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sábado, 12 de outubro de 2013

12 de novembro

12 de novembro

 
1864 – Paraguai aprisiona presidente de Mato Grosso

Vapor Marquez de Olinda, aprisionado pelo governo paraguaio quando se dirigia a Corumbá


Foi a senha para a eclosão da guerra do Brasil, Argentina e Uruguai contra a república guarani, que duraria cinco anos, com a derrota do país vizinho. O episódio é narrado pelo historiador Acyr Vaz Guimarães:

Em 12 de novembro de 1864, subia barco brasileiro, pacificamente, as mansas águas do rio Paraguai, rumo à província de Mato Grosso, levando seu futuro presidente – o coronel Frederico Carneiro de Campos, que substituiria o general Albino de Carvalho, quando recebe, inesperadamente, depois de passadas as águas de Assunção, já distante da capital, um tiro de canhão de navio paraguaio, avisando-o de que fizesse alto! O navio – o Marquês de Olinda, da companhia de navegação que servia à linha de Mato Grosso, foi apresado por ordem do presidente López. Foi o primeiro tiro da guerra!¹ 


O fato teve enorme repercussão e é detalhado pela imprensa brasileira, com as tintas do civismo esperado: 

Não pára nisto os vexames e o procedimento barbaresco do ditador do Paraguai nesta extraordinária emergência.

O vapor Marquez de Olinda foi declarado boa preza e a bandeira brasileira está considerada por aquele governo como inimiga.

O presidente de Mato Grosso, bem como os oficiais que o acompanhavam estão em Assunção a bordo do Marquez de Olinda, como prisioneiros de guerra e incomunicáveis.

A pena treme em nossa mão quando escrevemos esta série de atentados, quando temos que anunciar as famílias de nossos compatriotas que jazem em terrível cativeiro os bárbaros tormentos que estão sofrendo.

Para que esses desgraçados não morram à fome é preciso que o nosso consul ali lhes envie diariamente os alimentos porque na república não é uso sustentar os presos.

O pedido de alimentos vai primeiro à polícia e quando se tem de embarcar são examinados do modo mais infame possível, porquanto os soldados picam o pão e a carne em pedacinhos, e no jarro de leite metem a mão e braço a pretexto de apreender comunicações.

O vapor Marquez de Olinda esta´debaixo de baterias das baterias do vapor Taquari e cercado dia e noite por lanchas armadas, isto além do destacamento que existe a bordo para vigiar individualmente cada prisioneiro. A maior parte destes já estão enfermos por causa do excessivo calor e da má água que bebem.

Em uma palavra tais são as mortificações que sofrem aqueles espíritos , que por mais valor que tenham não será impossível que alguém sucumba a tão grande martírio.

Resta, pois, ao governo imperial ir em socorro daqueles desgraçados e sem perda de tempo sindicar os ultrajes inferidos à nossa honra pelo ditador do Paraguai.²

Em função dos maus tratos, o coronel Frederico Carneiro de Campos morreu em plena guerra, em 3 de novembro de 1867


FONTE: ¹Acyr Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999, página 134. ²Correio Mercantil (RJ), 21 de dezembro de 1864



2005

12 de novembro

Fogo no corpo contra usinas no Pantanal


Em Campo Grande (MS), o ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros incendeia seu próprio corpo para protestar contra o projeto que tramitava na Assembleia Legislativa, autorizando a construção de usinas de álcool e açúcar na  bacia do Paraguai, no Pantanal.

Ao meio dia de sábado, durante um protesto popular, Anselmo estendeu dois colchonetes no calçadão da rua Barão de Rio Branco, em frente ao Bar do Zé, encharcou-os de gasolina, sentou-se sobre eles e ateou-lhes fogo.

Francelmo, como era conhecido, morreria no dia seguinte, com queimaduras em 100% do corpo. “Já que não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo”, escreveu Francelmo numa de suas cartas de despedida.

O projeto das usinas, de iniciativa do deputado Dagoberto Nogueira (PDT), tentava reverter uma legislação que o próprio Francelmo ajudara a criar, em 1982.

Na época, especialistas advertiam que as usinas poderiam poluir o Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água potável do planeta. Além disso, em caso de acidente, a vinhaça (subproduto da destilação do álcool) atingiria a bacia hidrográfica do Pantanal, causando danos irreversíveis ao ecossistema.

O sacrifício de Francelmo surtiria efeito: a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pressionaria os deputados estaduais e, no dia 30 daquele mês, por 17 votos a 4, a Assembleia Legislativa sepultaria o projeto.

Em 5 de junho de 2006, Dia do Meio Ambiente, o local da imolação de Francelmo, no centro de Campo Grande, receberia um memorial. Quatro meses depois, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), fundado por ele, aprovaria uma moção instituindo a data de 12 de novembro como o Dia do Pantanal.

Em sua homenagem, o prefeito de Campo Grande, André Puccinelli, deu o nome dele ao parque nas cabeceiras do córrego do Sóter.

Com informações da Folha de S.Paulo (online), 14/11/2005. 


sábado, 22 de janeiro de 2011

12 de janeiro

12 de janeiro



1751 - Chega a Cuiabá o primeiro governador de Mato Grosso



Pela rota das águas (Tietê, Paraná, Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá), chega a Cuiabá, Dom Antonio Rolim de Moura Tavares, primeiro governador e capitão-geral da recém criada capitania de Mato Grosso. Com ele vieram o juiz de fora dr. Teotônio da Silva Gusmão, jesuítas Agostinho Laurenço e Estevão de Castro, uma companhia de dragões com 45 praças, secretário Bartolomeu Descalça e Barros e ajudantes de ordem.

Na carta instrutiva que trazia de Lisboa, destacam-se os seguintes pontos:

1° - Que se ponha a cabeça do governo no distrito de Mato Grosso, onde deverá fazer residência mais continuada, indo contudo a Cuiabá e às outras minas, quando assim o pedir o bem do serviço e utilidade dos moradores.

2º - Referem-se à criação de uma companhia de Dragões e à ereção do juiz de fora, bem como aos privilégios que deveriam ser concedidos para promover o povoamento da capital.

3º - Recomenda a escolha do lugar em que deveria fundar a Capital, atendendo que seja defensável e, quanto possível, vizinho do rio Guaporé, ou de algum outro navegável, que nele deságue.

7º - Autoriza a construção de uma nova casa para residência dos governadores.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição), Governo de Mato Grosso, 1973, página 37.



12 de janeiro

1775 – Lemes do Prado chega a Coimbra

Responsável pela escolha do lugar para implantação de Albuquerque (atual Corumbá), João Lemes do Prado, sertanista “insigne, afeito às batidas e asperezas da selva, era o homem indicado para a espinhosa tarefa,” chega a Coimbra, para iniciar a tarefa determinada pelo governador Luiz Albuquerque. O comandante do forte, Rodrigues Camponês, colocou-lhe à disposição para a tarefa, iniciada a 20 de janeiro, 30 praças bem equipadas e mais o capitão Miguel José Rodrigues e o ajudante Francisco Rodrigues Tavares. 



FONTE: Lécio G. de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd, página 21




12 de janeiro

1865 - Exército paraguaio ocupa Miranda abandonada

 

 

 

As colunas de Martin Urbieta e de Francisco Resquin (foto), responsáveis pela invasão do Brasil, por terra, agora juntas, sob o comando de Resquin, ocupam a vila abandonada de Miranda.

A tática da ocupação e as condições do povoado são detalhadas pelo comandante em parte aos seus superiores em Assunção:


Viva a República do Paraguai!


Sr. Ministro. Como tive a honra de comunicar à V. Exª em minha última parte, empreendi minha marcha a curtas jornadas  chegando a esta vila em 7 dias e meio de Nioaque.

No dia 12 fiz alto no riacho Vilasboas, uma légua da vila de Miranda, de onde despachei um esquadrão ao mando do capitão cidadão Romualdo Canteros, com o fim de explorar a disposição  da vila, e com ordem de dar-me parte se a encontrasse com tropas em atitude de defesa, ou de ocupa-la em caso contrário segundo anunciavam pombeiros.


O resultado da exploração foi encontrar-se a vila abandonada.

Em vista disso mandei ocupar a dita vila, com a vanguarda composta de dois esquadrões e uma companhia de infantaria ao mando do 2° comandante capitão cidadão Bras Rojas, com ordem de apoderar-se do parque e de todo armamento que encontrasse, assim como dos barcos que houvessem no porto, lavrando-se o inventário correspondente com o capitão cidadão Martin Urbieta.


Na vila abandonada se acharam dois italianos chamados Juan Balvita e Fernando Tabaldi e um negro brasileiro chamado José Ribeiro.


Pelo primeiro sabe que o chefe brasileiro tenente-coronel Dias da Silva depois de haver pretendido descer em canoa o rio Mondego com destino a Cuiabá, havia regressado  com a notícia de que nossas forças se haviam apoderado dos pontos do litoral do Paraguai até Corumbá, por cujo motivo seguiu sua fuga por terra com dez ou dez oficiais para o Taboco lugar de estância que se acha à costa do rio Aquidauana, mas que segundo outros dados se propunha a descer pelo rio Vacaria ou Brilhante, Ivinhema ou Igareí e dali pelo Paraná a província de S. Paulo, subindo pelo rio Tietê.


O próprio chefe brasileiro Dias da Silva em sua fuga vergonhosa tinha vindo aterrando as famílias desde Nioaque com a mentira de que a coluna paraguaia vinha degolando a quantas pessoas achava sobre sua marcha.


Isto explica o fato de achar-se todas as casas desertas, fugindo seus donos para os montes.


Em contraposição de tanta falsidade me é grato dizer a V.Exª  que alcançada em sua fuga a família do brasileiro Antonio Cândido de Oliveira com três carros de equipagem e dez vaqueiros, longe de ter sido danificada em coisa alguma, tem sido atendida e volta para sua casa.


Segundo informação do mencionado Barbosa, todas as famílias da vila logo que receberam aquela falsa notícia, depois da chegada do tenente-coronel Dias da Silva que deixou acreditada sua covardia na jornada do Arroio Feio abandonaram suas casas dirigindo-se umas à Salobras outras ao outro lado do rio Aquidauana, e que os índios, aproveitando a ocasião haviam-se lançado sobre as casas abandonadas saqueando-as até a hora da nossa chegada a esse ponto, causando infinitos prejuízos, inclusive o mesmo parque ou depósito de armamento e munições do quartel, d’onde segundo dizem uniformemente os três indivíduos acima ditos, que ficaram na povoação, haviam levado cada índio até duas armas de fogo com pólvora e completas, deixando unicamente o que não podiam levar.

A tudo isto deu lugar o abandono que desta povoação fez o sargento-mór Caetano de Albuquerque que comandava o batalhão de infantaria que guarnecia a vila, havendo-se dispersado todos sem se saber o destino que este chefe havia tomado.


Ficam em nosso poder quatro canhões com seus carros de munições, quinhentos fuzis, 67 clavinas, 131 pistolas, 468 espadas de tropa, 1000 lanças, 9817 projetis de artilharia de diferentes calibres a saber: 1278  obuses, 5524 balas rasas, 1956 pirâmides, 1070 botes de metralhas que com os outros artigos que consta da relação junta compõem o resto do parque despojado.


Levo também às mãos de V. Exª o inventário dos haveres da igreja, que segundo me informa o capelão cidadão Francisco S. Espinosa também foi saqueada como os demais, como bem se notava pelos ornamentos acessórios.


A povoação da vila, fora a igreja, casa do comandante e o quadro do quartel contíguo, consta de 84 casas, 41 de telhas e 43 de palha em uma situação como a 3 cordas do rio Mondego é terreno fragoso de macegas e montes, sem vista alguma pelos lados, com águas meio salobras,  qualidade de que participa o mesmo rio.


No porto encontrou duas chalanas, uma servível debaixo d’água e outra deteriorada que pode compor-se, além de um lanchão novo pronto a receber estopa, como desde logo o fiz concluir por haver posto à minha disposição seu dono o mesmo italiano Balbita, e poderá servir para transporte dos armamentos e munições encontrados, sem nenhuma pólvora.

Os canhões se achavam carregados com metralha que mandei descarregar.


O capitão Urbieta que sobre sua marcha para esta vila a 9 do corrente (janeiro) se incorporou com a coluna do meu comando, acha-se ao comando desta vila.


No arquivo não encontrei mais que pedaços de papeis inúteis.

Os índios se acham também dispersos pelos montes e me consta que as 5 aldeias que se encontram sobre o caminho do Nioaque se acham desertas.


Na Estância imperial que se acha a outro lado do Mondego coloquei uma guarda ao mando do alferes cidadão Inácio Cabrera, afim de impedir aos índios o despojo da dita estância, como já começam a fazer, pegando os animais mais mansos pelas picadas que haviam praticado pelos montes.


O piquete que guardava a porta desta vila ao porto ao mando do sargento Ramon Torres, sofreu o desgraçado incidente de que as 9 da noite do dia 12, caindo em terra uma vela acesa ardeu completamente a peça que havia estado semeada de pólvora e pedaços de papel, ofendendo ao sargento e quatro soldados. Isto sucedia quando por uma forte chuva se refugiava na dita casa o piquete mencionado. Os feridos d’este acidente ficam em cura.


Deus guarde a V.Exª muitos anos.


Vila de Miranda, 14 de janeiro de 1865


Francisco y Resquin.¹



Somente no dia 31 de janeiro, o comandante brasileiro, tenente-coronel Dias da Silva, a caminho de  Santana do Paranaíba, libera relatório onde explica as razões de sua fuga:

...e constando-me que o inimigo se achava já a poucas léguas de marcha para a vila. De modo a não dar lugar a delonga alguma, retirei-me com a pequena força do Batalhão de Caçadores, mandando antes ordem para a Salobra (...) para de lá seguir o corpo e algumas praças com direção à estrada da fazenda do Daboco (aliás Taboco) a encontrar-se comigo. Sendo forçado a abandonar os arquivos e bagagens dos corpos por falta absoluta de condução para tudo; o que tem ocasionado a maior penúria e toda sorte de privações por se haver retirado toda a força com a roupa do corpo e a maior parte dos oficiais a pé com suas famílias.

 
Mais adiante, o oficial brasileiro lastima a ação impetuosa do inimigo e o estado geral da tropa sob seu comando:

A força que tomou a colônia de Miranda vem arrasando essa parte da fronteira até a vila do mesmo nome, e a que tomou a dos Dourados seguiu pela Serra de Maracaju, vindo pelo Brilhante até ao Taquaruçu com o mesmo sistema de delapidação. No estado de nudez e miséria em que se acha a pequena força que comigo se retira, sigo até a vila da Santana do Paranaíba a fim de esperar ali as determinações de V.Exa. a quem com toda insistência solicito alguns recursos pecuniários e de fardamento que me habilitem a mover-me com presteza para onde V. Exa. entender conveniente.²


FONTE: ¹
Boletim A Imprensa de Cuiabá, 18 de maio de 1865. ²Jorge Maia, A invasão de Mato Grosso, Biblioteca do Exército Editora, Rio, 1964, página 204.

 

12 de janeiro 


1866 - Prisioneiros de guerra eram açoitados e fuzilados em Corumbá

Depoimentos dados por brasileiros que conseguiam escapar do exército paraguaio na Corumbá ocupada, durante a guerra da tríplice aliança, são unânimes em afirmar que prisioneiros de guerra, mesmo por razões desvaliosas, eram açoitados e mortos, impiedosamente. Um escravo, chamado Antonio, que conseguiu fugir, deu à polícia em Cuiabá, o seguinte depoimento:

Perguntado em que dia saiu de Corumbá, como e com quem; respondeu que saiu de Corumbá fugido com Benedito Viana no dia 25 de dezembro último. 

Perguntado se era exata a notícia que correu de terem sido fuzilados pela força paraguaia seis brasileiros ali prisioneiros, e quais eles sejam; respondeu que é exata esta notícia, porque ele respondente presenciou essa execução que teve lugar em Corumbá, no lugar denominado Acampamento, no dia 24 de novembro último as 5 horas da manhã, tendo sido os executados Augusto Alcides Monteiro, (vulgo Bucho), Fortunato José Machado, Constâncio de tal, Francisco Leite, João Leandro e Felisberto de tal, cujos corpos sendo conduzidos em carro para o cemitério, aí ele respondente ajudou a dar-lhes sepultura, enterrando-se três em cada sepultura.

Perguntado quantas praças formaram-se para esse fim; respondeu que não podia precisar o número certo delas, porém que seriam mais de 12, que depois de darem a descarga de fuzil sobre os seis prisioneiros, que caiam ainda vivos, lanceiaram-nos pelos peitos.

Perguntado qual o motivo porque foram mortos esses brasileiros; respondeu que segundo lhe consta, Augusto Alcides Monteiro foi por ter feito uma conta dos prejuízos que sofrera com a invasão paraguaia e os mais por terem comunicação com Francisco Pais Rodrigues, encarregando de uma parada que desta cidade foi até aquele lugar para saber do que por ali se passava.

(...) Perguntado se os prisioneiros são maltratados; respondeu que não são maltratados, mas que só recebem diariamente ração de carne, com o peso proporcional a cada família, na razão de uma libra por cada uma pessoa.

Perguntado se essas pessoas fuziladas foram antes açoitadas; respondeu que, à exceção de Fortunato José Machado, que fora preso na véspera da execução, os mais foram açoitados com corda no mesmo dia em que se deu essa prisão.


FONTE: Correio Paulistano (SP), 14 de março de 1866.



12 de janeiro


1914 – Aprovada mudança do cemitério de Campo Grande

Mausoléu de Amando de Oliveira no cemitério
 Santo Antonio

É aprovado pela Câmara Municipal, projeto de autoria dos vereadores José Marcos da Fonseca e João Alves Pereira, autorizando o intendente geral a dispender até um conto de réis para a construção de um novo cemitério na vila de Campo Grande, visando desativar o atual da Boa Vista, margem direita do córrego Segredo (onde funcionam em 2015 as instalações centrais do Sesi) para um local mais distante. Seria a segunda mudança em menos de trinta anos. 

O primeiro cemitério do povoado funcionou desde sua fundação (1875) até 1888 na praça central (praça Ari Coelho). A primeira notícia que se tem desta primitiva necrópole foi dada pelo cônego Bento Severiano da Luz, escriba da primeira visita clerical ao lugar na pessoa do bispo de Cuiabá, dom Luiz D'Amour, em setembro de 1886:

...pequeno cemitério cercado de madeira, com a cruz grosseiramente talhada.

Nessa mesma sessão da Câmara o vereador Amando de Oliveira fez a doação de uma área em sua fazenda Bandeira para implantação do novo cemitério que, foi aberto em 11 de junho seguinte com o sepultamento do doador da área, assassinado no dia anterior, 10 de junho

O novo cemitério recebeu a denominação de Santo Antonio em homenagem ao padroeiro da cidade.




FONTE: Sergio Cruz, Sangue de Herói, Primeira Hora/ Iaçu Porã, Campo Grande, 2002, página 19.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

29 de junho

29 de junho


1850 Iniciado o forte do Fecho dos Morros


Fecho dos Morros, rio Paraguai

Ocupado em ampliar seus domínios na fronteira e a garantir-se contra uma possível hostilidade de seu vizinho Paraguai, o governo brasileiro manda instalar um forte às margens do rio Paraguai, abaixo léguas do presídio de Coimbra, área reivindicada pelo Paraguai como neutra. O ato inicial da construção foi presidido pelo capitão José Joaquim de Carvalho, comandante da Fronteira, do qual lavrou-se a seguinte ata:

Ano do nascimento de N.S.J.C. de 1850, vigésimo nono da Independência e do Império, aos 21 graus e 20 minutos de latitude, 40 léguas ao sul do Forte de Coimbra, em lugar denominado ‘Fecho dos Morros’, à margem esquerda do Paraguai, 800 braças a oeste da mais alta montanha conhecida pela denominação de Pão de Açúcar, sobre a base inferior do Morro de Pedra Viva mais saliente ao rio em forma de um colete esférico e sobranceiro ao pequeno monte que jaz na margem oposta, achando-se presente o comandante Geral desta fronteira, o capitão do Estado Maior de 1ª classe, Exmo. Sr. J. J. de Carvalho, o tenente C. F. de Caçadores F. Bueno da Sa., o missionário apostólico frei Mariano de Banhaia e todas as praças que fizeram parte da comitiva do mesmo Cmt. Depois do arvorado o pavilhão nacional, acompanhado de entusiásticos vivas a S. M. Imperador e à integridade do império, foi empossado o novo destacamento de que é Cmt. o já referido ten. F. B. de Sa. e deu-se imediatamente princípio à construção do edifício que tem de servir provisoriamente de Quartel Guarnição Parque de Armas, Casa de Oficiais e Armazém de Artigos Bélicos até que, segundo as ordens do governo, seja edificado o forte permanente. E para todo o tempo constar, lavrou-se o presente que assinam o Cmt Geral, o Cmt da Guarnição do novo destacamento, o missionário apostólico e todas as praças presentes aos 29 dias do mês de junho.¹


As obras foram interrompidas com a sua completa destruição, em 14 de outubro do mesmo ano, por tropas paraguaias e o projeto definitivamente arquivado pelas autoridades brasileiras. Em verdade, o governo brasileiro tentou com essa iniciativa resgatar um projeto de 1775, quando o capitão Ribeiro da Costa, encarregado pelo governador Luis de Albuquerque de construir o forte de Coimbra, enganou-se no reconhecimento do local, apesar das instruções do governador. "No lugar de aportar no Fecho dos Morros, desembarcou 44 léguas antes, no local denominado estreito de São Francisco Xavier, cuja topografia apresenta alguma semelhança com o primeiro." ²





FONTES: ¹Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999. Página 98. ² Carlos Francisco Moura, O Forte de Coimbra, Edições UEMT, Cuiabá, 1975, página 24.






29 de junho


1979Marcelo Miranda assume governo







Com a exoneração a 12 de junho do engenheiro Harry Amorim Costa, primeiro governador de Mato Grosso do Sul, assume o governo do Estado, Marcelo Miranda Soares, prefeito de Campo Grande, indicado pelo então senador Pedro Pedrossian e nomeado pelo presidente João Figueiredo. Inicia-se uma fase tumultuada na política do novo Estado, com o rompimento dos grupos liderados pelo novo governador e seu antigo chefe político. Pedrossian, um ano depois derrubaria Marcelo e assumiria em seu lugar. O racha terminou beneficiando a oposição, através do PMDB, que em 1982, elege o primeiro governador, Wilson Barbosa Martins, com o apoio do Marcelo que se elege senador também pelo PMDB. Em 1983, Marcelo voltaria ao governo do Estado, em eleição direta.

No período entre 12 e 29 de junho de 1979 o governo do Estado foi ocupado pelo deputado Londres Machado, presidente da Assembleia Legislativa.







26 de junho

26 de junho

1786 - Missão científica chega a Corumbá

Por ordem do governador Luis de Albuquerque, com a tarefa de mapear e determinar posições geográficas na região do Pantanal, chega a Albuquerque (atual Corumbá) , a comissão técnica formada pelo capitão-engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra e os geógrafos Antonio Pires da Silva Pontes e Francisco José de Lacerda e Almeida. A finalidade da diligência era a exploração dos rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá e a desembocadura de seus afluentes, bem como as principais lagoas e baias do Pantanal. O termo da expedição foi o forte de Coimbra. 

Sobre o vilarejo de Albuquerque o escriba da caravana escreveu comentário pouco lisonjeiro:

26 - Com marcha de 12 léguas chegamos à povoação de Albuquerque, correndo sempre o rio a Sul com várias voltas. Esta povoação é de miseráveis, que passam a vida cheios de fome e nudez; o comandante dela só cuida em utilizar-se do suor deles. Só estão fartos de palmatoadas, correntes e rodas de pau.


FONTE: Francisco José de Lacerda e Almeida, Diário da Viagem, Assembleia Legislativa da Província de São Paulo, 1841, página 29.




26 de junho


1863 - Morre Inácio Barbosa


Cemitério da fazenda Passatempo em Rio Brilhante
Aos 57 anos faleceu e foi sepultado no cemitério de sua fazenda Passatempo, na Vacaria, Inácio Gonçalves Barbosa, patriarca da família Barbosa . Nascido em Sabará, Minas Gerais, em 1806, chegou aos campos de Vacaria, em 1842, chefiando uma caravana, da qual participavam mais dois irmãos, João e Francisco, procedente de Franca, no interior de São Paulo, no rastro de seu irmão mais velho, Antônio Gonçalves Barbosa, que viera para Mato Grosso há seis anos, em companhia de seu genro José Francisco Lopes. 

Em seu percurso adormeciam serenamente, sem pensar nos perigos que lhes poderiam surgir pela vida tornando-se valentes e destemidos bandeirantes enfrentando a frialdade das noites e a intensidade dos raios solares pelas estradas incultas, sem nem sequer encontrarem algum abrigo bom ou ruim, atravessando os areais do Sucuriu, do Pardo e depois subindo até atingir o Anhanduí e chegando satisfeitos na tão almejada Vacaria.


Os irmãos tomaram posse de praticamente todos os chamados campos de Vacaria. Inácio ficou com a fazenda Passatempo, posse limitada com seus três irmãos. Desta fazenda, informa Ledir Marques Pedrosa, “Inácio fez doação ao governo da província de uma gleba de terras à margem direita do rio Nioaque com a finalidade de instalarem um posto do Exército para deterem a invasão paraguaia, que ele já estava prevendo acontecer de uma hora para outra. A esta vila deu-se o nome de Santa Rita de Nioaque. Quando o governo aceitou a oferta, enviou um contingente do Exército com o seguinte acordo que Inácio ajudasse a construir o aquartelamento e servisse a tropa de todo mantimento, enquanto ali permanecesse.


De numerosa geração de descendentes, Inácio era avô de Vespasiano Barbosa Martins e bisavô do ex-governador Wilson Barbosa Martins. 








FONTE: Ledir M. Pedrosa, Origem, Histórico e bravura dos Barbosas, edição da autora, Campo Grande, 1980. Página 43.






26 de junho


1904 - Nasce em Corumbá, Carlos Vandoni de Barros. 



 Filho de Pedro Paulino de Barros e de Josefina Vandoni de Barros, nasce em Corumbá, Carlos Vandoni de Barros
Formado em engenharia civil em 1927, foi oficial de engenharia da reserva de primeira linha. Iniciou sua carreira política elegendo-se deputado estadual. Exerceu o mandato entre 1928 e 1930.
Membro do Partido Liberal Mato-Grossense em 1933, nesse mesmo ano passou-se para o Partido Evolucionista de Mato Grosso, pelo qual se elegeu deputado federal no pleito de outubro de 1934. Exerceu o mandato de 12 de agosto de 1935 a 10 de novembro de 1937, quando o advento do Estado Novo suprimiu todas as câmaras legislativas do país.
Diretor do Instituto Nacional do Mate e diretor do Serviço de Navegação da Bacia do Prata S.A., após a reconstitucionalização do país (1945) elegeu-se no pleito suplementar de janeiro de 1947 deputado federal por Mato Grosso na legenda do Partido Social Democrático (PSD). Assumindo a cadeira em 24 de março de 1947, integrou durante o mandato a Comissão Permanente de Transportes e Comunicação e a Comissão Especial de Pecuária da Câmara dos Deputados.
Candidato à reeleição no pleito de outubro de 1950, ainda pelo PSD, obteve apenas uma suplência, deixando a Câmara em 31 de janeiro de 1951, a ela não mais retornando.
Dirigiu o jornal A Cidade, de Corumbá, foi sócio-correspondente da Academia Mato-Grossense de Letras e sócio efetivo do Instituto Histórico de Mato Grosso.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 16 de maio de 1986.
Era casado com Anatália Beltrão de Barros, com quem teve duas filhas.
Publicou Nhecolândia (1934), Construir — palavra de ordem (1941), O setor transporte no Plano Salte (1948) e Em defesa de um rio esquecido (o Paraná) (1950).

FONTES: Boletim Min. Trab. (5/36); CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1946-1967); Diário do Congresso Nacional; Globo (17/5/86); Jornal do Brasil (17/5/86); MENDONÇA, R. Dic.; MOREIRA, J. Dic.; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (1 e 2).
 


26 de junho

1951 - Morre Albertina Pereira de Matos, primeira vereadora de Dourados


Albertina Ferreira de Matos

Nascida em São Luiz Gonzaga (RS) em 24 de março de 1901, faleceu em Dourados, Albertina Ferreira de Matos. Em Dourados desde 1903, dedicou-se às atividades empresariais e políticas. Como comerciante foi uma das fundadoras da Associação Comercial e Industrial de Dourados (Acid) e na política, foi a primeira mulher a eleger-se vereadora no município. Venceu em 1947, na primeira eleição, depois da ditadura de Vargas, elegendo-se vereadora pela União Democrática Nacional (UDN) na administração do prefeito Antonio de Carvalho, o Carvalhinho. Albertina foi homenageada pela comunidade douradense, dando nome a uma rua na vila Guarani e a uma escola na vila Mary.


FONTE: Marli Carvalho Owens, Mattos, a saga de uma família, edição da autora, Dourados, 2000, página 291.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

1º de junho


1º de junho



1860 – Branco doa terra a índio em Paranaíba

Retrato atribuído a José Garcia Leal


Ironicamente, o chefe político de Paranaíba, José Garcia Leal, doa aos Caiapós, antigos senhores absolutos de toda a região, que chegou a chamar-se Caiapônia, um pedaço de terra de sua propriedade:

Entre nós abaixo assinados eu José Garcia Leal e minha mulher dona Maria Umbelina Leal, possuindo livre e desembaraçada uma sorte de terras nas margens do rio Paranaíba no distrito desta vila, na barra do ribeirão denominado Barreiro a qual houvemos por compra como consta dos títulos que delas temos, muito de nossas livres vontades e sem constrangimento de pessoa alguma cedemos delas e fazemos doação aos índios Caiapós que se acham morando nas mesmas por nosso consentimento há mais de vinte anos, as quais terras se compõem de campos e matas e têm sua divisa de aldeia para cima pela parte do poente divisando com a fazenda da Arara meia légua pela parte do Nascente, um quarto divisando com as terras do Porto, e pela parte do Sul pelo espigão da lagoa e pelo Norte meia légua e poderão os ditos índios e seus descendentes possuírem as ditas terras sem que nem nós e nem nossos herdeiros possamos em tempo algum revogar a presente doação, e pedimos às justiças de Sua Majestade Imperial dêem a este todo o inteiro vigor como se fora escritura pública, e para seu titular (?) e firmeza de tudo mandamos passar a presente em que nós assinamos. Fazenda da Serra primeiro de junho de mil oitocentos sessenta. Declaramos ainda que a parte de terras é da quantia de quatrocentos mil réis dia hera ut supra. José Garcia Leal. A rogo Dona Maria Umbelina Leal – Joaquim digo José Joaquim de Lacerda Cintra. Testemunha João Victoriano de Melo Zeferino. Martins Marques. Coletoria-Geral de Santana do Paranaíba mil oitocentos e sessenta. Réis oito mil. Os índios Caiapós pagarão de novos e velhos direitos a quantia de oito mil réis pela doação do presente título.




FONTE: Hildebrando Campestrini, Santana de Paranaíba de 1700 a 2002, 2a. edição, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2002, página 127.




1° de junho


1867 – Retirantes da Laguna completam a travessia do Miranda


Os três dias anteriores foram todos empregados na passagem do rio que, segundo parte do major comandante José Tomás Gonçalves, “conservou-se sempre cheio, dando apenas péssimo e perigoso vau. Com dificuldade passaram as nossas 4 peças e armões, havendo sido queimados os carros manchegos, forja e galera, para dar carne às praças como haviam decidido os comandantes de corpos em reunião...(...) Esforcei-me em trazer as quatro bocas de fogo e consegui-o com grande satisfação. Assim pois, no dia 1º de junho achavam-se as forças do lado direito do rio Miranda, com 9 léguas diante de si em boa estrada para chegarem a Nioac. Os paraguaios haviam efetuado a passagem antes de nós e já se achavam em nossa frente”.

FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14a. edição, Edições Mehoramentos, São Paulo, 1942, página 182.


1° de junho


1893 - Desenterrado tesouro entre Campo Grande e Nioaque



  


Sob o título "Goyaz e Matto Grosso", a Gazeta de Notícias (RJ) publica notícia de um viajante goiano que encontrou e desenterrou um tesouro, contendo duas arcas, na estrada entre Campo Grande e Nioaque. O detalhe é que o sortudo ainda colocou-se à disposição de eventual dono do tesouro para possível resgate do mesmo:


"De viagem pela estrada que conduz de Campo Grande a Nioaque, distante sete léguas do primeiro povoado, o cidadão José Carvalho de Azevedo encontrou uma pedra lavrada por três faces e fincada, notando que aquela pedra só podia ter ali ido parar conduzida por alguém e que devia assinalar alguma coisa, resolveu aí ficar e cavar o lugar, e de fato, depois de uma cova de mais de oito palmos, encontrou um e depois outro caixão contendo valores em ouro, bem como ouro em pó. Por esta estrada passou a força para o Paraguai, havendo aí um grande fogo.

Se alguém se julgar com direito ao achado e dando os sinais certos se lhe indicará, dirigindo-se ao capitão José Carvalho de Azevedo - cidade de Rio Verde, Estado de Goiás".

FONTE: Gazeta de Notícias (RJ) em 1° de junho de 1893.


1905 – Iniciada linha telegráfica para Bela Vista




Depois da inauguração da estação de Porto Murtinho, a 24 de maio, Rondon inicia a extensão da linha desta vila para Bela Vista. Os trabalhos demoraram exatamente 30 dias. O próprio Rondon dá detalhes dessa obra:

A temperatura caiu terrivelmente, descendo o termômetro abaixo de zero, sem que frio tão rigoroso constituísse obstáculo. A 15 passamos para Guavirá, onde matei uma onça parda. Em cada um dos pontos onde nos detínhamos, caçava eu três ou quatro onças, a ponto de já ter perdido a conta.


(...) Não foi possível traçar um só alinhamento ligando dois pontos, porque extenso e formidável brejo se lhes interpunha. Foi necessário projetar diversos alinhamentos, a fim de contornar as cabeceiras do brejão, entre os córregos de Guavirá e Derrota.


A linha chegou à Bela Vista em 30 de junho. Estava terminada a missão Rondon no Sul de Mato Grosso, relativa à extensão de rede telegráfica:


Coroamos, assim, nossos trabalhos no sul do Estado com um golpe de ação, construindo essa linha em um mês, com 100 praças apenas – 61 quilômetros e 590 metros de linha assentada de Bela Vista até Margarida.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 193.




1° de junho

1911 – Bento Xavier invade fronteira


Bento Xavier, primeiro à esquerda, na revolução federalista do Rio Grande do Sul

Continuando sua campanha contra o governo do Estado, iniciada em 1907, o fazendeiro gaúcho Bento Xavier, que se encontrava exilado no Paraguai, retorna ao Brasil, com um forte grupo armado e inicia sua “guerra” com o major Gomes, comandante de polícia em Bela Vista, que relata a investida rebelde e delata a cumplicidade do comandante da guarnição do Exército naquela cidade fronteiriça com o chefe revolucionário:

Relatório - Ao Exmº Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques. D. D. Presidente do Estado de Mato Grosso - 1911.


Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Exª os fatos ocorridos com a praça policial e civis sob meu comando durante o último Movimento Revolucionário havido no Sul do Estado. A 1º de junho do corrente ano, pela manhã, tive conhecimento de que Bento Xavier da Silva, seus filhos, irmãos e adeptos indivíduos estes processados, inimigos do Governo, das autoridades e povo, invadiram nossas fronteiras, por duas partes com grupos armados, vindos do Paraguai, arrebanhando cavalos, recrutando gente e cortando fio telegráfico. Neste mesmo dia, um grupo de gente armada, comandado pelo próprio Bento Xavier, atacou a vivo fogo as imediações da fazenda denominada “Vaquilha”, uma escolta de seis praças e um civil que se dirigiam para a serra a fim de efetuar a captura dos criminosos Ananias Mello e seus companheiros; resultando desse ataque a morte do civil Reginaldo de Mattos e extravio das praças que, milagrosamente, se escaparam. Em seguida, Bento Xavier e seus sequazes dirigiram-se à Fazenda do Sr. Afonso Loureiro e aí praticaram as maiores depredações, procurando aprisionar o dono da fazenda, que conseguiu fugir à sanha daqueles vândalos. Ainda nesse dia, procurando fazer a defesa dos interesses do passo violado, congreguei elementos, convidando amigos, comprando alguns cavalos e outros petrechos indispensáveis para a organização da força, visto nessa ocasião só existirem em quartel 28 praças de polícia, tendo então me dirigido ao Sr. Cap. Antero Aprígio Gualberto de Mattos, comandante interino do Regimento de Cavalaria a fim de solicitar recursos de armamento e munição, visto não haver suficiente na polícia para armar o pessoal voluntário que se me apresentou. Qual não foi a minha surpresa quando eu soube que o dito Capitão Antero se achava no território paraguaio em conferência com o criminoso militar José Vicente Pereira Netto, pessoa que tinha delegações de Bento Xavier para entrar em arreglos com o já referido Cap. Antero de Mattos, comandante do 3º Regimento. Nada mais esperando desta autoridade, que levada por baixos sentimentos políticos, deixava de cumprir com seus deveres de comandante de guarnição e fronteira, para ir confabular com uma horda de salteadores, que todos os anos invadem, a nossa fronteira com proteção das autoridades anarquizadas do Paraguai. Limitado aos meus únicos recursos e dos amigos, comprei algumas armas, munições de guerra, etc.


Outro confronto entre a força de Bento Xavier e as tropas policiais do major Gomes dar-se-ia a 11 de junho.

Uma das bandeiras de Bento Xavier era a divisão de Mato Grosso.

FONTE: Major Gomes, Relatório do Governo do Estado de Mato Grosso, 11-09-1911.
FOTO: acervo Museu Dom Diogo de Souza, Bagé, RS.



1º de junho

1912 - Nasce em Nioaque, Hélio Serejo, o menestrel dos ervais


                                                                                             FUNDAÇÃO DE CULTURA/MS

                           Hélio Serejo, à direita


Nasce em Nioaque, Hélio Serejo. Viveu a infância, a juventude e maioridade na fronteira, mais precisamente em Ponta Porã, onde produziu a maior parte de sua
obra. Escritor, cronista, contista, memoralista e poeta, publicou ao longo de sua carreira cerca de 60 livros. Pertenceu a várias entidades, entre outras, ao Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, a Academia Matogrossense de Letras e a Academia Sul-Matogrossense de Letras, onde ocupou a cadeira nº 30.

Para Geraldo Ramon Ferreira, seu confrade na ASL, Serejo, "construiu a sua consistente obra literária nas sendas da fronteira guarani, nas lides ervateiras da região, nas paragens nativas no Sul do então Mato Grosso, num ambiente de mestiçagem assim descrita pelo historiador Lenine Póvoas:

Indios, donos da terra, falando guarani; povos de origem espanhola; gaúchos fugidos das lutas de chimangos e maragatos, elementos que desciam da baixada cuiabana; mineiros que se alongavam à procura de campos para criar; todos se amalgamaram, misturando seu sangue, seus costumes, seus idiomas, suas tradições, seu folclore, sua música, daí resultando uma civilização fronteiriça de características inconfundíveis.

Sua obra completa em 11 volumes, foi republicada em 2008 pelo Instituto Histórico de Mato Grosso do Sul.

Por muitos anos residiu em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, mudando-se para Campo Grande, em 2005, onde faleceu em 8 de outubro de 2007.

A ponte rodoviária da BR-267, que liga o Porto XV de Novembro (MS) e Santo Anastácio (SP) tem o seu nome.


FONTE: Geraldo Ramon Pereira, (artigo), Correio do Estado, 26/06/2022.




1° de junho


1951 - Prefeito de Coxim é assassinado em Campo Grande







Às 22 horas é assassinado no Hotel Estação, em Campo Grande, Manoel Lino D'Ávila, o Manoel Mariano, prefeito de Coxim (UDN). Em sua edição de 3 de junho, o jornal O Estado de Mato Grosso, de Cuiabá, sob o título Assassinado em Campo Grande o prefeito de Coxim, a seguinte notícia:

Circulou ontem à noite pela cidade a notícia procedente de Campo Grande, que divulgamos em primeira mão, de haver sido assassinado naquela cidade, o prefeito de Coxim, sr. Manoel Lino d'Ávila, mais conhecido por Manoel Mariano, com 12 tiros e nove facadas.

Não se conhece maiores detalhes sobre a dolorosa tragédia em que tombou sem vida o prefeito de Coxim, Manoel Lino d'Ávila, da UDN, cidadão respeitável e que gozava do melhor conceito na sociedade coxinense.

No próximo número daremos circunstanciado relato da tragédia

Tido a princípio como crime político, chegando a causar animosidade entre moradores do distrito de Rio Verde, onde residia a vítima, e de Coxim, descobriu-se tratar-se de latrocínio. Epaminondas Gomes de Arruda, que na época do homicídio servia o exército em Campo Grande, entrevistado anos depois pelo jornal "Correio do Povo", de Coxim, esclareceu o episódio:

Seis meses após sua posse, Mané Mariano foi a Campo Grande para receber o dinheiro de uma boiada. Lá ele tinha uma amante e esta um filho.

O filho da prostituta encontrou o prefeito e lhe pediu dinheiro emprestado. Mané Mariano respondeu-lhe que no momento não tinha. Depois disso Mané foi ao frigorífico para o acerto final, retornando ao hotel em que se hospedara. Ao chegar foi recepcionado pelo rapaz, com uma faca na mão.

O rapaz sangrou Mané Mariano e foi para a rua Aquidauana, onde escondeu a faca e em seguida foi encontrar sua amante, na rua 7, passando a pagar uma rodada de cerveja para as moças da casa.

A PRI-7, a todo o momento, noticiava o crime.

O prefeito tinha um sobrinho que era 3° sargento do exército; servíamos na mesma companhia. Ele respondia pelo comando da guarnição naquele dia. Pedi-lhe algumas horas de licença, gentilmente concedida. Eu também tinha uma namorada polaca na rua 7. Tinha recebido o pagamento e fui visitá-la encontrando a rodada. Peguei a polaca, pedi uma cerveja e sentamo-nos na mesa ao lado.

O rapaz estava no banheiro e quando chegou esbravejou e gritou passando a agredir-me. Foi quando tirei um cabo de aço que carregava na cintura e dei-lhe uma surra desarmando-o.

Em seguida baicou a cavalaria e tive que fugir. Em casa passei a observar o revólver; era um Smith & Wesson 32, dos pequenos. Logo concluí que o malandro não tinha condições de ter uma arma igual aquela. Fui bater na delegacia onde narrei o acontecido. Em seguida o delegado determinou a três policiais que me acompanhassem para trazer o rapaz à delegacia. Prendemos Mário Silvestre, e, ao retornarmos à delegacia, o delegado nos comunicou que o o revólver era produto de roubo.

O rapaz, recolhidos à cela "paraíso dos inocentes", confessou o crime, entregando o relógio, a guaiaca e o restante do dinheiro roubado.

Mário Silvestre dos Santos era o nome do assassino.

Latrocínio foi a tipificação criminal.




FONTE: João Ferreira Neto, Raízes de Coxim, Editora UFMS, Campo Grande, 2004, página 192. 

FOTO:
 gentilmente cedida por familiares da vítima.




1° de junho

1959 - Grupo separatista do Sul do Estado publica manifesto



Lançado no início do ano em Campo Grande, o grupo intitulado Movimento Divisionista de Mato Grosso (MDM) lança manifesto à população. O documento tem os seguintes signatários: Anísio de Barros, Nelson Benedito Neto, Cícero de Castro Faria, Adauto Ferreira, Diomedes Rosa França, José Fragelli, Salviano Mendes Fontoura, Paulo Jorge Simões Correa, Oclécio Barbosa Martins, Diomedes Rosa Pires, Eduardo Machado Metelo, Martinho Marques, Carlos de Sousa Medeiros, Nestor Muzzi, Nelson Mendes Fontoura, Lício Proença Borralho e Nelson Borges de Barros.

Essa campanha, sob o lema "Dividir para multiplicar" e simbolizada por uma tesoura cortando o mapa de Mato Grosso, teve existência efêmera, como explica a historiadora:

"O Manifesto foi propagandeado no final da década, ocasião em que Jânio Quadros, um matogrossense de nascimento, foi candidato a presidente da República. Esperando obter a sua concordância quando ele se hospedou em uma chácara em Campo Grande, pouco antes da campanha eleitoral, uma comissão de separatistas o procurou, mas assim que tomou conhecimento do símbolo do movimento, uma tesoura que cortava o mapa de Mato Grosso em duas partes, teria dito: 'Esta tesoura corta o meu coração'. Suas palavras foram água na fervura".


FONTE: Marisa Bittar, Mato Grosso do Sul, a construção de um Estado, Editora UFMS, Campo Grande, 209, página 289. 

  

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...