1865 - Frei Mariano entrega-se ao exército paraguaio em Miranda
Igreja do frei Mariano no início do século XX, restaurada por fiéis |
Frei Mariano de Bagnaia, pároco de Miranda, que, com outros brasileiros de sua paróquia, se refugiara no Pantanal, retorna ao vilarejo com a intenção de salvar sua igreja. O ensejo de sua prisão é descrito por Taunay no II capítulo de seu livro Retirada da Laguna:
A 22 de fevereiro de 1865, deixando Frei Mariano as margens do Salobro, onde se refugiara, ao aproximar-se da invasão, viera, de moto próprio, entregar-se aos paraguaios, no intuito de lhes pedir compaixão para com a desventurada paróquia. Ao chegar à vila, fora-lhe o primeiro cuidado correr à matriz, objeto de sua mais viva solicitude. Desolador espetáculo o esperava: altares derribados, as imagens santas despojadas dos adornos, enfim todas as mostras da profanação. Ao presenciá-lo, dele se apoderou tal sentimento de indignação e de desespero, que não pode dominar-se. Imediatamente e em tom retumbante, à frente do chefe paraguaio e seus comandados, pronunciou solene anátema contra os autores de tal atentado. Ouviram-no todos cabisbaixos, como se esta voz severa fosse de algum daqueles Padres que outrora lhes havia catequizado os antepassados, esforçando-se o comandante em convencer o missionário que os únicos culpados eram os Mbaias (Índios).
Lavado em lágrimas, corria o santo homem de altar em altar, como para verificar os ultrajes praticados contra cada um dos objetos de sua veneração. Só após minuciosa constatação de todas as indignidades cometidas se resignou a celebrar o santo sacrifício da missa; e isto depois de tudo haver disposto para que a cerimônia se pudesse realizar.
Preso logo após celebrar a missa e levado para o país vizinho, frei Mariano foi libertado no Paraguai pelo exército brasileiro em 16 de agosto de 1869, quando retornou ao Brasil.
FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, (16ª edição brasileira), Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 34.
22 de fevereiro
1866 - Taunay chega ao rio Negro
À frente das tropas de Coxim a Miranda, a comissão de engenheiros, da qual faz parte o tenente Taunay, alcança finalmente o rio Negro, evento registrado em suas memórias:
Era a metade da viagem de empreenderamos. Ali chegamos por tempo tristonho, enfarruscado e torvo.
Abrigamo-nos em desmantelado rancho quase de todo aberto às intempéries, depois de termos ido, enquanto os camaradas descarregavam, explorar a região até à margem daquele barrento e feio confluente do Aquidauana.
Mal voltáramos à deficiente proteção da nossa pousada, caiu tremendo temporal, copiosíssimo aguaceiro por desenfreado vento.
Que melancolia se apoderou de mim nesse significativo dia, tão longe! Tão longe de todos, naquele sítio desconhecido, inóspido, perdido no meio de centenas de léguas, sem recurso algum, com a morte talvez a pairar por bem perto.
FONTE: Taunay, Memórias (vol IV), Melhoramentos, São Paulo, 1946, página 175.
22 de fevereiro
1867 - Governo paraguaio abre porto de Corumbá para a Bolívia
Na tentativa de ampliar relações com a Bolívia, o presidente Francisco Solano Lopes edita decreto permitindo a livre navegação de embarcações daquele país pelo rio Paraguai e a isenção de impostos para produtos bolivianos na aduana de Corumbá, então ocupada por seu governo:
"Falando-se em tráfico a via de comunicação que o governo mandou abrir entre Corumbá e Santo Corazon e considerando a conveniência de promover e proteger o comércio da República de Bolívia ao litoral do Paraguai, e para que a situação de bloqueio não traga embaraço ao retorno desse comércio , e vistos os artigos 3º e 4º do capítulo 2º do decreto de 2 de fevereiro de 1946
DECRETA
Art. 1° - Permite-se a livre exportação de moeda metálica pela via de Corumbá para os importadores das províncias bolivianas.
Art. 2° - Declara-se livre de direito a exportação de mercadorias de produtos nacionais ou de produtos ultramarinos pela Aduana de Corumbá para o território da Bolívia.
Art. 3º - O Ministro Secretário de Estado e o departamento de Fazenda será encarregado da execução do presente Decreto. Quartel General em Paso Pucú, 22 de fevereiro de 1867.
Francisco S. Lopez".
FONTE: El Semanário, Assunção (PY) 25 de fevereiro de 1867.
22 de fevereiro
1870 - Nasce em Baus, município de Paranaiba, Sebastião Lima
Em Campo Grande há uma rua com seu nome, ligando a avenida Fernando Correa da Costa à avenida Eduardo Elias Zahran.
FONTE: Arquivo Histórico de Campo Grande, SÉRIE CAMPO GRANDE, 2001. Página 29.
22 de fevereiro
1894 - Empresário requer indenização de prejuízos da guerra do Paraguai
Manoel Cavassa |
Além destes testemunhos e dos protestos, que deve existir nos arquivos, diz-me a tranquila consciência, severo juiz que eu mais respeito, que, para levar ao vosso espírito reto a convicção da verdade do que afirmo, não é de somenos valor, Ilustre Cidadão: a palavra afirmativa dum ancião, que nunca manchou seus lábios com a mentira, - que jamais mercadejou com a honra, - que nunca transigiu com a improbidade, nem sacrificou nenhum nobre atributo do homem de bem a interesse algum, e que não o fará, indubitavelmente, agora que acha-se no último quartel da vida prestes a prestar contas de seus atos ao Juiz Supremo, cujo testemunho invoco.
Sou bem conhecido neste Estado, Snr. Presidente, e falo-vos sem temor de ser desmentido, nem tachado de imodesto.
Tanto mais julgo-me com direito a ser acreditado, quanto é certo que nada reclamo ostensivamente. Esbucei fase de minha vida, relatei fatos que servirão de base ao vosso juízo, com premissas, das quais o vosso esclarecido e reto critério tirará as devidas ilações. E se julgardes que o merecem os títulos com que me recomendo à vossa justiça, apenas vos peço que promovais pelos meios competentes a indenização, ao menos, dos couros constantes do inventário e do protesto supra-mencionado, se não julgardes de justiça a da totalidade dos valores no mesmo inventário consignados, certo de que só peço justiça e nada mais que justiça.
Corumbá homenageia Manoel Cavassa dedicando-lhe a denominação da rua do Porto Geral.
FONTE:Valmir Batista Correa e Lúcia Salsa Correa, Memorandum de Manoel Cavassa, Editora UFMS, Campo Grande, 1997, página 54.
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