5 de janeiro
1828 – Morre, aos 25 anos, Adrien Taunay
Auto retrato de Adrien e gravura de uma moita de buritis, vegetação típica do cerrado matogrossense. |
Desenhista francês, componente da comissão Langsdorff, que à época explorou Mato Grosso e Amazônia, tentou atravessar o rio Guaporé a nado e morreu afogado. Taunay, em mais de 150 desenhos e pinturas, durante a viagem, retratou toda a região, incluindo o cerrado do Sul de Mato Grosso.
Sobre ele depõe o pesquisador Carlos Alberto de Moura:
Adrien, nascido na França em 1803, era filho do pintor Nicolau Antonio Taunay, que veio com a família para o Rio de Janeiro em 1811, como membro da Missão Artística Francesa.
Espírito aventureiro, Adrien, com apenas 16 anos, em 1818, engajou-se como desenhista na Expedição de Freycinet, que na fragata Urânia empreendia uma viagem de circunavegação. Esteve nas ilhas da Oceania e no naufrágio da Urânia nas ilhas Malvinas em fevereiro de 1820. Quatro meses depois os náufragos foram resgatados, e em junho Adrien estava de volta ao Rio de Janeiro.
Seguiu com a Expedição Langsdorff pela rota das monções, desenhando paisagens, animais e plantas.
Prosseguiu nos seus trabalhos em Cuiabá e na Chapada dos Guimarães. Em agosto de 1827, Adrien partiu com Riedel para o Diamantino, enquanto Hércules Florence e Rubtsov seguiram para Vila Bela. Dali deveriam seguir pelos rios Guaporé, Mamoré e Madeira até o Amazonas.
O outro grupo, formado por Langsdorff, Florence e Rubtsov seguiu para o Diamantino de onde desceria pelos rios Arinos, Juruena e Tapajós.
A 18 de dezembro de 1827 Adrien e Riedel chegaram a Vila Bela. Ali deveriam ficar três ou quatro meses. A 30 de dezembro partiram para Casalvasco, situado a uns 80 quilômetros, próximo à fronteira com a Bolívia. Depois visitaram São Luis e Salinas e voltaram a Casalvasco.
Dali partiram de volta a Vila Bela. Mas Adrien Taunay, impaciente com a lenta marcha da comitiva, resolveu adiantar-se e perdeu-se em meio a grande temporal.
Conseguindo finalmente chegar à margem do Guaporé, atirou-se afoitamente às águas, confiando na sua perícia de nadador, e pereceu tragicamente no dia 5 de janeiro de 1828.
Adrien foi sepultado na igreja de Santo Antonio, junto ao porto de Vila Bela.
FONTE: Carlos Francisco de Moura, A Expedição Langsdorff em Mato Grosso, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 1984, página 21.
5 de janeiro
1913 - Roosevelt em Cáceres
Tendo deixado Corumbá na noite de Natal chega a Cáceres a expedição Roosevelt-Rondon, que se destina à Amazônia Matogrossense. A chegada e permanência da comitiva na cidade, ganhou uma página no diário do ex-presidente norte-americano:
Na tarde do dia 5 alcançamos a linda e antiquada cidadezinha de São Luiz de Cáceres, nos confins da região habitada do Estado de Mato Grosso, e última cidade que veríamos antes de alcançarmos as povoações do Amazonas. Nas suas proximidades passamos por uma lavadeira preta e seminua nas margens do rio. Os homens, com a banda de música local, estavam agrupados no começo da ladeira íngreme da rua principal, onde o vapor atracou. Grupos de senhoras e moças claras e trigueiras olhavam-nos do mirante, seus vestidos e corpetes eram vermelhos, azuis, verdes, de todas as cores...Sigg, que nos havia precedido com a maior parte da bagagem, veio ao nosso encontro com uma lancha de motor improvisada - uma espécie de chalana a que ele adaptou o nosso motor "Evenrude"; estava proporcionando a diversos cidadãos da localidade delicioso passeio fluvial. As ruas da pequena cidade, desprovidas de calçamento, tinham passeios estreitos, de tijolos. As casas, de um só pavimento, eram brancas ou azuis, com telhas vermelhas e postigos de grades de madeira, de velho estilo colonial, copiado pelos cristãos e mouros de Portugal dos seus antepassados árabes.
Belos rostos, uns morenos, outros claros, olhavam das janelas; suas avós, em passadas gerações, deviam ter olhado também de janelas semelhantes em remotos dias coloniais. Mas, agora, mesmo ali, em Cáceres, o espírito do Brasil novo despertava; uma ótima escola oficial foi inaugurada e tivemos o prazer de conhecer o seu diretor, homem dedicado que realizava excelente trabalho, e era um dos muitos professores que, no decorrer desses últimos anos,vieram de São Paulo, centro do novo movimento educativo que muito tem feito em prol do Brasil.
O padre Zahm foi passar a noite com os irmãos franciscanos franceses, seus colegas de Ordem. Eu dormi na residência confortável do Tte. Lira: uma casa tropical com paredes espessas, grandes portas e vasto alpendre com grades. O Tte. Lira seguiria conosco na expedição; era velho companheiro de excursão do Cel. Rondon. Visitamos uma ou duas lojas para fazer as últimas compras e à noite perambulamos pelas ruas escuras e jardins da praça; as senhoras e moças se aglomeravam nas portas da rua ou nas janelas, e de espaço em espaço um instrumento de cordas ressoava na escuridão. De Cáceres para diante estávamos entrando no cenário de atuação do Cel. Rondon. Durante dezoito anos ele se dedicara à exploração e instalação das linhas telegráficas através da parte este e nordeste do grande estado florestal, o estado das selvas,ou do "mato grosso" ou, como diriam os australianos, o "bosque".
FONTE: Theodore Roosevelt, Nas selvas do Brasil, Editora de Universidade de São Paulo, São Paulo, 1976, página 94.
FOTO: acervo Theodore Roosevelt..
5 de janeiro
1913 - Roosevelt em Cáceres
Tendo deixado Corumbá na noite de Natal chega a Cáceres a expedição Roosevelt-Rondon, que se destina à Amazônia Matogrossense. A chegada e permanência da comitiva na cidade, ganhou uma página no diário do ex-presidente norte-americano:
Na tarde do dia 5 alcançamos a linda e antiquada cidadezinha de São Luiz de Cáceres, nos confins da região habitada do Estado de Mato Grosso, e última cidade que veríamos antes de alcançarmos as povoações do Amazonas. Nas suas proximidades passamos por uma lavadeira preta e seminua nas margens do rio. Os homens, com a banda de música local, estavam agrupados no começo da ladeira íngreme da rua principal, onde o vapor atracou. Grupos de senhoras e moças claras e trigueiras olhavam-nos do mirante, seus vestidos e corpetes eram vermelhos, azuis, verdes, de todas as cores...Sigg, que nos havia precedido com a maior parte da bagagem, veio ao nosso encontro com uma lancha de motor improvisada - uma espécie de chalana a que ele adaptou o nosso motor "Evenrude"; estava proporcionando a diversos cidadãos da localidade delicioso passeio fluvial. As ruas da pequena cidade, desprovidas de calçamento, tinham passeios estreitos, de tijolos. As casas, de um só pavimento, eram brancas ou azuis, com telhas vermelhas e postigos de grades de madeira, de velho estilo colonial, copiado pelos cristãos e mouros de Portugal dos seus antepassados árabes.
Belos rostos, uns morenos, outros claros, olhavam das janelas; suas avós, em passadas gerações, deviam ter olhado também de janelas semelhantes em remotos dias coloniais. Mas, agora, mesmo ali, em Cáceres, o espírito do Brasil novo despertava; uma ótima escola oficial foi inaugurada e tivemos o prazer de conhecer o seu diretor, homem dedicado que realizava excelente trabalho, e era um dos muitos professores que, no decorrer desses últimos anos,vieram de São Paulo, centro do novo movimento educativo que muito tem feito em prol do Brasil.
O padre Zahm foi passar a noite com os irmãos franciscanos franceses, seus colegas de Ordem. Eu dormi na residência confortável do Tte. Lira: uma casa tropical com paredes espessas, grandes portas e vasto alpendre com grades. O Tte. Lira seguiria conosco na expedição; era velho companheiro de excursão do Cel. Rondon. Visitamos uma ou duas lojas para fazer as últimas compras e à noite perambulamos pelas ruas escuras e jardins da praça; as senhoras e moças se aglomeravam nas portas da rua ou nas janelas, e de espaço em espaço um instrumento de cordas ressoava na escuridão. De Cáceres para diante estávamos entrando no cenário de atuação do Cel. Rondon. Durante dezoito anos ele se dedicara à exploração e instalação das linhas telegráficas através da parte este e nordeste do grande estado florestal, o estado das selvas,ou do "mato grosso" ou, como diriam os australianos, o "bosque".
FONTE: Theodore Roosevelt, Nas selvas do Brasil, Editora de Universidade de São Paulo, São Paulo, 1976, página 94.
FOTO: acervo Theodore Roosevelt..
5de janeiro
1955 - Inaugurada a ferrovia Corumbá-Santa Cruz de la Sierra
Os presidentes do Brasil, João Café Filho e Paz Estensoro. da Bolívia, inauguraram oficialmente a Ferro Carril Corumbá - Santa Cruz. Com 650 quilômetros de extensão. Em verdade o trecho concluído é de El Tinto a Santa Cruz, numa distância de 180 quilômetros. A ferrovia foi iniciada no começo da década de 40, no governo de Getúlio Vargas e liberada para o tráfego em 1954. A entrega oficial é apenas um ato simbólico e marca um projeto muito mais ambicioso que seria a concretização da Ferrovia Transcontinental ou Bioceânica, que visava transpor as cordilheira dos Andes e alcançar o porto chileno de Arica, no oceano Pacífico.
As formalidades referendam o acontecimento histórico, seguindo os passos dos dois chefes de governo:
"Os dois chefes de estado se estreitaram em afetuoso abraço, dando-se troca de ramos de flores, no meio de vivas à Bolívia e ao Brasil. Em seguida os dois presidentes e suas comitivas tomaram o trem para esta cidade, onde, na estação Castilo Chaves, se realizou a cerimônia da declaração oficial da ferrovia".
Bioceânica - O projeto da Ferrovia Transcontinental estava caminhando para se tornar realidade. A conclusão do longo trecho até Santa Cruz, potencializava esta expectativa, segundo o governo dos países empreendedores:
"A Estrada de Ferro Brasil-Bolívia representa um passo decisivo para a ligação transcontinental de Arica a Santos. A estrada, numa extensão de 650 quilômetros, ligará o noroeste boliviano, em Santa Cruz de la Sierra, ao sistema ferroviário do oeste brasileiro, em Corumbá. A ligação transcontinental Arica-Santos tem, como se vê, pelo mapa acima, uma extensão de 4.023 quilômetros, sendo 2.566 do porto de Santos à cidade de Santa Cruz e os restantes 1.457, desta cidade a Arica, no litoral do Pacífico. Os trechos restantes da Transcontinental serão atendidos na parte brasileira pelas estradas de ferro Sorocabana e Noroeste do Brasil e, na parte boliviana pela Estrada de Ferro Brasil-Bolívia e pela Bolivia Rallway. Os estudos estão concluídos desde 1924. A ligação que unirá um porto do Atlântico a um porto do Pacífico facilitará enormemente o intercâmbio do petróleo e do estanho boliviano, com o café, o algodão e outras mercadorias brasileiras de exportação. A cidade de Santa Cruz de la Sierra está localizada justamente no centro das jazidas petrolíferas que, numa extensão de 700 quilômetros, se estende desde Beni, ao norte da Bolívia, até Yacuiba, no sul, já na fronteira com a Argentina. A estrada inaugurada pelos dois presidentes, será a base do desenvolvimento nas relações comerciais entre os dois países da América do Sul"
FONTE: Correio da Manhã, 5 de janeiro de 1955.
FOTO: Correio da Manhã.
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