de fato, de todos os lados que o governo federal apertava o cerco. A oeste, no sul de Mato Grosso e especialmente ao longo do rio Paraguai, travava-se em setembro violentos combates. A fronteira paraguaia era porta vital ao exterior para os constitucionalistas, e, já em julho, o governo procurava fechá-la, criando um destacamento sob o comando do major Leopoldo Néri da Fonseca e subordinado a Rabelo, cuja missão, em combinação com a flotilha de Mato Grosso, era barrar o rio. Quando, em agosto, Néri começou a mobilizar forças locais, os rebeldes controlavam Bela Vista e Ponta Porã, enquanto a base de suas operações era Porto Murtinho.

No início de setembro uma coluna rebelde de mais de mil homens marchou sobre Porto Murtinho, onde Néri esperava com oitocentas tropas de regulares e voluntários. O alto comando no Rio de Janeiro apressadamente ordenou a flotilha em Ladário que seguisse com "toda urgência" para Porto Murtinho, o que resultou no envio do monitor Pernambuco àquele local. Na tarde do dia 10, o ataque começou, continuando até o dia seguinte. As deserções do lado federal foram freqüentes, e Néri ameaçou fuzilar soldados que fugiam da linha de fogo, reparando a certa altura que várias chatas e uma lancha estavam lotadas de tropas suas que pretendiam fugir para o outro lado do rio porque a munição escasseava. "Há duas maneiras de quebrar-se: ou como a borracha, esticando pouco a pouco, ou como o aço temperado, que se rompe sem demonstrar o que vai fazer”, gritou Néri a um oficial retirante. "Se tivermos de quebrar, quebraremos como o aço"! Com isso, de metralhadora na mão, obrigou os soldados a evacuarem as embarcações e voltarem para a frente. A intervenção do Pernambuco, bombardeando as posições rebeldes, decidiu a batalha depois de vinte e duas horas de luta.¹

Combatente constitucionalista dá a sua versão desta batalha:

Eram precisamente 13 horas quando se deram os primeiros choques das nossas vanguardas com as vanguardas do inimigo, dentro da mata densa, que circunda aquela cidade, nas proximidades dos primeiros postos entrincheirados.

Estabelecido, logo, o aviso para as nossas diversas linhas, iniciou-se a ofensiva contra as posições defendidas pelos governistas.

Avançava na vanguarda a cavalaria e, por traz desta, vinha a infantaria e a artilharia. No centro, sobre a estrada que corta a mata em direção ao porto, os primeiros a tomar contato com o inimigo, flanco direito da coluna atacante, são os pelotões comandados pelo capitão Hermenegildo Costa Lima, onde serviam o dr. Adolph Calandrini, tenente Albertinho Fróes, irmãos Escobar, capitão Sizenando Garcia. Os pelotões, por dilatado espaço de tempo, enquanto a infantaria operava em marcha de progressão, sustentam renhido fogo, para depois tomarem posição no mesmo flanco, onde se achavam o coronel Waldomiro Correa e sua gente, o dr. Aral Moreira, tenente Ventura, capitão Bezerra, além do coronel Theóphilo Azambuja e seus comandados. E, juntos todos passaram a formar essa ala direita. (...)

O fogo da artilharia, de parte a parte, era intenso, sendo a do inimigo protegida pelos canhões 120 de bordo do monitor Pernambuco, da flotilha de guerra do Ladário, estacionada no porto. Nos rápidos silêncios do canhoneio ouvia-se o estralejar de dezenas de metralhadoras. Só da nossa parte estavam em ação 14 pesadas e 33 leves.

Ao cair da tarde, conseguiram os nossos artilheiros localizar o monitor Pernambuco que nos estava hostilizando tenazmente, com as granadas que despejavam as suas peças 120, obrigando-o a se deslocar rio acima, de onde com mais violência e melhor efeito, passou a bombardear a nossa posição. Antes, porém, por sua vez, a aviação ditatorial havia logrado determinar a nossa posição exata, o que nos obrigou a avançar mais 600 metros, mais ou menos.

Durante a noite progrediram continuamente as nossas tropas, sob o fogo do inimigo que recuava, até que pela manhã já nos encontrávamos a dois quilômetros apenas, da cidade.

Crepitava a fuzilaria incessantemente, sob os estouros das granadas e o ribombo da artilharia.

O canhão revólver ditatorial, situado bem sobre a linha férrea, em frente à posição onde estava o tenente Duprat, não se cansava de expectorar secamente. Ouvia-se distintamente a pesada ‘Maxim’, de 500 tiros por minuto, cantar roucamente enquanto que as metralhadoras leves não deixavam um segundo de costurar nossas posições.

À noite a mata se iluminava repetidas vezes, com o relampaguear dos canhões. E ali, bem ao lado do dr. Calandrini, tombava morto um inditoso moço, municiador de uma das metralhadoras.

O 18 B. C., a alma do combate, lutava nobremente. Seus oficiais tenente Sampaio Simão, Larocque, Tourinho e Ferreira, zombando da morte, destacavam-se de pé na linha de fogo, dando as vozes de comando. (...)
Chocavam-se neste combate cerca de 2500 homens, dominando sempre os constitucionalistas, numa pressão constante e no desalojar os governistas de alguma trincheira.

Murtinho não caiu pela falta absoluta de munição. Apesar disso os constitucionalistas fizeram uma retirada em perfeita ordem, sem serem hostilizados até se concentrarem em São Roque.²


FONTE: ¹Correio da Manhã (RJ) 17 de setembro de 1932. ²Umberto Puigari, Nas fronteiras de Mato Grosso, terra abandonada...Casa Mayença, São Paulo, 1933, página 190.

FOTO: monitor Pernambuco, da flotilha de Ladário..




sábado, 5 de março de 2011

1° de agosto

1º de agosto

1734 - Governo declara guerra aos paiaguás




Sob o comando do tenente-general Manoel Rodrigues de Carvalho, partiu do porto geral de Cuiabá para dar combate aos gentios paiaguás, no Pantanal, esquadra composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagagem, e tres balsas, que eram casas portáteis armadas sobre canoas. Oitocentos quarenta e dois homens entre brancos, pretos e pardos. 

Os detalhes do início oficial da guerra aos paiaguás e desta primeira batalha estão nos anais:

Chegou a monção do Povoado, e nelle o Thenente General Manoel Rodrigues de Carvalho por mandante da gente de Guerra para invadir os Payagoas por ordem de S. Magestade, e do General da Cidade de São Paulo. Trazia consigo quatro sentos homens de guerra; tudo o que era branco por pobre que seja digo que foce, trazia | Patente do Gnr.al De Mestre de Campo de Capitaens, Tenentes, Alferes, Ajudantes, Furrieis, Sargentos e Cabos de Esquadra e estas patentes mandavão-se lhes entregar de embarcarem na Araritaguaba, e logo lhes faziam pagar o custo dellas, humas a des moedas, outros a oito, e outros atantas dobras, conforme o posto que na patente se declarava, e nesta forma vinhão os pobres homens a dar o dinheiro que tinhão para seos aviamentos pellas patentes e fazer viagem a Divina Providencia: esta foi ajuda de custo, que se lhes deo para a viagem, mandou El Rey fazer a guerra a custa da sua fazenda. Logo nesta chegada quizerão muitas pessoas fazer viagem para Mato Grosso, a colher as rossas que lá havião deixado do anno antecedente, publicouse mando, para que ninguem sahisse do termo da Villa para parte nenhuma antes de sahir a armada debaixo de grandes penas, o que asim se executou. Preparouse nesta vila a leva p.ª a dita Guerra tudo a custa do Povo, e sem despeza da Real Fazenda sem embargo de Sua Magestade a mandar fazer a custa della, e só tiverão o adjutorio de alguma Palavra com que asistio a Camara pelloz seoz bens. Despenderão liberalmente de suas fazendas para esta acção Antonio Pinto da Fonceca, o Brigadeiro Regente Antonio de Almeida Lara, Balthazar de Sam Payo Couto, Salvador de Espinha Silva, Antonio de Pinho de Azevedo, Antonio Antunes Maciel, seo irmão Fellipe Antunes Maciel, Antonio Pires de Campos, Pedro Vás de Barros, Antonio de Moraes Navarro, Gabriel Antunes de Campos, João Macha de Lima, Manoel Dias Penteado, Pedro Taques de Almeida, e outros varios que a sua custa prepararão canoas, armas, camaradas, e mais petreixoz necessarios. Sahio a Armada do Porto Geral desta Villa no primeiro de Agosto deste anno de 1734” composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagage, e tres balças, que erão cazaz portateis armadas sobre canoas. Oito centos quarenta e dous homens entre brancoz, pretos, e pardoz. Tudo o que era branco levava cargo e só se dezião Soldados os negroz, pardos, Indios e mestiçoz forão p.r Capelloens o Padre Fr. Pacifico dos Anjos, Religiozo Franciscano e o Padre Manoel de Campos Bicudo do habito de São Pedro com todos os paramentoz para se selebrarem Missa como o fazião dentro nas balças. | Rodarão Cuyabá abaixo, e Paragoay sem ver couza alguma de novidade por espaço de hum mez antes de chegar a bocaina virão ao serrar da noite fogos ao longe, e rodando mança mente sem extrondo acharão no barranco da parte esquerda pouzados alguns bugres, que dormião com seus fogos acezos, e tinhão as canoas embicadas em que andavão a espia da nossa armada, de que já tinhão noticia por revelação dos seus fiticeiros. Imbicarão as nossas canoas de guerra, dispararão-se lhes alguns tiros de mosquetes, levantarão se os bugres aturdidoz, deo se lhes huma carga serrada, em que morrerão quarenta, e escaparão quatro fogidos, pelo mato, que senão seguirão, tomou se hum vivo as mãos, que falava castelhano mal limado, dizendo que era castelhano catholico, que o não matacem não lhe valeo o pretesto, fizerão-no empicado, e as canoas em pedaços. Seguirão Rio abaixo tres dias e tres noites continuas sem pouzar, seria meya noite da terceira quando virão fogos ao longe por huma Bahia dentro da parte esquerda, emcaminharão se a elles remando sem estrondo, e ao romper da alva abeirarão o arayal do Gentio, que estava em hum campeste de terra alta a beira da agoa. Tocou hum negro huma trombeta, sem ser mandado, alvorosouse o Gentio, embarcarão se os guerreiros nas suas canoas a peleijar com a nossa Armada e huma grande chusma com suas algazarras custumadas; disparou se lhes huma carga de mosquitaria serrada, com que ficarão muitos mortos, e os mais acolherão se a terra, e em quanto isto se passou, muito dos que havião ficado no arayal escaparão em canoas cozidos com a terra por hum e outro lado, as quaes não passarão de dés, e os mais meterão se pela terra dentro que hera campestre com capoens de mato carrasquenho. Imbicarão as nossas canoas de Guerra, disparando sempre mosquetaria, com que matarão ainda muitos no Arrayal, lançouse logo a nossa Soldadesca ao alcansse dos fogetivoz pelo campestre dentro a fazer prezas, que logo aprezentavão aos officiaes, no que se ocuparão thé as duas horas da tarde. Recolhidos ao Arrayal contarão se duscentos secenta e seis prizioneiroz, e seis centos mortos por terra e nas agoas, que hera Bahia aonde não havia correnteza. Ficarão ainda muitoz espalhadoz | pelo mato dentro, que os nossos Soldados os não quizerão seguir, suspendendo a sua furia, por saberem que as prezas, que se aprezentavão ao Comandante no Arrayal, logo ahi as hia repartindo com os cabos, e pessoas principaes, e que elles nada tinhão daquela empreza, disserão huns para os outros = Venhão elles apanha-los se quizerem = e com isto se retirarão. Perecerão dos nossos dous negros e hum mulato mortos, pelas nossas mesmas armas as imbicar no Arrayal. Embarcarão-se a fazer pouzo fora daquele lugar, por estar inficionado com os cadaveres, e as agoas com o sangue que delles corria.

Consultou-se no dia seguinte Sesehouvera seguir o Gentio fugitivo thé dar se lhe fim, ou dar a função por acabada; foi a mayor parte dos rastos, que se seguice, não quis o Comandante fazelo com o pretexto de não chegar as Povoações Castelhanas, para que não tinha ordem de Sua Magestade, e falando se em procurar os que ficavão dispersos pelo mato afirmou a Soldadesca, que nenhum ficava, vendo elles o contrario, sentidos de que asprezas todas estivessem com dono, e elles com o trabalho, dizendo huns com outros = vão elles se quizerem = com isto voltarão dando a empreza por finda.

FONTE: Annaes do Senado da Câmara do Cuiabá (1719-1830) folha 19.
FOTO: meramente ilustrativa.

1º de agosto


1791Em Vila Bela governo assina pacto com guaicurus 






Inimigos mortais de estrangeiros, os guaicurus celebrizaram-se por seus ataques aos portugueses, no percurso dos rios pantaneiros, nos chamados anos de ouro, de rentável exploração aurífera em Cuiabá. Por iniciativa do comandante do forte de Coimbra, os chefes da grande nação indígena foram levados à Vila Bela, capital do Estado e lá firmaram com o governo um pacto de reconhecimento e obediência ao império português. O acordo resultou no seguinte documento:

Desejando a nação Guaicuru ou Cavaleiro, que habita os terrenos que formam a margem oriental do Paraguai, desde o rio Mondego, antes denominado Imbotatiu, e mais rios intermédios até a margem boreal do rio Ipané, dar não só uma evidente prova do seu reconhecimento, gratidão e sensibilidade, pelo bom tratamento e repetidos benefícios que ultimamente tem recebido dos portugueses e consequência das ordens do Ilmo. Sr. general de Mato Grosso e Cuiabá, dadas e muito recomendadas para dito fim ao sargento-mor engenheiro Joaquim José Ferreira, comandante do presídio de Nova Coimbra, as quais ordens ele tem desempenhado com todo zelo e atividade, distribuído pela dita nação, além dos donativos que lhe tem sido determinados por conta da real fazenda de S. M., também outros seus proporcionados à sua possibilidade; desejando mesma nação dar provas do grande respeito e fidelidade que tributam a S. M. Fidelíssima e de quanto são os mesmos gentios afeiçoados aos portugueses, espontânea e ansiosamente vieram a esta capital de Vila Bela os capitães João Queima de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, dois dos principais chefes da dita numerosa nação, com dezesseis súditos e a preta Vitória, crioula portuguesa sua cativa, que serve de língua; e depois de terem sido recebidos e hospedados com as maiores e mais sinceras demonstrações de amizade e agasalho, e serem brindados com alguns donativos de S.M. e outros do Exmo. Sr. e capitão general e das outras principais pessoas desta Vila Bela, celebram o seguinte convênio. No dia 1º de agosto de 1791, no palácio da residência do Exmo. Governador e capitão general, estando presentes por uma parte o mesmo Exmo. Sr. com os oficiais militares e demais principais pessoas desta Vila Bela e pela outra os sobreditos capitães e chefes da sua nação, João Queima de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, com os mencionados seus soldados e a crioula Vitória, sua cativa e intérprete, disseram que, em seus nomes e no de todos os outros chefes da sua nação, seus compatriotas, e mais descendentes, protestavam e prometiam de hoje para sempre, nas mãos do Exmo. Sr. governador e capitão general João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, manter com os portugueses a mais íntima paz e amizade e inviolavelmente guardarem e tributarem à S.M. Fidelíssima a mais respeitosa obediência e fidelidade; assim e da mesma forma que lhe tributam todos os vassalos. E sendo-lhes perguntado, de ordem do mesmo Sr. pelo sargento-mor engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra, se era nascida de sua livre vontade e moto próprio a obediência que prestavam à S.M. Fidelíssima, como também se queriam ficar sujeitos da mesa augusta soberana e senhora, ficando amigos, para dessa forma gozarem livre e seguramente de todos os bens, comodidades e privilégios, que pelas leis de S. M. Fidelíssima são concedidos a todos os índios, a tudo responderam ambos os referidos capitães uniformemente que sim: protesto que o mesmo Exm. Sr. general aceitou em nome de S. M. Fidelíssima, prometendo ele também, em nome da mesma soberana e senhora, de sempre proteger a dita nação, a fim de perpetuar entre eles e os portugueses a mais íntima paz e recíproca amizade, concorrendo sempre para tudo se dirigir à felicidade espiritual e temporal dos mesmos gentios. E para firmeza de todo o referido estipulado, eu Joaquim José Cavalcanti de Albuquerque e Lins, secretário do governo, lavrei, por ordem do mesmo Exm. Sr. governador e capitão general, o presente termo. Assinaram S. Exa. e a rogo dos ditos capitães e chefes, o tenente-coronel de infantaria com exercício de ajudante de ordens deste governo, Antonio Felipe da Cunha Ponte e o dr. Alexandre Rodrigues Ferreira, naturalista, encarregado da expedição filosófica por S. M. nesta capitania; e a rogo dos mais guaicurus o dr. provedor da fazenda e intendente do ouro, Antonio Soares Calheiros Gomes de Abreu; e de sua intérprete o sargento-mor de engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra. E também assinaram os oficiais da Câmara, sendo testemunhas presentes deste ato as pessoas principais desta vila capital, que todas igualmente assinaram: e eu o secretário do governo, Joaquim José Cavalcanti de Albuquerque Lins, o escrevi. Com o sinal de S. Exa. e de todos os mais circunstantes.



FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd., página 121.






1° de agosto

1863 - Goianos apostam na estrada para Coxim

Correspondente goiano do jornal Correio Mercantil, do Rio de Janeiro, ressalta a importância da navegação do ponto de Coxim para o comércio daquele estado, faz comparações com o porto de Santos e faz diagnóstico otimista sobre o futuro das relações econômicas entre Goiás e Mato Grosso:

O problema das comunicações com Cuiabá está resolvido de um modo plenamente satisfatório por via do Taquari.

As administrações de Goiás e Mato Grosso deram-se as mãos, trabalharam e continuam a trabalhar de comum acordo neste negócio. O êxito que já vai aparecendo excede à expectativa.

As últimas notícias deixam ver que esse novo e fácil escoadouro de produtos tem dado não só grande animação à agricultura do sul da província, como aos férteis sertões de Uberaba, na província de Minas. Cerca de 200 carros carregados destinam-se ao comércio do Taquari, atravessando sertões até há pouco ínvios.

Esperava-se isso, mas não com tanta rapidez.

O ponto no Taquari é o em que nele faz barra o Coxim. Daí para baixo o rio é largo, não tem uma só cachoeira e é suficientemente abastecido de águas para a navegação a vapor.

Essa estrada e a navegação desse rio fazem uma revolução na indústria de Goiás e parte de Minas. Os fatos o estão demonstrando: o primeiro ponto que tínhamos, o de Santos, dista 212 léguas desta cidade e a estrada que a ele vai passa por terrenos tais que é impossível o trânsito de carros. O do Coxim dista 90 léguas e talvez menos pela nova estrada, e o terreno a percorrer estende-se em planuras pouco acidentadas, de modo que os carros marcham completamente desimpedidos.

Os goianos vendiam no melhor dos mercados desta província, que é o desta capital, seus gêneros por um preço nimiamente baixo; por exemplo: toucinho a 2$ a arroba; açúcar de 1ª qualidade, a 1$800 e a 2$; compravam um alqueire de sal a 18$ e a 20$. Faça agora ideia da agradável surpresa que lhes proporcionou o Taquari, onde vendem: toucinho a 18$, açúcar a 12$; café a 14$ e compram um alqueire de sal a 6$. Sem querer foros de profeta, vaticino que, em menos de cinco anos, esses sertões do Rio Verde, Anicuns e Rio Claro, para onde já se têm emigrado numerosas famílias mineiras, serão populações importantíssimas.

Não será tempo do governo geral realizar a fértil ideia do sr. conselheiro Saraiva, por virtude da qual se deve preferir as comunicações para Mato Grosso pelo nosso centro, em vez de estar na dependência de quanto espanhol grita - caramba - ao sul do império!

Parece que sim.



FONTE: jornal Correio Mercantil (RJ) 14 de setembro de 1863.
1° de agosto




1866 – Paraguaios deportam varões de Corumbá





Avisados às vésperas de que todos os homens seriam deportados para o Paraguai, o comandante das tropas de ocupação cumpre as ordens superiores. Apenas três imigrantes italianos puderam embarcar com toda a família, entre eles o comerciante Manoel Cavassa, autor do seguinte relato:

Chegou finalmente o nefasto 1º de agosto de 1866, indelevelmente gravado na minha memória. Ao meio dia, quando íamos sentarmo-nos para almoçar chegaram à nossa casa, à toda pressa, alguns oficiais, que nos intimaram a ordem de embarcar na chata, que foi levada imediatamente e sem permitir-nos sequer que comêssemos ligeiramente, puseram-nos fora de casa, cujas portas fecharam e fizeram-nos embarcar na chata, que foi levada imediatamente e amarrada ao vapor, depois do que começou o embarque da tropa, que encheu o navio, ficando somente para alojamento dos prisioneiros a câmara na qual como é fácil imaginar, estavam aqueles infelizes estivados como sardinhas, em pé, sem poderem sentar-se, e, demais a mais para cúmulo de sofrimento, sem terem comido. Nós na chata íamos relativamente bem divinamente, não obstante irem ali três famílias, que eram constituídas por 32 pessoas, inclusive crianças; mas para aqueles infortunados, aglomerados na câmara dum pequeno vapor, no qual iam mil seiscentos e tantos pessoas, era a viagem um tormento, à noite especialmente.
Saímos às 4 horas da tarde desse mesmo dia, passamos relativamente bem à noite e chegamos ao amanhecer a Albuquerque, em cujo porto estavam já reunidos todos os índios varões domesticados que também deviam embarcar entre as comoventes lamentações de suas famílias e passando uns sobre os outros, pois havia gente por todas as partes, até nas enxarsias e nas vergas.



Os deportados que conseguiram sobreviver aos rigores da guerra, entre eles, o autor do memorandum acima, foram libertados pelo exército brasileiro, durante a ocupação do território inimigo.



FONTE: Valmir Batista Correa e Lúcia Salsa Correa, Memorandum de Manuel Cavassa, Editora da UFMS, Campo Grande, 1997, página 33.

FOTO: Ruinas de fortificações,extraída do Album Graphico de Matto-Grosso (1914)






1° de agosto


1903 – Inaugurado telégrafo em Aquidauana


Sede do telégrafo em Aquidauana, inaugurada por Rondon

Chega ao vilarejo de Aqudauana à margem direita do rio, a integração telegráfica com Cuiabá, via Coxim. O major Cândido Mariano da Silva Rondon, o responsável pela implantação da linha, conta como foi alcançar esse ponto:

Pouco avançávamos porque os soldados estavam esgotados, mas a 26 de maio entrávamos na vila de Aquidauana. O pique foi recebido festivamente, como prenúncio da chegada da linha. Houve foguetório e música. Mandei distribuir vinho às praças que tiveram descanso... relativo.


Devia eu, porém, conseguir uma casa onde fosse possível instalar a estação telegráfica pois, regressando ao acampamento, encontrara resposta negativa de d. Antonia Jatobá a uma proposta minha, feita por intermédio de Ciríaco: ceder ela à Comissão a casa de sua propriedade, com contrato, fazendo-se-lhe os reparos necessários.


O acampamento mudou-se para o Taboco e parti para Campo Formoso cuja estação devia ser inaugurada no mesmo dia que a de Aquidauana. Para isso se construiu uma casa junto a uma fonte de bastante água. Para proteger o manancial, mandei fazer um grande alambrado de 400 m de face, cercando a estação. Adquiriu a Comissão esse terreno do fazendeiro Zeferino Rodrigues, pela quantia de 1$500 (mil e quinhentos réis). Foi um meio de fazer pronta doação do terreno, uma vez que não havia tabelião naquelas paragens.


Segui para Aquidauana – o meu filhinho adoecera. Preocupado e aflito, tive, entretanto, a alegria de o encontrar restabelecido. Foi necessário resolver ao mesmo tempo o problema da casa para a estação telegráfica. Não havia outro recurso senão construir uma. Escolhi um lote de 36 m de frente, no único largo da vila. O acampamento, quando para cá fosse transferido, ficaria na praça ou na rua da estação.

Cuidei também de determinar a latitude por observação circumeridiana do sol, medindo duplas distâncias zenitais. 


Segui a 15 para o acampamento, a fim de tornar mais rápida a marcha do serviço e a 21 estava a construção em caminho de Limão Verde para a vila, onde chegou a 28 – chegada que o espocar de foguetes anunciou. Mudou-se então o acampamento, empregou-se todo o pessoal na limpeza, não só dele como da praça e da vila, e cuidou-se dos preparativos para a festa de inauguração, na qual tomaria parte a banda de música do 7º regimento de cavalaria.


As 9 horas de 1º de agosto inaugurava-se a estação de Aquidauana – ao mesmo tempo que a de Campo Formoso.


A chuva não permitiu que estivessem presentes muitas famílias.
Ainda assim formou o contingente: li uma ordem do dia sobre a inauguração, houve discursos – inclusive o do sr. João Augusto da Costa que, em nome da população, dava o meu nome e o do Marechal Mallet às duas principais ruas da vila e o de rua do Telégrafo àquela por onde entrara a linha.


A comissão ofereceu um baile à população e, no dia seguinte, suspendeu o acampamento, indo bivacar no córrego João Dias.




FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 163.


OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...