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sábado, 14 de dezembro de 2013

23 de dezembro

23 de dezembro

1866 – Taunay escreve sua última carta de Miranda


Endereçada aos seus familiares no Rio, o tenente Taunay, combatente na guerra do Paraguai, mostra-se aflito com a insalubridade da vila e a indefinição dos rumos que deve tomar a coluna estacionada em Miranda, antes de sua partida para Laguna:

Dizem que o novo presidente de Mato Grosso, Couto de Magalhães dirige-se a toda a pressa para o Coxim, para onde devem passar estas forças antes de seguir para Cuiabá; vindo as de lá para a fronteira. Teme-se complicações sérias com a Bolívia e querem tomar providências a respeito, mandando-nos para o Norte. Até quando viajaremos? Far-nos-ão percorrer o mundo inteiro? Estou já aborrecidíssimo com esta vida, cujos espinhos só se apreciam metido nela até o pescoço como me acha.


Breve chegará aqui Camisão e mais que provavelmente conduzirá logo as forças para Nioaque, onde dever-se-á fazer um estacionamento conveniente ao restabelecimento das praças que muito tem sofrido do clima pernicioso desta vila. [...]


Temos tido chuvas e mais chuvas; todas as tardes há pancadas, umas sobre outras, torrenciais, que enchem logo todas as depressões do terreno que se transforma em lagoazinhas e bacias, fontes de febres intermitentes.


FONTETaunay, Mensário do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1943, página 345


23 de dezembro

2021 - Vítimas fatais do coronavírus tem dia de memória em Campo Grande


domingo, 10 de novembro de 2013

10 de dezembro

10 de dezembro

1884 – Nasce em Miranda, José Alves Ribeiro

Inauguração do busto do coronel Zelito em Aquidauana

Filho de José Alves Ribeiro (o coronel Jejé), nasce em Miranda, José Alves Ribeiro, (o coronel Zelito). Fez o curso primário em sua cidade natal e o preparatório em Cuiabá e voltou para a fazenda Taboco. Retornou a Cuiabá em 1915, onde no ano seguinte, casou-se com Maria Constança, filha de Pedro Celestino. Em plena lua-de-mel, por indicação do sogro que apóia o governo, assume a reação ao major Gomes, que rebela-se contra o presidente Caetano de Albuquerque, derrotando-o no segundo combate, em 1917. 

Deputado estadual na legislatura de 1921 a 1923, tomou gosto pela política, elegendo-a sua principal atividade.


“Em 1924 – recorda seu filho Renato Alves Ribeiro – quando houve a invasão do Estado pela famosa ‘Coluna Prestes’, o coronel Joselito organizou o 1º Batalhão de Infantes Pioneiros, com 140 homens, e foi designado para defender a estação de Arapuá, onde estava localizado o Posto de Comando do coronel Malan D’Angrogne, em seu em retiro Miranda, naquela região, nas margens do Paraná”.


Em 1925 foi eleito prefeito de Aquidauana , permanecendo apenas um ano no cargo. Em 1930 apoiou a revolução de Vargas e consolidou sua liderança em Aquidauana e região. Na revolução constitucionalista de 1932 não apoiou os rebeldes, liderados por Vespasiano Martins. Em 37 rompe com Getúlio, por não concordar com a ditadura do Estado Novo. Em 1945 com a deposição de Getúlio, ingressa na UDN, União Democrática Nacional e torna-se o chefe político “com inúmeras vitórias em Aquidauana, derrotando por muitas vezes a coligação do governo, PSD-PTB, elegendo prefeitos como Delfino Correa, doutor Estácio Muniz, Moisés de Albuquerque, Fernando Ribeiro – seu filho – por duas vezes prefeito e uma deputado federal; Fernando Correa, duas vezes governador; seu genro José Frageli, deputado estadual e federal”.


O coronel Zelito ou Joselito faleceu em julho de 1970.


FONTE Renato Alves Ribeiro, Taboco, 150 Anos, Balaio de Recordações, edição do autor, Campo Grande, 1984, página 125


10 de dezembro

1913 -Bela Vista: Justiça restitui mandato do prefeito

Por decisão do Tribunal Pleno em Cuiabá, reassumiu a chefia do executivo de Bela Vista, o intendente geral de Bela Vista, Ernesto Vilas Boas. Seu mandato havia sido suspenso arbitrariamente pelo juiz de direito da comarca, do delegado de polícia e do comandante de polícia, a pretexto de falta de prestação de contas.

A retomada do mandato do intendente foi marcada pelo regozijo do jornal de oposição ao governador, em Cuiabá:

Reassumiu o cargo de intendente de Bela Vista a 10 do corrente, o sr. Ernesto Villas-Boas, que ali estava sendo perseguido pelo juiz de direito da comarca, ao serviço da baixa politicagem, cujo objetivo era arredá-lo das funções que o povo do município lhe havia conferido.

À audaciosa violência com que se pretendia destruir a autonomia do município, opôs salutar resistência o Tribunal de Relação do Estado, agindo com a mais louvável energia no sentido de impedir a consecução desse revoltante atentado.

Foi assim garantido pelo nosso mais alto tribunal o princípio básico de nossa organização política, cujo aniquilamento, se tivesse sido levado a efeito em Bela Vista, importaria na mais completa anarquia do nosso regime, e quiçá em perturbação de ordem cujas consequências a ninguém é dado medir.

O ato da suspensão do mandato foi atribuído como represália do presidente do Estado, à forte oposição de Villas-Boas à renovação da concessão da companhia Mate Larangeira.


FONTE: O Matto-Grosso (Cuiabá), 14 de dezembro de 1913.

9 de dezembro

9 de dezembro

1879 - Teixeira Muzzi compra escravo em Miranda

Herói da retirada da Laguna, e proprietário da fazenda Santa Rosa, nos campos de Vacaria, o capitão João Caetano Teixeira Muzi compra escravo do coronel Antonio Inácio da Trindade. A transação foi oficializada através do seguinte documento:

Escritura pública de compra e venda de um escravo de nome Felisberto que faz e assina como vendedor Antonio Inácio da Trindade por seu procurados Tenente Tibério Augusto d'Arruda e como comprador o Capitão João Caetano Teixeira Muzi por seu procurador Alferes Daniel Benício de Toledo como abaixo se declara.

Saibam quantos este público instrumento de escritura de compra e venda virem que no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos setenta e nove aos nove dias do mês de Dezembro do dito ano nesta Vila de Miranda da Província de Mato Grosso em meu cartório compareceram pessoalmente partes havidas e contratantes, isto é, como vendedor Antonio Inácio da Trindade, por seu procurador Tenente Tibério Augusto d'Arruda e como comprador o Capitão João Caetano Teixeira Muzi por seu procurador Alferes Daniel Benício de Toledo, ambos reconhecidos pelos próprios de mim Tabelião e das duas testemunhas abaixo nomeadas e assinadas de que dou fé perante as quais pelo vendedor me foi dito que sendo Senhor e possuidor de um escravo de nome Felisberto, cor preta, menor de nove anos de idade de idade, solteiro, natural desta província filho da escrava Vitorina, apto para o serviço de pajem matriculado no município de Miranda sob numero de sete na matrícula geral, e quinze na relação apresentada em oito de julho de mil oitocentos e setenta e cinco e porque o possui livre e desembaraçado de qualquer ônus judicial e extrajudicial; vende e como de fato e direito vendido tem de hoje e para sempre ao comprador Capitão João Caetano Teixeira Muzi pela quantia de um conto de reis em moedas correntes deste Império; pelo que lhe dava plena e igual quitação de pago e satisfeito para mais em tempo algum lhe ser pedido por si e nem por seus herdeiros e por isso transfere todo o direito, ação e domínio que no dito escravo tinha na pessoa do comprador que gozava desde hoje para sempre obrigando-se a fazer boa e valiosa venda todo tempo. E pelo comprador me foi dito em presença das mesmas testemunhas abaixo assinadas que aceitava a presente escritura de venda a ele feita e desde já se davapor empossado do referido escravo Felisberto de que pagou na repartição competente a sisa constante do documento que em seguida transcrevo = Reis cinquenta mil = Anastacio número 17 = Coletoria Provincial de Miranda, imposto de meia sisa de um escravo. O senhor Capitão João Caetano Teixeira Muzi por seu procurador Senhor Daniel Benício de Toledo pagou nesta Coletoria a quantia de cinquenta mil reis proveniente de um escravo de nome Felisberto que comprou do senhor Antonio Inácio da Trindade por um conto de reis como consta do livro de receita a folhas onze verso. Coletoria Provincial de Miranda, nove de Dezembro de mil oitocentos setenta e nove = O Coletor = Guaporé = o Escrivão Bueno Pedroso. E como assim o disseram, outorgaram e prometeram cumprir  guardar do que dou fé, lavrei-lhe esta, que sendo-lhes lido e achando conforme aceitaram e assinaram com as testemunhas Luiz da Costa Leite Falcão e Francisco Eugenio Moreira Serra, comigo Benedito Rodrigues de Jesus, Tebelião interino de notas que o escrevi e assino."

FONTE: Fundação Cultural Palmares, "Como se de ventre livre nascido fosse...", Arquivo Público Estadual, Campo Grande, 1994, página 148.

domingo, 3 de novembro de 2013

4 de dezembro

4 de dezembro

1866 – Taunay dá novas notícias de Miranda



Ainda sem saber que destino vai tomar a força expedicionária, acampada em Miranda, o tenente Taunay volta a escrever ao seu pai no Rio de Janeiro:

Aqui estamos desde 17 de setembro esperando notícias de Cuiabá para saber se devemos marchar sobre Corumbá ou sobre Nioaque. Este último lugar que os paraguaios ocuparam durante mais de um ano é o lugar mais salubre de toda a província e caminho que lá vai ter o melhor possível; diz-se também que em Corumbá não há mais que 200 homens em más condições; os outros tendo sido chamados por Lopez, mas também a travessia é muito difícil e as águas vão subir tanto que os terrenos pantanosos ribeirinhos do Paraguai já devem estar todos inundados. Falta-nos aliás, e completamente, o meio mais cômodo descermos o Miranda e subirmos o Paraguai. Outra dificuldade se apresenta: nada menos nada mais do que a presença de dois vapores paraguaios a cruzarem continuamente entre Corumbá e Coimbra.


Acabei o relatório geral da comissão e como já estou cansado de trabalhar para outrem, embora se trate de coisa pouco meritória, escrevo agora um novo trabalho que toma certo desenvolvimento e poderá ter algum interesse. É a viagem que fiz com Lago, até Morros com um resumo geral do aspecto fitológico e mineralógico dos terrenos atravessados. Tomo sempre a peito ser consciencioso em tudo quanto digo; só citando o que vi e preferindo ou pouco de monotonia e mesmo aridez nas descrições a embelezar o meu relato de episódios só pelo prazer de agradar a desocupados.


FONTETaunay, Mensário do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1943, página 345.


4 de novembro

1940 - Desaparece avião com comissão de delegados da ferrovia Bolívia-Brasil

Desapareceu quando fazia um voo entre Baboré, na Bolívia e Corumbá, o trimotor Juan Del Valle, do Lloyd Brasileiro. As primeiras notícias foram dadas pelo tenente Cerqueira Rodrigues, chefe do tráfego da Aeronáutica Civil, segundo noticiou o jornal Correio Paulistano, em sua edição de 12 de novembro:

"O avião, ao realizar a última etapa entre Baboré, na Bolívia e Corumbá, perdeu-se por falta de visibilidade, ao cair da noite, mantendo-se ainda até às 20 horas, daquele dia em contato com Corumbá, pelo rádio.

Aviões da Condor e do nossos Exército, bem como do Exército boliviano têm realizado continuadas pesquisas sobre a região na parte boliviana e brasileira, que é toda ela pantanosa.

Como até o presente não fosse encontrado o avião, que tem a bordo nove pessoas, o coronel Samuel Ribeiro, em combinação com o general Isauro Regueira, diretor da Aeronáutica Militar, providenciou para a ida de mais três aviões Vultee de grande raio de ação, com os quais se espera chegar a resultados positivos no mais curto espaço de tempo".

O avião conduzia, na verdade, conduzia 17 passageiros, "entre os quais, uma comissão de delegados do Comitê Boliviano-Brasileiro da construção da estrada de ferro internacional e o engenheiro José Donabella Portela".

Os destroços seriam localizados somente em 5 de dezembro de 1942, "por um caçador boliviano, a 40 quilômetros de Porto Suarez, próximo da lagoa Lagaiba, na fronteira do Brasil com a Bolívia".

Segundo a mesma fonte, "foram encontrados vários esqueletos perto do aparelho e no seu bojo, em bom estado de conservação, os valores conduzidos pelos 17 passageiros, inclusive 2.800:000$000".


FONTE: Correio Paulistano, 08/01/1942


sábado, 22 de janeiro de 2011

01 de janeiro

1° de janeiro

1727 - Cuiabá elevada à vila




Oficialmente fundada em 8 de abril de 1719, por decisão do rei de Portugal, Cuiabá é elevada à categoria de vila, em ato realizado em 1º de janeiro de 1727, com a presença pelo governador Rodrigo César de Meneses, da Capitania de São Paulo. O evento histórico está perpetuado no seguinte termo:

Ao primeiro dia do mês de janeiro de 1727, nesta Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, sendo mandado por S.M., que Deus guarde, a criá-la de novo o Exm° sr. Rodrigo César de Meneses, governador e capitão-geral desta capitania e que o acompanhasse para o necessário, o dr. Antonio Alves Lenhas Peixoto, ouvidor-geral da comarca de Paranaguá, sendo por ele eleitas as justiças, juizes ordinários, Rodrigo Bicudo Chacim o tesoureiro coronel João de Queiroz Magalhães e vereadores Marcos Soares de Faria, Francisco Xavier de Matos, João de Oliveira Garcia e procurador do conselho Paulo Anhaia Lima, servindo se secretário da comarca Luis Teixiera de Almeida, almotacê o brigadeiro Antonio de Almeida Lara e o capitão-mor Antonio José de Melo, levando o estandarte da vila, Matias Gomes de Faria foi mandado pelo dito sr. governador capitão-general que com o dito Dr. Ouvidor, todos juntos com a nobreza e povo, fossem à praça levantar o pelourinho desta vila e que em nome D'el Rei deu o nome de Vila Real de Bom Jesus, e declarou que sejam as armas de que usasse um escudo dentro com o campo verde e um ouro, e por timbre, em cima do escudo, uma fênix, e nomeou para levantar o pelourinho ao capitão-mor regente Fernando Dias Falcão e todos sobreditos com o dito dr. Ouvidor, nobreza e povo foram à praça desta vila, onde o dito Fernando Dias Falcão, levantou o pelourinho, do que para constar a todo tempo fiz este termo, que assinou o dito Sr. General com todos os sobreditos.

E eu, Gervásio Leite Rabelo, secretário deste governo, que o escrevi, dia e era ut supra. - Rodrigo César de Meneses - Antonio Alves Lanha Peixoto - Rodrigo Bicudo Chacim - Marcos Soares de Farias - Francisco Xavier de Matos - João de Queirós Magalhães - João de Oliveira Garcia - Luis Ferreira de Almeida - Antonio José de Melo - Paulo de Anhaiá Lima - Antonio de Almeida Lara - Matias Soares de Faria - Fernando Dias Falcão Pereira da Cruz - Manoel Dias de Barros - Luis de Vasconcelos Pessoa - Manoel Vicente Neves - Salvador Martins Bonella.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, (2a. edição), edição governo do Estado, 1973, página 13.


1° de janeiro
1802 – Destruído forte paraguaio San Jose do Apa

Rodrigues do Prado, comandante do presídio de Miranda, ataca e destrói o fortim paraguaio de San José do Apa:

Feito o termo de capitulação e o interrogatório dos prisioneiros, Rodrigues pode certificar-se que a guarnição castelhana se compunha de 114 homens. Os restantes, em número de 84, se haviam evadido. Este número, no entanto, era superior ao de Rodrigues e bem suficiente para uma retomada de ação, em condições de converter em fracasso, no mesmo local, a vitória ganha por ele com inaudita sorte e desmedido arrojo. Assim pensando, não quis mandar correr a invernada do fortim à procura de cavalos, para não se arriscar a alguma emboscada dos fugitivos. Renunciou a essa busca e mandou proceder pelo alferes de milícias Francisco Xavier Pinto, pelo soldado Francisco Xavier Ribeiro, como escrivão, o cabo da guarda e mais dois soldados o arrolamento dos víveres e do material apresado, inclusive o dos ‘poucos trastes’ do comandante morto. (...)

Terminadas estas providências, Rodrigues mandou reduzir a cinzas a estacada e a rancharia castelhana. Caridade? Não. Era um procedimento aceito e praticado pelos beligerantes de todos os tempos, tal como o de ‘terra arrasada aos que se vêem compelidos a recuar em próprio território face a um inimigo superior. É legítimo destruir os instrumentos de guerra e os meios de ação das forças contrárias em tais condições. Rodrigues poupou, entanto a cruz de madeira ali existente e mandou gravar nela os dizeres seguintes:

VIVA PORTUGAL! FOI TOMADO ESTE PRESÍDIO NO 1° DE JANEIRO DE 1802.

FONTE: Raul Silveira de Melo, Para Além dos Bandeirantes, Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 1968. Páginas 233 e 242.


1° de janeiro 

1865 - Combatentes paraguaios massacram fugitivos de Nioaque 





À véspera de ocupar a vila abandonada de Nioaque, a força de ocupação do exército paraguaio, comandada pelo coronel Francisco Resquin, ataca a guarnição que abandonava o local. Muitos conseguiram escapar à perseguição inimiga, mas um grupo foi alcançado e massacrado, conforme relato do comandante paraguaio ao seu superior em Assunção:



Senhor Ministro:

O coronel comandante da coluna de operações sobre o rio Mbotetey, tenho a honra de levar ao conhecimento de V.E. que prosseguindo minha marcha da colônia de Miranda e a três léguas de distância recebi aviso de meu segundo o capitão Blas Rojas, que seguia à vanguarda, que se apresentava à vista uma coluna de cavalaria brasileira de 2 a 300 homens: então dei-lhe ordem para lhe bater, acelerando minha marcha, porém havendo a coluna brasileira ganhado o monte do riacho chamado Passo Feio, mandou dizer seu comandante que queria ver-me; e lhe mandei que escrevesse o que lhe ocorria. A isto escreveu dizendo que desejava falar-me sobre minha internação em território brasileiro e comunicar-me as instruções a respeito; minha constatação foi que a entrevista seria inútil e que assim se entregasse dentro de meia hora prisioneiro de guerra, com toda a tropa sob seu comando, pois ao contrário seria perseguido com rigor; mas não havendo aceito, dei ordem de ataque para o qual, enquanto a troca de comunicações, mandei abrir várias picadas na suposição de que defenderia o passo, porém as picadas foram inúteis, porque ao primeiro canhonaço disparado ao rumo em que se ouvia música, abandonaram o local, disparando tiros de carabina dos quais não conseguiram mais que uma bala que feriu no braço o alferes Camilo Castillo.Nisto passavam alguns esquadrões de cavalaria que se puseram em perseguição, porém debandando-se o inimigo na mais completa desordem e sua fuga em diferentes direções, só haviam reunido dois grupos, como de algo mais que um esquadrão, em um dos quais ia o tenente-coronel D. Antonio Dias da Silva, comandante daquele grupamento, sendo perseguido pelo tenente Blas Ovando, a quem não pude alcançar, porque ao passar a ponte do córrego Desbarrancado, a destruíram, como de antemão haviam preparado, ganhando muito terreno, motivo porque cessamos a perseguição, para não fatigar inutilmente os cavalos.

O outro grupo, que havia tomado outra direção, foi perseguido pelo alferes Ignacio Cabrera com os de sua classe José Pedruesa e Bautista Ramirez, com setenta e cinco de tropa, lhes alcançou, deixando no campo cinquenta e sete mortos e um oficial, fazendo treze prisioneiros, trinta e sete cavalos e oito mulas, com a perda de um soldado e dois feridos de nossa parte.

Dali acampei a uma légua e meia e prosseguindo o dia seguinte, fiz parada a quatro léguas e meia sobre o riacho Pequeno, aproveitando na tarde, a aguada e bom pasto do lugar.

Ao amanhecer do dia seguinte movi o campo e depois de três léguas de marcha, passei o córrego Ponte, e com duas léguas mais o rio Nioaque a uma do dia.

FONTE: El Semanário (PY), Assunção, 17 de janeiro de 1865. 

FOTO: cavalaria paraguaia, reprodução do filme Alma do Brasil,1932. 



01 de janeiro

1869 - Brasileiros ocupam Assunção




A primeira divisão da esquadra brasileira ocupa a capital paraguaia, abandonada pelo governo e pela população. A comunicação ao Rio de Janeiro é oficialmente encaminhada pelo barão de Passagem, o comandante das forças de ocupação:

"Tenho a honra de levar ao alto conhecimento de V.Exa. que no primeiro dia do ano de 1869, sob os melhores auspícios, as forças brasileira de mar e terra ocuparam efetivamente a cidade de Assunção capital do Paraguai, registrando assim nos fastos luminosos desta campanha mais um feito de grande alcance para a política da guerra e por mercê de Deus, incruento! Conforme as minhas instruções achava-se pronta, às 10 horas da manhã desse dia a divisão composta dos encouraçados Bahia, Barroso e Tamandaré; monitores Pará, Alagoas, Santa Catarina, Piauí, Rio Grande e Ceará e os transportes Paissandu e Guaicuru, e a bordo destes dois últimos embarcada a 6a. brigada do exército imperial, do comando do coronel Hermes Ernesto da Fonseca. Às 10 horas e 15 minutos, de V illeta, levantaram âncora todos os navios e determinei que o Barroso e Piauí com os transportes na retaguarda da linha formassem a divisão de desembarque, e somente investiriam a capital inimiga para efetuá-lo quando eu assinalasse; os demais navios navegavam na formatura que lhes ordenei. Seguiu, pois, cheia de entusiasmo a expedição, sem contrariedade alguma, até a capital inimiga onde chegamos às 4 e meia horas da tarde, em consequência da pouca marcha dos monitores e necessidade de ter à vista todos os navios. Tendo-se transposto os pontos outrora fortificados, reconhecido não haver resistência e colocados os navios em posição de proteger a operação, assinalei a divisão de desembarque que investisse o porto, e aí procedeu-se imediatamente ao desembarque com toda a atividade, apesar do mau tempo.

Ás 6 horas da tarde essa operação estava concluída e tremulava em Assunção a bandeira imperial; ao arsenal de marinha onde mandei hastear na posição em que se achava acampada a força expedicionária sob o comando do coronel Hermes, a quem também entreguei para esse fim um emblema da nossa nacionalidade e finalmente no vasto palácio de Lopes ao próprio lugar em que fora derrubada a bandeira paraguaia por tiros deste navio no bombardeamento que esta divisão fez em 30 de novembro último, foi levantada uma nova haste, e eu, em pessoa, nela arvorei o pavilhão brasileiro.

Antes de encetar-se o desembarque viu-se uma força inimiga de cavalaria e infantaria que parecia retirar-se precipitadamente, e nessa ocasião conseguiu escapar-se do cativeiro e ser recolhido incólume um soldado nosso, voluntário de Mato Grosso, onde caíra prisioneiro. No porto encontrei fundeada uma escuna italiana com a sua respectiva bandeira. Está pois realizada uma das maiores aspirações da tríplice aliança. Assunção que revelava um aspecto horrível a que fora reduzida pelo exílio, fuzilamentos, prisões subterrâneas e entrincheiramento em suas ruas, apresenta atualmente uma nova era de redenção e esperança para o malfadado povo paraguaio, que sem dúvida alguma cobrirá de maldições o bastardo ditador Lopez que fez a sua nação seu feudo e sacrificou-a aos seus caprichos sanguinários. Ao terminar, receba V. Ex. e todos os brasileiros as nossas mais fervorosas e entusiásticas congratulações.

Deus guarde a V. Ex. - Ilmo. e Exmo. Sr. conselheiro visconde de Inhauma, vice-almirante em chefe da esquadra em operações - Barão da Passagem, chefe de divisão".

Reaberta a navegação no rio Paraguai, em 5 de janeiro, as primeiras embarcações brasileiras deixam o porto de Assunção com destino a Corumbá e Cuiabá.

FONTE: Diário do Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1869.
FOTO: Encouraçado Tamandaré.





 

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...