domingo, 6 de outubro de 2013

12 de outubro

12 de outubro

1866 – Paralisia ataca tropas brasileiras



Em carta de Miranda ao seu pai no Rio, Taunay dá as últimas e lamentáveis notícias da situação da força, antes de sua partida à fronteira para o confronto da fazenda Laguna, que redundaria na célebre e trágica retirada, narrada em sua obra-prima:

Nosso bom amigo, o dr. Cícero Álvaro dos Santos, retirou-se de nossa companhia por causa da moléstia de que já tanto lhe falei e que continua a fazer vítimas. Está agora verificado que o doente, desde os primeiros surtos da paralisia deve fugir destes lugares pestilentos, se não quiser pagar com a vida a imprudência da demora.


Três vítimas do desejo de servir ao comandante das forças que lhes pedira esperassem a mudança de acampamento (para ponto distante somente de dez léguas, o que lhes traria a modificação do mau estado de saúde), estão enterrados, e infelizmente outros casos não faltam, desde o nosso Chichorro da Gama até o capitão Duarte, moço valente e bom que neste momento toma as últimas disposições para partir deste mundo.


Esta moléstia cruel que os nossos médicos desconhecem, está perfeitamente descrita por graves médivas de Dublin, e uma das mais brilhantes personalidades do mundo científico. Os sintomas ali se acham perfeitamente descritos e a marcha da moléstia foi analisada por notável espírito de observação arguta. Os menores pormenores não lhe escaparam. Infelizmente a terapêutica está um pouco obscura e muito reduzida se a compararmos com o brilhante diagnóstico. A causa da paralisia é a umidade (talvez o frio) contraído em condições especiais por pessoas que têm hábitos de conforto e sofre privações a que não estão acostumadas. Os médicos que temos não consideram todas as circunstâncias que apresenta o ilustre autor de Dublin e de tal não tiram proveito algum. Para cúmulo da infelicidade os nossos dois médicos mais inteligentes nos deixaram, primeiro o dr. Serafim e por último aquele que lhe apresentei hoje. Será o que Deus quiser! Até agora minha saúde não sofreu alteração. Fiz a travessia do rio Negro em fevereiro e todos os outros em maio, quando as águas transbordavam e invadiam léguas em redor. Muitos de nós desceram do cavalo e foram obrigados a marchar com água pela cintura durante mais de duas horas. Sofremos agora as conseqüências de tal caminhada. Afirma-o Graves e eu em tal creio piamente apesar de outros quererem assinalar como causa uma afecção medular e comparar a moléstia a uma mielite, apesar de eliminados todos os caracteres patognômicos. É preciso ter pedra à cabeça para sustentar semelhantes idéias como fez um dos discípulos de Esculápio que aqui temos. Com todo o seu sistema vai a torto e a direito enchendo a barca de Caronte e despachando como assecla de Plutão os doentes que lhe caem às garras.


O desfecho da correspondência é uma crítica ácida ao seu comandante:


As operações ao Sul não caminham à medida da nossa vontade e segundo os nossos desejos as dificuldades aí são sem dúvida imensas; em país tão excepcionalmente inundado e cheio de pântanos. Por aqui teríamos mais facilmente penetrado do coração do Paraguai, mas precisaríamos de 10 a 12.000 homens e só temos 1.200, todos infeccionados pelos germens de moléstias perigosas. Primeiro a febre intermitente que começa a reinar a ponto de meter medo ao desatinado que temos como chefe. O hábito que contraiu e adquiriu de resistir às ordens do governo contando com a impunidade virou-lhe a cabeça. Creio que somente por espírito de contradição nos acantonou aqui apesar da opinião geral, em vez de marchar para o Apa ou pelo menos para Nioaque, lugares favoráveis à saúde dos pobres soldados e de nós todos. Dá cabeçadas inacreditáveis, enfim tudo está em desordem e achamo-nos dominados por completo desânimo.

FONTE: Taunay, Mensário do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1943, página 174


12 de outubro

1907 -De Corumbá, coronel delata movimento divisionista

Em manifesto impresso em Corumbá, o fazendeiro e líder político de Aquidauana e região, insurge-se contra o movimento liderado pelo gaúcho Bento Xavier, que tinha entre seus objetivos, a divisão do Estado:

"Pela tipografia d'O Brasil acaba de ser impresso um manifesto, datado de 12 de outubro, do sr. coronel José Alves Ribeiro, acatado e prestigiado fazendeiro do Sul do Estado, que já tem ocupado elevados cargos de eleição popular como matogrossense digno e patriota amante do progresso de sua terra.

O motivo do manifesto, diz o sr. coronel Alves Ribeiro que é devido a um nefasto movimento, iniciado em Bela Visla, cujo fim é dividir o Estado, proclamando a sua separação sob pretexto de, no dia 30 do corrente, reclamando os seus promotores coisas impossíveis do governo, que serão negadas, invadirem as localidades e afastar as influências que se opuserem ao movimento.

Acrescenta o sr. coronel Alves Ribeiro que o governo do Estado está de posse de todos os planos dos rebeldes e que ele está pronto a agir contra esse movimento empunhando armas.


FONTE: Jornal Autonomista, Corumbá, 23 de novembro de 1907.


12 de Outubro

1925 - Iniciadas as obras da ferrovia do Sul de Mato Grosso

Autoridades de Campo Grande lançam oficialmente o lançamento da ferrovia Sul de Mato Grosso, que seria a segunda opção de estrada de ferro entre Mato Grosso e São Paulo, com o seguinte traçado: Campo Grande, Nioaque, Porto Murtinho, Bela Vista, Ponta Porã e Porto XV de Novembro, no Rio Paraná:

"Às 7 horas da manhã do dia 12 de outubro teve início a inauguração dos trabalhos da Estrada de Ferro Sul de Mato Grosso, que partirá do quilômetro 900 da E.F. Noroeste do Brasil, estando presentes várias autoridades e tendo sido feita a primeira visita pelo Exmo. Sr. general de brigada Alfredo Malan D'Angrongne, D.D. comandante da Circunscrição Militar que, à hora do champanhe exultou a iniciativa na pessoa do diretor geral, dr. A. Keating e saudou o povo campograndense na pessoa do dr. Arnaldo de Figueiredo, prefeito da cidade, pela felicidade que terá dentro de pouco tempo, quando estiverem concluídos os trabalhos de construção dessa estrada.

O TRAÇADO - O traçado da estrada será levado a efeito de acordo com a concessão que o governo do Estado fez com o dr. Antonio Keating em 11 de janeiro de 1921, cujo contrato foi firmado em 1° de fevereiro de 1922, por ambas as partes para a construção do uso e gozo de uma rede ferroviária, ligando as cidades de Campo Grande, Nioaque, Porto Murtinho, Bela Vista, indo até o Porto XV de Novembro, no rio Paraná e com a Estrada de Ferro Sorocabana.

Quanto à riqueza da zona que a estrada irá atravessar, basta dizer-se que a criação de gado, a cultura do café por colonos japoneses, a agricultura em geral, ou mesmo a policultura estão bem desenvolvidas, multiplicando-se também as fazendas modelos de gado de raça; mas uma das principais fontes de renda está na extração de erva-mate".

Do ambicioso projeto da ferrovia Sul de Mato Grosso, vingou apenas um ramal da Estrada de Ferro Noroeste entre Campo Grande e Ponta Porã, concluído na década de 50.

FONTE: O Republicano (Cuiabá), 27-12-1925.


12 de outubro


1926 –  Governo entrega primeira ponte São Paulo - Mato Grosso





É inaugurada ponte ferroviária sobre o rio Paraná, entre São Paulo e Três Lagoas, “magnífica obra de arte com 1.024 metros de comprimento e que recebeu o nome de Francisco de Sá, em homenagem ao ministro da Viação na oportunidade. Tal melhoramento veio encurtar a duração das viagens, com a economia de tempo consumido na travessia do rio em ‘ferry boats’, até então em funcionamento”. ¹

O seu comprimento total é de 1.624 metros em cinco vigas contíguas: uma na margem direita, quatro na esquerda, dois vãos de ancoragem e um vão suspenso.

Era presidente da República Washington Luis e governador de Mato Grosso Mário Correa da Costa.

A solenidade de inauguração foi presidida pelo ministro da Viação, Miranda Sá e contou com a presença do senador Antonio Azeredo, representante do governador do Estado e do general Cândido Mariano da Silva Rondon.² 


FONTE: ¹Lécio G. de Souza, Historia de Corumbá, edição do autor, sd., página 106. ²Gazeta do Comércio (Três Lagoas), 27 de outubro de 1926.

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