sexta-feira, 12 de julho de 2013

12 de setembro


12 de setembro

1864 - Receita ameaça execução fiscal de escravocratas inadimplentes

Em edital publicado em jornais da capital, a Inspetoria da Fazenda, ameaça executar a dívida da taxa de escravos aos inadimplentes do exercício fiscal anterior:

"De ordem do Ilm° Senr. inspetor desta Tesouraria convido aos senhores colectados da cidade de Poconé que no exercício de 1861-1863 deixaram de pagar na coletoria geral do lugar o imposto de taxa dos escravos, para que hajam de por si ou por seus procuradores satisfazer a boca do cofre nesta repartição as importâncias de seus débitos no prazo de trinta dias a contar desta data; sendo que, se não o fizerem, serão as suas contas remetidas ao juízo competente para promover executivamente a cobranças delas.

Primeira Secção da Tesouraria da Fazenda de Mato Grosso em Cuiabá, 12 de setembro de 1864. O chefe interino, José Estevão Correa".


FONTE: A Imprensa de Cuyabá, 13 de setembro de 1864.





12 de setembro


1883 - Índios Coroados atacam fazendas em Coxim






Índios da tribo Coroados em ataque a moradores da margem esquerda do rio Taquari, em Bom Jardim, no distrito de São José de Herculânia (Coxim) "fizeram 12 vítimas e roubaram tudo quanto acharam", colocando em pânico "todos os moradores daquela circunferência" e obrigando a retirada de todos, abandonando suas propriedades e pertences. A denúncia consta de um apelo às autoridades, publicado em jornal de Corumbá, implorando o restabelecimento da ordem na região:

"Os índios da tribo - Coroados - que no Taquari, à margem esquerda fizeram 12 vítimas e roubaram tudo quanto acharam, fato que deu lugar a que todos os moradores daquela circunferência se retirassem abandonando tudo quanto tinham, assaltaram minha casa às 10 horas do dia 6 do corrente, deixando-me a dura provação de ver flechados um casal de escravos, de cujos ferimentos está à morte um deles.

Antes de darem este assalto haviam surpreendido e assassinado a mulher de um meu agregado a qual fora encontrada com a cabeça espedaçada por uma mão de pilão - de que se serviram, e junto ao cadáver encontrou-se ensanguentada.

As criações que no meu terreiro estavam, ficaram todas feridas de flechas e algumas mortas.

Como é de todos sabido os vândalos rapinas - com suas correrias, plantaram nesta zona um geral horror e completo desânimo de modo que, está quase de todo cortado o trânsito da estrada em que os habitantes deste sertão, do Goiás e parte do de Minas, comerciam na povoação de S. José de Herculânia. E, se imediatos socorros não vierem a impedir a audácia destes índios, seremos todos suplantados pela miséria e inúmeros serão os prejuízos a lamentar-se no comércio deste distrito e não menos no de Corumbá.

O comandante do destacamento de Boa Vista, o sr. alferes Cipriano Alcides, a quem recorri temendo ser novamente agredido, mandou postar dois soldados em minha fazenda e outros dois na do sr. Leandro Borges, 5 léguas de minha residência, observando-me apenas, que tão logo acalmassem as hostilidades dos índios, tornassem os soldados ao destacamento, visto como se tomou a si o expediente de dar-me auxílio, foi pelo sentimento da piedade que o domina e não porque as autoridades, seus superiores, a isso instruissem, por isso que aconselhava-me a retirar quanto antes, afim de que seus soldados não demorassem fora do destacamento que, com as poucas praças que ali se compõe, podia ser também pelos índios atacado, e ele tinha então, necessidade de defender o quartel a mais pertences nacionais ou morrer sobre eles, com todos os soldados sob seu comando.

Dei razão ao dito sr. alferes; mas sr. redator em tais circunstâncias entre audazes e tiranos selvagens, sem poder com tranquilidade, cuidar de minha família objeto para cuja mantença me sacrifiquei a ocupar um pedaço de terra em que resido e onde tenho empregado não mesquinho capital, porém, sim de alguma importância, como devo estar e o que farei? onde trabalhar quando os terrenos estão de difícil aquisição e a quem pedir recursos em tão precária situação?

Providências a serem por mim tomadas, é a resignação de retirar-me de minha fazenda, sem esperança de jamais haver aquilo que com sacrifícios enormes pude adquirir em seis anos de assíduo labor.

Providências hão de sobejo; mas, para pedi-las o fraco som de minha voz, não alcança onde elas estão, e V. S. advogado da santa causa dos malaventurados e esclarecido como é, com a sublimidade de sua clara linguagem, com o robusto eco de seu conceituado jornal, do alto de sua tribuna tipográfica e traduzindo os sentimentos que nesta quadra de mim se apoderam e das mais vítimas minhas companheiras de sacrifícios, proclamará ao vivo ao administrador da província, os fatos supra narrados; e, então, far-me-á o favor, lhe rogo, pedir-lhe uma medida no sentido de afugentar esses índios, afim de que possamos tranquilos seguir a marcha de nossos trabalhos como outrora.

Convencido de que V.S. não se negará a este favor, desde já antecipo os meus agradecimentos e sou

De V. S.

Admirador am.°

Distrito de S.José de Herculânia no Bom Jardim, 12 de setembro de 1883.

José Venâncio Naves".


FONTE: jornal O Iniciador (Corumbá), 1° de novembro de 1883.


FOTO: reprodução meramente ilustrativa.




12 de setembro
   
1893 – Morre o marechal Porto Carreiro

Falece ao 74 anos no Rio de Janeiro, Hermenegildo de Albuquerque Porto Carreiro, o barão do Forte de Coimbra. Nascido em Recife, Pernambuco em 1818. No exército brasileiro chegou a marechal. Era o comandante do forte de Coimbra em 27 dezembro de 1864, por ocasião da ocupação paraguaia e coordenou a fuga  para evitar combate desigual com a armada paraguaia. A frota inimiga, capitaneada pelo Igurey, era formada por 5 vapores e 5 grandes embarcações a reboque, e totalizava 39 canhões de bordo. A reboque também balsas-curral com gado para o abastecimento da tropa e cavalos. As tropas de combate formavam 4 batalhões, num total de 3.200 homens. Traziam também 12 peças de campanha. A artilharia brasileira,por sua vez, era constituída de 31 canhões velhos, dos quais apenas 11 estavam em condições de atirar, mas com o número de artilheiros era insuficiente, somente 5 podiam atirar.




FONTE: Carlos Francisco Moura, O forte de Coimbra, sentinela avançada da fronteira, Edições UFMT, Cuiabá, 1974, página 60.



12 de setembro

1934 – Nasce em São Paulo, Rubens Gil de Camilo





Nasce em São Paulo, Rubens Gil de Camilo. Mudou-se para Campo Grande aos 5 anos de idade. Fez o primário no Colégio Dom Bosco, o ginasial no Joaquim Murtinho. Aos 16 anos entrou para a Aeronáutica. Com 17 anos prestou exame para a Marinha em Corumbá. Aos 18, em 1951 muda-se para São Paulo, onde cursou arquitetura na Universidade Mackenzie, formando-se em 1960. Retorna a Campo Grande onde se dedica à profissão. Seus projetos mais conhecidos são o Palácio Popular da Cultura no Parque dos Poderes e a sede da Federação das Indústrias, na avenida Afonso Pena.
Faleceu tragicamente durante uma pescaria em agosto de 2000. Em sua homenagem o governo do Estado deu o seu nome ao Centro Popular de Cultura, seu mais conhecido projeto.

FONTE: Ângelo Marcos Vieira de Arruda, Pioneiros da Arquitetura e da Construção em Campo Grande, Uniderp, Campo Grande, 2002; página 323.


12 de setembro

1976 - Sequestro e morte de Lúdio Coelho Filho, o Ludinho




Sequestrado e morto em Campo Grande, o jovem Lúdio Martins Coelho, o Ludinho, filho do empresário e político Lúdio Martins Coelho. O crime, por envolver uma das mais tradicionais famílias de Mato Grosso, e, principalmente, por ser um dos primeiros no gênero no Brasil, teve enorme repercussão, desde o rapto da vítima até a prisão dos suspeitos e condenação de seus autores.

As primeiras notícias davam conta de que com "um tiro na testa, uma mulher encontrou ontem, num terreno baldio no centro de Campo Grande, o corpo do estudante Lúdio Martins Coelho Filho, sobrinho do senador Italívio Coelho (Arena-MT) e filho do banqueiro e pecuarista Lúdio Martins Coelho. O rapaz havia sido sequestradosexta-feira e seu carro, deixado em frente à residência da família, foi encontrado um bilhete exigindo resgate de Cr$ 6 milhões".

O mesmo noticiário dava conta que "um forte esquema de segurança o corpo de Ludinho, que permaneceu intocável até a noite, quando a Polícia Técnica de São Paulo - vinda em jato fretado - o examinou. O delegado Fleury comanda as investigações. O sequestro era mantido em rigoroso sigilo até ontem às 15.45 quando o corpo foi encontrado. O tiro teria sido disparado na manhã de ontem (dia 10), segundp a polícia."

OS AUTORES - Com o auxílio da polícia do Estado, o delegado Luis Antonio Fleury, do DOPS de São Paulo, comandou as investigações e chegou aos suspeitos, graças à delação do cabo Luiz Targino, que soube do fato, através de um de seus autores, o tenente Aramis.

Os tenentes da PM de Mato Grosso, Aramis Ramos Pedrosa e João Louzada, e João Leozar Machado, presos dez dias depois, confessaram a autoria do crime. Aramis assumiu a autoria intelectual da trama e dos dois disparos que mataram Ludinho. No depoimento, acrescentou que o objetivo do sequestro era apenas o dinheiro, salientando que de qualquer forma o jovem seria morto, pois conhecia bem os sequestradores e os denunciaria.

Foram condenadas, além de Aramis e Machado. a amante deste, Josélia Rosa da Costa e a esposa daquele, Iolanda Grizahay Ramos.

O crime foi celebrizado pela música sertaneja "Lágriimas que choram", da dupla Milionário e José Rico.

FONTE: Jornal do Brasil (RJ) 11 de setembro de 1976.

FOTO: Correio Braziliense, Brasilia, DF.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

12 de Setembro



1893Morre o marechal Porto-Carrero

Forte de Coimbra, em fotografia do início do século XX

Falece ao 74 anos no Rio de Janeiro, o marechal Hermenegildo de Albuquerque Porto- Carrero, o barão do Forte de Coimbra. Nascido em Recife, Pernambuco em 13 de abril de 1818, como tenente-coronel, destacou-se na defesa do forte de Coimbra em 27 de dezembro de 1864, por ocasião da ocupação paraguaia ao Sul de Mato Grosso. Quando, estalou a guerra do Brasil com o Paraguai, com o aprisionamento do “Marquês de Olinda”, a 12 de novembro de 1864, Portocarrero, então Tenente Coronel Comandante do 3º Batalhão de Artilharia, se achava à frente do forte , um dos primeiros pontos atingidos pela invasão inimiga. Em sua companhia se encontrava a sua família, que, bem como a do Ten. João de Oliveira Meio, prestou eficaz auxílio à defesa do forte, chegando a preparar munições com que se procurava tornar, adaptando-as às armas ali encontradas, mais demorada a resistência.

Atacada de chofre por uma fortíssima coluna de 4.000 homens, comando de Barrios, cunhado do ditador, sem aparelhamento necessário, Coimbra, já aureolada pela resistência de Ricardo Franco, confirmou as tradições de bravura que a cercavam de um fastígio de heroísmo lendário. 

Resistiu enquanto pode, não obstante ser apenas de centena e meia de homens a sua guarnição, levados nessa conta os 40 índios do Capitão Lapagate e só após dois dias de luta tenacíssima e ante o completo malogro
da tentativa de oposição à passagem do inimigo, sem esperança de reforço, é que Portocarrero, ouvindo o conselho de oficiais, resolveu evacuar o forte, retirando-se para Corumbá, no vapor de Guerra “Amhambahy” comandado pelo 1º Tenente Balduino de Aguiar.

FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Mato-grossense, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 42 e José de Mesquita, Genealogia Matogrossense, Editora Resenha Tributária, São Paulo, 1992, página 219. 


12 de stembro 

1934Nasce em São Paulo, Rubens Gil de Camilo



Nasce em São Paulo, Rubens Gil de Camilo. Veio para Campo Grande aos 5 anos de idade. Fez o primário no Colégio Dom Bosco, o ginasial no Joaquim Murtinho. Aos 16 anos entrou para a Aeronáutica. Com 17 anos prestou exame para a Marinha em Corumbá. Aos 18, em 1951 muda-se para São Paulo, onde cursou arquitetura na Universidade Mackenzie, formando-se em 1960. Retorna a Campo Grande onde se dedica à profissão. Seus projetos mais conhecidos são o Palácio Popular da Cultura no Parque dos Poderes e a sede da Federação das Indústrias, na avenida Afonso Pena.

Faleceu tragicamente durante uma pescaria em agosto de 2000.
 Em sua homenagem o governo do Estado deu o seu nome ao Centro Popular de Cultura, seu mais conhecido projeto.

FONTE: Ângelo Arruda, Pioneiros da Arquitetura e da Construção em Campo Grande, Uniderp, Campo Grande, 2002, página 323.



11 de Setembro

11 de setembro 

1821 - Vila Bela instala governo paralelo em Mato Grosso

Menos de um mês depois da instalação da junta governativa em Cuiabá, com a consequente destituição do governador general Francisco de Paula Magesse Tavares de Carvalho, os líderes políticos de Vila Bela da Santíssima Trindade, capital formal da capitania, inconformados com o sucateamento do governo em transferência, decide desafiar a realidade, e decretar a criação de uma outra junta governativa, estabelecendo um governo paralelo. 

À frente o quartel mestre José Francisco dos Guimarães, a junta governativa de Mato Grosso, como ficou conhecida, teve como componentes, eleitos pela população, o padre Joaquim Teixeira Coelho, o ajudante Mateus Vaz Pacheco e o capitão Teodoro Tavares da Silva. 


FONTE: Documentação Histórica, revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, Cuiabá, 1931-1932, página 142.



11 de setembro

1884Nasce em São Paulo, Rosário Congro


Passou a infância em Sorocaba. Depois de casado, em 1910, mudou-se para Corumbá, onde estabeleceu-se como comerciante. Autodidata, provisionou-se advogado e entrou na política, elegendo-se deputado estadual por Corumbá. Em 1918 , por nomeação do presidente Dom Aquino, assume a intendência de Campo Grande, onde permanece até agosto de 1919. Em sua rápida passagem pela administração municipal, enfrentou a gripe espanhola com mais de dois mil casos registrados e 36 mortes no perímetro urbano, doou terreno para construção da Santa Casa, criou o serviço de remoção do lixo, instituiu o 26 de agosto como data oficial da cidade, e oficializou o hino de Campo Grande, com letra e música do professor Trajano Balduíno de Souza.

Em 1920 reelege-se deputado estadual, sendo eleito sucessivamente por diversos mandatos. Em 1941 foi nomeado prefeito de Três Lagoas, sendo confirmado no cargo em 1946. Em 1948 foi nomeado diretor da Delegacia Especial de Terras e Colonização em Campo Grande. No governo de Arnaldo Estevão de Figueiredo ocupou o cargo de secretário de Agricultura, Indústria e Comércio, Viação e Obras Públicas.


Em 1950 elege-se deputado estadual pela última vez. Antes de completar o mandato é nomeado para o Tribunal de Contas, onde aposentou-se em 1954. Escritor e poeta, foi membro da Academia Mato-grossense de Letras. Faleceu em 11 de outubro de 1963, em Três Lagoas.

FONTE: E. Barsanulfo Pereira, Série Campo Grande Personalidades, Arca, Campo Grande, 2001, página 49.


11 de setembro

1886Bispo de Cuiabá na fazenda Esperança


Antonio Francisco Rodrigues Coelho,
proprietário da fazenda Boa Esperança


Na primeira visita de um bispo à região Sul, d. Luis chega à fazenda Esperança, de Antonio Francisco Rodrigues Coelho, no município de Nioaque, a caminho de Campo Grande:

Meia hora antes de chegarmos à Boa Esperança encontramos um grupo de cavaleiros que vinham receber o prelado.
Rua de arvoredos, plantados de véspera, arcos de palmas e flores campestres, fogos do ar, toque de sino, tudo isso teve S. Exa. à sua chegada. Estava ali reunida muita gente por causa da vinda do sr. Bispo, cuja notícia tinha-se propalado ao longe, de boca em boca, pelo que houve muito aperto e muito o que fazer nos três dias de nossa estada.
"Celebrei e preguei duas vezes, fiz 14 casamentos e 22 batizados, sendo 8 de índios terenas, inclusive 3 adultos. S. Exa. Rvma. pregou três vezes, além do trabalho do confessionário que coube-lhe quase tudo. Crismou 123 pessoas e dignou-se de batizar a inocente Rita, filha do sr. Coelho, servindo de padrinho o sr. Joaquim Augusto de Oliveira Cezar e sua mulher a exma. sra. D. Rosalida Souza de Cezar. (...).
"É assaz aprazível e bonita a fazenda Boa Esperança. A casa está colocada em uma pequena elevação, mas que oferece uma boa vista para a parte do sul e poente. Para os lados da casa de morada há outras destinadas a fins diversos e quatro currais de pau-a-pique de grandes proporções. Embaixo nos fundos da fazenda passa o ribeirão do mesmo nome, que nasce no alto da Boa Vista e vai despejar suas águas no Taquarussu, afluente do Aquidauana.
Em linha reta Campo Grande está a 25 léguas desta fazenda; mas pelo caminho por onde viajamos, corresponde a 40 léguas. No primeiro caso a viagem faz-se pela seguinte forma: dali à Estância Nova, propriedade do sr. Atanásio de Almeida Mello, uma e meia légua; dali passando o rio Brilhante à fazenda deste nome, do sr. Diogo José de Souza, duas e meia légua; desta à fazenda de S. Bento propriedade do sr. Vicente Antônio de Brito, 4; dali ao sítio do sr. Hermenegildo Alves Pereira, nas cabeceiras do rio Vacaria, 4; deste sítio aos lugar denominado Olho d’água, 5; e dali a Campo Grande, 9.
"Logo após a subida da serra de Maracaju desenrolam-se a perder de vista os campos de Vacaria e a natureza ostenta-se assombrosamente linda. Além de aura puríssima, céu puríssimo, águas puríssimas...que de vistas a disputar a atenção, ocupar o espírito, cativar a alma de quem vai por aquela vasta planície de campos limpos batidos diária e constantemente pelo sol! De todos os lados do horizonte o observador vê estenderem-se campos de pastagens representando imensos tabuleiros que ele não se cansa de admirar e que não têm outros limites mais do que o mesmo horizonte, que não raras vezes lá fica em distância máxima, lá onde a abóboda celeste parece fechar tocando com a terra. Descendo a serra que é por um declive quase imperceptível, tudo se muda; o clima é muito mais cálido, os campos cobertos, chão arenoso e pouca água ordinária e sempre mistura da de argila branca. Só a pastagem é excelente por toda a parte.


Da fazenda Boa Esperança a comitiva do bispo seguiu para a fazenda Santa Rosa, de Teixeira Muzi, antes de encerrar a viagem em Campo Grande. 


FONTE: Luis Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, Cuiabá, sd., página 168.



11 de setembro

1916Oposição formula denúncia contra governador



O deputado federal Aníbal de Toledo encaminha expediente à Assembleia Legislativa, onde em longo arrazoado, conclui pelo pedido de punição com a perda do mandato, ao presidente do Estado, general Caetano Manoel de Faria e Albuquerque. Este seria o estopim da Caetanada, período conturbado da política de Mato Grosso, envolvendo todas as regiões em sanguinário conflito armado. A Assembleia Legislativa, alegando falta de garantias para funcionar na capital, muda-se para Corumbá. No Sul, o major José Gomes rebela-se contra o governo e é combatido por tropas legalistas sob o comando do coronel Joselito, de Aquidauana. A normalidade é restabelecida com a renúncia do chefe do executivo, dos deputados e a intervenção federal, a 10 de janeiro de 1917. 

FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 100.



11 de setembro

1929 - Viagem inaugural de ônibus entre Cuiabá e Campo Grande



Procedente de Cuiabá chega a Campo Grande o auto-ônibus da Empresa Auto Viação Matogrossense, inaugurando a linha entre as duas cidades, cujo transporte de passageiros até então era feito por vias ferroviária (até Corumbá) e fluvial pelo rio Paraguai. 

A empresa, com sede em Campo Grande, firmou contrato com o governo do Estado, visando a exploração regular do transporte coletivo entre as duas principais cidades de Mato Grosso. O "Jornal do Comércio", dá os detalhes do citado contrato que estabelece a principio, uma viagem mensal de ida e volta:

"Não é preciso encarecer - justifica o jornal - o quanto de importante representa para Campo Grande o fato de que hora ocupamos, pois que ligado à capital do Estado por viagens regulares que deverão ser feitas em três dias, pouco mais ou menos, ficará nossa cidade, de preferencial sendo o ponto de intercâmbio dos passageiros que do Rio ou São Paulo se destinam a Cuiabá e vice-versa os quais terão assim uma diminuição de, pelo menos cinco ou seis dias de viagem".¹

Era governador do Estado, Mário Correia e prefeito de Campo Grande, Inácio Franco de Carvalho.

Esse investimento resultou em fracasso em virtude da precariedade da estrada de 950 km de percurso, “feita sem tratores, niveladoras, caminhões basculantes ou outra máquina qualquer, apenas com picaretas, enxadas, pás e machados, suor e músculo, pertinácia e teimosia”, segundo Ulisses Serra, sem revestimento, sem conservação e muito longa, tornou-se “praticamente intransitável e temeridade viajar-se nela. Logo que precariamente concluída, o português Manuel Bento inaugurou um serviço de ônibus entre as duas cidades”, que o levaria à bancarrota:

“Ela já havia absorvido seu capital e seu suor na construção de muitos de seus pontilhões, ia agora sugar-lhe os últimos recursos, suas esperanças de novos dias e de sua própria vida. Ele mesmo, com mil e uma dificuldades, fabricou a carroceria do pesado veículo, na sua oficina da Av. Calógeras. O coletivo, porém, a duras penas suportou somente duas viagens, destroçando-se na terceira”.

O transporte rodoviário de passageiros entre as duas cidades – ainda segundo Ulisses Serra, somente seria regularizado em 1936.²


FONTE: ¹Jornal do Comércio (Campo Grande), 13 de setembro de 1929. ²Ulysses Serra, Camalotes e Guavirais, Editora Clássico-Científica, São Paulo, 1971, página 49.

FOTO: reprodução do livro Raízes de Coxim, de João Ferreira Neto. 




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

10 de Setembro

10 de setembro

1911Estrada de ferro chega a Aquidauana


 Primeira estação ferroviária de Aquidauana


A frente de Porto Esperança dos trilhos da Noroeste do Brasil chega à vila de Aquidauana, que “festeja ruidosamente a chegada da primeira locomotiva da estrada de ferro Itapura-Corumbá”:

Em nome da população saudou ao diretor da estrada o professor João Nunes da Cunha, sendo àquele oferecido pela menina Paulina Alves de Castro um ramalhete de flores naturais. Em nome de seus companheiros de trabalho, o dr. Kessehring agradeceu a saudação que lhe fora feita.


À festa da inauguração compareceu a elite da sociedade de Aquidauana, podendo-se mencionar entre outras pessoas o coronel João de Almeida Castro, que foi um dos fundadores da vila, dr. Manoel Pereira da Silva Coelho, juiz de direito da Comarca, cel. Teodoro Paes da Silva Rondon, também fundador da vila, dr. Francisco Xavier Júnior, dr. Júlio Mário de C. Pinto, Isauro Cabral, tenente Manoel de Oliveira Braga, coronel Estevão Alves Corrrea, advogado Alfredo César Velasco, coronel Antonio Inácio de Trindade, Francisco Fanaia Filho, Antonio Ries Coelho, além de crescido número de senhoras e senhoritas.


A ligação das duas frentes aconteceria apenas em 1914, em Campo Grande, com o encontro dos trilhos e a conclusão da obra.
 

FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 137.

FOTO: ALBUM GRAPHICO DE MATO GROSSO, Corumbá/Hamburgo, 1914.




10 de setembro

1932 – Trava-se a batalha de Porto Murtinho




Dá-se a batalha de Porto Murtinho, confronto bélico decisivo para os destinos da guerra civil de São Paulo em território do sul de Mato Grosso, conforme comunicação do governo de Mato Grosso, em Cuiabá, ao comando federal, no Rio de Janeiro:

Levo ao conhecimento de v.exa. que nossas forças acantonadas em Porto Murtinho foram no dia 10, às doze horas, atacadas por uma grande coluna rebelde, travando-se violenta batalha que durou vinte e cinco horas consecutivas, sob intensa fuzilaria e ação de artilharia, havendo o inimigo no dia seguinte, às 14 horas, abandonado em debandada o campo de luta, onde deixou numerosos mortos e grande cópia de material bélico. Nossa cavalaria, sob o comando do coronel Mário Garcia, prossegue em perseguição dos adversários. Tiveram ação decisiva no combate as tropas do 17° B.C. e a valente maruja do monitor Pernambuco. Congratulo-me com v. ex. por esta brilhante vitória de nossas armas. - Leonidas de Mattos, interventor federal.¹ 

A derrota dos rebeldes é detalhada em carta de um combatente:

E era, de fato, de todos os lados que o governo federal apertava o cerco. A oeste, no sul de Mato Grosso e especialmente ao longo do rio Paraguai, travava-se em setembro violentos combates. A fronteira paraguaia era porta vital ao exterior para os constitucionalistas, e, já em julho, o governo procurava fechá-la, criando um destacamento sob o comando do major Leopoldo Néri da Fonseca e subordinado a Rabelo, cuja missão, em combinação com a flotilha de Mato Grosso, era barrar o rio. Quando, em agosto, Néri começou a mobilizar forças locais, os rebeldes controlavam Bela Vista e Ponta Porã, enquanto a base de suas operações era Porto Murtinho.

No início de setembro uma coluna rebelde de mais de mil homens marchou sobre Porto Murtinho, onde Néri esperava com oitocentas tropas de regulares e voluntários. O alto comando no Rio de Janeiro apressadamente ordenou a flotilha em Ladário que seguisse com "toda urgência" para Porto Murtinho, o que resultou no envio do monitor Pernambuco àquele local. Na tarde do dia 10, o ataque começou, continuando até o dia seguinte. As deserções do lado federal foram freqüentes, e Néri ameaçou fuzilar soldados que fugiam da linha de fogo, reparando a certa altura que várias chatas e uma lancha estavam lotadas de tropas suas que pretendiam fugir para o outro lado do rio porque a munição escasseava. "Há duas maneiras de quebrar-se: ou como a borracha, esticando pouco a pouco, ou como o aço temperado, que se rompe sem demonstrar o que vai fazer”, gritou Néri a um oficial retirante. "Se tivermos de quebrar, quebraremos como o aço"! Com isso, de metralhadora na mão, obrigou os soldados a evacuarem as embarcações e voltarem para a frente. A intervenção do Pernambuco, bombardeando as posições rebeldes, decidiu a batalha depois de vinte e duas horas de luta.¹

Combatente constitucionalista dá a sua versão desta batalha:

Eram precisamente 13 horas quando se deram os primeiros choques das nossas vanguardas com as vanguardas do inimigo, dentro da mata densa, que circunda aquela cidade, nas proximidades dos primeiros postos entrincheirados.

Estabelecido, logo, o aviso para as nossas diversas linhas, iniciou-se a ofensiva contra as posições defendidas pelos governistas.

Avançava na vanguarda a cavalaria e, por traz desta, vinha a infantaria e a artilharia. No centro, sobre a estrada que corta a mata em direção ao porto, os primeiros a tomar contato com o inimigo, flanco direito da coluna atacante, são os pelotões comandados pelo capitão Hermenegildo Costa Lima, onde serviam o dr. Adolph Calandrini, tenente Albertinho Fróes, irmãos Escobar, capitão Sizenando Garcia. Os pelotões, por dilatado espaço de tempo, enquanto a infantaria operava em marcha de progressão, sustentam renhido fogo, para depois tomarem posição no mesmo flanco, onde se achavam o coronel Waldomiro Correa e sua gente, o dr. Aral Moreira, tenente Ventura, capitão Bezerra, além do coronel Theóphilo Azambuja e seus comandados. E, juntos todos passaram a formar essa ala direita. (...)

O fogo da artilharia, de parte a parte, era intenso, sendo a do inimigo protegida pelos canhões 120 de bordo do monitor Pernambuco, da flotilha de guerra do Ladário, estacionada no porto. Nos rápidos silêncios do canhoneio ouvia-se o estralejar de dezenas de metralhadoras. Só da nossa parte estavam em ação 14 pesadas e 33 leves.

Ao cair da tarde, conseguiram os nossos artilheiros localizar o monitor Pernambuco que nos estava hostilizando tenazmente, com as granadas que despejavam as suas peças 120, obrigando-o a se deslocar rio acima, de onde com mais violência e melhor efeito, passou a bombardear a nossa posição. Antes, porém, por sua vez, a aviação ditatorial havia logrado determinar a nossa posição exata, o que nos obrigou a avançar mais 600 metros, mais ou menos.

Durante a noite progrediram continuamente as nossas tropas, sob o fogo do inimigo que recuava, até que pela manhã já nos encontrávamos a dois quilômetros apenas, da cidade.

Crepitava a fuzilaria incessantemente, sob os estouros das granadas e o ribombo da artilharia.

O canhão revólver ditatorial, situado bem sobre a linha férrea, em frente à posição onde estava o tenente Duprat, não se cansava de expectorar secamente. Ouvia-se distintamente a pesada ‘Maxim’, de 500 tiros por minuto, cantar roucamente enquanto que as metralhadoras leves não deixavam um segundo de costurar nossas posições.

À noite a mata se iluminava repetidas vezes, com o relampaguear dos canhões. E ali, bem ao lado do dr. Calandrini, tombava morto um inditoso moço, municiador de uma das metralhadoras.

O 18 B. C., a alma do combate, lutava nobremente. Seus oficiais tenente Sampaio Simão, Larocque, Tourinho e Ferreira, zombando da morte, destacavam-se de pé na linha de fogo, dando as vozes de comando. (...)
Chocavam-se neste combate cerca de 2500 homens, dominando sempre os constitucionalistas, numa pressão constante e no desalojar os governistas de alguma trincheira.

Murtinho não caiu pela falta absoluta de munição. Apesar disso os constitucionalistas fizeram uma retirada em perfeita ordem, sem serem hostilizados até se concentrarem em São Roque.²


FONTE: ¹Correio da Manhã (RJ) 17 de setembro de 1932. ²Umberto Puigari, Nas fronteiras de Mato Grosso, terra abandonada...Casa Mayença, São Paulo, 1933, página 190.

FOTO: monitor Pernambuco, da flotilha de Ladário..




OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...