1850 - Escravos são hipotecados em Paranaíba
Prática corriqueira durante a escravidão negra no Brasil, José Garcia Leal, chefe político de Paranaíba, aceita escravos como garantia de dívida, nos termos do seguinte documento:
Saibam quantos virem este público instrumento de Escritura de Hipoteca que sendo no ano do Nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e cinquenta, Vigésimo nono da Independência e do Império, aos seis dias do mês de março do dito ano, neste Distrito de Santana do Paranaiba, termo da vila de Poconé, em o escritório de mim Escrivão do Juizo Municipal abaixo assinado com as testemunhas apareceram presentes, e pessoalmente o cidadão Joaquim Lemos da Silva e sua mulher Dona Eufrasia Maria da Silva, pessoas reconhecidas de mim pelos próprios de que trato e dou fé, e por eles me foi dito que se constituíram devedor do Capitão José Garcia Leal da quantia de setecentos e quarenta e sete mil, trezentos e trinta reis, em moedas correntes proveniente de outra igual quantia que receberam emprestado e em alguns gêneros que lhe compraram e como não lhe pode pagar no presente tempo a referida quantia, e que já se acha vencida; para (sic) da dívida e de seu credor, haviam por bem hipotecar dois escravos (ao dito senhor José Garcia Leal, seu Credor) ambos de nomes Joaquim Crioullos, um de idade de oito anos, mais ou menos, e outro de idade de dezesseis anos, mais ou menos, e uma pequena casa coberta de capim e quintal sem arvoredos, cujos escravos e casas se acham livres de outra qualquer escritura de hipoteca e se obrigarão a não traspassar e nem atear os ditos livres enquanto não houverem pago a referida quantia que se obrigavam a satisfazer desta data a dois anos e logo pelo outorgado Capitão José Garcia Leal foi dito que aceitava a hipoteca nos referidos bens em qualidade de credor, bem como todas as mais condições declaradas, e depois de escrita, e lida esta por mim Tabelião Público perante as testemunhas digo perante os contratantes, e por eles outorgados assinaram em presença das testemunhas, e a rogo de Dona Eufrasia Maria da Silva. Assinou Andalício da Silva Bitancourt igualmente de mim reconhecidas de que dou fé de mim Luiz Ferreira Gomes Escrivão do Juizo Municipal que o escrevi.
FONTE: Fundação Cultural Palmares, "Como se de ventre livre nascido fosse...", Arquivo Público Estadual, Campo Grande, 1994, página 331.
FOTO: aspecto da escravidão no Brasil. Reprodução meramente ilustrativa.
6 de março
1890 - Nasce em Corumbá, Olegário de Barros
Nasce em Corumbá, Olegário de Barros. Formado em Direito pela faculdade do largo São Francisco, em São Paulo, foi delegado e chefe de polícia do Estado de Mato Grosso, diretor da imprensa oficial, consultor jurídico, procurador geral, juiz de direito, secretário geral do Estado, desembargador e presidente do Tribunal de Justiça, ocasião em que exerceu as funções de interventor federal do Estado, o qual governou de 8 de novembro de 1945 a 8 de julho de 1946. Faleceu em Corumbá a 6 de janeiro de 1969.
FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Mato-grossense, edição do autor, Cuiabá,1971, página 29.
6 de março
1909 - Toma posse primeiro prefeito de Bela Vista
Criado em 1908, foi instalado nessa data, o município de Bela Vista, com a posse do intendente geral (prefeito), dois vice-intendentes, vereadores e dois juízes de paz. Segundo o registro a "sessão de instalação foi aberta pelo engenheiro civil João Thimoteo Pereira da Rosa, vereador e vice-presidente da Câmara Muncipal de Nioaque, de cujo município se desmembrara o de Bela Vista, que deferiu o compromisso legal ao vereador Athanásio de Almeida Mello, por ser o mais idoso dos vereadores. Prestado o compromisso legal, o presidente da Sessão transferiu a presidência ao vereador Athanásio de Almeida Mello que tomou o citado compromisso aos demais vereadores, suplentes de vereador, intendente geral, vice-intendentes, primeiro e segundo juízes de paz".
Assumiu como primeiro intendente geral, o coronel Marinho Fernandes Tico para um mandato de três anos.
FONTE: Sydney Nunes Leite, Bela Vista uma viagem ao passado, edição do autor, Bela Vista, 1995, página 37.
6 de março
1939 - População lincha ladrões em Campo Grande
FOTO: O JORNAL RJ
Três assaltantes de motorista de praça são linchados por populares em Campo Grande. O episódio teve repercussão nacional:
No dia 6 do corrente, nas proximidades de Campo Grande, foi assassinado o motorista Celestino Pereira de Alcântara, proprietário do carro 127.
Esse crime foi premeditado pelos seus autores Mário Garcia de Oliveira, Osvaldo Caetano e Sidney Prestes.
Cerca das 14 horas, um deles procurou na praça aquele motorista para corrida ao bairro Amambay. Ali chegados, subiram no carro os outros dois e exigiram de Celestino Garcia que prosseguisse viagem para Ponta Porã. Negando-se aquele de faze-lo, recebeu violenta pancada no crânio, que o prostrou sem sentidos. Os bandidos desarmaram-no e um deles tomou a direção do carro.
Duas léguas depois de Campo Grande, o motorista recuperou os sentidos e entrou em luta corporal com os facínoras, sendo nessa ocasião ferido mortalmente por eles e atirado, ainda agonizante, num mato próximo da "fazenda Saltinho". Prosseguiram viagem os assassino depois de terem arrancado a licença do carro.
Os demais motorista de Campo Grande, sabendo que Celestino não fazia viagens para o interior e tendo conhecimento da corrida combinada, estranharam a demora do seu colega. Entrando em indagações vieram a saber por um motorista vindo de Ponta Porã que o carro 127 fora abastecido com meia lata de gasolina, não levava licença e era conduzido por um estranho, tendo dois outros como passageiros. Levado o fato ao conhecimento do capitão Felix Valois, delegado de polícia, este pôs-se incontinenti em ação para a descoberta do crime e prisão dos criminosos, rumando para Ponta Porã. Cerca de 25 léguas de Campo Grande, encontraram o carro 127 encalhado, estando Mário, Osvaldo e Sidney trabalhando para desencravá-lo. Dada a ordem de prisão, depois de curta resistência, entregaram-se.
De regresso a Campo Grande foi recolhido o cadáver de Celestino Garcia, com indício de que muito se debatera na agonia. O corpo está ainda quente, indicando morte recente. Os próprios assassinos auxiliaram a transportar o corpo.
Chegando a esta cidade, foram os três ocupantes do carro submetidos a interrogatório, confessando a autoria do crime.
Grande massa popular aguardava na delegacia a remessa dos bandidos para a cadeia pública. Quando o carro que os conduzia à esquina do Estádio da Sociedade Esportiva Campograndense, a multidão acrescida de número, fez parar o carro, arrebatou os três presos e trucidou-os ali mesmo, a pau.
Acabava de acontecer o primeiro linchamento que se tem notícia na história de Campo Grande.
FONTE: Diário de Notícias (RJ) 15 de março de 1939.
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