13 de outubro
1889 - Epidemia de febre amarela mata em Corumbá
Chega ao porto de Cuiabá, por volta do meio dia, o vapor Dona Constança, com a notícia de uma epidemia de febre amarela em Corumbá e o objetivo de buscar socorro na capital. A chegada do vapor causou um grande alvoroço na cidade, com enorme repercussão, conforme registro do órgão de imprensa da província:
As notícias cruéis de que era portador o D. Constança, confirmando amplamente que ainda nessa manhã havíamos dado sobre a seção mortífera da epidemia ou endemia ali grassando, vieram demonstrar-nos do modo o mais efetivo possível quanto era lastimável na mísera população o estado de espírito público, sob a brutal pressão dos fatos aterradores que o acabrunhavam.
Também, não há pintar a funda impressão de lástima e desesperadora ansiedade que nos comprimiu e amarrotou a alma a todos.
De manhã havíamos dito - não haver que comentar, sim que providenciar; e devemos fazer-nos esta justiça - que ante a evidência da desgarradora posição da nossa querida irmã, a alma cuiabana não se equivocou, egoísta, no cumprimento do dever, - e, assim como ela, a administração pública, no seu posto de responsabilidade, foi encontrada na altura da penosíssima situação.¹
Não se conhecem os números de mortes ocasionadas pela doença, mas a imprensa cuiabana, sem detalhes em novembro informava que "já subia a trezentos o número dos infelizes que sucumbiram pela febre amarela".²
Graças às prevenções tomadas pelo governo a febre amarela que assolou Corumbá não chegou à capital do Estado. Quanto a infestação fora de Corumbá, há breve informação de sua chegada à vila de Miranda:
Por carta particular sabemos que a próspera e ubérrima zona do município de Miranda, está sendo invadida pela cruel epidemia de febre amarela. S.Exa. o sr. governador deste Estado, logo que teve conhecimento desta infausta nova, tomou imediatamente enérgicas e acertadas providências a respeito.³
FONTE: ¹A Província de Mato Grosso, 20 de outubro de 1889; ²A Gazeta (Cuiabá), 21 de novembro de 1889; ³O Matto-Grosso (Cuiabá), 12 de janeiro de 1890.
13 de outubro
1890 - Criado o Lloyd Brasileiro
Brazil Fluvial, do Lloyd Brasileiro da linha Assuncion-Corumbá |
Sucedendo à Companhia de Navegação a Vapor do Alto Paraguai, é criada pelo governo federal a Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, que em 1920 passaria à Lloyd Brasileiro S/A. O Lloyd explorou a linha marítima e fluvial para Mato Grosso, garantindo o tráfego na hidrovia do Paraguai até 1943, quando foi incorporado pelo Serviço Nacional da Bacia do Prata, também estatal. Atuando no trecho Montevideu-Corumbá, em conexão com os seus vapores marítimos, o Lloyd utilizava, para passageiros os paquetes Ladário, Vênus e Mercedes, fazendo viagens duas vezes por mês. E para cargas, os vapores Murtinho, Miranda e Cáceres em viagens mensais. Para o trecho Corumbá-Cuiabá existiam o Coxipó, o Nioaque, o Oiapoque e o Orvalho, embarcações de menor calado.
Em 1926, mais três vapores foram incorporados à sua forta: o Argentino, o Paraguai e o Uruguai.
FONTE: Augusto César Proença, Corumbá de todas as graças, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, sd., página 45.
13 de outubro
1896
– Ruy Barbosa defende viúva de Lopes na justiça
Madame Linch queria apossar-se da metade de Mato Grosso do Sul |
Rui Barbosa, o renomado jurista baiano faz célebre discurso no Senado em defesa de direitos requeridos por filhos de Solano Lopes, sobre pretensa propriedade de terras no Sul de Mato Grosso. Rui responde ao deputado César Zama, da bancada baiana, que o criticou por haver ele aceitado patrocinar a causa dos herdeiros do ex-ditador paraguaio.
Athamaril Saldanha resume a história:
Francisco Solano Lopez, ao assumir a presidência do Paraguai, suscitou o levantamento da questão dos limites. Sabia o presidente da existência de ervais do nosso Estado e para aquilatar o seu valor, mandou pessoa de sua confiança percorrer a região entre serra de Maracaju, rio Ivinhema e rio Paraná. O enviado voltou maravilhado com as florestas, campos e sobretudo com a imensa quantidade de ervais ainda virgens.
Ativou então sua política de revisão dos limites, cujo extremo não seria mais o rio Iguatemi, porém o rio Ivinhema, que afirmava ser o discutido Igureí. Os limites então dados da área pretendida, coincidiam justamente com a área ervateira de Mato Grosso.
Essa pendência foi levada sem qualquer solução, e tudo leva a crer, fora o principal motivo, embora alegasse outros, da guerra de 1870. Como prova citaremos o fato de que tendo Urbieta assumido o governo do Alto e Baixo Paraguai, por designação de Francisco Solano Lopez, com sede em Corumbá, ocupada por tropas paraguais em 03.01.1865, uma de suas primeiras medidas foi, obedecendo ordens superiores, vender a Elisa Lynch, companheira de Lopez, uma área que compreendia exatamente a região pretendida pelo chefe paraguaio, ou seja, abaixo do rio Ivinhema, pela importância de um milhão de pesos, a título de contribuição às despesas da guerra.
Cessada a guerra com o Paraguai, Elisa Linch transfere os direitos, que supõe ter sobre as terras por ela adquiridas ao governo paraguaio, durante a ocupação da região Sul do Estado, ao seu filho Venâncio Lopez. Para dar um caráter mais legal, levara a registro, os seus documentos ao Cartório de Corumbá, em face ainda à exigência consoante no Decreto n. 169-A de 1890, que exigia essa medida, para a transferência de propriedade ou direitos. Baseado nas exigências legais, pretendeu Venâncio Lopez imbuir-se da posse das glebas cobiçadas. Diante das dificuldades emergidas, Linch, então residente em Buenos Aires, mandou ao Rio de Janeiro o dr. Juan Silvano Godoy com a finalidade de conseguir ao governo do Brasil o direito de propriedade de seu sucessor.
O ministro das Relações Exteriores, dr. Carlos de Carvalho, apreciando o fato, assim se manifestou em seu relatório de 1896:
"Por
ocasião da guerra contra o governo do Paraguai, foram vendidas
a Elisa Linch, em 1865, terras que o Brasil sempre considerou como suas
no atual Estado de Mato Grosso. Pretendem os sucessores da compradora,
que lhes seja reconhecida a validade dessa aquisição.
Concluídos os trabalhos demarcatórios de limites e seus
antecedentes, expostos no anexo de 1875, excluem essa pretensão".
Contrariado em seu propósito, Venâncio Lopez decidiu recorrer ao judiciário em pleito famoso confiado a Rui Barbosa contra quem investiu descobertamente o deputado Cezar Zama. Além de revidar seu antagonista, em famoso discurso, em 13 de outubro de 1896, cuidou o senador baiano de aforar a causa avaliada em 30 mil contos de réis, perante o Juízo Federal do Rio de Janeiro.
A impugnação do senador Antonio Azeredo, representante do Estado de Mato Grosso, em grau de recurso ao Supremo Tribunal Federal, sumariamente decidiu transferi-la para o juízo de Cuiabá, para onde seguiu o dr. Costa Neto, colaborador do eminente patrono.
O juiz federal em Cuiabá, dr. João Morais Matos, tomando conhecimento dos arrazoados e dos defensores do Estado de Mato Grosso, dr. Alfredo José Vieira e Arnaldo Novis, prolatou a 18 de outubro de 1900, a sua sentença, que julgou a ação improcedente.
Confirmou-a por acórdão de 17 de dezembro de 1902, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a apelação.
Contrariado em seu propósito, Venâncio Lopez decidiu recorrer ao judiciário em pleito famoso confiado a Rui Barbosa contra quem investiu descobertamente o deputado Cezar Zama. Além de revidar seu antagonista, em famoso discurso, em 13 de outubro de 1896, cuidou o senador baiano de aforar a causa avaliada em 30 mil contos de réis, perante o Juízo Federal do Rio de Janeiro.
A impugnação do senador Antonio Azeredo, representante do Estado de Mato Grosso, em grau de recurso ao Supremo Tribunal Federal, sumariamente decidiu transferi-la para o juízo de Cuiabá, para onde seguiu o dr. Costa Neto, colaborador do eminente patrono.
O juiz federal em Cuiabá, dr. João Morais Matos, tomando conhecimento dos arrazoados e dos defensores do Estado de Mato Grosso, dr. Alfredo José Vieira e Arnaldo Novis, prolatou a 18 de outubro de 1900, a sua sentença, que julgou a ação improcedente.
Confirmou-a por acórdão de 17 de dezembro de 1902, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a apelação.
FONTE: Athamaril Saldanha, Ciclo da Erva-Mate em Mato Grosso do Sul (1883-1947), Instituto
Euvaldo Lodi, Campo Grande, 1986, página 455.
13 de outubro
1912 - Campo Grande homenageia governador
Em sessão solene a Câmara Municipal de Campo Grande presta homenagem ao presidente Costa Marques, o primeiro governador do Estado a visitar o município. O governante foi agraciado, recebendo a denominação da principal praça da cidade. A sessão foi registrada na seguinte ata:
Aos treze dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e doze, nesta vila de Campo Grande, Estado de Mato Grosso, no Paço da Câmara Municipal, reunidos em sessão solene, digo: em sessão extraordinária e solene o seu presidente e todos os demais membros (vereadores), bem assim o Intendente Municipal, em exercício, receberam a visita de S. Exa. o dr. Joaquim de Mato Grosso, composta dos seguintes Srs.: - desembargador Antonio Fernando Trigo de Loureiro, vice-presidente da Assembleia Legislativa do Estado; desembargador Joaquim Pereira F. Mendes, presidente do Tribunal da Relação; dr. Deocleciano do Couto Meneses, chefe de polícia; coronel Manoel Francisco das Neves, oficial de gabinete interino; tenente Oswaldo Cícero de Sá, ajudante de ordens; dr. Paulo de Queiroz, promotor público da capital e representante do diário "O Debate"; dr. Álvaro de Barros, representante da "A Trbiuna"; tenente-coronel Manoel Pereira de Sousa, representante da "A Notícia"; major Antonio Gomes Ferreira da Silva, comandante do Regimento Misto Policial do Sul do Estado; coronéis João d'Almeida Caastro, Pio Rufino e José Elias de Almeida; - tomou assento no lugar da presidência, S. Exa. o dr. Costa Marques, que declarou aberta a sessão. - Usou da palavra o Intendente Geral do Muncípio, sr. José Santiago, propondo que a praça desta vila, situada entre as ruas Barão de Melgaço, Joaquim Murtinho e 24 de fevereiro, tomasse a denominação de Praça Costa Marques-; foi a proposta unanimemente aprovada. Usou da palavra S. Exa. o dr. Costa Marques, que explicou os motivos da excursão que empreendera à zona sul deste estado e compromete-se a empenhar todos os seus esforços no sentido de dotar Campo Grande dos melhoramentos urgens que necessita; outrossim, agradeceu a prova de simpatia que lhe devotava a municipalidade, da om a aprovação unânime da proposta acima. Usou da palavra o vereador sr. Amando de Oliveira, que enalteceu a iniciativa da viagem presidencial, não tendo S. Exa. medido sacrifícios os mais ingentes, para saber de perto daquelas imperiosas necessidades afetas à sua administração; fez lembrar um longo período de abandono a que ficou esta região por falta da ação governamental; disse que ao compromisso formal de S. Exa. de cuidar de perto dos nossos interesses, ele propunha aos seus colegas ficasse consignado na ata um voto de louvor e de solidariedade à administração do exmo. dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, a fim de patentear as intenções de paz e harmonia para a boa direção e ordem dos negócios públicos. - Nada mais havendo a tratar, o Presidente, S.Exa. o dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, declarou encerrada a sessão. Eu, Manoel Leite da Silva, secretário da Câmara, lavrei a presente ata que vai por todos assinada.
Além das autoridades citadas, compareceram à reunião, os seguintes convidados: Antonio Antunes Galvão, Vicente Miguel da Silva Abreu, Antonio Francisco d'Almeida, Tobias Santana da Silva, professor particular, João Clímaco Vidal, Áureo de Santiago, José Alves Quito, Francisco Vidal, Antonio Norberto de Almeida, Miguel Garcia Mertins, Francisco Pereira Lima, Menelau do Rosário, Francisco Trindade Marques, Apulcro Brasil. Juvenal de Almeida, Laerte Setubal, Júlio A. Auffé, Antonio Marcondes de Carvalho, Atilio Randolfo, Manoel Joaquim de Moraes, Fidelcino Vieira de Almeida, Antonio de Freitas, Inácio Augusto do Nascimento, Deonísio Rosas Marim, José Teófilo da Cunha e Zeferino Garcia.
FONTE: jornal O Debate (Cuiabá), 13 de dezembro de 1912.
13 de outubro
1912 - Campo Grande homenageia governador
Em sessão solene a Câmara Municipal de Campo Grande presta homenagem ao presidente Costa Marques, o primeiro governador do Estado a visitar o município. O governante foi agraciado, recebendo a denominação da principal praça da cidade. A sessão foi registrada na seguinte ata:
Aos treze dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e doze, nesta vila de Campo Grande, Estado de Mato Grosso, no Paço da Câmara Municipal, reunidos em sessão solene, digo: em sessão extraordinária e solene o seu presidente e todos os demais membros (vereadores), bem assim o Intendente Municipal, em exercício, receberam a visita de S. Exa. o dr. Joaquim de Mato Grosso, composta dos seguintes Srs.: - desembargador Antonio Fernando Trigo de Loureiro, vice-presidente da Assembleia Legislativa do Estado; desembargador Joaquim Pereira F. Mendes, presidente do Tribunal da Relação; dr. Deocleciano do Couto Meneses, chefe de polícia; coronel Manoel Francisco das Neves, oficial de gabinete interino; tenente Oswaldo Cícero de Sá, ajudante de ordens; dr. Paulo de Queiroz, promotor público da capital e representante do diário "O Debate"; dr. Álvaro de Barros, representante da "A Trbiuna"; tenente-coronel Manoel Pereira de Sousa, representante da "A Notícia"; major Antonio Gomes Ferreira da Silva, comandante do Regimento Misto Policial do Sul do Estado; coronéis João d'Almeida Caastro, Pio Rufino e José Elias de Almeida; - tomou assento no lugar da presidência, S. Exa. o dr. Costa Marques, que declarou aberta a sessão. - Usou da palavra o Intendente Geral do Muncípio, sr. José Santiago, propondo que a praça desta vila, situada entre as ruas Barão de Melgaço, Joaquim Murtinho e 24 de fevereiro, tomasse a denominação de Praça Costa Marques-; foi a proposta unanimemente aprovada. Usou da palavra S. Exa. o dr. Costa Marques, que explicou os motivos da excursão que empreendera à zona sul deste estado e compromete-se a empenhar todos os seus esforços no sentido de dotar Campo Grande dos melhoramentos urgens que necessita; outrossim, agradeceu a prova de simpatia que lhe devotava a municipalidade, da om a aprovação unânime da proposta acima. Usou da palavra o vereador sr. Amando de Oliveira, que enalteceu a iniciativa da viagem presidencial, não tendo S. Exa. medido sacrifícios os mais ingentes, para saber de perto daquelas imperiosas necessidades afetas à sua administração; fez lembrar um longo período de abandono a que ficou esta região por falta da ação governamental; disse que ao compromisso formal de S. Exa. de cuidar de perto dos nossos interesses, ele propunha aos seus colegas ficasse consignado na ata um voto de louvor e de solidariedade à administração do exmo. dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, a fim de patentear as intenções de paz e harmonia para a boa direção e ordem dos negócios públicos. - Nada mais havendo a tratar, o Presidente, S.Exa. o dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, declarou encerrada a sessão. Eu, Manoel Leite da Silva, secretário da Câmara, lavrei a presente ata que vai por todos assinada.
Além das autoridades citadas, compareceram à reunião, os seguintes convidados: Antonio Antunes Galvão, Vicente Miguel da Silva Abreu, Antonio Francisco d'Almeida, Tobias Santana da Silva, professor particular, João Clímaco Vidal, Áureo de Santiago, José Alves Quito, Francisco Vidal, Antonio Norberto de Almeida, Miguel Garcia Mertins, Francisco Pereira Lima, Menelau do Rosário, Francisco Trindade Marques, Apulcro Brasil. Juvenal de Almeida, Laerte Setubal, Júlio A. Auffé, Antonio Marcondes de Carvalho, Atilio Randolfo, Manoel Joaquim de Moraes, Fidelcino Vieira de Almeida, Antonio de Freitas, Inácio Augusto do Nascimento, Deonísio Rosas Marim, José Teófilo da Cunha e Zeferino Garcia.
FONTE: jornal O Debate (Cuiabá), 13 de dezembro de 1912.