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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

21 de novembro

21 de novembro

1788 - Cientista faz relato sobre Camapuã




O matemático,engenheiro e astrônomo português, Francisco José de Lacerda e Almeida, que a serviço de seu governo, mapeava o percurso das monções, procedente de Cuiabá, chega a Camapuã, após 36 dias de viagem pelos rios Cuiabá, Paraguai, Taquari e Coxim. O cientista registrou sua passagem pela primeira povoação brasileira no Sul da capitania de Mato Grosso:

Esta povoação fundada no centro deste sertão somente com o fim de ter carros prontos para a varação das canoas e cargas de um para outro rio, o que teve princípio em 1720 e onde todos se provêm de mantimentos, de açúcar, de aguardentes, de tabaco de rolo, dois gêneros que são para os trabalhadores o mesmo que o maná para os israelitas, é administrada por um de seus sócios, e está situado em os princípios de um chapadão coberto de relva mimosa para a criação de todo o animal que dela se sustenta. Antes de Cuiabá ter as boas e muitas fazendas de gado, que presentemente tem, levaram por terra uma grande boiada para aquela vila, cortando sertões, por onde nunca se tinha passado e dirigindo o rumo por estimativa. Os seus matos produzem muito bem os legumes, a cana de açúcar, o arroz, o pão e as frutas do país. Neste chapadão, por onde se veem dispersas algumas colinas, estão as vertentes de alguns rios de desaguam no Paraguai, rio Grande, ou Paraná, os quais tem um declive tão grande que me admirou, pois nunca pensei subir ou descer por uma ladeira de águas.

O ar é temperado e puro, tão alegre, e ameno aquele terreno todo, que depois que saí de Portugal não vi, nem nas capitanias do Pará, o Rio Negro, nem na de Mato Grosso coisa que se lhe possa comparar. Renasceu em mim toda alegria que um país aprazível pode causar, e que tinha perdido vivendo por oito anos em um sertão (assim o posso dizer) cheio de matos altíssimos, ásperos, e de algum campo pela maior parte inundado e pestífero. Os sócios desta fazenda devem fazer bom negócio, pois além de carnes e mais gêneros que vendem pelo preço que corre em Cuiabá, levam pelo transporte de cada uma canoa 20$000 rs., e por cada uma carrada 9$000 rs
.



FONTE: Francisco José de Lacerda e Almeida, Viagem do dr. Francisco José Lacerda de Almeida pelas capitanias do Pará, Rio Negro, Mato Grosso, Cuiabá e São Paulo nos anos de 1780 - 1790, impresso por ordem da Assembleia Provincial do Estado de São Paulo, 1841, página 75.


21 de novembro

1826 - Langsdorff deixa Camapuã e chega do rio Coxim





A expedição científica, liderada pelo conde de Langsdorff, patrocinada pelo governo russo, prossegue a sua viagem rumo a Corumbá, Cuiabá e Amazônia. A despedida de Camapuã é registrada por Hércules Florence:

No dia 21 de novembro, depois de uma estada de 43 dias em Camapuã, montamos a cavalo e partimos com direção ao Furado, onde chegamos depois de atravessar sete léguas de terreno montanhoso e em geral desnudado. O aspecto do porto é pitoresco: o Coxim aí não tem mais de 25 braças de largura e, entre copada mataria, corre por sob arcos formados de uma taquara chamada guaitivoca que se ergue à altura das árvores mais elevadas. De cada nó do colmo irradia-se basta ramificação de folhas compridas e finas, que, a modo de ramalhetes, vão progressivamente se tornando menores, à medida que se chegam à ponta. O peso obriga esses enormes caniços a se arquearem até que a extremidade livre, que finda numa bola de folhas, penda perpendicularmente ao terreno. As duas margens estão cheias dessas elegantes monocotiledôneas que cruzam os colmos de lado a lado, formando majestosas e verdejantes arcarias.

FONTE: Hércules Florence, Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1941, página 52.

FOTO: rio Coxim em desenho de Hercules Florence.



21 de novembro

1891 - Governador de Mato Grosso apóia golpe do marechal Deodoro

O presidente (governador) do Estado de Mato Grosso, Manoel Murtinho, apóia o golpe cometido pelo presidente Marechal Deodoro, que em 3 de novembro dissolveu o Congresso Nacional. O ato de adesão foi formalizado no seguinte telegrama:

Palácio do Governo de Mato Grosso - Telegrama - Cuiabá 21 de novembro de 1891 - Ao Sr. Ministro do Interior - Rio - Recebi hoje vosso telegrama de 4 do corrente comunicando que o governo federal teve necessidade de dissolver Congresso Nacional, e, oportunamente convocaria novo Congresso; que no interesse da segurança pública foram declarados em estado de sítio o Distrito Federal e a cidade de Niterói. Certo de que este Estado saberá bem aquilatar os intuitos patrióticos que inspiraram o decreto de dissolução e por isso há de acatá-lo devidamente e concorrer para que a Nação possa livre e pacificamente manifestar-se na consulta que vai-lhe ser feita, creio poder assegurar-vos que neste Estado conservar-se-á inalterável a ordem pública, se entretanto, for perturbada, recorrerei à medidas que me recomendastes.

Fico também ciente do mais que me comunicastes, observância fielmente vossas instruções. Aguardo o manifesto do Presidente da República do país.

Pode o Governo Federal contar com toda minha dedicação em prol da manutenção da ordem pública e sustentação das instituições constitucionais. (Assinado) O Presidente do Estado Manoel Murtinho.


FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 15 de março de 1892.


21 de novembro

1917 - Seis mortos na apuração dos votos




Seis mortos e 21 feridos, entre estes o prefeito Eugênio Cunha, foi o saldo de um conflito entre adversários na apuração das urnas da eleição municipal em Corumbá, realizada logo após o final da Caetanada, disputa armada entre partidários do presidente Caetano Albuquerque e de seu aliado Pedro Celestino e os conservadores ligados ao senador Antonio Azeredo. O episódio foi retratado pelo jornal dos conservadores em Cuiabá:

Corumbá, 22. - Conforme estava marcado,reuniu-se a Câmara ontem para fazer apuração eleições municipais. Na hora marcada, presidente abriu a sessão com a presença de quatro vereadores conservadores Francisco Vieira, Antonio Aguiar, Marechal Horácio, João Wenceslau e um celestinista, Rosário Congro, faltando Amilcar Vadoni e Pacífico Siqueira. Feita a leitura autênticas todas as sessões eleitorais e contagem de votos, presidente declarou maioria de votos candidatos conservadores. Em seguida, Rosário Congro, obtendo palavra, pediu fossem apurados votos em separado dados candidatos celestinistas. Câmara rejeitou essa proposta de acordo lei rege caso, aceitando, entretanto, protesto apresentado pelo mesmo. Passou-se então a redação das atas. Ao terminar leitura mesmas, alguns próceres celestinistas, chefiados Cristião Cartens, começaram em altos gritos, a protestar, exigindo contagem votos em separado. Com essa gritaria estabeleceu-se grande tumulto, em meio do qual surgiu conflito pessoal, iniciado por José Antonio Jesus, conhecido capanga de Cristião, que avançou para José Signorelli, cunhado intendente e detonou contra ele, a queima roupa, o seu revólver. Projétil feriu Signorelli e ao intendente Eugênio Cunha Signorelli, ferido mesmo, sacou revólver e derrubou seus pés agressor, mas imediatamente caiu também morto por um filho de Jesus, de nome Laurindo, que, por sua vez, tombou varado por uma bala que o atingiu na cabeça. Conflito então generalizou-se rapidamente, havendo na salinha forte tiroteio que durou alguns minutos, resultando seis mortos e inúmeros feridos. Além dos três mortos já referidos pereceram também Maximiliano Brandão, Salomão Roque Pereira e Joaquim Gomes.
 

FONTE: O Republicano, (Cuiabá), 24 de novembro de 1917.

FOTO: Câmara Municipal de Corumbá, início do século XX.





1952 – Assassinado o prefeito Ari Coelho de Oliveira



Aos 41 anos é morto a bala, o prefeito de Campo Grande, Ari Coelho de Oliveira (PTB). O assassino foi  Acir Pereira Lima que o acometeu em uma emboscada no prédio da CER-3 em Cuiabá, onde o prefeito fora tratar de assuntos de interesses do município. Nascido em Bauzinho, município de Paranaíba, fez seus estudos ginasiais no colégio Grambery, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Formou-se em Medicina em 1933, em Belo Horizonte, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. Chegou a Campo Grande em 1934, onde iniciou sua carreira de médico, fundador e proprietário da Casa de Saúde Santa Maria, denominação dada em homenagem à sua esposa dona Maria Arantes. 

“Eleito prefeito de Campo Grande no pleito eleitoral de 3 de outubro de 1950, assumiu o executivo municipal em 31 de janeiro de 1951, tendo dentro de seu programa de Honestidade, Responsabilidade e Trabalho, imprimido ao município, no curto período de sua administração, um desenvolvimento magnífico, elevando a cidade de Campo Grande ao nível de primeira grandeza".¹


O crime foi o desenlace de uma divergência política havida entre o prefeito Ari Coelho de Oliveira e Arquimedes Pereira Lima, presidente da Fundação Brasil Central, ambos do PTB, este dissidente e líder da ala do partido que apoiava o governo udenista de Fernando Correa da Costa. O prefeito, através de seu jornal "O Matogrossense", de Campo Grande, passou a denunciar ao desafeto, engrossando a corrente de acusações de negociatas, patrocinadas pela fundação, acumpliciada ao governo do Estado para favorecer grilagem de terras devolutas, por uma organização criminosa, da qual fazia parte um irmão de Arquimedes, Alci Pereira Lima, alto funcionário do governo do Estado, autor do atentado contra o prefeito.

ORIGEM - O jornal Ultima Hora (RJ), que antes do atentado ao prefeito, denunciou a negociata de Pereira Lima, com a sua morte, convenceu-se:

O brutal assassinato do prefeito de Campo Grande está ligado a grandes negociatas de terras conforme documentadas reportagens publicadas recentemente por ULTIMA HORA. Quadrilhas de grileiros vêm agindo a solta nas regiões do Alto Xingu e Fundação Brasil Central, vendendo terras de propriedade de dezenas de tribos indígenas que habitam aquela região. Os criminosos lançam mãos de todos os recursos para levar avante seus negócios ilícitos, empregando até mesmo bandos armados para espalhar o terror entre os habitantes das selvas.

O criminoso Alci Pereira Lima, tesoureiro da Comissão de Estradas de Rodagem, irmão do presidente da Fundação Brasil-Central, tornou-se rico da noite para o dia em negócios dessa natureza, de parceria com o grileiro Rodrigo Barjas, condenado pela justiça de São Paulo. Recentemente o sertanista Orlando Vilas Boas foi demitido da Fundação Brasil Central por se recusar, patrioticamente, a prosseguir nos estudos de uma rodovia, impraticável sob o ponto de vista econômico, cuja construção serviria para indenizar e valorizar os terrenos dos grileiros. Essa estrada deveria partir de Cuiabá e penetrar nas terras do grileiro assassino Alci Pereira Lima e seu sócio Barjas.


PREMEDITAÇÃO - O matutino carioca está convencido de que o crime foi premeditado, versão nunca desmentida:

Mal desembarcaram em Cuiabá, onde foram participar da convenção do Partido Trabalhista Brasileiro, o prefeito Ari Coelho de Oliveira e seus amigos foram avisados a tempo de que suas vidas corriam perigo. Não dando grande importância ao fato, embora entre os informantes se encontrasse um desembargador, dirigiu-se o prefeito de Campo Grande na manhã do dia 21 a um barbeiro da cidade. Ao fazer calmamente sua barba acercou-se de si um cidadão para lhe mostrar um violento artigo contra sua pessoa. O Dr. Ari compreendendo a provocação do indivíduo se limitou a sorrir, talvez seu riso derradeiro. Dirigiu-se sem seguida à Assembleia Legislativa onde se demorou examinando a carta de Mato Grosso, levantada pela Comissão Rondon, identificando a cidade de "Bausinho" onde nascera.


Arci Pereira Lima, o assassino

O DESFECHO - O jornal carioca segue os passos do prefeito de Campo Grande até a cena do crime:

Mal sabia o prefeito Ari de Oliveira que momentos mais tarde perderia a vida ao penetrar na Sala dos Municípios, com uma bala na cara, disparada de surpresa. Saindo da Assembleia Legislativa se encaminhava para a morte ao pedir o carro do deputado Leal de Queiroz emprestado e se dirigindo para a sede da Comissão de Estradas de Rodagem, sita à rua 13 de Junho. Chegando ao local, onde foi atendido pelo porteiro, perguntou-lhe o prefeito de Campo Grande se poderia falar com o diretor da Comissão a quem desejava solicitar as cotas de seu município do ano 1951, que ainda não haviam sido entregues. Poucos minutos de vida teria então, pois mal entrara o Dr. Ari de Oliveira na Sala dos Municípios, o grileiro Alci Pereira Lima, irmão do presidente da Fundação Brasil Central, abriu a porta de sopetão e disparou um revólver, atingindo a face direita do prefeito de Campo Grande, que emborcou de frente, mortalmente ferido. Em seguida, o criminoso Alci Pereira Lima, tesoureiro da Comissão de Estradas de Rodagem, fugiu em seu carro, lubrificado e abastecido de véspera. Acudido na própria sede da CER pelo médico Salomão Nahas, o prefeito de Campo Grande foi transferido para a Santa Casa, onde faleceu uma hora depois, sem pronunciar uma só palavra.

EM CAMPO GRANDE - O jornal registra ainda a repercussão do crime e a chegada do corpo do prefeito em sua cidade:

Esta cidade recebeu consternada a notícia do brutal assassinato de seu prefeito, jornalista Ari Coelho de Oliveira, morto a traição no interior de uma repartição pública de Cuiabá. Todo o comércio local cerrou suas portas e o povo em massa se manifestou para receber o corpo e prestar ao querido morto as homenagens póstumas a que fazia jus.

Anunciada a hora da chegada do avião que conduzia o corpo, a multidão foi aos poucos se aglomerando ao longo das vias públicas por onde transitaria o séquito fúnebre. Desde a Base Aérea até a porta do edifício do Fórum, aglomerava-se a massa humana, todos com lágrimas nos olhos dizendo um último adeus àquele que tanto fez por Campo Grande.


À passagem da urna funerária, cenas comoventes se registravam aqui e ali: eram acenos de lenços brancos no derradeiro adeus, lágrimas copiosas derramadas por pessoas de ambos os sexos e de todas as condições sociais.


Duas extensas filas de automóveis, caminhões e ônibus cobriam cerca de maio quilômetro da rota percorrida, até que em chegando à avenida Calógeras parou o carro fúnebre e a multidão tomou nos braços o caixão, que foi conduzido pelo povo até a Câmara Municipal, onde o corpo ficou exposto ao povo em câmara mortuária.²


Em sua homenagem a cidade ergueu um monumento na praça da Liberdade que passou a ter o seu nome, inaugurado a 10 de fevereiro de 1954. 


FONTE: J. B. Mattos, Os Monumentos Nacionais (Mato Grosso), Imprensa do Exército, Rio de Janeiro, 1957, 65. ²Jornal Última Hora (RJ) 22-11 e 28-11-1952.

FOTOS: reprodução da revista O Cruzeiro (RJ)


21 de novembro

2020 - Morto, chargista tem o corpo esquartejado, incinerado e colocado em malas

Foi morto a facadas pela namorada o chargista Marco Antonio Rosa Borges, de 54 anos. O crime ocorreu em Campo Grande e foi assumido
pela namorada da vítima, a massagista e auxiliar de enfermagem, Clarisse Silvestre. A confissão da autora do homicídio, ocorreu no dia 21 de novembro e foi ratificada no dia 25 pelo filho dela, João Victor Silvestre, que admitiu ter ajudado a mãe a esquartejar o corpo da vítima. 
O chargista havia desaparecido no sábado, quando a família resolveu rastrear o celular da vítima e descobriu que o último sinal do aparelho havia sido enviado nas proximidades da casa da Clarisse, com quem o artista havia iniciado um relacionamento recentemente.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Kelvis Antonio Borges, de 25 anos, único filho de Marco Antonio, disse que suspeitava do envolvimento de terceiros no crime, acrescentando que o pai era discreto e não falava muito do relacionamento com a massagista.

A Delegacia Especializada de Homicídios foi acionada após Clarice indicar o local do crime. Na terça-feira a euipe encontrou malas com os restos mortais em um terreno na região sul de Campo Grande.

De acordo com o depoimento da massagista, o assassinato aconteceu após uma discussão em que Marco Antonio a teria agredido com dois tapas no rosto. Durante a briga, ela o teria empurrado da escada e, em seguida, corrido até a cozinha, pegado uma faca, golpeando-o até a morte.

De acordo com o delegado Carlos Delano, responsável pelo inquérito, João Victor, o filho dela, ajudou a mãe a esquartejar o corpo e a guardar os restos em três malas. Em seguida ela levou as malas para a casa, no bairro Jordim Tarumã. No domingo, João Victor e Clarice acionaram um motorista de aplicativo e transportaram as malas até uma casa abandonada, onde o corpo foi carbonizado.

Com informações do Correio Braziliense, (DF), 26/11/2020.

sábado, 14 de dezembro de 2013

28 de dezembro

28 de dezembro

1864 - Paraguaios ocupam forte Coimbra



Após três dias de batalha, o coronel Porto Carreiro, comandante brasileiro do forte Coimbra, decide abandonar a fortaleza, imediatamente ocupada pelo inimigo. Os pormenores dos combates, averbados pelo vencidos, estão no relatório do comandante Vicente Barros ao ministro da Guerra e Marinha do Paraguai:



Senhor  Ministro:



Tenho a honra de levar ao conhecimento de V.E. o resultado das operações feitas pela força sob meu comando em cumprimento da comissão a mim confiada pelo Exmo. Senhor  Presidente da República.

Depois de uma rápida e feliz viagem,  a expedição ancorou em frente de Coimbra na noite de 26 do corrente, e imediatamente depois fiz desembarcar parte da força de meu comando na costa esquerda do rio Paraguai à distância de uma légua mais abaixo do forte, de onde mandei proceder  ao reconhecimento do terreno,  ocupado as posições estratégicas mais importantes que deviam servir de pontos de operações  à divisão expedicionária e de onde podia bombardear com vantagem,  esperando desalojar a guarnição do forte.
O vapor de guerra brasileiro Anhambay com outro mais novo, que marchou no mesmo dia rio acima encontravam-se no porto, o qual colocando-se mais tarde à proteção do forte, contribuiu poderosamente  em sua defesa.

Feitos todos os preparativos necessários, despachei a um oficial parlamentário para notificar ao comandante do forte a intimação de rendição que tenho a honra de anexar uma cópia à V. E. Esta intimação mereceu do dito comandante a contestação, cuja tradução também junto.

Depois da negativa do comandante do forte de Coimbra decidi apelar pelas armas. E com efeito, cerca das 11 do dia mandei romper o fogo. A princípio somente as canhoneiras grossas sustentaram o combate contra as baterias inimigas, porém logo tomaram parte peças volantes, cuja colocação na fralda do morro fronteiriço a Coimbra representava alguma dificuldade, e que bem colocadas, fizeram algum efeito em seus tiros acertados na fortaleza e sua guarnição.

Aos dois dias de bombardeio, oportuno fazer uma tentativa de assalto; a qual se lvou a efeito às duas da tarde do dia 28 do corrente, com mais ardor do que a prudência aconselhada. Parte da força que ocupa a fralda da colina de Coimbra ao mando do sargento-major Luis Gonzalez, avançou rapidamente em direção aos muros do forte por meio de quatro fendas diferentes abertas abaixo do mais sustentado fogo da artilharia do forte, por todas as peças que batem a fralda do morro. No momento de acercar-se à muralha nossos soldados receberam uma torrente de balas, metralhas e granadas procedentes tanto do forte como do vapor inimigo. Mas os paraguaios, conservando sempre sua serenidade e com uma decisão e arrojo admiráveis, avançaram sempre sobre aqueles de seus mesmos companheiros de armas que primeiro haviam vertido seu sangue por sustentar os direitos da Pátria. Muitos conseguiram assim alcançar os altos muros do forte, sendo quase invariavelmente rechaçados à ponta de baioneta ou vítimas das granadas que eram atiradas ao pé do muro.

O assalto foi executado com toda a velocidade que recomendam as ordens, porém visto as grandes dificuldades que lhes impediam o passo, tanto por parte dos defensores do forte, quanto pela natureza desvantajosa do terreno, se retiraram os nossos recuando-se sobre esta reserva, levando consigo a maior parte dos feridos.

Nesta jornada distinguiu-se o benemérito subtenente de 1ª. Classe da 3ª. Companhia do batalhão n° 6, Juan Tomas Rivas, que dando um nobre exemplo à sua companhia foi o primeiro pisando os cadáveres de seus companheiros conseguiu subir o muro por duas vezes, repelido na primeira e caindo na segunda de um balaço na frente a aumentar o número dos que com seus gloriosos restos escalavam desde o pé do muro. Este digno oficial da Pátria, caiu heroicamente dos altos muros de Coimbra, deixando um assinalado exemplo para seus companheiros, por sua decisão, serenidade e bravura.

O sub-tenente 2° da companhia de caçadores do batalhão n° 7, Manuel Lopez, não caiu menos gloriosamente de um capacete de bomba na frente, conduzindo a companhia sob seu comando,  a cuja cabeça seguiu até que desfaleceram suas forças.

Durante a séria ameaça do alferes Rivas lograram escalar e penetrar na praça por um de seus flancos o sargento Laureano Sanabria e 7 companheiros da companhia que o batalhão n° 7 tinha ali de serviço, e lutaram corpo a corpo, até sair fora de combate todos eles, mortos ou feridos, à exceção do soldado Pedro Castellano a quem ao descer  do muro conseguiu escapar ileso.

Pelo que se vê a fortaleza era sustentável, porém podendo tentar-se com esperança outro assalto com os conhecimentos adquiridos na primeira tentativa e o exemplo de haver podido assaltar os muros o sargento Sanabria e seus valentes companheiros, tomei as medidas necessárias para o dia seguinte,  fazendo entre outras que as peças da companhia situadas à esquerda do rio, à ordem do capitão Almiron, tomassem uma posição mais conveniente para impossibilitar o fogo do Anhambay, cortando-lhe sua retirada, afim de que nãopudesse escapar, porém  a guarnição do forte, apercebendo-se destes movimentos e tremendo ante a ideia de uma assalto mais estudado com o conhecimento que havia adquirido da intrepidez de nossos soldados, aproveitando-se  da escuridão da noite e ao abrigo das brenhas, fugiu precipitadamente, amparando-se no vapor Anhambay para escapar rio acima, levando o soldado já citado, Pedro Castellanos e deixando um ferido de sua nação. Até aqui o tenente-coronel Porto Carreiro havia feito boa defesa da inexpugnável  fortaleza que comandava.

Depois da fuga da guarnição que, sem dúvida, receosa dos ataques para o dia seguinte, a fortaleza foi ocupada pela guarda que lhe era mais imediata e desde o dia de ontem a bandeira nacional tremula sobre os muros de Coimbra, que caiu ao nosso poder com 37 canhões, sua bandeira e o estandarte de sua guarnição, centenas de armas portáteis de toda classe, com um parque imenso, víveres, roupa feita e de uso, assim como outros objetos, como maestranza, botica, serviço de oratório, uniformes de oficiais, decorações,etc.

Não é possível, senhor ministro dizer à V.E. o número nem classe de mortos dos inimigos, porque forma jogados n’água, porém, pelos rastos de sangue encontrados e os projéteis explodidos, esse número não deve ser insignificante.
Do nosso lado, nós não tivemos na classe oficial mais perdas do que os dos homens corajosos que eu mencionei e a tropa, constante da lista anexa, cujo número considero pequeno, considerando que nossos soldados combatiam contra as muralhas e a completa vantagem dos inimigos, cuja mosqueteria era  invisível aos nossos soldados, fazendo seu fogo pela abertura de seus parapeitos.

Como V.E. observará pela lista de feridos que tenho que acompanha nesta classe se encontra o sargento-major Luis Gonzalez e os sub-tenentes Manuel Nuñes e Plácido Mendez, não sendo por enquanto de caráter grave suas feridas. O major Gozalez tem sustentado bem o posto que lhe foi confiado.
Eu devo felicitar ao Exm°  Señor  Presidente da República e à Pátria, pelo bizarro comportamento das tropas de meu comando em Coimbra, porque a resistência de uma fortaleza de séculos, provou tão vantajosamente dos brios dos soldados da Pátria.

Amanhã empreenderei minhas operações sobre Albuquerque e Corumbá onde espero encontrar os fugitivos deste forte.

Fortaleza de Coimbra, 30 de dezembro de1864.

Deus guarde à V.E. muitos anos.

VICENTE BARRIOS

FONTE: El Semanário, Assunção (PY), 7 de janeiro de 1864. 

FOTO: vapor brasileiro Anhambay,exposto no parque Vapor Cuê, em Caraguataí, Paraguai.



28 de dezembro

1876 – Dom Luis nomeado bispo de Mato Grosso



Para suceder a dom José Antonio dos Reis, falecido em onze de outubro, é nomeado bispo da província de Mato Grosso, o maranhanse dom Carlos Luis D’Amour, que chegou a Cuiabá em de maio de 1879.
Último bispo do Império e primeiro da República, ficou à frente do arcebispado até julho de 1921, quando faleceu, sendo substituído por dom Aquino Correa. Dom Luis foi o primeiro bispo a visitar Campo Grande.
  A vila chefiada por José Antonio Pereira foi a última a ser visitada pelo prelado cuiabano em sua primeira viagem ao Sul do Estado. 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 343.



28 de dezembro

1877 - Jornal de Corumbá anuncia descoberta de diamante em Coxim

Com notícia atribuída ao jornal O Iniciador, de Corumbá, a Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, dá destaque à descoberta de um grande veio de diamantes, descoberto na freguesia de S. José de Herculânia (Coxim):

"Mais de uma vez referindo-nos as imensas riquezas desta província, que jazem inexploradas por falta de braços e de iniciativa particular, temos falado de sua prodigiosa riqueza do reino mineral, asseverando que o ouro, a prata e os diamantes abundam tanto, que só esperam o trabalho de extraí-los do seio da terra, pois suas jazidas não mais ou menos sabidas. A importante descoberta que se acaba de fazer em S. José de Herculânia de uma riquíssima mina de brilhantes é uma prova de que quanto temos afirmado não são puras declamações.

Há muitos anos se sabe no Coxim (S. José de herculânia) existem terrenos diamantinos, e muita gente mesmo que se dedicava à mineração tinha tirado algum resultado, que cobrindo as despesas feitas, deixava ainda lucros; porém, ou porque o trabalho se fizesse em pequena escala ou porque não minerassem nas verdadeira jazidas de diamantes, esses resultados nunca foram tais que prometessem uma riqueza àqueles que se ocupassem daquele trabalho. Hoje, porém, acaba de descobrir-se a poucas léguas da freguesia de Herculânia uma mina de diamantes, que promete esplêndidos resultados àqueles que empreenderem sua exploração.

Não se trata já de algumas pedras encontradas aqui e ali de diminuto tamanho, e que não compensam os gastos da extração, trata-se de uma verdadeira jazida de diamantes, cujos proveitosos resultados dependem apena de uma exploração bem empreendida. Com efeito, , o trabalho até hoje feito pelo sr. alferes honorário Vicente Ferreira Valente e seu sócio tem sido para assim dizer, superficial e não obstante tem dado bons resultados, os magníficos brilhantes em exposição na casa dos srs, Firmo José de Matos & Cia. são uma pequena amostra do que vale a mina.

Que resultados, porém, não dará a ela quando for inteligentemente explorada em maior escala, com maior número de braços e quando se adiantar a mineração que até agora tem sido feita superficialmente nas primeiras camadas?

É indubitável que esta importante descoberta fará, em breve tempo, da freguesia de S. José de Herculânia uma das primeiras cidades da província, e que esta vila muito lucrará com ela, pois será o mercado onde se terão de prover do necessário os habitantes de Herculânia, cuja população aumentará logo, não só com gente mesmo da província que para ali já está afluindo em grande escala, como da província de Goiás, que lhe fica vizinha.

Conta-nos que diversas pessoas desta vila preparam expedições comerciais para S. José de Herculânia, e se prometem pingues resultados da venda das mercadorias que para ali conduzirem, pois, segundo dizem, delas havia falta.

É provável que sua esperança, aliás, bem fundada, se realize, principalmente para os primeiros que lá chegarem; quanto a nós, fazemos votos para que tomem impulso as explorações empreendidas, e não duvidamos afirmar que a descoberta das minas de diamantes do Coxim, colocadas como estão ao alcance de todos, à margem do rio e junto a frondosas matas, vem abrir uma era de prosperidade e progresso para província de Mato Grosso".

FONTE: Gazeta de Notícias (RJ), 28 de dezembro de 1877.



28 de dezembro

1913 - Governador recebe Roosevelt 

Sede da fazenda São João, propriedade da família do governador Costa Marques.


Impossibilitado de passar por Cuiabá, em sua excursão por Mato Grosso, o ex-presidente Theodoro Roosevelt, dos Estados Unidos, foi oficialmente recebido pelo presidente de Mato Grosso, após estadia em Corumbá, na fazenda São João, pertencente a familiares do chefe do executivo estadual, localizada à cerca de 30 quilômetros da capital. O encontro do governador José Augusto da Costa Marques com o estadista americano foi registrado por Roosevelt em suas memórias da viagem:

Na manhã do dia 28 alcançamos a sede da grande fazenda São João, de propriedade do sr.João da Costa Marques. Ele, seu filho mais moço do mesmo nome, que era Secretário de Agricultura do Estado, sua encantadora esposa, o Presidente de Mato Grosso e vários outros cavalheiros e senhoras, vieram de Cuiabá, que ficava a uns trinta quilômetros acima, para cumprimentar-nos. Fomos, como sempre, tratados com grande cordialidade e generosa hospitalidade. A comissão de recepção nos encontrou algumas milhas abaixo da casa da fazenda,em um vapor de leme de roda e uma lancha, ambos enfeitados com profusão de bandeiras. A belíssima casa branca da fazenda se erguia à pequena distância da borda do rio, numa campina pontilhada de lindas palmeiras reais.

Da fazenda São João a expedição, que tinha como comandante o coronel Cândido Rondon, seguiu para Cáceres e de lá para o norte do Estado.


FONTE: Theodore Roosevelt, Nas selvas do Brasil, Editora da USP/ Livraria Itatiaia Editora, Belo Horizonte, 1976, página 82. 

FOTO: reprodução do Album Gráfico de Mato Grosso, 1914.

21 de dezembro

21 de dezembro


1913 – Roosevelt mata onça no Pantanal




Em sua excursão pelo Brasil o ex-presidente dos Estados Unidos caça em fazenda pantaneira, em Corumbá. Rondon, que guiava a comitiva de Theodore Roosevelt registrou a façanha em seu diário:

A estada na fazenda das Palmeiras foi muito agradável. Matou o sr. Roosevelt a sua primeira onça, um magnífico exemplar da nossa canguçu-açu, o maior e mais terrível felino sul-americano. No dia imediato, matava Kermit a segunda onça – um casal. Deu-se o sr. Roosevelt por satisfeito e tratou de apressar a viagem. Esforçava-se por levar a cabo a expedição, sacrificando, porém, tudo quanto lhe não parecesse indispensável à realização do plano traçado. É que muito o preocupava a feição que vinham tomando os acontecimentos entre os Estados Unidos e o México. Chefe de partido, não queria ficar ausente senão o tempo essencial, isso mesmo, porque tinham todos a atenção voltada para a sua expedição. Fora por isso cancelada a visita à fazenda do Firme, rico viveiro de onças e dos grandes mamíferos da América do Sul, que faltavam no museu.


A expedição que chegou a Corumbá no dia 15 de dezembro permaneceu na cidade até a véspera do Natal, quando subiu o rio Paraguai.


FONTEEsther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 373 

FOTO: extraída do livro Viagens e caçadas em Mato Grosso, de H. Pereira da Cunha.




21 de dezembro

2011 - Caso Maiana Mariano comove população de Mato Grosso

É assassinada em Cuiabá, a mando de um comerciante com quem convivia, a jovem estudante Maiana Mariano Vilela, 16 anos. O empresário Rogério Silva Amorim, de 38 anos, separado da esposa, mantinha relação com Maiana há cerca de cinco meses. O relacionamento começou a se complicar, por razões não conhecidas, e ele teria, com a ajuda da ex-esposa, bolado um plano para se livrar da garota.

Contratou Paulo Ferreira Martins, de 44 anos e Carlos Alexandre da Silva, de 34 anos para matá-la. No dia do crime, pediu-lhe que passasse no banco, descontasse um cheque de R$ 500,00 e levasse o dinheiro para Paulo Ferreira em uma chácara próxima. Maiana, em uma moto, que lhe fora presenteada pelo amásio, descontou o cheque e levou o dinheiro, conforme combinado. Deu-se conta da cilada, apenas quando chegou ao local.

Dominada com facilidade por Paulo, que a esperava, foi asfixiada até a morte. Em seguida, o assassino, com o auxílio de Carlos Alexandre, conduziu o corpo até a ponte do Coxipó do Ouro, onde houve o sepultamento, em uma cova rasa. (Olhar Juridico 10/o3/2018)

Apenas cinco meses depois, o corpo da estudante foi encontrado, após escavações feitas pelo corpo de bombeiros. A ossada foi recolhida pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e foram presos, além do mandante Rogério Silva Amorim e sua ex-esposa Calisângela de Moraes, mais seis pessoas envolvidas. 

Os cinco meses entre a morte de Maiana e a descoberta de seu corpo, foram acompanhados por Max Aguiar, do site HNT:

O relógio marcava 17h30 do dia 21 de dezembro de 2011, quando Suely Mariano Vilela, mãe de Maiana Mariano Vilela, que estava em viagem para o Paraná, recebeu um telefonema de Rogério Amorim, condenado por ser mandante, dizendo que a sua filha estava fora de casa há mais de 24 horas e ninguém sabia do paradeiro da adolescente. Mal sabia a mulher que quem lhe informava o desaparecimento de Maiana já tinha encomendado a morte dela.

Suely veio para Cuiabá e começou uma "caçada" por sua filha, que demorou cinco meses. O que mais chamou a atenção em todo esse tempo era que Rogério ajudava nas buscas, inclusive dizendo que ela poderia estar em São Paulo.

Entretanto, em maio de 2012, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Família concluiu que Rogério mandou matar Maiana porque não estava suportando dois relacionamentos. "A pressão na mente dele foi tanta que ele resolveu torar a vida dela. A esposa de Rogério descobriu e pediu pra ele acabar com isso e Maiana não era fácil de soltar. Queria moto, roupas e outras coisas caras", disse a delegada que investigou o crime, Anaide Barros.² (HNT, 28/12/2016)

CONDENADOS - Em julgamento realizado em 19 de outubro de 2016, os indiciados foram condenados pelo Tribunal do Júri de Cuiabá, presidido pela juíza Mônica Catarina Perri. O empresário Rogério da Silva Amorim, foi sentenciado a 20 anos e 3 meses em regime fechado, como mandante do crime e por homicídio tipicamente qualificado. Paulo Ferreira Martins foi condenado a 18 anos e 9 meses e Carlos Alexandre da Silva a 1 ano e 6 meses em regime aberto.

FONTE: ¹Olhar Juridico, Cuiabá, 10/03/2018), ²HNT, Cuiabá, 28/12/2016









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