18 de fevereiro
1866 - Taunay manda notícias de Coxim ao Rio de Janeiro
Em sua única carta de Coxim ao seu pai no Rio de Janeiro, o alferes Taunay, integrante da comisssão de engenheiros das forças brasileiras na guerra do Paraguai, descreve o estado geral da tropa acampada à margem do rio, observando, preliminarmente, que esse "ponto do Coxim foi pessimamente escolhido. A tropa acha-se muito mal provida de roupa e ainda menos de víveres."
O jovem voluntário, que viria a se consagrar com o livro "A retirada da Laguna", inicia sua missiva lamentando:
Como se arrastam, para todos nós, estes dias, intermináveis, de nossa estada aqui! Um tédio mortal se apoderou de todos nós, condenados a uma inação que não sabemos quando terminará. Neste acampamento vão escasseando, e cada vez mais, os víveres. O nosso fornecedor não pode dar mais conta dos compromissos devido a uma série de circunstâncias e dificuldades.
Mais adiante Taunay fala das condições climáticas registradas no local:
Janeiro todo foi um chover sem conta. E que chuvas! Que bátegas torrenciais! amanheciam os dias esplêndidos, de magnífico sol. Ao meio dia tínhamos calor sufocante. Às três da tarde armava-se a indefectível trovoada, violentíssima às vezes, tomando até ares de ciclone. E lá vinha o dilúvio! Baixava a temperatura, a noite ficava estrelada e chegava a fazer até algum frio.
Termina a missiva com a contemplação irresistível ao fim das tardes de Coxim:
Quando cai a noite aumenta com o silêncio da Natureza o ruído da corredeira do Beliago (onde o Taquari recebe as águas do rio Coxim). Imensa quantidade de aves vêmo-las passar em busca do pouso noturno. Bandos enormes de papagaios e periquitos, agora menos barulhentos, gralhas também muito numerosas. As araras voam muito alto, sempre aos pares, chegas umas às outras. Não menos numerosas as pombas trocazes, de vôo muito rápido, irregular, violento. Quantas tristezas nos trazem estas tardes! E quantas saudades de casa.
FONTE: Taunay, Cartas de Campanha de Mato Grosso, in Mensário do Jornal do Commércio, Tomo XXI, volume I, Rio de Janeiro, fevereiro de 1943, página 161.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
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