domingo, 13 de outubro de 2013

20 de novembro

20 de novembro

1901 - Rondon chega em Coxim


Em missão de reconhecimento do trajeto da linha telegráfica Cuiabá-Bela Vista, já implantada de Cuiabá ao Itiquira, Rondon chega a Coxim, conforme registro em seu diário:

Apeamos na casa do cel. Albuquerque onde diversas pessoas aguardavam a chegada da Comissão. O primeiro a me abraçar foi meu antigo professor de primeiras letras, João Batista da Silva Albuquerque, irmão do coronel. Professor público em Cuiabá anteriormente, era, no momento, o mais forte negociante de Coxim. Na escola pública por ele regida, é que me matriculou meu tio Manuel Rodrigues quando em 1873 cheguei de Mimoso.


Veio também me cumprimentar um homem que reconheci como o assassino de um camarada da fazenda Santa Luzia. Sem olhar para a mão que me estendia ele, perguntei-lhe se não era desertor do exército. Gaguejou e, disfarçando, esgueirou-se, desaparecendo antes que tivesse sido possível tomar qualquer providência.


Estava o coronel Albuquerque, infelizmente, muito abatido com grave perturbação cardíaca.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 141

FOTO: Projeto Memória

19 de novembro

19 de novembro
 
1901 – Rondon chega ao Buriti



Em sua viagem de inspeção desde o rio Itiquira, no trajeto por onde deveria passar a linha telegráfica de Cuiabá a Bela Vista, Rondon chega ao ponto mais próximo de Coxim, conforme registra em seu diário:

Prosseguimos com o levantamento expedido – por meio de bússola, passômetro e aneróide, - percorrendo em três horas a distância até Pimenteira, onde pousamos. Que belo local e que excelentes pastagens! É um ribeirão, vindo da serra, que ao se estender no pantanal se cobre de aguapés. Presas umas às outras, formam espesso tapete, onde mal podem as águas correr, dando assim origem a corixas e baias. Revoadas de patos bravos, garças, marrecas, tuiuiús, cabeças secas dão vida, cor, movimento àquelas paragens pantanosas que recebem freqüentes visitas das onças, em busca de capivaras que ai abundam. São campos de criação admiráveis os que se estendem em torno, predominando, nas baixadas, o arroz silvestre e nos terrenos altos que se lhes intercalam, o capim branco.


Continuamos a 18 pela estrada existente que se desenvolvia em múltiplas voltas em demanda da casa do morador Antonio Henrique.


Tendo parado em Retiro Velho para almoçar, só chegamos a Buriti à tarde, acolhidos por humildes sertanejos que nos receberam como sói acontecer entre a nossa gente simples, com a mais atenciosa hospitalidade.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, 140

FOTO: acervo Rio Show/Globo - meramente ilustrativa.


18 de novembro

18 de novembro


1882 - 

18 de novembro

1911 - Morre o senador Joaquim Murtinho



Aos 63 anos, morre no Rio de Janeiro, o senador Joaquim Murtinho, o político mais influente de Mato Grosso e um dos mais importantes do Brasil nas duas primeiras décadas da república. Nascido em Cuiabá em 7 de novembro de 1848, filho do baiano José Antonio Murtinho, governador da província de Mato Grosso (1868), estudou no Rio, onde formou-se em medicina e engenharia. Sua morte teve repercussão nacional, com a cobertura em todos os jornais do estado e do país:

Já íamos encerrar, hoje, pela madrugada, o serviço de nossa redação, quando fomos surpreendidos pela dolorosíssima notícia da morte do eminente senador Dr. Joaquim Murtinho. Esse fatal desenlace teve lugar a 1 1/2 da manhã, em Santa Tereza, na casa em que residia o notável homem de Estado.

A hora adiantadíssima em que foi conhecida a desoladora nova não nos permite mais que uma ligeira referência à vida e à obra do grande morto, decerto uma das mais salientes e luminosas figuras da política nacional.

Espírito de organizador, vigorosamente ativo, as suas crenças de bom republicano datavam ainda da monarquia, e, desde os primeiros dias da República ele veio ilustrando e fazendo prestigiado o seu nome por uma brilhante série de serviços de grande alcance prestados ao país.

Como parlamentar, a sua ação foi das mais fecundas; como cientista, o seu nome tem glórias que o fizeram reputar quase sem competidor entre nós. Médico e fisiologista prodigioso, era além disso engenheiro, absolutamente senhor das ciências positivas.

Mas onde sua personalidade avultava, num forte relevo de eminentes qualidades e méritos excepcionais era, sem dúvida, como estadista.

A sua vida de estadista iniciou-a como ministro da viação do governo de Manoel Vitorino, vindo depois continuá-la no governo Campos Sales, como ministro da Fazenda. Foi nesse posto que as circunstâncias de momento tornavam extremamente difícil, cercado de escolhos onde podiam irremediavelmente naufragar os créditos da nação, que ele executou o seu programa financeiro, ao qual se deve o restabelecimento do nosso bom nome no estrangeiro e o levantamento de nossas energias econômicas.

Tudo o que daí pra cá obtivemos no nosso progresso é uma consequência inegável da sua ação e da sua obra de governo.

Presidente da delegação brasileira ao Congresso Pan-Americano, que no ano passado se reuniu em Buenos Aires, senador por Mato Grosso, lente por concurso da Politécnica, parlamentar, estadista, homem de ciência, em qualquer desses ramos de atividade o homem eminente que acaba de morrer mostrou sempre que pertencia à ordem das individualidades de máxima grandeza intelectual e moral e prestou ao Brasil os mais assinalados serviços.

O seu desaparecimento cobre de luto a Nação.

O enterro de Joaquim Murtinho deu-se no dia 20 de novembro no cemitério São João Batista.


FONTE: O Paiz (RJ), 19 de novembro de 1911

FOTO: Diário da Manhã, 21 de novembro de 1911.



18 de novembro 

1919 – Morre fundador de Aquidauana


Aos 83 anos, falece em Aquidauana, Manoel Paes de Barros, um dos fundadores da cidade:

Natural de Cuiabá, era fazendeiro com uma área de 53.150 ha, constituídos pelas fazendas Boa Vista e Pirainha. A mais próxima de Aquidauana, situada à margem direita do rio, era a Boa Vista, onde mantinha um entreposto comercial para fornecimento aos fazendeiros e abastecimento de lenha, frutas, rapadura e aguardente para as embarcações que vinham de Miranda e Corumbá para Aquidauana. Era casado com d. Virgínia Trindade de Barros. Nasceu em 13 de junho de 1885 e faleceu em 18 de novembro de 1919. Recebeu a patente de coronel da Guarda Nacional em 1901, assinada pelo presidente da República Campos Sales. Foi prefeito municipal e deputado estadual.


FONTE: Cláudio Robba, Aquidauana ontem e hoje, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1992, página 88



 

17 de novembro

 17 de novembro

1913 - Município protesta contra área da invernada militar

Em ofício dirigido ao governo em Cuiabá, o intendente geral de Campo Grande, José Santiago, reclama contra área reservada à invernada militar:


No 97. Exmo. Sr. dr. Secretário de Agricultura. A Intendência Municipal de Campo Grande vem trazer à consideração de V. Exa. o seguinte protesto: conforme telegramas e ofício de V. Ex. e do Exmo. sr. Presidente do Estado está reservado para o município de Campo Grande a pequena área de terras devolutas compreendida entre a fazenda Serradinho e a zona municipal. Alongando demasiadamente para o lado da Vila a invernada militar quando para esta havia terras de sobra na antiga posse das ‘Piraputangas’ a medição ultimamente procedida pelo 1° tenente Gaudie Lei abrangeu mais de cinquenta hectares destas terras, há mais de 30 anos que estas terras estão ocupadas por particulares e desde que o Exmo. Sr. Presidente do Estado afirmou que elas seriam concedidas ao município não proibi que ali o pastoreio de animais e que os particulares fizessem suas roças e ranchos sem prejuízo da medição e da divisão que melhor aprouver ao município, que lhe for dado o título definitivo. Como disse a medição deve alongar-se para oeste onde há mais de uma légua de terras boas. Os 50 hectares compreendidos na medição muito prejudicam o município cuja área é muito pequena para sua população sempre crescente. Em carta anterior à V.Exa. tive ocasião de explicar bem este assunto e estou convicto de que V. Exa. mandará modificar a medição neste ponto.


FONTE:  Arquivo Municipal de Campo Grande, Livro 14/a caixa 3, folha 142.


17 de novembro

2006 - Morre em Campo Grande o senador Ramez Tebet




Nascido em 7 de novembro de 1936 em Três Lagoas, faleceu em Campo Grande, o senador Ramez Tebet. Fez seus primeiros estudos em Lins e o curso de Direito no Rio de Janeiro, onde iniciou seu longo aprendizado político, como militante da Associação Mato-grossense de Estudantes. Advogado criminalista e promotor, ingressou na política como prefeito nomeado de Três Lagoas. Elegeu-se pela primeira vez em 1978, pela Arena, deputado estadual constituinte, vindo a assumir a função de relator geral de primeira Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul. Em 1982 é eleito vice-governador, na chapa do PMDB, assumindo o governo em 1986, com a desincompatibilização do titular, Wilson Martins, que deixou o cargo para ser candidato a senador. Em 1990 vence a eleição para o Senado, onde foi relator do Projeto Sivam, presidente da CPI do Judiciário e do Conselho de Ética do Senado. Em 2001 é nomeado pelo presidente Fernando Henrique, ministro da Integração Nacional, cargo que exerce por pouco tempo, deixando-o para assumir a presidência do Senado. Em 2002 reelege-se com expressiva votação para o Senado. Foi presidente da Comissão de Asssuntos Econômicos.

A morte do senador Ramez Tebet teve repercussão nacional. Destaque dado pela Folha de S.Paulo:

O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) morreu na noite desta sexta-feira, por volta das 23h30, em Campo Grande (MS). Tebet estava em sua casa, com os quatro filhos e a esposa.

O senador sofria de câncer no fígado e havia sido internado no final de outubro no hospital Albert Einstein, em São Paulo, por causa de uma infecção causada por reações alérgicas após trocar a medicação utilizada na quimioterapia.

A situação estava sob controle e, há uma semana, ele foi liberado do hospital para continuar o tratamento em sua casa, em Campo Grande. Na ocasião, Tebet acreditava que poderia voltar a trabalhar no Senado na próxima semana.
Na sexta-feira, porém, o quadro se agravou. Ele voltou a sentir problemas respiratórios. Alguns anos atrás, Tebet havia lutado e superado um tumor no pulmão. Ele também já havia sofrido um câncer na bexiga.

Na sexta-feira, porém, o quadro se agravou. Ele voltou a sentir problemas respiratórios. Alguns anos atrás, Tebet havia lutado e superado um tumor no pulmão. Ele também já havia sofrido um câncer na bexiga.

Durante a sexta-feira, Tebet permaneceu sem falar e respondendo apenas a alguns estímulos. Embora conseguisse respirar sozinho, ele era auxiliado por um aparelho para eliminar a secreção pulmonar. Segundo sua assessoria de imprensa, tratava-se de uma medida para dar mais conforto ao paciente. 

Tebet completou 70 anos no último dia 7 de novembro. Ele cumpria seu segundo mandato como senador pelo PMDB e ficaria na Casa até o fim de 2011. Ele será substituído por seu primeiro suplente, Valter Pereira de Oliveira (PMDB). O corpo do senador deverá ser enterrado hoje em sua cidade natal. 


FONTE: Folha de S.Paulo, 17 de novembro de 2006.




16 de novembro

16 de novembro

1865 - Forças brasileiras entram em Mato Grosso
Paisagem sul-matogrossnese, eternizada por Taunay

Expedição militar brasileira, destinada a combater o inimigo que havia invadido o Sul de Mato Grosso no final de 1864, depois de passar por São Paulo, Minas Gerais e Goiás, alcança o território da província de Mato Grosso, às margens do rio Verde, afluente do Paraná, na divisa com Goiás. O cadete Taunay, autor da "Retirada da Laguna" e membro da comissão da engenheiros das forças brasileiras, registra, com detalhes do acontecimento:


"às 4 horas e 55 minutos marchou a força ao rumo O. por uma légua, tomando depois, como na véspera, para o O. S.O., em cuja direção média caminhou 2 ¹/² léguas por chapadões cobertos apenas de capim barba de bode, que brotava virente pela muita chuva dos dias passados. Aqui e acolá destacam-se capões, reduzidos às vezes a simples fitas ao acompanharem os filetes de água que serpeiam aos encontros dos declives".


Completada a travessia do rio Verde, a força acampou junto ao córrego Invernadinha, já em território matogrossense, assim caracterizado pelo atento observador:


"O terreno percorrido é em geral acidentado, ora argiloso; ora arenoso; às vezes com cerrados dos lados da via, outras com mato fechado. O aspecto da vegetação foi sempre o mesmo em todas estas marchas."


Não escapou à observação do escriba o contestado entre Goiás e Mato Grosso:


"O rio Verde é motivo de grande controvérsia entre as duas províncias de Goiás e Mato Grosso, querendo esta considerá-lo a sua linha divisória com aquela, que muito pelo contrário pretende dever estender os seus direitos até a confluência do Taquari com o Coxim. O terreno litigioso te, pois, desde esta questão avivada na presidência em Goiás do sr. José Martins Pereira de Alencastro, ficado sujeito à ação das duas partes reclamantes, o que seria causa de conflitos, colisões e graves incômodos para os seus habitantes, se não fosse a vastidão dos territórios e a escassez e disseminação da população.".


FONTE: Taunay, Marcha das Forças, Editora Melhoramentos, S. Paulo, 1928, página 120.



16 de novembro
 
1848 – Joaquim Francisco, o Sertanejo, atravessa o rio Paraná




Barão de Antonina, o patrão do Sertanejo

Em viagem de Curitiba ao Sul de Mato Grosso, iniciada a 7 de outubro, Joaquim Francisco Lopes,  “vara o Paraná e desce para ganhar a embocadura do Ivinhema. Navega ao longo do rio, em cujas barrancas estavam os índios caiuás; dá-lhes presentes à vontade, colhendo informações através de um ‘linguará’ (intérprete) sobre as terras que atravessava. Muita mata e os campos procurados não existiam por ali. Prossegue a viagem; toma o rio Brilhante, em cujas proximidades sabia estar Antonio Gonçalves Barbosa, morador da fazenda Boa Vista, onde chega a 7 de dezembro, por terra, deixadas as canoas à margem do rio Vacaria".
Irmão de Francisco Lopes, o Guia Lopes, Joaquim Francisco Lopes, o Sertanejo, como ficou conhecido, estava a serviço do barão de Antonina que lhe contratara para adquirir terras e construir uma estrada até Miranda.  


FONTE: Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, Sua Evolução Histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999, página 92.




16 de novembro

1866 - Guerra do Paraguai: recrutamento compulsório e fuzilamento para recapturados

Depoimento de um tenente brasileiro, que conseguiu escapar do recrutamento imposto aos brasileiros, denunciou que soldados do exército do Paraguai, perseguem moradores da Corumbá ocupada, que tentam escapar do recrutamento compulsório, decretado pelo governo do marechal Solano Lopes. Aqueles que são recapturados são sumariamente fuzilados, como conta dos poucos que conseguiram escapar:

Há três dias chegou de Corumbá, por via da Bolívia, o tenente Feitosa, um dos prisioneiros daquela vila. Refere que, tendo que embarcar para Assunção em 30 de agosto, conseguira evadir-se com 16 dentre os seus infelizes companheiros, 10 dos quais sendo alcançados pelos paraguaios foram todos fuzilados, escapando ele - Feitosa - e mais 6. As orelhas das vítimas foram cortadas e levadas para Assunção como sinal de boa diligência, segundo conta um dos escapos".

FONTE: Correio Paulistano (SP), 18 de janeiro de 1867.


16 de novembro

1909 – Concluída medição do rocio de Campo Grande


Vista geral do povoado de Campo Grande em foto do início do século XX 

O engenheiro Themístocles Brasil, atendendo ao intendente José Santiago executa a demarcação do rocio da vila. Em seu trabalho “encontrou, dentro dos limites previamente disignados, circunscrevendo-o mais estreitamente às cabeceiras que afluem para os dois córregos que regam o povoado, a fim de que ele não ficasse privado da água necessária à sua manutenção e higiene, a área de 6.540 ha. 34 ha. e 74 m2".



FONTE: 33 - Paulo Coelho Machado, A Rua VelhaTribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 1990, página 110.


16 de novembro

1918 - Gripe espanhola: governo responde críticas de inspetor de saúde de Corumbá

Em resposta ao inspetor da saúde dos portos, em Corumbá, Gastão de Oliveira, o presidente do Estado, dom Aquino Correa, justifica a criação de barreira sanitária na localidade de Amolar para isolar Cuiabá do contágio, já detectado nessa cidade:

"Respondo vosso atencioso despacho de anteontem cujas ponderações bem atestam a vossa competência e dedicação que desempenhais o importante cargo que o governo federal em boa hora vos confiou. Queirais antes de tudo aceitar meus cordiais agradecimentos pela generosa oferta do vosso valioso concurso do qual muito espera esta Presidência. Cabe-me , entretanto, declarar-vos que este governo, depois de ter reclamado da União providências urgentes para defesa sanitária do Sul do Estado, hoje, infelizmente, invadido pela gripe espanhola, resolveu empenhar todos os esforços afim de salvar, quanto possível, regiões do Norte em geral, mais abandonadas, depauperadas. Nesse sentido telegrafei ao intendente desse município, combinasse convosco medidas oportunas eficazes de evitar aí o contágio. Tendo sido também, por fim, atacada também essa cidade, tornou-se a população aqui sempre mais apreensiva, exigindo enérgica ação do Governo, tendente a isolar esta capital, o que a todos parece relativamente fácil, porquanto, não temos senão uma quase única via de comunicação e esta muito pouco trafegada. Assim foi que tendo mandado instalar posto médico na povoação de Amolar, determinei ultimamente fossem mantidas em observação cinco dias todas as embarcações procedentes desse porto, para onde deverão regressar, caso se manifeste durante esse tempo, epidemia a bordo, visto impossibilidade de dotar aquele posto necessário conforto hospitalar. Quer-me parecer esta medida não trará complicações internacionais, nem poderia ter sido afeta ao serviço sanitário federal que, infelizmente, não existe nesta capital. Devo enfim ponderar que não estando nós ainda aqui aparelhados para adotar modernos recursos profiláticos e terapêuticos somos forçados em momentos como este a insistir em quaisquer outros que ao menos tranquilizem o espírito do povo, preparando-lhe o moral para combater a epidemia caso Deus não nos queira dela preservar. Especial intuito do Governo é evitar provavelmente evitar a entrada de doentes nas populações ainda imunes, o que sempre causa prejudicial impressão como acontece aí mesmo em Corumbá, apesar de vossas inteligentes e solícitas providências e melhores recursos do que dispondes. Pensando ter assim justificado amplamente o procedimento deste governo desejoso apenas males do povo, cujo bem estar deve se a suprema lei para governantes, folgo do ensejo para vos apresentar minhas cordiais saudações. Bispo Aquino, Presidente".

FONTE: A Cruz (Cuiabá), 24/11/1918.

14 de novembro


14 de novembro

 
1874 – Concluída demarcação da fronteira


Coronel Eneas Galvão, o visconde de Maracaju



Em ofício enviado aos seus superiores, o coronel de engenheiros Rufino Enéas Gustavo Galvão comunica a conclusão da obra de delimitação da fronteira Brasil-Paraguai:

“É com a maior satisfação, comunico ao ministro dos Estrangeiros, que apresento à V. Exa. o exemplar desta ata (a derradeira) e o daquela carta (geral), pertencentes ao Brasil, por comprovarem tão importantes documentos que ficou completamente concluída a demarcação de nossa fronteira com esta República, único trabalho deste gênero realizado até o presente sem interrupção e no curto espaço de vinte e seis meses. A extensão de 190 léguas da fronteira demarcada, está pouco conhecida, 80 de picadas abertas nas serras de Amambaí e Maracaju e nas cabeceiras do Apa para deslindar a questão de Estrela; a custosa navegação daquele rio e a do Alto Paraná, com os riscos que apresenta acima da foz do Iguaçu, podem dar uma ideia da perseverança da comissão e dos trabalhos com que lutou para efetuar esta demarcação.”
 


FONTE: Virgílio Correa Filho, História de Mato Grosso, Fundação Júlio Campos, Várzea Grande, 1994, página 575



14 de novembro

1923 - Solidariedade: carta de Pedro Celestino a Arlindo de Andrade

Arlindo de Andrade, Pedro Celestino e Oliveira Neto, em Campo Grande


Intendente geral de Campo Grande, Arlindo de Andrade tem sua casa metralhada por uma escolta comandada pelo então 1° tenente Filinto Müller, a mando do coronel Paiva Meira, que empenhado em “por cobro às violências e crimes da cidade cometeu certas arbitrariedades.” No caso do chefe do executivo campograndense, a alegação para o ato de truculência foi a denúncia infundada de que Andrade protegia um bandido, com quem tivera relações profissionais como advogado. Atitude revoltante, a ocorrência teve repercussão inclusive na capital do Estado, de onde o presidente Pedro Celestino enviou-lhe a seguinte carta:


Respondo sua apreciada carta de primeiro do mês passado e é com vivo prazer que me congratulo com meus amigos do município pelo restabelecimento da ordem e garantias, aí perturbadas pelo desvairamento do cel. Paiva Meira. Foi uma situação vexatória que passou, causando muitas contrariedades a demora da solução, felizmente reparadora dos males causados pela integridade e critério do general Nepomuceno que, estou certo, restaurará a reciprocidade de prestígio e de apoio de que necessitam as autoridades para o bom desempenho da respectiva função social. Muito confio na ação patriótica desse ilustre general colaborando na esfera das suas atribuições com o governo do Estado para a prosperidade desta unidade do país ainda tão carecedora de elementos com que possa, só por si, prover todas necessidades administrativas, principalmente no que diz respeito à ordem nos municípios do sul, todos eles reclamando maior contingente e mais eficiência da força pública, o que o governo não tem podido atender devido a escassez de recursos, de pessoal idôneo e às distâncias que separam essas circunscrições. Evolue, porém, o Estado se bem que lentamente de modo a podermos esperar melhores dias em que essas falhas desapareçam com a consolidação política conciliadora e afastamento das lutas partidárias, objetivos que me esforço por firmar.


Muito agradeço seu bonito e excelente trabalho para o líder da prosperidade dos municípios do Estado, posição essa para a qual tem o meu amigo concorrido com entusiasmo e operosidade, colocando Campo Grande em destaque saliente. Sinto não dispor o governo de recursos e de aparelho administrativo suficientes para suprir com outros municípios as deficiências de esforços e de iniciativas para sua rápida evolução. O exemplo, porém, de Campo Grande e Corumbá estimulará, espero, suas influências locais.



FONTEPaulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, o primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, página 47.



14 de novembro

1953 – Ferrovia chega a Santa Cruz de la Sierra

Transposto o Rio Grande em uma ponte provisória de madeira, com 361 metros de comprimento, chega finalmente a Santa Cruz de la Sierra, a ferrovia Brasil-Bolívia. A via férrea foi entregue ao tráfego em 1954 com as composições de carga e passageiros partindo em determinados dias das semana de Corumbá e de Santa Cruz.

Resultado de compromisso assumido em 1928, perante a Bolívia de estender os trilhos da NOB até Santa Cruz, a  9 de novembro de 1938 chegava a Corumbá a comissão encarregada pelos dois governos de iniciar as obras, sob a chefia dos engenheiros Luis Alberto Whately, da parte do Brasil, e Juan Rivero Torres, da boliviana. De imediato atacados, os trabalhos morosamente arrastaram-se pelos anos a fora, em virtude dos obsoletos processos ainda em voga, na execução do projeto aprovado, que visava, ademais, a ligação do litoral atlântico ao pacífico, através da linha Santa Cruz – Yacuíba – Salta – Antofagasta.

A Comissão Mista Brasil-Bolívia, órgão diretor, instalou-se em Corumbá com escritórios, almoxarifados, serviços médicos, etc., com destacada atuação durante o período, do início ao término das obras.


A estrada tem extensão de 651 quilômetros, atravessando no primeiro trecho, terrenos baixos, por vezes pantanosos, para depois alcançar, a partir de El Carmen, os aclives da serra de Santiago. Dado o acentuado número de acidentes, a ferrovia ficou conhecida como trem da morte.

FONTELécio G. de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd, página 107 



OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...