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sábado, 14 de dezembro de 2013

17 de dezembro

17 de dezembro
 
1865 – Forças brasileiras acampam em Coxim




As tropas brasileiras que combaterão os paraguaios na fronteira, após vários meses no trajeto entre São Paulo e Mato Grosso, acampam “no lugar denominado Beliago, ou mais vulgarmente Coxim, incorporando-se a elas o contingente de tropas da província de Goiás, o qual aí se achava desde o dia 7 de setembro daquele ano e era composto de um esquadrão de cavalaria e de um batalhão de linha n. 20, completado com duas companhias de praças voluntárias”.

O tenente Taunay, da comissão de engenharia da força, descreve o novo acampamento da expedição brasileira:

O local, indicado por vários entendidos como o mais próprio para cobrir a capital da província de Mato Grosso e ao mesmo tempo defender as estradas que dessem pronta comunicação com as outras províncias limítrofes, assenta, como dissemos, na confluência dos dois rios Taquari e Coxim, os quais unem as suas águas depois de curso bastante longo, vindo o primeiro da direção média E. e o outro de S.E., e formando no ponto de reunião uma corredeira importante, a última que encontravam os navegantes desses caudais, ao demandarem o rio Paraguai e a cidade de Cuiabá. Este local devia para o futuro tomar certo incremento e já se ia constituindo em núcleo de população, quando os paraguaios prolongaram até aí a sua devastadora incursão. Era ponto de muitos gêneros de Goiás, tendo sido, desde o século passado, necessidade de se formar aí um estabelecimento, quando em uso a navegação interna pelos rios Paraná e Pardo de um lado, e Camapuã e Coxim do outro, para lá do varadouro que levava do vale do Paraná ao do Paraguai. Até a barra dos dois rios, chegam canoas grandes com extrema facilidade, sendo possível a vinda de vapores a 2 ½ léguas abaixo dela, como já se deu.


Existia em 1862 o projeto de criação de uma colônia militar à margem direita do Taquari e o presidente de então, o sr. Herculano Ferreira Pena, tornou salientes em seu relatório à assembléia provincial as vantagens que para o profuso abastecimento dos pontos situados à margem do grande Paraguai, e mesmo para o da capital se originariam com a formação de um centro povoado que, atraindo a exportação ao Coxim, a estendesse com pouco custo até Corumbá, Dourados, etc. Tendo havido o projeto de se construir uma obra de fortificação passageira para a guarnição que aí ficou com quatro bocas de fogo, por ocasião da descida das forças para Miranda, não achou o engenheiro, 1º tenente Joaquim José Pinto Chichorro da Gama, em todos os terrenos próximos, um local conveniente para esse fim. A planta, porém, e o traçado foram entregues ao coronel comandante das forças.


Debaixo do ponto de vista militar, como já mostramos, não preenche a posição nenhuma das condições precisas. Considerado, porém, pelo lado pitoresco e comercial, o Coxim, cercado de outeiros baixos, banhado por um belo rio, navegável e de águas claras, rodeado de frondente vegetação, em situação favorável à saúde, como demonstrou exuberantemente a estatística do hospital ambulante da força é localidade aprazível e uma das mais apropriadas para um centro de população.


O Taquari, depois de receber o contingente do Coxim rola uma massa considerável de água, apresentando, entre margens altas e abruptas, a largura média de 176 metros. Pelo lado esquerdo segue-o uma fita larga de bonita mataria e, dali a 40 léguas, sempre com um curso regular e livre de obstáculos, vai atirar-se no rio Paraguai, abaixo de Corumbá, que fica à margem direita daquele caudal.


Os recursos de que dispunha o lugar eram diminutíssimos: apenas duas fazendas se achavam numa periferia de 12 léguas, ambas de minguados produtos; tendo sindo, além disso, uma delas, a de Luiz Teodoro, devastada pelos inimigos, os quais, na invasão de abril daquele ano, além de queimarem os mantimentos que não podiam levar, estragaram também todas as plantações ainda novas. Pouco ou nenhum gado existia em seus arredores e as más pastarias favorecem o desenvolvimento da peste de cadeiras, tão fatal aos animais muares e cavalares em todo o sul de Mato Grosso. 


Uma alteração profunda no sistema atual de viver não há contudo sofrer demora: a passagem para a vida agrícola. A moléstia que grassa entre os cavalos produzirá esta modificação. Não há cavalo que resista àquela peste, depois de poucos anos de trabalho, de modo que, em certas épocas, qualquer animal atinge preços despropositados. Em alguns anos a dificuldade em obter cavalhada tem impossibilitado o costêo, sem o qual o gado se torna arisco e bravio, como o que avistamos na base da serra de Maracaju. (...)


Nessas condições e já começando a sentir a penúria da falta de víveres, como acima deixamos expendido, acampou a força esperando ordem para posteriores marchas. O tempo das águas começando em setembro, devia prolongar-se até maio, impedindo a passagem pelos terrenos inundados que separam o Coxim do rio Aquidauana, onde, de novo, aparecem as terras altas, e onde se acham os primeiros postos paraguaios.


FONTE: Taunay, Em Mato Grosso Invadido, Companhia Melhoramentos de S. Paulo, sd, página 58

IMAGEM: barracão da comissão de engenheiros no acampamento de Coxim. Desenho de Taunay.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

17 de dezembro

17 de dezembro

1865 – Forças brasileiras acampam em Coxim



As tropas brasileiras que combaterão os paraguaios na fronteira, após vários meses no trajeto entre São Paulo e Mato Grosso, acampam “no lugar denominado Beliago, ou mais vulgarmente Coxim, incorporando-se a elas o contingente de tropas da província de Goiás, o qual aí se achava desde o dia 7 de setembro daquele ano e era composto de um esquadrão de cavalaria e de um batalhão de linha n. 20, completado com duas companhias de praças voluntárias.”

O tenente Taunay, da comissão de engenharia da força, descreve o novo acampamento da expedição brasileira:

“O local, indicado por vários entendidos como o mais próprio para cobrir a capital da província de Mato Grosso e ao mesmo tempo defender as estradas que dessem pronta comunicação com as outras províncias limítrofes, assenta, como dissemos, na confluência dos dois rios Taquari e Coxim, os quais unem as suas águas depois de curso bastante longo, vindo o primeiro da direção média E. e o outro de S.E., e formando no ponto de reunião uma corredeira importante, a última que encontravam os navegantes desses caudais, ao demandarem o rio Paraguai e a cidade de Cuiabá. Este local devia para o futuro tomar certo incremento e já se ia constituindo em núcleo de população, quando os paraguaios prolongaram até aí a sua devastadora incursão. Era ponto de muitos gêneros de Goiás, tendo sido, desde o século passado, necessidade de se formar aí um estabelecimento, quando em uso a navegação interna pelos rios Paraná e Pardo de um lado, e Camapuã e Coxim do outro, para lá do varadouro que levava do vale do Paraná ao do Paraguai. Até a barra dos dois rios, chegam canoas grandes com extrema facilidade, sendo possível a vinda de vapores a 2 ½ léguas abaixo dela, como já se deu.


Existia em 1862 o projeto de criação de uma colônia militar à margem direita do Taquari e o presidente de então, o sr. Herculano Ferreira Pena, tornou salientes em seu relatório à assembléia provincial as vantagens que para o profuso abastecimento dos pontos situados à margem do grande Paraguai, e mesmo para o da capital se originariam com a formação de um centro povoado que, atraindo a exportação ao Coxim, a estendesse com pouco custo até Corumbá, Dourados, etc. Tendo havido o projeto de se construir uma obra de fortificação passageira para a guarnição que aí ficou com quatro bocas de fogo, por ocasião da descida das forças para Miranda, não achou o engenheiro, 1º tenente Joaquim José Pinto Chichorro da Gama, em todos os terrenos próximos, um local conveniente para esse fim. A planta, porém, e o traçado foram entregues ao coronel comandante das forças.


Debaixo do ponto de vista militar, como já mostramos, não preenche a posição nenhuma das condições precisas. Considerado, porém, pelo lado pitoresco e comercial, o Coxim, cercado de outeiros baixos, banhado por um belo rio, navegável e de águas claras, rodeado de frondente vegetação, em situação favorável à saúde, como demonstrou exuberantemente a estatística do hospital ambulante da força é localidade aprazível e uma das mais apropriadas para um centro de população.


O Taquari, depois de receber o contingente do Coxim rola uma massa considerável de água, apresentando, entre margens altas e abruptas, a largura média de 176 metros. Pelo lado esquerdo segue-o uma fita larga de bonita mataria e, dali a 40 léguas, sempre com um curso regular e livre de obstáculos, vai atirar-se no rio Paraguai, abaixo de Corumbá, que fica à margem direita daquele caudal.


Os recursos de que dispunha o lugar eram diminutíssimos: apenas duas fazendas se achavam numa periferia de 12 léguas, ambas de minguados produtos; tendo sindo, além disso, uma delas, a de Luiz Teodoro, devastada pelos inimigos, os quais, na invasão de abril daquele ano, além de queimarem os mantimentos que não podiam levar, estragaram também todas as plantações            ainda novas. Pouco ou nenhum gado existia em seus arredores e as más pastarias favorecem o desenvolvimento da peste de cadeiras, tão fatal aos animais muares e cavalares em todo o sul de Mato Grosso. 


Uma alteração profunda no sistema atual de viver não há contudo sofrer demora: a passagem para a vida agrícola. A moléstia que grassa entre os cavalos produzirá esta modificação. Não há cavalo que resista àquela peste, depois de poucos anos de trabalho, de modo que, em certas épocas, qualquer animal atinge preços despropositados. Em alguns anos a dificuldade em obter cavalhada tem impossibilitado o costêo, sem o qual o gado se torna arisco e bravio, como o que avistamos na base da serra de Maracaju. (...)


Nessas condições e já começando a sentir a penúria da falta de víveres, como acima deixamos expendido, acampou a força esperando ordem para posteriores marchas. O tempo das águas começando em setembro, devia prolongar-se até maio, impedindo a passagem pelos terrenos inundados que separam o Coxim do rio Aquidauana, onde, de novo, aparecem as terras altas, e onde se acham os primeiros postos paraguaios.”
 


FONTE: Taunay, Em Mato Grosso Invadido, Companhia Melhoramentos de S. Paulo, sd, página 58

IMAGEM: barracão da comissão de engenheiros no acampamento de Coxim. Desenho de Taunay.



17 de dezembro


1880 - Corumbá anuncia arrocho fiscal 

Em edital a Câmara Municipal de Corumbá comunica aos contribuintes de Corumbá e Ladário as normas fiscais que vão vigorar a partir de 1881. O aviso foi publicado no semanário O Iniciador de 23 de dezembro:






17 de dezembro

1913 – Expedição Roosevelt no rio Taquari

Paraguai rio acima com destino a Cuiabá, a comissão do ex-presidente americano, que tem como guia o sertanista Cândido Rondon, alcança a foz do Taquari:


“A 17 de dezembro o cel. Rondon e vários membros da comitiva saíram em uma pequena embarcação para a fazenda de um tal senhor Barros – Las Palmeiras – no rio Taquari. Nós continuamos a descer o Paraguai mais algumas milhas e em seguida subimos o Taquari. Foi uma bela viagem. O rio, que é raso (fomos obrigados a parar várias vezes), corre por uma vasta planície pantanosa, com raras elevações cobertas de árvores. Havia muitas aves aquáticas. Pululavam as anhingas. Mas a mais interessante e atraente de todas as aves era o imponente jaburu. Bandos e bandos dessa espécie de cegonha branqueavam os pântanos ou se enfileiravam nas margens do rio.

Não são aves espantadiças, apesar do grande porte; antes do vôo dão uma carreira de alguns metros e depois lançam-se no ar. Certa vez, à tarde, um casal de jaburus se pôs a voar em curvas, muito alto sobre nossas cabeças, subindo cada vez mais, até quase desaparecer nas alturas. Outra ocasião, já dia avançado, passou um bando pela embarcação, rebrilhando, à luz da tarde, o corpo branco com pontos pretos; junto com eles os colheireiros também voavam, como manchas rosadas entre os seus companheiros de neve. 


Enxames de jacarés apareciam a toda hora, e nós matamos inúmeros desses nocivos anfíbios. E eles – coisa singular – ficavam impassíveis à nossa aproximação e ao estampido dos tiros. Às vezes se punham eretos sobre as pernas como se fossem miniaturas de monstros pré-históricos. Um deles mostrou, pelo seu modo de agir, a insignificância das dores causadas pelo tiro sobre esses animais de nervos insensíveis e sangue frio. Estava estirado na praia quando foi atingido por uma bala calibre 22. Deslizou para a água, mas caiu justamente no meio de um cardume de piabas. Num momento pareceu haver esquecido tudo com exceção do seu voraz apetite, e começou a deglutir os peixes. Abocanhou peixe por peixe, levantando a cabeça acima da água cada vez que agarrava um; mas uma segunda bala pôs fim à cena. Alguns deles, quando são visados pela arma, mostram o mais extraordinário indiferentismo.”
 



FONTE:  Marco Rossi, Viajantes do Pantanal - séculos XVI a XX, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2002, página 82


17 de dezembro

2013 - Privatizada a BR-163 em Mato Grosso do Sul

Leilão da BR-163 em Mato Grosso do Sul (Foto: Editoria de Arte/G1)

 
A Companhia de Participações em Concessões (CPC, parte do Grupo CCR) arrematou nesta terça-feira (17) a concessão do trecho da BR-163 que corta  Mato Grosso do Sul, por um preço de pedágio 52,74% menor que o máximo fixado pelo governo.


A empresa ofereceu uma proposta de tarifa de R$ 0,04381 por quilômetro (ou R$ 4,381 para cada 100 quilômetros rodados). O valor representa um deságio (desconto) de 52,74% em relação ao teto de R$ 0,0927 fixado pelo edital – o maior teto entre os quatro leilões de rodovia federal já realizados este ano.
Seis grupos participaram da disputa, que é o penúltimo leilão de trecho rodoviário feito pelo governo em 2013.


O trecho da BR-163 que será transferido para a iniciativa privada tem 847,2 quilômetros. O segmento vai da divisa entre MT e MS, ao norte, até a divisa de MS e PR, ao sul. Ele passa por 20 municípios de Mato Grosso do Sul e, ao longo dele, serão instaladas nove praças de cobrança de pedágio.


A concessão será mantida por um prazo de 30 anos. Nesse período, o governo estima que a concessionária deverá arrecadar cerca de R$ 18,8 bilhões.
A BR-163 é uma das principais vias de escoamento da produção de grãos das regiões Centro-Oeste e Norte. O trecho da rodovia em Mato Grosso já havia sido leiloado e arrematado pelo grupo Odebrecht. A aposta é que a duplicação da estrada em toda a sua extensão aliviará o atual movimento de cargas que percorrem a rodovia e seguem em direção aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

Quarto leilão de rodovia do ano
O leilão da BR-163 faz parte do Programa de Investimento em Logística (PIL), lançado pelo governo em agosto do ano passado para concessão de nove lotes, em um total de 7,5 mil quilômetros de rodovias federais.

Investimentos
A previsão do governo é que sejam investidos cerca de R$ 5,69 bilhões no trecho da BR-163/MS ao longo do período de concessão.
A concessionária terá que duplicar praticamente todo o trecho concedido. Dos 847,2 quilômetros que serão administrados pela iniciativa privada, 806,3 quilômetros são de pistas simples, que deverão ser duplicadas em um prazo máximo de cinco anos.
Pela regra do leilão, a cobrança de pedágio em toda a extensão da rodovia só pode começar depois de concluídos 10% das obras de duplicação (80,6 quilômetros).
Além disso, a concessionária também será obrigada a fazer uma série de obras de melhorias no trecho, o que inclui a construção de 35,3 quilômetros de vias marginais, três acessos e pelo 16 passarelas. A empresa vencedora terá, ainda, que investir na implantação de um sistema de controle de tráfego (com monitoramento da pista, painéis de mensagens, câmeras de vigilância e controle de velocidade, entre outros), e um sistema de atendimento aos motoristas, com atendimento médico, socorro mecânico e instalação de pontos de apoio e parada.


A vencedora
A Companhia de Participações em Concessões (CPC) é controlada pelo Grupo CCR, uma empresa de concessão de infraestrutura que atua nos segmentos de concessão de rodovias, mobilidade urbana e serviços, e afirma ter valor de mercado de R$ 32,2 bilhões.


O grupo tem a concessão de 2.437 quilômetros de rodovias em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná. Também detém participação na operadora dos meios eletrônicos de pagamento Sem Parar e Via Fácil.


O CCR já participou de outras disputas por diferentes tipos de concessões. Tem participação na ViaQuatro, que opera a Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo, e na Controlar, que faz a inspeção veicular na capital paulista.


Em outubro, o grupo venceu uma licitação do governo da Bahia para construção e exploração comercial do Metrô de Salvador. O contrato assinado entre o governo e a companhia tem duração de 30 anos.

Propostas apresentadas no leilão
O número de concorrentes no leilão da BR-163/MS, realizado nesta terça-feira, na BM&FBovespa, em São Paulo, foi maior que o do último leilão – de trechos das BRs-060/153/262 –, quando cinco grupos e empresas participaram com propostas. Nos dois primeiros leilões, entregaram ofertas oito e sete grupos, respectivamente.


Confira os seis grupos que entregaram propostas para a BR-163/MS:
– Companhia de Participações em Concessões (CPC/CCR) – proposta de R$ 0,04381 por km (52,74% de deságio)


– Consórcio Queiroz Galvão Infraestrutura – proposta de R$ 0,05459 por km (41,11% de deságio)


– Consórcio Rota do Futuro (formado por Ecorodovias Infraestrutura e Logística S/A; Coimex Empreendimentos e Participações Ltda; Rio Novo Locações Ltda; Tervap Pitanga Mineração e Pavimentação; Contek Engenharia S/A; A. Madeira Indústria e Comércio Ltda; Urbesa Administração e Participações Ltda.) – proposta de R$ 0,05175 por km (44,17% de deságio)


– Investimentos e Participações em Infraestrutura S.A. (Invepar) – proposta de R$ 0,06396 por km (31% de deságio)


– Odebrecht Transport S.A. – proposta de R$ 0,08482 por km (8,5% de deságio)


– Triunfo Participações e Investimentos S.A. – proposta de R$ 0,08992 por km (2,99% de deságio)



FONTE
: G1, 17 de dezembro de 2013

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

15 de dezembro

15 de dezembro

1943 – Baianinhos aterrorizam o sul do Estado





Desmentindo informações das autoridades locais, a agência de notícias Meridional, através de seu correspondente em Corumbá, distribui para a rede de órgãos dos Diários Associados, a seguinte notícia:

Diante dos sucessivos assaltos de um bando que usa metralhadoras de mão, a população matogrossense pergunta: Lampeão, Corisco e Silvino Jacques terão encontrado sucessores aperfeiçoados? É o que vem acontecendo com o aparecimento dos ‘baianinhos’, grupo de bandoleiros que fazem incursões na região sul de Mato Grosso, tendo nos últimos dias de novembro efetuado ataques a cerca de 11 fazendas.

Silvino Jacques, como se sabe, assolou com sua gente o nordeste do Estado, oferecendo combate a 3.000 homens de forças regulares até que foi morto pela polícia estadual. Agora os irmãos Batista vão construindo uma lenda em torno de suas façanhas. Quem são os irmãos Batista? 

João Batista, chefe supremo do bando, Rolin Batista e Cardoso Batista são três irmãos de uma família em que só um dos quatro irmãos, cujo nome não deve ser revelado, é um rapaz morigerado e ordeiro, servindo numa unidade militar. Descendem de uma família de algumas posses, tendo o pai cumprido pena de prisão por homicídio. Pessoas que conhecem a família dizem que quando um dos filhos completa 15 anos a própria mãe lhe faz presente de um revólver 38 com esta expressiva recomendação: "Tome este revólver e não desmoralize o seu nome".

Na revolução de 32 um dos irmãos Batista, segundo os que então o conheceram, teria servido como ajudante de ordens do general Bertoldo Klinger, sendo mais tarde morto depois de atentar contra a vida de um oficial do Exército. Ficou assim a irmandade desfalcada de um de seus elementos.
Ao contrário dos cangaceiros de sinistra memória, os ‘baianinhos’ são rapazes de relativa instrução e aparência simpática, tendo frequentado a sociedade de Campo Grande, que hoje recorda, entre revoltada e curiosa, os dias ainda recentes em que os irmãos Batista (os chamados ‘baianinhos’) circulavam nessa cidade sem que se suspeitasse da evolução que iriam sofrer.


Há cerca de um ano organizaram os irmãos Batista um pequeno grupo armado, que desde então tem aumentado, vivendo de assaltos e saques nas fazendas e povoados e até a algumas aldeias indígenas.

Como nos filmes de gangsters – até que ponto a influência desses filmes age sobre a mentalidade dos ‘baianinhos’ é o que resta apurar – os irmãos Batista e sua gente passaram dos pequenos assaltos iniciais a ações de mais envergadura, praticando mortes e assaltando mulheres.
Seu método pode ser assim resumido: chegam às fazendas durante a noite, amarram os empregados e exigem dinheiro dos fazendeiros. Vários fazendeiros alarmados, abandonaram suas propriedades, dirigindo-se para esta cidade, Aquidauana e Campo Grande.


Avalia-se em cerca de 300 mil cruzeiros o produto dos últimos assaltos. Na fazenda Buriti, de propriedade do sr. Antonio Trindade, assaltada em meados de novembro, a cerca de 3 léguas de Aquidauana, três homens do bando extorquiram 10 mil cruzeiros, tendo o sr. Trindade dado parte mais tarde às autoridades na referida cidade.

Em Nhecolândia sucedem-se os assaltos, e a polícia está sendo concentrada em Aliança, próximo a essa região. Alega-se a existência de "coiteiros" - expressão que no nordeste designa os que escondem bandoleiros - prestigiosos que estariam dificultando a ação das autoridades, especialmente a das forças volantes que percorrem toda a região infestada.

Na região de Nhecolândia, no pantanal matogrossense, existem cerca de 400 fazendas, constituindo um dos grandes centros de criação de gado do país.

As zonas de Campo Grande e Aquidauana também têm sido visitadas pelos "baianinhos" que devastam os rebanhos bovinos ali existentes. Uma parte da extração da borracha de mangabeira tem sido dificultada pelo temor que inspira a presença ou a alegada proximidade do bando dos irmãos Batista.

TÁTICA MODERNA DA QUINTA-COLUNA

A tática moderna da "Quinta Coluna" também é empregada pelos Batista, que antes dos assaltos mandam às fazendas indivíduos à procura de trabalho e pouso.

Com a tradicional hospitalidade dessa região, tais indivíduos são bem recebidos e podem então preparar melhor a entrada de seus asseclas.

Embora não seja conhecido o total exato dos homens que compõem o bando, calcula-se em cerca de vinte, armados, segundo afirmam os que com eles têm lutado, de metralhadoras de mão. As "Capturas", que é o nome dado aqui às forças volantes, já tem estabelecido contato com os "baianinhos", resultando choques como o da fazenda "Boa Sorte", em Nhecolândia, no qual a polícia teve de recuar diante da superioridade em armas do "baianinhos", dotados, ao que se diz, das já mencionadas metralhadoras de mão que todos conhecem através do cinema.

Entre as fazendas já assaltadas pelos "baianinhos" figuram as seguinte: "Rio Negro" de dona Tomasia Rondon, "Tupanceretan" do dr. Antonio Rondon, "São Sebastião" do sr. Aniceto Rondon, "Boa Sorte" de José Maria, "Divino", de Estêvão da Silva, "Pouso Alto" de Paulino de Barros, "Baia do Braz de João Wenceslau de Barros, "Baia das Pedras" de José Coelho Lima, "Boa Vista" de Antonio Saboia, "Figueiral" da Sociedade Barros & Fragelli, "Aldeia" de José Nina Rodrigues, todas em Nhecolândia. Na fazenda "Itiquira", município de Coxim, os Batista, depois de incendiar a propriedade raptaram o proprietário.

Tratando-se de região onde o gado é abundante e está alcançando preço até hoje desconhecido por ali - já se paga 380 cruzeiros por boi de corte, nessa zona - é fácil avaliar os prejuizos que a ação dos cangaceiros vem causando. O governo estadual, reconhecendo a importância do problema, com a colaboração do governo de Goiás, vem dando combate aos "baianinhos", sendo dificultada a sua ação, porém, pela extensão das terras e a escassez de comunicações, que facilitam as sortidas e manhas dos cangaceiros, que já tem chegado até o norte do Paraná.

 


FONTEOclécio Barbosa Martins, Pela Defesa Nacional, Estudo Sobre Redivisão Territorial do Brasil, edição do autor, Campo Grande, 1944, página 157

sexta-feira, 4 de março de 2011

18 de julho

18 de julho

1865 - Expedicionários chegam a Uberaba

Procedente do Rio de Janeiro e São Paulo, força expedicionária brasileira, com destino ao Sul de Mato Grosso, chega a Uberaba no triângulo mineiro:

Chegando as forças de S. Paulo e da província do Paraná, à cidade de Uberaba, incorporaram-se à vinda de Minas, ao mando do Ilmo. Sr. coronel Galvão, a qual se achava acampada a meia légua N. O. na direção do caminho de Goiás. O quartel do comando acantonou no interior da cidade, assim como as demais repartições anexas, que tinham com ele vindo de São Paulo, acrescentando a do quartel mestre general, que começou a funcionar a 25 de julho.

A brigada mineira compunha-se do batalhão de voluntários n. 17 e dos corpos fixo e policial da província de Minas. Depois da fusão dos contingentes trazidos das duas outras províncias ficou organizada uma brigada, compreendendo mais uma companhia de cavalaria e um corpo de artilharia, que foi formado com o casco do contingente dessa arma, vindo a província do Amazonas.

Com destino a Coxim, a força expedicionária deixou Uberaba na manhã de 6 de setembro.

FONTE: Taunay, Marcha das Forças, Melhoramentos, São Paulo, 1928, página 59.



18 de julho

1890Nioaque é elevada à categoria de vila*






Por decreto do presidente Antônio Maria Coelho, primeiro governador de Mato Grosso no regime republicano, a freguesia de Nioaque, principal centro político do Sul do Estado, com a denominação Levergeria (em homenagem ao ex-governador Augusto Lerverger) passa à condição de vila:

Art. 1º - Fica elevada à categoria de vila, constituindo termo unido à comarca de Miranda e município próprio a freguesia de Levergeria.


Art. 2º - Ficam alterados os limites que à mesma freguesia marcou a Lei n. 506, de 1877, para os seguintes: uma reta que, partindo da confluência dos rios Miranda e Nioaque, vai ter ao morro Azul, à margem esquerda do Aquidauana; margem esquerda deste até sua mais alta origem no lugar denominado Pontinha – na estrada de Camapuã – e da Pontinha outra reta que vai ter às cabeceiras do rio Sanguesuga e pela margem direita até sua foz no rio Paraná e pela margem direita do Paraná até o Iguatemi, seguindo-se a linha da frenteira até o marco das cabeceiras do rio Apa; margem esquerda deste até o rio Pedra de Cal e por este acima até sua cabeceira e daí à do ribeirão Prata até sua confluência no rio Miranda e margem direita deste até a foz do Nioaque”. 


*Vila correspondia ao município atual.


FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque Evolução Histórica e Revolução de Mato Grosso,Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992. Página 27.

FOTO: sede da primeira prefeitura de Nioaque. Reprodução do Album Graphico de Mato Grosso, Corumbá, 2014.





18 de julho


1912 Criado município de Ponta Porã







Pela Resolução n° 617, sancionada pelo presidente do Estado de Mato Grosso, Joaquim A. da Costa Marques, Ponta Porã, a mais próspera povoação da fronteira Brasil-Paraguai, é elevada à categoria de município. "A fundação de Ponta Porã - constata o historiador - como a de tantas outras cidades, não constituiu ato premeditado de ninguém, por isso não lhe pode fixar uma data precisa. O lugar foi evoluindo aos poucos, e o povo vinha fixar residência aí, de preferência onde mais tarde se estabelecia o comércio do lado do Paraguai e depois do Brasil, em razão da proximidade da picada do 'Chiriguelo', por onde vinha de Conceição toda a mercadoria necessária ao seu consumo, inclusive o sal para as fazendas de criação, já que naqueles tempos não existia outra zona de abastecimento mais próxima, em território brasileiro".¹

Seu primeiro morador foi o capitão João Antonio de Trindade, carioca, veterano da guerra do Paraguai, herói da retirada da Laguna, que chegou ao lugar em 1892.

Resolução de 10 de abril de 1900 reconhece sua existência com a criação da respectiva paróquia. Por lei de 23 de setembro de 1915 é elevada à categoria de comarca e "continuou a prosperar, tendo por base econômica os opulentos hervais, a que deve o povoamento, entreverados de campos, onde se tem desenvolvido boa criação de gado".²

Instalado o município em 25 de março de 1913, tomam posse o primeiro prefeito eleito Ponciano de Matos e os conselheiros municipais Felisberto Marques, Manuel Moreira, Heliodoro José de Almeida, Valêncio de Brum e o suplente João Maria da Silva. 
 



FONTES: ¹Pedro Ângelo da Rosa, Resenha Histórica de Mato Grosso (Fronteira com o Paraguai), Livraria Ruy Barbosa, Campo Grande, 1962, página 29; ² Virgílio Correa Filho, Mato Grosso, (2a edição) Coeditora Brasílica, Rio de Janeiro, 1939, página 174.



FOTO: Ponta Porã no inicio do século passado. Extraída do Album Graphico de Matto-Grosso (1914)



2017 - Ex-vereador e esposa assassinados a golpes de facas e facões




São assassinados em Campo Grande o ex-vereador Cristovão Silveira e sua esposa Cristina Silveira. O crime, que chocou pela brutalidade com que foi cometido, foi retratado pela imprensa, com detalhes:

O vereador Cristovão Silveira,65, e sua mulher, Fátima de Jesus Diniz Silveira, 54, foram cruelmente assassinados na tarde de terça-feira (18) em uma chácara na MS-080, na área rural de Campo Grande. O ex-parlamentar foi morto com várias facadas e a mulher teve o corpo parcialmente carbonizado, além de indícios de ter sido abusada sexualmente. Três envolvidos no crime foram presos pela ação, um morreu em confronto com a polícia e outro continua foragido.

Conforme a Polícia Civil, por volta das 14h, vizinhos ouviram Cristovão discutindo com o funcionário Rivelino Mangelo, 48. Cerca de duas horas depois, Rivelino procurou socorro em um bar próximo do local, pois havia sido ferido em um assalto.

O vizinho Ronaldo Ribeiro, 50, mora há 30 anos na região e não conhecia os moradores, que estão no local há pouco tempo. Ele conta que o caseiro pediu para usar o telefone, mas não desconfiou da atitude.

"Tenho um bar na região e tem telefone fixo. Ele pediu para usar o telefone, o pé estava sangrando muito. Ele disse que sete homens invadiram a chácara para roubar um carro e bateram nele. Nós chamamos o corpo de bombeiros e levaram ele. Quando anoiteceu, vimos vários carros da polícia e só ficamos sabendo o que aconteceu com os donos. Não desconfiamos de nada", relata.

Corpo do ex-vereador foi encontrado em lavanderia com vários ferimentos na face

Rivelino estava com um ferimento profundo no pé e foi levado para a Santa Casa da capital, e a história de um possível roubo chamou a atenção da classe médica, que acionou a polícia. Ainda no hospital, o funcionário entrou em contradição por várias vezes.

Equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), do GOI (Grupo de Operação e Investigação) e do Batalhão de Cheque da Polícia Militar foram até a chácara e ficaram chocadas com a cena do crime.

Na primeira casa, que possivelmente era usada como lavanderia, foi encontrado o corpo de Cristovão, com vários ferimentos feitos por faca, principalmente na cabeça. Ainda segundo a polícia, são ferimentos incontáveis, e o rosto da vítima estava totalmente desfigurado.

A mulher dele, Fátima, foi encontrada seminua, com os pés e as pernas queimados. Ela também foi morta com golpes de facão. As equipes ainda acreditam que ela pode ter sofrido violência sexual. Os corpos foram encaminhados ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para perícia.

Já na casa principal a quadrilha arrombou a porta para procurar as chaves do carro da família, uma caminhonete Triton L200. Eles levaram também uma televisão. As equipes encontraram no celular de Rivelino, áudios em um aplicativo, para comparsas combinando o homicídio. As conversas eram de cerca de uma semana antes do ocorrido e, conforme o delegado do Garras, Fábio Peró, eles demonstraram o interesse de Rivelino em cometer o crime, mesmo que não houvesse apoio dos comparsas.

A Polícia Militar de Corumbá - a 417 km de Campo Grande, foi avisada e perseguiu a caminhonete pela BR-262, onde estavam os dois envolvidos no latrocínio. Um deles identificado como Diogo André dos Santos, 20, e o outro apenas como Gabriel.

Na perseguição, a dupla saiu com o veículo da pista, bateu em árvores e fugiu a pé. A polícia localizou ambos, houve confronto entre os criminosos e policiais e Diogo foi baleado e morreu. Gabriel conseguiu fugir pelo mato, mas a polícia mantém o cerco para localizar o homem, que não havia sido preso até o fechamento desta matéria.

Família de vereador teria se mudado para chácara há 6 meses e levou caseiro

Os filhos de Rivelino, que também o teriam ajudado no crime, Alberto Nunes Mangelo, 20, e Rogério Nunes Mangelo, 19, foram presos em Anastácio - a 123 km da capital - com as roupas rasgadas e sujas. A polícia acredita que Cristovão teria lutado com um dos suspeitos, mas acabou sendo ferido. A participação de Alberto foi receber uma televisão e Rogério atuou diretamente no crime, desferindo golpes no casal.

Vizinhos ficaram chocados com a notícia, uma agente de saúde, que não quis se identificar, e que presta atendimento para a família de funcionários, conta que o casal se mudou há seis meses, após comprar a chácara e trouxe os caseiros.

"Já conversei com ele (Rivelino), me pareceu uma pessoa tranquila. Moravam ele, a esposa, que é cadeirante, e uma filha de 12 anos", disse. Segundo apurado pela polícia, a esposa e a filha do mentor do crime estavam no local apenas no período da manhã e, em interrogatório, afirmaram ter notado certa "ansiedade e nervosismo" de Rivelino e tirá-las do local.

Sem entender, obedeceram as instruções dadas por ele de sair da chácara. Rivelino informou que trabalhava para Cristovão há cerca de quatro meses.

O suspeito possui passagem pela polícia por violência doméstica, furto e lesão corporal. O filho Rogério também possui passagens, desde a adolescência, por furto, lesão corporal e vias de fato. O caso está sendo investigado como latrocínio pela equipe do Garras.

Vereador por cinco mandatos

Cristóvão Silveira (PSDB) foi vereador em Campo Grande por cinco mandatos consecutivos. Seu último mandato foi de 2008 a 2012, quando não se candidatou. Seus mandatos destacaram-se por várias iniciativas relevantes, destacando-se a lei 3.121/95, que estabeleceu a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança no município e a lei 4.992/11, conhecida como Cantina Saudável, criando normas para as cantinas nas escolas publicas da capital. 

FONTE: Karina Campos e Vitória Ribeiro, O Estado, Campo Grande, 20 de julho de 2017.

sábado, 31 de agosto de 2013

16 de setembro



16 de setembro
     

1866 - Tropas brasileiras chegam ao Agachi

A caminho de Miranda, de onde partiria para a fronteira a fim de combater o inimigo em seu território, a força expedicionária brasileira acampa às margens do pequeno córrego de onde escreve o tenente Taunay:

Às 7 ½ da manhã decampou-se, caminhando 2 ½ léguas em terrenos planos às vezes em outras onduladas até o pouso do Uagaxi, onde se chegou às 11 horas da manhã, formando-se o acampamento da margem esquerda do córrego do mesmo nome, que neste tempo mal deu água para a força. Vai este engrossando por pequenos contingentes, passar no caminho entre Lauiâd e Esponadigo e banhar a pequena aldeia de Quiniquinaos em Uagaxi, a qual fora destruída pelos paraguaios, indo os índios refugiar-se nas brenhas da serra de Maracaju. O rumo médio seguido foi ao O.: o trilho, que ora se alarga nos campos, ora estreita-se, é de base argilo-silicosa, firme pela elevação dos terrenos sobre que é lançado.


FONTE: Taunay, Alfredo D’Esgragnolle, Em Mato Grosso Invadido, Companhia Melhoramentos de S. Paulo, sd, página 83.


16 de setembro

1886 - Bispo de Cuiabá chega à fazenda Santa Rosa


Teixeira Muzi, proprietário da fazenda Santa Rosa


Procedente de Nioaque e da fazenda Boa Esperança, chega à fazenda Santa Rosa (hoje município de Maracaju), o bispo Dom Luis, na primeira visita de um chefe da igreja no Estado, à região Sul. O evento é registrado em seu diário pelo cônego Bento Severiano da Luz, o escriba da comitiva:

Partimos na manhã seguinte e as 10.00 horas chegamos à confortável a aprazível fazenda Santa Rosa, de propriedade do Sr. capitão João Caetano Teixeira Muzi. S. Excia. foi recebido e hospedado com um cavalheirismo exemplar e o mesmo sucedeu ao pessoal de sua comitiva. O Sr. Muzi com sua muito ilustre consorte a Exma. Sra. Dona Filomena Chaves Muzi cuidaram logo de pedir e obtiveram de S. Exa. a demora de alguns dias na fazenda. Foi uma solução que muito aplaudimos. As forças estavam esgotadas, era necessário afrouxar o arco e o lugar era próprio para isso.- Ludus animo debet alquando dari, ad cogitandum melior ut redeat sibi. (Phed Liv. 3° fab. 4a.).

A fazenda denominada Porto de Santa Rosa foi fundada antes de 1850. Fica à margem direita do Brilhante, 12 léguas abaixo de sua vertente. Seus terrenos são acidentados, fertilíssimos, e tem abundância de águas altas, arroios correntosos, proporcionados para fornecerem regos d'água que poderão tocar grandes máquinas; oferece golpes de vista magníficos, pois dos pontos mais elevados se avistam superfícies de vinte e mais léguas. O caminho mais frequentado é o que vem de Santa Ana do Paranaíba a este ponto e daqui à República do Paraguai. O Brilhante dista 8 léguas do rio Vacaria com o qual vai se juntar mais abaixo e formar o Ivinhema, tributário do Paraná. Seu curso é de 42 léguas mais ou menos, e suas margens assim como a de outros rios são habitadas pelos selvagens das tribos coroados, canjuaz, guarani e canguaz.

A casa de vivenda á ótima: bem construída, espaçosa e ornada de elegantes móveis. Os cômodos são excelentes e tão convenientemente divididos, que quando ocupado por hóspedes, ficam estes inteiramente independentes da família. Há outras casas próprias para mantimentos; um engenho de cana, olaria, tenda de ferreiro e estava em começo uma casa de serraria bem montada. A fazenda é aformoseada por árvores frondosas e circundada de muitas fruteiras, notando-se muito gosto nas partes componentes desta bela morada, devido ao natural, ativo e industrioso de seu proprietário, que entende de tudo um pouco e exerce um pouco de todas as profissões.

S. Exa. Rvma. celebrou e pregou uma vez e deu o Crisma a 60 pessoas, 32 do sexo masculino e 28 do feminino. Eu também celebrei e preguei uma vez e fiz além disso 4 batizados e 2 casamentos.

Na manhã do dia 20, finalmente, a caravana deixa a fazenda Santa Rosa, com destino a fazenda Passatempo, última parada, antes de chegar a Campo Grande, termo de sua primeira visita ao sul do Estado.


FONTE: Luis-Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, Cuiabá, sd, página 172.


16 de setembro

1926 - Nasce em Rio Brilhante, Plinio Barbosa Martins




Filho de Henrique Martins e Adelaide Barbosa Martins, nasce em Entre Rios (atual Rio Brilhante) Plinio Barbosa Martins. Advogado, professor universitário, vereador, prefeito de Campo Grande, deputado federal e Constituinte. Como prefeito (1966/1969) foi o responsável pelo primeiro Plano Diretor de Campo Grande, "obra maciça de treze volumes, feita sob o comando do dr. Henri Macksoud, da Hidroservice, que tantos benefícios nos trouxe. Planejava o desenvolvimento de nossa cidade para as próximas décadas: o aproveitamento do Guariroba como manancial de abastecimento, a criação de um núcleo industrial e o planejamento de nossa expansão urbana, sobretudo a iplantação do mini-anel, depois do macroanel. Estas e muitas outras ações depois aqui executadas (sem que os governantes citassem a fonte de inspiração) contribuíram decisivamente para nosso progresso".
Em 1982, considerado candidato imbatível para o governo do Estado, na primeira eleição direta para o cargo, abriu mão em favor de seu irmão Wilson Barbosa Martins. Faleceu em 5 de outubro de 1998, em São Paulo.

FONTE: João José de Souza Leite, Plínio Barbosa Martins, in Campo Grande: Personalidades Históricas, volume 3, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2012, página 99.  


16 de setembro

1927 - Crime monstruoso abala Coxim

"Atirou pelas costas e jogou a sua vítima no fundo do rio Taquari, depois de arrancar-lhe o intestino". Sob este título, o Jornal do Commercio, de Campo Grande, destaca em sua primeira página, notícia de homicídio que causou enorme comoção no município de Coxim e em todo o Estado:

A pacífica população de Coxim foi abalada com a divulgação de um monstruoso crime, ocorrido no seu município, no lugar denominado Varjão.

Do inquérito policial instaurado pelo esforçado delegado de polícia capm. Oscar José da Costa, ficou apurado que no lugar denominado Varjão, foi morto com um tiro pelas costas o fazendeiro João José da Silveira, cujo corpo, depois de distripado, foi arrastado e atirado ao fundo do rio Taquari.

Pelos indícios colhidos foi preso Raimundo Nonato de Sousa, que confessou, perante aquela autoridade ter sido o autor do bárbaro assassinato, mas a mando de Rosalvo Azevedo Mourão, que se acha perseguido pela polícia, isto é, por civis que, na ausência de policiais, estão prestando apoio à autoridade constituída.


FONTE: Jornal do Commercio (Campo Grande), 16/09/1927.



16 de setembro

1930 – Inaugurada linha aérea em Mato Grosso


São iniciadas viagens regulares uma vez por semana entre Cuiabá e Corumbá, pela empresa Condor, que utiliza hidro-aviões. Com efeito, a imprensa cuiabana dava detalhes do evento:

Segundo noticiou nosso colega "O Democrata", estão assentadas entre o Governo do Estado e o representante da Condor Syndicat, as principais bases para o contrato que estabelecerá uma linha regular de navegação aérea, semanal, entre Corumbá e Cuiabá, servida pelo hidroavião "Iguassu" que conduzirá passageiros e malas postais em concordância não só com os trens noturnos da noroeste, como com o serviço aéreo que a referida Companhia pretende estabelecer de Corumbá a S. Paulo.

A principal obrigação assumida pelo Estado é a de garantir sempre, em cada vôo, uma lotação de três passageiros, que pagará à empresa, se ela não os encontrar. 

Embora pareça pesado ao Estado, na situação de aperturas em que vamos vivendo, o auxílio a que se comprometeu, ele se tornará muito reduzido ou nenhum, tão logo se generalize entre nós o uso das viagens aéreas em que o tempo ganho fará esquecer a elevação do preço das passagens.

O Dr. Anibal de Toledo, felicitamos pois, por sua útil e feliz iniciativa.

A Condor constituiu seu representante aqui a conceituada firma Henrique Hesselein & Sergel, a cujo cargo ficaram os negócios referentes à passagens e correspondências, que ela já anunciou em plar afixado em sua casa como hão de ser tratadas.    




FONTEMendonça, Estevão de, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973; página 15 e jornal O Matto-Grosso, Cuiabá, 21 de setembro de 1930.

FOTO: hidroavião em Cuiabá, na década de 30.



16 de setembro 

1962 - Inaugurada em Ponta Porã a maior fábrica de mate solúvel do mundo


         Vista parcial da indústria de mate solúvel. Foto: Diário de Notícias RJ

Foi inaugurada em Ponta Porã, uma indústria de mate solúvel, com capacidade para 420.000 quilos anuais, pertencente à Federação das Cooperativas de Mate Amambai Ltda, que reúne cerca de 1300 associados.¹ (Correio da Manhã 16/9/1962)

A fábrica "foi planejada e construída por engenheiros brasileiros, operários brasileiros e com o capital nacional de uma Federação de Cooperativas de Produtores de Mate. Fica situada no município de Ponta Porã, Mato Grosso, e dentro de mais alguns dias estará produzindo mate solúvel para tender as necessidades do mercado nacional e também para exportação. A fábrica é a concretização do idealismo do dr. Adjalmo Saldanha, organizador e impulsionador das primeiras cooperativas de mate naquele estado e a quem Mato Grosso e o Brasil ficam a dever a implantação, em bases sólidas daquela indústria regional".² 

Cem milhões de cruzeiros foram aplicados no empreendimento, com maquinaria 95% nacional.

À inauguração compareceram inúmeros convidados, entre eles o representante do Instituto Nacional do Mate, Flávio Calazans Vieira. Falaram na cerimônia, Eraldo Saldanha Moreira, presidente da Federação dos Produtores de Mate, Adjalmo Marinho, diretor do INM e o prefeito de Amambai,³ Heron da Rosa Brum.

Matex foi a marca do café solúvel fabricado e distribuído pela empresa.

FONTE: Correio da Manhã (Rio de Janeiro), 16/09/1962); ²Idem, 08/07/1962; ³Diário da Noite (RJ), 20/09/1962)



16 de setembro


1963 - Jango entrega escrituras a colonos e recebe título de cidadão douradense




                         Prefeito Napoleão, presidente Jango e governador Fernando
                         Correa da Costa. Ao fundo senador Rachid Saldanha Derzi

 

Sete meses após ter restituído os poderes de chefe do governo,no plebiscito que derrubou o efêmero parlamentarismo, o presidente "Jango esteve em Dourados para entregar títulos de propriedade de lotes aos colonos da CAND e recebeu deferências explícitas. Nessa ocasião foi agraciado com o título de 'Cidadão Douradense,' concedido pela Câmara de Vereadores. A proposição de concessão do título foi feita pelo vereador Janary Carneiro Santiago,do PTB".

Era presidente da Câmara o vereador Jofre Damasceno que "após as formalidades de praxe, saudou o presidente da República e reiterou votos de confiança no presidente 'afirmando que confiava em seu governo e em especial as (sic) atenções que seriam dispensadas às nossas reivindicações.' O presidente, ao agradecer pelo título recebido, declarou-se compromissado com os douradenses a quem 'de hora em diante, como filho de Dourados, atenderia às justas e precisas reivindicações desta terra que é minha".


Atenta historiadora constata que a visita presidencial "foi cuidadosamente programada, tanto por vereadores quanto pelo prefeito (Napoleão Francisco de Souza, do PTB), que recepcionou Jango em sua própria casa. O presidente foi recebido por políticos de todos os matizes com grande festa e participou de desfile pelas ruas da cidade e comício em praça pública".


Dessa viagem ao Estado, a imprensa nacional destacou o discurso do presidente Jango em Vila Brasil (atual Fátima do Sul)


Ultima Hora (Rio) 17 de setembro de 1963



FONTE E FOTO: Suzana Arakaki, Dourados:memórias e representações de 1964, Editora UEMS, Dourados,2008, página 49. 




16 de setembro

1974 - Governo admite divisão de Mato Grosso em dois estados




O ministro Rangel Reis, do governo do general Ernesto Geisel, admitiu pela primeira vez a disposição do governo federal em dividir o Estado de Mato Grosso em duas unidades. A notícia ganha a primeira página de todos os jornais do país:

- As acentuadas diferenças entre as regiões Norte e Sul de Mato Grosso são a razão fundamental da decisão do governo federal para dividir o Estado em dois, baseando os seus estudos na Lei Complementar n° 20, afirmou ontem o ministro do Interior, sr. Rangel Reis.

Em Cuiabá, porém, o futuro governador do Estado, deputado Garcia Neto, disse em seu primeiro discurso pela televisão, que esteve em Brasilia, com o ministro Golbery do Couto e Silva, recebendo dele a orientação para elaborar seu plano de governo "para todo Mato Grosso". Acrescentou que o chefe da Casa Civil da Presidência da República disse "nada haver de concreto sobre a redivisão".

ÚNICA DIVISÃO - Segundo o ministro do Interior, os problemas atuais de Mato Grosso dão a esse Estado prioridade a curto prazo para a redivisão que é única no momento em estudo pelo governo federal, embora a lei complementar n° 20 - que originou a fusão Guanabara-Estado do Rio - ofereça possibilidades para a divisão de outros Estados.

Em Cuiabá, o sr. Garcia Neto acusou ainda a oposição de procurar discutir o assunto da redivisão "nunca clima passional" e destacou que, conforme soube, não serão criados os territórios de Aripuanã e Xingu, "como sugeriram os técnicos do Ministério do Planejamento

FONTE: Jornal do Brasil (RJ), 17 de setembro de 1974.


 

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...