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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

24 de fevereiro


24 de fevereiro

1914 - Morre Joaquim Gonçalves Barbosa Marques







Aos 71 anos, morre na Vacaria, Joaquim Gonçalves Barbosa Marques, o primeiro dos Barbosas a nascer na região dos campos de Vacaria, no Sul de Mato Grosso. Sexto filho de Inácio Barbosa Marques, o patriarca da família, casou em primeiras núpcias, com Flauzina Garcia e em segundas, com a viúva Maria Garcia Coelho, a dona Coelhinha, mãe de Laucídio Coelho. Foi sepultado no cemitério da fazenda Passatempo, então município de Campo Grande, depois Rio Brilante.


FONTE: Ledir M. Pedrosa, Origem histórica e bravura dos Barbosas, edição da autora, Campo Grande, 1980, página 118.





24 de fevereiro

1915 – Instalado o distrito de paz de Dourados



Os pioneiros: Em pé, o segundo, Josué Pires  ( filho de Marcelino Pires), Abílio de Mattos Carvalho, o quinto, Joaquim Rosário (escrivão) , João Pires e Antonio de Mattos Carvalho. Sentados: Armando Brum Mattos, Amandio de Mattos Pereira, Ponciano deMattos Pereira, Bento de Matos Pereira, Marcelino Pires e seu genro Paulo Hildebrand


Criado pela lei 658, de 15 de junho de 1914, é instalado o Distrito de Paz de Dourados, ligado ao município de Ponta Porã.

O ato está registrado nos anais da história da cidade:

Aos vinte quatro dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e quinze, neste lugar denominado Patrimônio do Dourados, sede do distrito de paz do mesmo nome, em casa de propriedade do sr. Coronel Baltazar Saldanha, previamente designada, para nela funcionar a escrivaninha do juiz de paz, aí presentes os cidadãos majores Paulo Hildebrand e José Alves Leite, primeiro e segundo juizes de paz; cidadãos tenente-coronel Marcelino Pires Martins, majores Ponciano de Matos Pereira e Bento de Matos Pereira, sub-delegado de Polícia; pelo sr. primeiro juiz de paz, major Paulo Hildebrand foi dito que se ia proceder à instalação deste distrito criado pelo ato da lei número seiscentos e cinqüenta e oito da Presidência do Estado, datado de quinze de setembro de mil novecentos e quatorze, sendo seus limites os seguintes: a partir da mais alta cabeceira do Passa-Cinco, nas linhas retas à cabeceira mais próxima do rio Feio, por estes abaixo até a tromba da serra e passando essa ao Sul até encontrar o rio Apa, que é conhecido por Estrela; por este acima até o marco nacional que limita o Brasil com a República do Paraguai; daí seguindo ao Sul até confrontar com a cabeceira do ribeirão Santa Virgínia; por este abaixo até o rio Dourados; por este abaixo até o rio Brilhante; por este acima até a foz do rio Santa Maria; por este acima até a foz do ribeirão Passa-Cinco; por este acima até sua mais alta cabeceira. E convidado o segundo juiz de paz eleito, ambos em dois de novembro de mil novecentos e quatorze a tomarem assento nos seus respectivos lugares; o que foi feito declarou instalado o respectivo distrito. Em seguida usando da palavra em frases eloqüentes, os srs. major Ponciano de Matos Pereira e o cidadão capitão Leonel de Barros, congratularam-se com o povo pelo alto cometimento e concitou-os aqui unidos trabalhássemos pelo progresso deste rico distrito; encerrada em seguida a sessão mandou lavrar a presente ata que assinarão as autoridades e mais pessoas presentes. Eu, Joaquim do Rosário, designado para servir de secretário, escrevi e assino.


O distrito de Dourados foi elevado a município em 20 de dezembro de 1935.


FONTE: Lori Gressler e Lauro J. Swenson, Aspectos históricos do povoamento e da colonização do Estado de Mato Grosso do Sul, edição dos autores, Dourados, 1988, página 73.

FOTO: extraída do livro Memória fotográfica de Dourados, de Regina Heloiza Targa Moreira.



24 de fevereiro

1924 - Indústrias Matarazzo em Mato Grosso

As Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, o maior complexo industrial do Brasil, decide criar uma subsidiária no Estado de Mato Grosso:

"O Conde de Matarazzo acaba de criar uma organização industrial denominada Indústrias Matarazzo de Mato Grosso com sede nesta cidade, para exploração de matérias primas e fábricas, tendo já estabelecido escritório aqui e iniciado a mensagem em Porto Jofre para aproveitamento de óleos animais e vegetais. Essa poderosa firma pretende estabelecer uma linha de navegação entre Corumbá e Santos, partindo dali, neste mês, o primeiro vapor da linha que tomou o nome de Mandioré".

FONTE: Correio do Estado (Cuiabá), 24/02/1924.



24 de fevereiro

1926 - Inaugurado em Campo Grande, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora

É oficialmente inaugurado em Campo Grande o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em sua sede provisória num casarão cedido por dona Neta, na rua 26 de Agosto. A solenidade de abertura obedeceu ao seguinte programa:

"Dia 24 - às 8 horas, missa em ação de graças pela chegada das irmãs salesianas. Às 9 horas, reunião na casa que servirá de colégio, onde se fez uma sincera homenagem às Irmãs Salesianas, com os seguintes números: 1° - saudação em nome da juventude feminina da cidade, pela inteligente jovem Emilse Ferreira; 2° - em nome das jovens, saudará as irmãs, a senhorita Clotilde Rondon; 3° - em nome das filhas de Maria, a senhorita Oliva Enciso; 4° - pela Associação dos ex-alunos salesianos falará o doutor Adalberto Barreto. Encerrará a homenagem às Irmãs Salesianas o Revdo. Pe. João Crippa, pároco salesiano, congratulando-se com a população de Campo Grande. A banda de música do 18º Batalhão foi gentilmente cedida para a solenidade de sincera homenagem.

A execução de tal programa nos deixou verdadeiramente comovidas e maravilhadas; porque não era feriado, o povo não nos conhecia e, mesmo assim, a igreja estava repleta de pessoas da alta classe social campograndense.

Durante a Santa Missa os meninos do oratório dos salesianos cantaram hinos sacros. Logo após o término da Santa Missa, todos os fieis, em procissão, acompanharam a pequena imagem de Maria Auxiliadora e as Irmãs Missionárias até a nossa residência. Aí chegando se sucederam as declamações e os discursos, bem como as palavras do pároco salesiano, agradecendo a todos, em nome das Irmãs e convidando a juntos, dar um Viva a D. Bosco e a Maria Auxiliadora, protetora do colégio que ora se iniciava e que dela levará o nome".

A primeira diretora do educandário foi a missionária italiana Maria Oggero. O colégio passou a funcionar em sua sede própria somente em 1931.


FONTE: PENTEADO, Yara, Auxiliadora 70 anos, Gráfica e Editora Ruy Barbosa, Campo Grande, 1996.


24 de fevereiro

1950 - Nasce em Porto Murtinho, José Orcírio Miranda dos Santos





Filho de Orcírio dos Santos e Assunção Miranda dos Santos, nasceu em Porto Murtinho, José Orcírio Miranda dos Santos. Fez seus primeiros estudos em sua cidade natal, ingressando em seguida no Banco do Brasil e na carreira sindical, como fundador do Sindicato dos Bancários de Campo Grande. Entrou na política partidária em 1980, como fundador do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul. Em 1982 sofreu sua primeira derrota, como candidato a deputado estadual do PT. Em 1988, candidato a vereador em Campo Grande, já com a adoção do Zeca do PT, perdeu a eleição, apesar de ter sido um dos mais votados. O PT não alcançou o quociente eleitoral. Em 1990 é eleito o primeiro deputado estadual do Partido dos Trabalhadores do Estado.
 
Em 1992 candidata-se a prefeito de Campo Grande e perde a eleição. Em 1994 reelege-se deputado estadual. Em 96 volta a disputar a prefeitura de Campo Grande. Perdeu para André Puccinelli com uma diferença de 411 votos, na eleição mais disputada da história do município. Em 98 é eleito governador Estado, no segundo turno da eleição. Em 2002, reelege-se para mais um madato. Como governador, viabilizou sua gestão através dos fundos, com os quais implantou políticas sociais (FIS) e de infra-estrutura (Fundersul). 


Implantou com sucesso marcas do chamado jeito petista de governar, como a Bolsa-Escola, Banco do Povo e Bolsa Universitária; modernizou o sistema de arrecadação; concluiu obras importantes, como a ponte sobre o rio Paraguai, a pavimentação asfáltica para Bonito, Novo Horizonte do Sul e outras cidades e regiões e o edifício do fórum de Campo Grande. Reelegeu-se para um segundo mandato em 2002, derrotando em segundo turno, a deputada federal Marisa Serrano. Em 2010 tenta voltar ao governo e perde, em primeiro turno para o peemedebista André Puccinelli. Em 2012 elege-se vereador em Campo Grande, sendo o candidato mais votado com mais de 13 mil votos. Em 2014 elege-se deputado federal, sendo o mais votado do Estado.

FOTO: acervo do Partido dos Trabalhadores.





terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

24 de abril

24 de abril

1865 – Paraguaios invadem Coxim



A vila de Coxim no tempo da guerra em desenho de Taunay



No seu apogeu, como entreposto do comércio com os goianos, Coxim interrompe abruptamente seu ciclo de crescimento econômico, com a invasão de Mato Grosso, em 1865 pelo exército do general Solano Lopez. A cidade foi ocupada por cerca de um ano por forças inimigas, que abandonaram a vila em 1866 com a aproximação da coluna de São Paulo, Minas e Goiás.

Conta Ronan Garcia da Silveira que “no momento em que aconteceu aquela invasão, provocando o pânico, ocorreram fugas de moradores, diante da presença dos paraguaios que, ao dominarem a região, estabeleceram o seu quartel general no lugar denominado fazenda São Pedro.


Relata a literatura referente ao episódio, que a notícia da invasão foi levada a Cuiabá pelo cidadão Antonio Theodoro de Carvalho, morador na região, que chegou à capital da província no dia 8 de maio de 1866, ou seja, treze meses após a invasão".¹


Sobre a localidade depõe Taunay, que por lá passou em 1865, como membro da comissão de engenheiros da força expedicionária brasileira que se dirigia à fronteira fez o seguinte depoimento:

"Antes da guerra este lugar, colonizado por gente de Mato Grosso, foi-se desenvolvendo com alguma lentidão. Entretanto nas vizinhanças estabeleceram-se vários mineiros que cultivavam com bom resultado as suas terras. Entre esses citaremos o Sr. João Theodoro de Carvalho. As poucas casas da colônia foram queimadas pelos paraguaios que chegaram ali no mês de abril de 1865 e não puderam ir além se não umas sete léguas, porque a cavalhada ia-lhes morrendo toda. Depois estabeleceu-se a nossa expedição e dela ficaram não só ranchos, como até algumas moradas boas e um grande depósito. Gente  afluiu para aí e constituiu então uma espécie de povoação".

O autor de Retirada da Leguna informa ainda que em toda a linha onde fora levantado o acampamento militar "está compreendido o lugar chamado Coxim e que fora destinado pelo governo imperial para o estabelecimento da colônia militar de Taquari ou Beliago".²

Sobre a invasão a Coxim, El Semanário, orgão da imprensa oficial do governo paraguaio, em sua edição de 3 de junho de 1865, dá a seguinte notícia:

"Nuestras fuerzas del Norte siguen en buen estado, y son señores de la frontera de Alto Paraguay, y sus afluentes,así como de todos los pontos tomados al enemigo que conoce el público.

De nuevo tenemos que dar cuenta de que nuestros soldados van poco a poco ganando terreno en Matto Grosso.

Una partida que despachó em Sor, Coronel Resquin al mando del capitan Ciudadano Juan Batista Agüero llegó el 24 de Abril a la colônia de Coxim a la derecha del Rio Taquari, despues de una marcha de mas de 70 leguas en la mayor parte por pantanales y cordilleras.

Tuvieron que atravezar a pié 22 léguas de esteros que hay desde el Rio Negro hasta cerca del arroyo Piuba.

La colonia se encontró desocupada de guarnicion: sus habitantes la habian abandonado como seis a ocho dias antes, a escepcion de 4 indivíduos que huyeron a la vista de nuestras tropas.

Los papeles tomados hemos publicado em el último número del Semanário: de mas se ve claramente que el Gobierno brasileiro tomaba sumo interes de reducir a los índios de la tribu de Caiapó, indígenas de las vertientes de los rios Coxim y Tacuari para aumentar con ellos las poblaciones, segun han hecho por nuestros mismos indigenas de Terecañi (Villa de Ygatimi), a quienes atrayendo en sus promesas les hizo poblar el Carguataticora a la derecha de la desembocadura de nuestro rio Ybeneima, o Ygurei el el Paraná, locual consta de declaraciones de indios tomados en el Brilante". 

Da invasão da vila, documento raro, carta publicada por um jornal carioca, de um comerciante que conseguiu escapar, deixando tudo para trás, inclusive a roupa do corpo:

A 24 de abril do corrente ano, pelas 6 horas da manhã, ao erguer-me do leito e abrir a porta de minha casa de negócio, que se acha situada na barranca do rio Taquari, à margem direita, (em o núcleo colonial de Coxim), avistei na margem oposta grande número de soldados paraguaios, e que gritavam-me lhes levasse uma canoa; à minha relutância sucedeu atirarem-se ao rio uma porção de lanceiros a cavalo, e após um chuveiro de balas foram arremessadas sucessivamente sobre minha morada, que me obrigaram a correr com o único fato com que me tinha erguido da cama, sem ter tempo tomar nem ao menos o chapéu, deixando em poder desses inimigos desleais minha casa de negócio que possuia, além de um bom fundo de negócio de ferragens, louça, molhados,  alqueires de sal, perto de quarenta arrobas de café e muitos gêneros alimentícios; ficou em duas canastras 4:000$ em dinheiro, sendo 3:200$ em notas e 800$ em prata; mais 60$ na gaveta da mesa em que eu escrevia. Várias letras de não pouca importância, borradores onde se achavam bem avultadas somas, uma igarité nova na importância de 2:000$, trinta e tantas rezes, etc.

Assim eu que já possuia alguns meios com que manter-me com alguma decência, anoiteci o dia 24 de abril pedindo por esmola uma calça para vestir e um chapéu para amparar-me a cabeça dos raios do sol; neste estado de miséria vim-me arrastando até este ponto (Santana de Paranaiba) onde declarei ao sr. delegado de polícia a minha chegada que foi a 18 de maio, e apresentei-me a ele declarando ser daquele dia em diante um soldado voluntário da pátria, e protesto haver todos os meus prejuízos, e se eu sucumbir na luta ficará o direito para o meu sócio Sr. D. Manoel Cabaça, de Corumbá para fazer as necessárias reclamações. - Francisco Carvalhaes Silveira - Vila de Santana de Paranaíba, 27 de maio de 1865.


FONTE: ¹Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Prefeitura Municipal, Coxim, 1995, página 30. ²Taunay, Marcha das forças, Companhia Melhoramentos de São Paulo, São Paulo, 1928, página 142. ³Correio Mercantil (RJ) 31 de julho de 1865.





24 de abril

1912 - Inaugurada usina de energia elétrica de Corumbá

Em funcionamento desde 6 de janeiro, quando foi entregue o serviço de iluminação pública da cidade,, é oficialmente inaugurada a usina elétrica da Corumbá:

"Em meio de numerosa e seleta concorrência, na qual se destacavam muitas famílias, o dr. Secretário de Agricultura e o inspetor da Região Militar, foi ontem inaugurada oficialmente a usina hidrelétrica Rosaura, da Companhia de Eletricidade de Corumbá, ao mesmo tempo batizada pelo capitão de fragata Wanderley, Intendente Geral do Município.

Após o discurso do representante da empresa, fazendo entrega da usina, abriu-se a chave comutadora, dando luz à toda a cidade.

Foram padrinhos o almirante José Carlos de Carvalho e dona Amália Wanderley".

FONTE: O Debate, (Cuiabá) 26 de abril de 1912.



24 de abril
 
1912 – Câmara doa áreas a entidades



De autoria do vereador Amando de Oliveira a Câmara de Campo Grande recebe projeto de lei reservando várias áreas do município com finalidade de utilização pública:
 
“Art. 1º - Ficam reservados para terrenos de utilidade pública e para os fins que se destinam, os seguintes: Na quadra urbana – a) As quadras entre as ruas 14 de Julho e 24 de Fevereiro (atual Rui Barbosa), Cândido Mariano e Antônio Maria Coelho;
b) Os lotes ns. 63 e 65 na rua Cândido Mariano para a sede da Sociedade Agro-Pecuária do Sul;
c) Para Grupo Escolar os lotes 8 e 10 na avenida Marechal Hermes (atual Afonso Pena);
d) Para Mercado e Praça entre as ruas Afonso Pena (atual 26 de Agosto), Anhanduy e 15 de Novembro;
e) sem registro;
f) Para Praça da Matriz, a atual 2 de Novembro, que passará a denominar-se Praça Santo Antônio; e
g) Para sede da Sociedade Operária os lotes 2 e 4 da rua Cândido Mariano, esquina da rua 24 de Fevereiro (atual Rui Barbosa).”




FONTE: Cleonice Gardin, Campo Grande entre o sagrado e o profano, Editora UFMS, Campo Grande, 1999, página 142.




24 de abril

1912 – Chega a idéia do telefone em Campo Grande





O farmacêutico Ataualpa Carvalho encaminhou requerimento à Câmara Municipal, acompanhado de minuta de um contrato para a instalação de uma rede telefônica. A iniciativa resultou na abertura de concorrência para a exploração do serviço, que chegaria a Campo Grande somente no final da década, “com a instalação dos primeiros telefones de magneto, com pilhas e manivelinha, para as chamadas ao centro, que fazia as ligações solicitadas. Tão poucos eram os aparelhos que ninguém pedia o número, mas o nome da pessoa chamada.”
Segundo Paulo Coelho Machado, "a primeira telefonista profissional foi Idalina Mestre, viúva do primeiro intendente de Campo Grande, Francisco Mestre. A mesa telefônica estava instalada na residência dela, na rua 14 de Julho, defronte ao jardim, mais ou menos no meio da quadra. Era uma mulher robusta, pele rosada, cabelos claros, atenciosa e amável."



FONTE: Paulo Coelho Machado, A rua velha, Tribunal de Justiça, Campo Grande, página 182.


24 de abril

1927 - Assassinado juiz de Direito de Corumbá 









Vítima de atentado à bala, ocorrido dois dias antes, morre eu sua casa, o juiz de Corumbá, Barnabé Gondim. O homicídio teve grande repercussão no Estado. Um dia antes de seu falecimento, o jornal A Cidade, de Corumbá, dá detalhes do atentado e da luta dos médicos para salvar a vida do magistrado:


Causou grande mágoa no seio da sociedade corumbaense, o atentado do qual foi vítima, anteontem (dia 21), o Exmo. Sr. Dr. Bernabé A. Gondim, estimado Juiz de Direito desta comarca.


Eram 16 e meia horas, mais ou menos, daquele dia, quando o dr. Gondim, estando em sua residência, presencia a entrada ali de uma pessoa desconhecida que acabava de chegar de automóvel.


Depois de algumas palavrar, tenta essa pessoa conduzi-lo apressadamente para o veículo com o intuito, certamente, de sequestra-lo ao que o M.M. juiz procurou resistir.


Entrementes uma criança que presenciava os últimos momentos da contenda, foi-se assustada para o interior da casa, levando ao conhecimento das pessoas que lá se achavam, aquele fato que acabava de assistir. Antes porém que alguém chegasse ao local, ouviram-se três tiros consecutivos, dois dos quais atingiram a pessoa do dr. Gondim, nas seguintes posições: 1° projetil – um ferimento na face anterior do terço superior do antebraço esquerdo, cujo projetil se acha na face posterior logo abaixo da pele; 2° projetil – um ferimento na região escapular direita, (orifício de entrada). Um outro no bordo esquerdo do externo no 2° espaço intercostal (orifício de saída). Este ferimento lesou o pulmão direito o qual apresenta um grande hematorax (derrame de sangue); um ferimento do bordo interno da mão entre o polegar e o index, outro no bordo interno, (orifício de saída da bala) que fraturou os metacarpianos na sua trajetória; - este ferimento deu-se com o mesmo projetil que perfurou o tórax.


O desconhecido que não chegou a ser visto pelas demais pessoas da casa do dr. Gondim, tão logo disparou a última bala, tomou o automóvel em que veio e fugiu apressadamente.


Prontos recursos médicos foram dispensados pelo dr. Nicolau Fragelli, que casualmente se achava no interior da residência do ofendido, prestando os seus serviços profissionais a um doente. Não se fez tardar para que também chegassem os drs. Gastão de Oliveira, João Leite de Barros e Cap. dr. Francisco de Oliveira, os quais prestaram espontaneamente os seus valiosos serviços.


Durante o resto da tarde daquele dia, esteve completamente repleta a casa do dr. Bernabé Gondim, de grande número de pessoas de todas as classes sociais que lhe foram visitar.1

O dr. Gondim, mesmo diante de todos os esforços dos médicos para salvar-lhe a vida, não resistiu. Sua morte foi lamentada em todo o Estado:

Vítima de bárbaro e covarde atentado, desapareceu do mundo dos vivos, a 24 de abril p. passado, em Corumbá, o ilustre dr.Bernabé Gondim, juiz de Direito daquela comarca.


Conforme telegramas enviados daquela procedência às nossas autoridades e imprensa, foi alvejado o dr. Gondim a 21 do referido mês, por três tiros, em sua própria residência pelo indivíduo de nome Antonio Malheiros, pronunciado por aquele magistrado, por crime de homicídio, praticado no ano passado, na pessoa do açougueiro Dutra.


O facínora que andava foragido desde que praticara aquele assassinato, viera após a respectiva pronúncia, a cavalo até Ladário, deixando ali a sua montada, tomou um auto e dirigindo-se à casa de residência do dr. Gondim, desfechou-lhe 3 tiros, fugindo, em seguida à toda força no mesmo auto e, retomando o seu cavalo, em Ladário, ganhou o rumo das suas terras, perseguido por forte escolta da força pública.


Impotentes foram todos os recursos da ciência para salvarem o dr. Gondim, que veio a falecer no dia 24, pelas 17 horas.


Com justa razão abalou toda a nossa sociedade que de perto conhecia o juiz de Direito de Corumbá.


Por haver pronunciado um criminoso por crime de morte perdeu a vida. É uma vítima do cumprimento do dever.


Era incontestavelmente um bom o dr. Gondim; incapaz de ofender ou melindrar a ninguém, incapaz da menor violência como bem o demonstrou durante o período de 4 anos em que ocupou o cargo de chefe de polícia do Estado e por isso, a ninguém poderia ser dado imaginar que viria cair como caiu, vítima do braço homicida.


Pai de família exemplar como sempre foi notado, deixa viúva e filhos menores na mais cruel desolação.


Registrando esse triste acontecimento acompanharemos a ação da justiça que com fundas razões antevemos se fará sentir enérgica para com o bárbaro criminoso, desafrontando assim não só a sociedade corumbaense mas toda a mato-grossense de um agravo como esse de profunda a tristíssima repercussão.2




PRISÃO DO CRIMINOSO - Notícia do Jornal do Comércio (Campo Grande) de 13 de julho de 1927, informa que foram presos, "domingo último em Porto Guarani, o bandido Antonio Malheiros, seu irmão Luis Malheiros e os seus comparsas Antonio Pereira e Guilherme Pereira, sendo o primeiro autor do bárbaro crime da morte do íntegro juiz, dr. Bernabé Gondim".

Em 28 de janeiro de 1942, Antonio Malheiros foi morto em confronto com a polícia, em sua fazenda no município de Bela Vista.


FONTE: 1Jornal A Notícia (Três Lagoas) 28 de abril de 1927, transcrição de A Cidade (Corumbá) 2Jornal A Cruz (Cuiabá), 1° de maio de 1927.

FOTO: Reprodução de editorial do Jornal do Comercio (Campo Grande), 25 de abril de 1927.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

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