1800 - Incêndio arrasa Corumbá
Pelas oito da manhã, segundo Estevão de Mendonça, a povoação de Albuquerque (hoje Corumbá) é arrasada por um violento incêndio, escapando das chamas unicamente a respectiva capela, por ser coberta de telhas. Quatro anos antes dessa ocorrência, da qual não se tem maiores detalhes, Ricardo Franco em seu Diário de reconhecimento do rio Paraguai, descrevia o povoado ribeirinho:
Este estabelecimento tem a figura de um grande pátio retangular; é fechado com casas em roda e um portão na frente, constando de 75 passos de comprido e 50 de largura, sendo a sua população de 200 pessoas que aqui plantam milho e feijão, que é muito superabundante ao anual consumo; também há muito algodão, que aqui mesmo fiado e tecido pode ir para Cuiabá a troca das cousas mais necessárias aos moradores; a pesca e a caça abundantíssimas e ainda que esta habitação esteja cercada pelos gentios Paiaguás e Guaicurus ou Cavaleiros, contudo pela aspereza do terreno e sua situação que franqueia todos estes vastos territórios pelo meio do rio Paraguai, não tem sido até o presente insultada pelo gentio.
FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973. Página 329.
25 de junho
1867 - Taunay chega a Camapuã
Camapuã visto por Hercules Florence em 1826 |
Em sua viagem de volta ao Rio, após a retirada da Laguna, o tenente Taunay e sua pequena comitiva, que deixaram o porto Canuto, à margem esquerda do Aquidauana, no dia 17 de junho, alcançam o sítio de Camapuã:
Rapidamente transpusemos as três léguas que separam o Sanguesuga das ruínas de Camapuã e ao meio-dia avistamos os restos, para assim dizer, imponentes daquela importante fazenda, sede outrora de muito movimento, de todo os que se davam por aqueles sertões. Ainda se vêem vestígios de grande casa de sobrado e de uma igreja não pequena; taperas rodeadas de matagais, no meio dos quais surgem laranjeiras e árvores frutíferas, que procuram resistir à invasão do mato e ainda ostentam frutos, como que atraindo o homem, cujo auxílio em vão esperam. Naquelas três léguas aparecem sinais de trabalhos consideráveis: estradas de rodagem atiradas por sobre colinas, caminhos roídos pelas águas, onde transitavam grandes procissões de carros a trabalharem na penosa varação, até o ribeirão Camapuã, dos gêneros e canoas que demandavam o Coxim e Taquari, com destino a Cuiabá. A companhia formada por três pessoas, desunidas na associação somente pela morte, manteve-se mais ou menos florescente até os princípios do século presente, existindo ainda escravatura numerosa às ordens do último administrador, Arruda Botelho, depois de cujo falecimento ficou o lugar abandonado ou tão somente habitado por negros e mulatos livres, ou libertados pelo fato de não aparecerem herdeiros de seus possuidores.
Estes mesmos indolentes habitantes hoje estão quase todos reunidos a uma légua e três quartos de distância, no lugar chamado Corredor, estabelecido pelos carreiros, que, procurando as forças de Mato Grosso, paravam na estrada daquela província, para refazerem a boiada, fatigada pela viagem desde Santana. O ponto do Corredor era além disso muito menos sujeito às febres intermitentes, uma das grandes pragas de Camapuã, e sobretudo estava situado em posição mais aprazível e pitoresca e não, como aquele antigo local, abafado entre outeiros abaulados que bem justificam o seu nome índico cama, mama; poan, redonda.
Não é sem curiosidade nem tal ou qual emoção que o viajante encara aquela localidade, tão falada e notável nos princípios da história de Mato Grosso; ponto então de prazer destacado no meio de vastas solidões, guarda avançada dos portugueses contra os espanhóis que vinham até o rio Mondego e fundaram, em sua margem, o forte Xerez, cuja destruição importou a criação do forte de Miranda que tomou usurpadamente a posição estratégica de Camapuã.
FONTE: Taunay, Viagens de Outrora, 2a. edição, Edições Melhoramentos, S.Paulo, 1921, página 48.
25 de junho
1892 - Jango Mascarenhas convidado a dissolver seu “exército”
Após comunicar ao general Ewbank em Corumbá, sua participação no contra golpe ao governo de Manoel Murtinho, Jango recebe pelo mesmo portador de sua carta ao novo comandante militar do Estado, ofício com o seguinte teor:
“Ao cidadão coronel João Ferreira Mascarenhas, comandante das Forças Patrióticas do Município de Nioaque.
"Acabo de ler vosso relatório, dirigido aos comandante do 7o Dirstrito Militar, o qual será entregue ao general Ewbank, logo que ele chegue a esta cidade.
Cumpre-me agradecer os esforços empregados por vós na reunião das Forças Patrióticas desse município ao constatar que o governo federal não era reconhecido pelas autoridades deste Estado, e ainda saudar-vos, assim como aos vossos coadjuvantes nessa empresa, pelo patriótico intuito que as levaram a semelhante procedimento.
"As forças federais estacionadas neste Estado, sendo em número suficiente para a manutenção da ordem, vos convido a dissolver os cidadãos reunidos e em armas nesse município, sob a vossa direção.
Saúde e fraternidade.
Honório Horácio de Almeida.”
FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque, evolução histórica e revolução em Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 76.
Nenhum comentário:
Postar um comentário