21 de janeiro
1809 – Morre Ricardo Franco, o herói do forte Coimbra
Aos 61 anos, falece no Forte Coimbra, Ricardo Franco de Almeida Serra. Nascido na cidade do Porto, em Portugal, veio para Mato Grosso como auxiliar do presidente da província Luiz de Albuquerque de Mello Pereira. Sua trajetória no Estado é resumida por Rubens de Mendonça:
Fez importantes explorações geográficas. Reconstruiu o Forte de Coimbra em 1797 e o defendeu gloriosamente em 1801. Foi o maior auxiliar do Capitão General Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres. Foi governador interino da Capitania. Comandou a fronteira do Baixo Paraguai, demarcou a fronteira da Barra do Jauru ao Madeira, de acordo com o tratado de 1777, explorou vários afluentes do Amazonas, fez o levantamento hidrográfico do Madeira e Guaporé. Explorou os campos dos Parecis, as cabeceiras de Jauru, do Barbado, do Juruena e toda a região fronteira entre a boca daquele rio e Vila Bela, seguindo depois pelo Paraguai abaixo até a Baía Negra e rio acima até o Cuiabá.
O nome de Ricardo Franco, junto com Vespasiano Barbosa Martins, Coronel Camisão e o tenente Antonio João, está na letra do Hino de Mato Grosso do Sul.
FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Mato-grossense, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 145.
21 de janeiro
1932 - Morre Pedro Celestino Correa da Costa
21 de janeiro
1932 - Morre Pedro Celestino Correa da Costa
Aos 72 anos, morre em Petrópolis, no Rio de Janeiro,
Pedro Celestino Correa da Costa, deputado estadual constituinte,
vice-presidente do Estado de Mato Grosso, presidente do Estado e senador da
República. Sua morte é lamentada e sua obra revista no editorial do jornal
católico, A Cruz, de Cuiabá:
O
grande mato-grossense, cujo desaparecimento constitui, nesta hora, sobretudo,
um golpe dos mais dolorosos para a nossa terra, nasceu a 5 de julho de 1860, no
sítio do Bom Jardim, distrito de Serra-Acima.
Pertencente
a uma ilustre linhagem, que deu a Mato Grosso muitas figuras de destaque na
administração, na política e no domínio da pura inteligência, foram seus pais o
capitão Antonio Correa da Costa e D. Inês Maria Luiz Correa da Costa (da
família Souza Prado).
Formado
em Farmácia, em 1881, abriu em Cuiabá, uma “botica” que, graças à sua
tenacidade, competência e amor ao trabalho, se tornou dentro em pouco a
primeira no gênero entre nós.
Ingressando
na política foi, logo após a proclamação da República, eleito deputado à
Assembleia Constituinte, da qual é o penúltimo membro que desaparece, somente
sobrevivendo o cel. Virgílio Alves Correa.
A
sua atuação na política e em cargos de administração pública o impôs logo a
confiança e estima de seus concidadãos, de cujos direitos se fez sempre o
desinteressado paladino nas mais difíceis e às vezes trágicas conjunturas.
Elevado à vice-presidência do Estado, com Manoel Murtinho, em 1891, foi
novamente escolhido para esse cargo em 1907, ao lado de Generoso Ponce, a quem
lhe coube substituir, ao cabo de um ano de governo. O que foi a sua diretriz no
Palácio Alencastro, dí-lo a consciência dos contemporâneos, a atestar o seu
tino financeiro, o seu patriótico desprendimento e, acima de tudo, a sua
inatacável probidade.
Deve-lhe
Mato Grosso, principalmente no departamento de Instrução Pública, os mais
assinalados serviços, levados a efeito nesse primeiro período governativo. Após
as lutas políticas de 1916-1917, coube-lhe representar o Estado no Senado
Federal, donde o foram buscar seus conterrâneos para entregar-lhe novamente o
governo, em sucessão ao arcebispo Aquino Correa, cuja presidência se finalizara pela fusão dos partidos, realizando dessa forma, o
programa patriótico de paz e união que formara o escopo do governo do eminente
prelado cuiabano. Essa união só de pode fazer, no momento, em torno do nome
consagrado e respeitável de Pedro Celestino, que congregou em redor de si, como
uma bandeira de honestidade e de patriotismo, os elementos mais ponderáveis da
política mato-grossense.
A
segunda administração Pedro Celestino é de ontem e dela basta dizer que, além
da obra de cimentação da paz e da concórdia, conseguiu ainda o egrégio patrício
a reconstrução financeira do Estado, abalado em consequência das lutas
partidárias e da depressão enorme da receita, em 1921, legando-nos vários e
importantes melhoramentos, alguns acabados, como a estrada da Chapada, velha
aspiração cuiabana, que lhe coube realizar, e outros iniciados, como o serviço
de iluminação da capital pela força motriz do Rio da Casca.
Teve
a auxiliá-lo nessa segunda fase a competência, a energia e a aptidão invulgar
do dr.V. Correa Filho, seu secretário Geral do Estado, figura de eleição no
meio intelectual e administrativo de Mato Grosso, cujo nome constitui uma
garantia de confiança, sendo, como é, um dos poucos em que Mato Grosso pode e
deve espera para sua evolução e o seu progresso.
Enfermado,
já ao final do quadriênio, passou o governo ao 1° vice-presidente, dr. Estevão
Correa, que prosseguiu e ultimou o período administrativo, em perfeita unidade
de vistas e de ação com o grande mato-grossense, o que vale dizer, trabalhando
patrioticamente pela nossa terra.
O
maior serviço prestado a Mato Grosso por Pedro Celestino foi, porém, não há
duvidar, esse exemplo vivo de honradez e trabalho, de abnegação e amor pátrio,
de carinho pelas nossas coisas e discernimento no estudo dos nossos problemas,
de pureza e inquebrantabilidade na
defesa do patrimônio moral e material do Estado, constituindo-se barreira
inexpugnável aos delapidadores da nossa honra e das nossas riquezas.
O
“caso Antonina” é típico e não há mister evocar outros.
Criou,
por isso, como é natural, inimigos rancorosos e adversários implacáveis. Essas
odiosidades são, entretanto, daquelas que honram e enobrecem o homem.
Terminado
o seu governo, foi, em 1927, reconduzido, pelo voto dos seus paisanos, à Câmara
Alta, onde se conservou até que a Revolução de Outubro de 1930 dissolvesse o
Poder Legislativo. Partidário da Aliança Liberal desde a sua constituição,
dirigiu nessa ocasião, memorável manifesto aos seus amigos. Vitoriando o
movimento revolucionário, nada, entretanto, ambicionou, no seu desprendimento
assaz conhecido, no seu nobre e sadio idealismo, que só visava o bem coletivo.
Tendo feito uma carreira política e administrativa de meio século, jamais se
lhe apontou um ato menos digno ou inspirado em motivos que não fossem os que
visam o engrandecimento de sua terra. Sofreu, com superioridade, com
estoicismo, as mais ingratas campanhas. Tudo levou de vencida. E hoje, ao
descerem-lhe ao seio maternal da terra os despojos venerandos, um sentimento de
tristeza e de pesar invade todos os corações dos mato-grossenses patriotas e
sensatos, ante o vácuo que, no cenário da administração e da política, deixa o
desaparecimento do grande filho da terra cuiabana.
O
coronel Pedro Celestino foi casado com D. Constança Novis Correa da Costa e,
enviuvando-se, consorciou-se com a sua cunhada D. Corina Novis Correa da Costa.
Do primeiro casal deixou os seguintes filhos: dr. Clóvis Correa da Costa,
médico, residente no Rio de Janeiro, drs. Alvino Correa da Costa, farmacêutico e
Ytrio Correa da Costa, engenheiro, residentes em Campo Grande; d. Aline, casada
com o tenente-coronel Romão Veriano da Silva Pereira, d. Edith, casada com o
dr. Virgílio Alves Correa Filho e d. Maria Constança, casada com o cel. José
Alves Ribeiro Filho.
Das
segundas núpcias deixou os seguintes filhos: dr. Fernando Correa da Costa,
médico, residente em Campo Grande, tenente Pedro Celestino Correa da Costa,
Paulo Correa da Costa, contador, João Batista, estudante e senhorinha Inês
Maria Luiza Correa da Costa.
Seu principal herdeiro político foi o filho Fernando
Correa da Costa, médico que, mudando-se para o Sul do Estado em 1927, fez
carreira com prefeito de Campo Grande (1947), governador do Estado (1950 e
1960) e senador da República (1966). Seu outro filho, Ytrio Correa da Costa,
foi prefeito nomeado de Campo Grande e deputado federal. A mais recente
representante da família na política foi a deputada federal Tereza Cristina
Correa da Costa (2014-2023), ministra da Agricultura (2019 - 2022) senadora da República (1923 - 1931).
FONTE: A Cruz (Cuiabá), 31 de janeiro de1932.
FOTO: acervo do governo do Estado de Mato Grosso.
21 de janeiro
1938 - É criada a primeira maternidade de Campo Grande
D. Elvira, sentada à esquerda, a pioneira com familiares |
Em reunião realizada no Rádio Clube é criada a AAMI, Associação de Amparo à Maternidade e à Infância. Era prefeito de Campo Grande, o advogado Olímpio Machado Metelo e a primeira presidente da entidade foi a primeira-dama Elvira Coelho Machado, cuja diretoria tomou posse a 7 de fevereiro em sessão solene realizada no cine Alhambra. Em 11 de agosto de 1938 a AAMI foi reconhecida de utilidade pública, tendo liberada pela prefeitura uma verba de 300 mil réis.
O primeiro trabalho foi a instalação de um posto puericultura e um lactário e um ambulatório maternal na loja maçônica Oriente à avenida Calógeras, onde eram atendidas gestantes e crianças até 10 anos de idade. Em 8 de janeiro de 1939, a entidade comprou por cinquenta contos de réis, uma casa na rua 15 de Novembro, esquina com a rua 14 de Julho (atual Lojas Americanas) onde instalou todos os seus trabalhos, que tinham como diretor clínico o dr. Vespasiano Martins auxiliado por seus colegas Walfrido Arruda, Alcindo de Almeida, Arthur Vasconcelos e Fernando Correa da Costa.
Em 21 de janeiro de 1941 a AAMI lança a pedra fundamental da Maternidade Cândido Mariano, tendo sua presidente Elvira Coelho Machado, justificado a escolha da data:
"Escolhemos hoje para o lançamento da pedra fundamental da AAMI por ser a data natalícia do presidente Getúlio Vargas, inspirado animador das instituições de amparo à maternidade e à infância de nosso país".
A 21 de julho de 1944, dona Elvira e demais diretores da associação, finalmente entregavam à população a maternidade Candido Mariano, a primeira de Campo Grande.
FONTE: José Corrêa da Barbosa, A Maternidade Cândido Mariano e sua história, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2013, página 13.
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