1777 - Incêndio destrói o forte de Coimbra
Forte de Coimbra em desenho de Alberto Lima |
Dezesseis meses depois de sua fundação é quase que inteiramente destruído pelo fogo, o forte de Coimbra:
Cerca de 21 horas do dia 4 de fevereiro de 1877, por descuido de um soldado, incendiou-se um rancho e o fogo alastrou-se rapidamente a todos os outros, abrasando tudo.Não houve tempo senão para fugirem seus ocupantes com poucos trastes que puderam salvar.
Por sorte escapou ao incêndio o paiol de pólvora, construído afastado dos alojamentos e coberto de telhas. Se tivesse sido atingido, a explosão provocaria uma verdadeira catástrofe. Um escravo que dormia descuidado num rancho foi a única vítima a lamentar nesse incêndio.
Procedeu-se logo à construção de nova estacada. É desta planta mais antiga que se conhece de Coimbra. Formava um quadrilátero de 300 palmos de frente por 160 de fundo (66 m por 35,20 m). No fundo media 340 palmos, pois havia um pequeno saliente de cada lado.
Havia mais dois salientes:um no centro da cerca da frente e outro na dos fundos. Esses salientes formavam baluartes, cada um consagrado a um santo protetor. O da frente da estacada,voltado para o rio e para o sul, estava consagrado a Santa Ana, o do norte a São Gonçalo, o do nascente a São Tiago e o do poente a Nossa Senhora da Conceição.
Dentro da estacada os soldados construíram uma tosca capela dedicada à Virgem do Carmo, padroeira do presídio.
FONTE: Carlos Francisco Moura, O Forte de Coimbra, Edições UFMT, Cuiabá,1975, página 29.
FOTO: Desenho de Alberto Lima
4 de fevereiro
1865 - Orelhas de brasileiros expostas em Assunção
Ocorrida em 3 de janeiro de 1865, as primeiras notícias da invasão de Corumbá, com algum grau de credibilidade, passaram a circular pela imprensa brasileira somente a partir do final de janeiro de 1865. Os jornais do Brasil, valendo-se de conexão com a imprensa argentina, passaram a circular com as notícias da guerra em território sul-matogrossense. Numa dessas notícias, o Diário do Rio de Janeiro, com informação de La Nacion, da Argentina, sintetizou a ação do exército paraguaio depois de apoderar-se da vila, entremeando no artigo a macabra informação de uma exposição de orelhas humanas:
A invasão de Corumbá foi uma série de feitos escandalosos. O comandante, nomeado para esse ponto, ordenou o saque aos soldados. Todas as casas foram abertas à força bruta, e tudo quanto nelas existia foi conduzido para o quartel, onde em em presença do dito chefe, repartiu-se uma parte pela tropa e oficiais e outra parte foi transportada para um navio com destino a Assunção.
Nesta fúria nem os próprios estrangeiros escaparam. As bandeiras das diversas nações não protegiam a ninguém. A velhice e a moléstia não eram obstáculo. As casas pertencentes a brasileiros foram marcadas com um B, depois da saqueadas.
A escuna Jacobina, de nacionalidade argentina, e propriedade do italiano Santiago de Lucchi, estando carregada com 2.000 couros secos, foram estes lançados ao rio e o navio declarado prisioneiro; por muito favor deram liberdade a tripulação, exceto a quatro homens de cujo destino não se sabe.
No dia 10 foi queimada toda a madeira que existia para construção da alfândega; todo o gado encontrado nas imediações foi destruído.
Em Corumbá ficaram apenas 66 estrangeiros e algumas pobres mulheres.
A cidade está ocupada por um batalhão de 1.000 homens sob o comando do capitão Goristiaga. Os vândalos tinham intenção de atacar Vila Maria e Cuiabá.
O Iporã chegou a Assunção no dia 14. Este vapor sofrera muitas avarias no ataque do Anhambay. A tripulação ao desembarcar na capital paraguaia repartia grande quantidade de gêneros, roupa e outros objetos, produtos de seus roubos em Corumbá. O próprio comandante, Andrés Herreros, arranjou não pequena fortuna.
Enfim, para cúmulo de selvageria, esteve exposta a bordo daquele navio uma conta, em que se achavam presas as orelhas dos infelizes tripulantes do Anhambay.
Com a notícia destes triunfos, houve em Assunção grandes festas populares e bailes.
Os estrangeiros em Corumbá enviaram uma representação ao sr. Barbolani, ministro italiano em Montevideo, pedindo a sua proteção.
FONTE: Diário do Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1865.
IMAGEM: bog do Assis Oliveira
4 de fevereiro
1917 – A última batalha da Caetanada
Coronel Zelito e major Gomes na guerra dos políticos cuiabanos |
“Eram 10 horas da manhã chuvosa daquele dia quando sentinelas de Gomes comunicaram a seus chefes: ‘Inimigo à vista!’
Cerca de mil e quinhentos homens andavam cautelosamente em lenta marcha de aproximação. Os rebeldes mal perceberam o efetivo maior que o de Água Amarela. Antônio Gomes dispunha de setecentos atiradores bem municiados. Não observaram, igualmente, que desta vez os governistas estão suficientemente armados e que um contingente uniformizado, oriundo de Cuiabá, transportava uma metralhadora pesada, arma inédita nas campanhas do sul.
O comandante rebelde permaneceu em silêncio. Adotou a mesma estratégia do combate anterior. Deixou que o inimigo penetrasse, sem perturbação. Este chegou com uma força tática bem ordenada e provocou logo o combate.
(...) Após algumas horas de combate demorado e enervante, em que os rebeldes foram perdendo paulatinamente importantes posições, o coronel José Alves Ribeiro Filho, já no final da tarde, achou que chegara a hora adequada. Transmitiu a todos a ordem de ataque, que desejava rápido e fulminante. A batalha já durara seis horas. A luta foi dura, quando ambas as facções portaram-se com denodo, chegando até ao corpo-a-corpo. Foram mortos além do capitão Pimentel, o tenente Mattita Brum, ajudante-de-ordens do coronel Sérgio de Brum e os sargentos Santana e Epifânio. Foram feridos não só o cel. Mário Gonçalves, como mais de onze elementos, todos atendidos pelo dr. Ottoni, médico do regimento legalista.
Os rebeldes também sofreram inúmeras baixas. Saíram feridos os capitães Lídio e Saladino Nunes, Hermenegildo da Costa Lima, tenente Alípio, cuja vida foi salva por Astúrio Lima, quando feito prisioneiro. Houve tentativa de fuzilamento.
Em dado momento, Zelito, que premeditava os lances do combate, inopinadamente joga à frente a arma automática que, bem posicionada, iniciou intenso e constante fogo, surpreendendo e aterrorizando os adversários que, tomados de pânico, começaram a debandar. Na verdade, a metralhadora retirou qualquer chance de reação maior. A derrota de Gomes foi fragorosa e instantânea.”
FONTE: Paulo Coelho Machado, A rua barão, Edição do Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1991.Página 69.
4 de fevereiro
1926 – Coluna Prestes retorna a Mato Grosso
Após percorrer o Nordeste, volta a Coluna Prestes ao Mato Grosso, com 600 homens a fim de internar-se em território boliviano e paraguaio. Parte da coluna, comandada por Siqueira Campos, chegou ao Paraguai, enquanto o restante ingressou na Bolívia, onde encontrou Lourenço Moreira Lima, que retornava da Argentina. Tendo em vista as condições precárias da coluna e as instruções de Isidoro, os revolucionários decidiram exilar-se. Durante sua marcha de quase dois anos, haviam percorrido cerca de 25.000 quilômetros.
Miguel Costa seguiu para Libres, na Argentina, enquanto Prestes e mais duzentos homens rumaram para Gaiba, na Bolívia, onde trabalharam por algum tempo para uma companhia inglesa, a Bolívia Concessions Limited. Em 5 de julho de 1927, os exilados inauguraram em Gaiba um monumento em homenagem aos mortos da campanha da coluna. Instadas pelos protestos do governo brasileiro, autoridades bolivianas tentaram destruir o monumento, mas foram impedidas de fazê-lo ante a atitude enérgica de Luís Carlos Prestes.
FONTES: Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999. Página 265; e Fundação Getúlio Vargas http://goo.gl/n2l6K9
1926 – Coluna Prestes retorna a Mato Grosso
Luiz Carlos Prestes é o terceiro da esquerda para a direita (sentado) |
Após percorrer o Nordeste, volta a Coluna Prestes ao Mato Grosso, com 600 homens a fim de internar-se em território boliviano e paraguaio. Parte da coluna, comandada por Siqueira Campos, chegou ao Paraguai, enquanto o restante ingressou na Bolívia, onde encontrou Lourenço Moreira Lima, que retornava da Argentina. Tendo em vista as condições precárias da coluna e as instruções de Isidoro, os revolucionários decidiram exilar-se. Durante sua marcha de quase dois anos, haviam percorrido cerca de 25.000 quilômetros.
Miguel Costa seguiu para Libres, na Argentina, enquanto Prestes e mais duzentos homens rumaram para Gaiba, na Bolívia, onde trabalharam por algum tempo para uma companhia inglesa, a Bolívia Concessions Limited. Em 5 de julho de 1927, os exilados inauguraram em Gaiba um monumento em homenagem aos mortos da campanha da coluna. Instadas pelos protestos do governo brasileiro, autoridades bolivianas tentaram destruir o monumento, mas foram impedidas de fazê-lo ante a atitude enérgica de Luís Carlos Prestes.
FONTES: Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999. Página 265; e Fundação Getúlio Vargas http://goo.gl/n2l6K9
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