segunda-feira, 7 de março de 2011

27 de agosto

27 de agosto

1826 - Expedição russa chega à barra do rio Anhanduí



Nove dias após deixar o Paraná e iniciar navegação rio Pardo acima, a expedição científica russa, sob o comando do conde de Langsdorff, alcança às 9 horas, a foz do Anhanduí, rio que serviu de rota às bandeiras de Pascoal Moreira Cabral e de outros pioneiros rumo a Cuiabá, no início do século 18. O registro é do diário de Langsdorff:

Chegamos à foz do rio Anhanduri-açu, que é tão forte como o rio Pardo, que, a partir daqui, acima da confluência dos dois rios, tem seu volume reduzido à metade. O Anhanduri ou Anhanduri-açu desemboca na margem direita do rio Pardo. Hoje, quando chegamos, vimos, a montante do do rio Pardo, a fumaça dos campos. Depois de tomarmos nossa refeição campestre, prosseguimos viagem e, uma boa hora depois, notamos, a montante do rio, na margem direita, uma grande faixa de terra com a aparência de capoeiras, toda coberta de um tipo de cana (taquara), aqui chamada de tambaiúva, com o qual os índios fazem suas flechas. Não há dúvida de que esta região era habitada por tribos indígenas; isso consta inclusive de relatos históricos. Quem sabe essa nova espécie de cana seja originária das florestas virgens antigas que havia aqui antes; ela cresceu aqui como em outros lugares, cresceram os Solana, Micania, Compositae e outros.

O rio Pardo tem aqui, com certeza, metade do volume de água que tinha depois da junção com o Anhanduri-açu, que parece ser maior, embora o rio Pardo não tenha perdido muito em largura. Neste ponto, ele é mais navegável, não é tão impetuoso e é menos raso do que mais abaixo. A região vai ficando cada vez mais aberta e livre. A água é mais clara do que abaixo do Anhanduri, que achamos muito turvo.


FONTE: Langsdorrf, Os Diários de Langsdorff, (volume II) Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, 1997, página 208.




1882 Frei Mariano em Campo Grande


Em relatório encaminhado ao presidente da província, coronel José Maria de Alencastro, o frei Mariano de Bagnaia, visitador episcopal, dá notícia de sua passagem pelo povoado recém-criado por José Antônio Pereira e intercedia junto ao governo em favor da regularização fundiária das terras ocupadas pelos pioneiros:


Depois de alguns dias de viagem comecei a encontrar várias famílias de laboriosos mineiros estabelecidos com gado e com lavoura. São todos pais de numerosas famílias, circunstância favorável para povoar o sertão. A 70 léguas na cabeceira do Anhandui achei um núcleo de população com algumas 20 casas, lhes provisionei a capela a Santo Antônio, lhes administrei os sacramentos, os animei e lhes fiz ver que devem pedir ao governo sesmaria das terras devolutas a fim de que possam ter seus títulos e pediram-me muito a minha intervenção para com V.E. a favor daqueles pobres pois que muitos de Santo Antônio de Minas querem se rendar para esse sertão. Eu asseguro a V. E. que facilitando sesmarias aos laboriosos mineiros, em tempo essas belas vastas, férteis campanhas serão um empório da riqueza pública e particular. Não se precisa nem de colônias, nem  imigração estrangeira. O governo facilita sesmarias aos mineiros serão em pouco tempo povoado essa parte mais rica da Província. Boas e abundantes águas, clima o mais saudável, partes frescas, em fim toda terra é aproveitável. É uma pena ver esta vastidão desabitada.

A área para o rocio da vila de Campo Grande seria doada somente em 1886.




FONTE: Frei Alfredo Sganzerla, A história do Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992, página 416.








27 de agosto


1895 - Encontrado "enterro" milionário entre Campo Grande e Nioaque




Sob o título Achado Valioso, o jornal O Mato Grosso, de Cuiabá, reproduzindo publicação da Gazeta de Notícias (RJ, 1 de junho de 1893) dá notícia da descoberta de duas arcas contendo uma grande fortuna em ouro, inclusive ouro em pó:

" De viagem pela estrada que conduz de Campo Grande a Nioaque, distante sete léguas do primeiro povoado, o cidadão José Carvalho de Azevedo encontrou uma pedra lavrada por três faces e fincada, notando que aquela pedra só podia ter ali ido parar conduzida por alguém e que devia assinalar alguma coisa, resolveu aí ficar e cavar o lugar, e de fato, depois de uma cova de mais de oito palmos, encontrou um e depois outro caixão contendo valores em ouro, bem como ouro em pó. Por esta estrada passou a força para o Paraguai, havendo aí um grande fogo.

Se alguém se julgar com direito ao achado e dando os sinais certos se lhe indicará, dirigindo-se ao capitão José Carvalho de Azevedo - cidade de Rio Verde, Estado de Goiás".

FONTE: Jornal O Matto-Grosso (Cuiabá), 27 de agosto de 1895.

FOTO: Imagem meramente ilustrativa


27 de agosto


1905 Rondon demarca reserva terena





Após passar por Campo Grande, em sua viagem de exploração ao Sul do Estado, o sertanista se dirige a uma aldeia terena em Aquidauana:

“Entramos na bocaina, por onde desce o Aquidauana. Paramos para apreciar a paisagem e saciar a sede, sorvendo a água fresca e cristalina que borbotava em cataratas, de degrau em degrau da rocha que se rompeu para dar passagem ao belíssimo rio que Taunay cantou ao atravessá-lo, em demanda da fronteira.
"Era essa garganta – a única – no talhadão do Amambaí, que certamente dará passagem à estrada de ferro que buscar a fronteira.
Fomos afinal ter à aldeia terena do Ipegue. Em casa do terena capitão José Caetano Tavares, vieram me procurar diversos índios. Combinamos tudo o que se deveria fazer para dar início aos nossos trabalhos. É que desejava eu demarcar a aldeia terena para resguardar as terras dos índios, bem como sua vida doméstica e suas atividades.
"Dei começo à medição a 27, a partir do marco do Pirizal. Intimei os donos das terras limítrofes e verificamos que havia muita fraude, muitos marcos divisórios fora do alinhamento. Um dos confinantes confessou que seu marco da estrada velha do Agazi devia estar colocado na barra da vazante da cachoeira, mas supôs, disse ele, que, modificando-lhe a colocação, não prejudicaria os índios – quando o rumo consignado no título de posse dos terenas abrangia toda a cachoeira. Depois de intimações, audiências, entendimentos, resolvemos tudo amigavelmente. Cuidei pois de abrir a picada larga, porque já se tratava da linha definitiva da aldeia do Ipegue. Colocamos os marcos de quilômetros de pedra canga, com ‘testemunhas’, da mesma pedra, de cada lado. Colocamos também marcos de madeira, para indicar o alinhamento de 40 em 40 metros.” 



FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 196.

FOTO: Mundo Digital (telequest.com.br)


27 de agosto 


1954 - Inaugurado novo prédio do Colégio Estadual Campograndense

Com projeto do arquiteto Oscar Niemayer, é entregue pelo governador Fernando Correa da Costa, o novo prédio do Colégio Estadual Campograndense, dentro dos modernos princípios da arquitetura , com amplo auditório para reuniões, salas ventiladas, laboratórios, etc.
A professora Maria Constança de Barros Machado, primeira diretora do CEC, resume o ato inaugural:


A inauguração do Estadual foi um acontecimento memorável na vida da cidade, com hasteamento da bandeira pelo governador, Hino Nacional cantado pelos alunos, acompanhados da banda do Exército, bênção do bispo de Corumbá Dom Orlando Chaves e discursos vários. Falei eu, falou o aluno Elcio Russel em nome do corpo discente e ainda usaram da palavra dr. Oclécio Barbosa Martins, dr. Wilson Barbosa Martins, Demósthenes Martins e o governador. Quando a professora Glorinha Sá Rosa foi fazer o discurso de inauguração do retrato do governador, dr. Fernando, que não gostava de protocolo falou - mais um discurso? Depois ele pediu o texto para guardar. Foram inaugurados dois retratos a óleo, pintados pelo artista Fausto Furlan. Até hoje eles figuram em lugar de destaque no colégio: o do dr. Fernando ficava no auditório, o meu na sala da diretoria. Foram os professores que mandaram fazer meu retrato, como homenagem surpresa à minha pessoa, no dia da inauguração do colégio.



FONTE: Maria da Glória Sá Rosa, Memória da Educação e da Cultura de Mato Grosso do Sul, UFMS, Campo Grande, 1990. Página 67. (foto reproduzida do mesmo livro).


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