1º de junho
1860 – Branco doa terra a índio em Paranaíba
Retrato atribuído a José Garcia Leal |
Entre nós abaixo assinados eu José Garcia Leal e minha mulher dona Maria Umbelina Leal, possuindo livre e desembaraçada uma sorte de terras nas margens do rio Paranaíba no distrito desta vila, na barra do ribeirão denominado Barreiro a qual houvemos por compra como consta dos títulos que delas temos, muito de nossas livres vontades e sem constrangimento de pessoa alguma cedemos delas e fazemos doação aos índios Caiapós que se acham morando nas mesmas por nosso consentimento há mais de vinte anos, as quais terras se compõem de campos e matas e têm sua divisa de aldeia para cima pela parte do poente divisando com a fazenda da Arara meia légua pela parte do Nascente, um quarto divisando com as terras do Porto, e pela parte do Sul pelo espigão da lagoa e pelo Norte meia légua e poderão os ditos índios e seus descendentes possuírem as ditas terras sem que nem nós e nem nossos herdeiros possamos em tempo algum revogar a presente doação, e pedimos às justiças de Sua Majestade Imperial dêem a este todo o inteiro vigor como se fora escritura pública, e para seu titular (?) e firmeza de tudo mandamos passar a presente em que nós assinamos. Fazenda da Serra primeiro de junho de mil oitocentos sessenta. Declaramos ainda que a parte de terras é da quantia de quatrocentos mil réis dia hera ut supra. José Garcia Leal. A rogo Dona Maria Umbelina Leal – Joaquim digo José Joaquim de Lacerda Cintra. Testemunha João Victoriano de Melo Zeferino. Martins Marques. Coletoria-Geral de Santana do Paranaíba mil oitocentos e sessenta. Réis oito mil. Os índios Caiapós pagarão de novos e velhos direitos a quantia de oito mil réis pela doação do presente título.
FONTE: Hildebrando Campestrini, Santana de Paranaíba de 1700 a 2002, 2a. edição, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2002, página 127.
1° de junho
1867 – Retirantes da Laguna completam a travessia do Miranda
Os três dias anteriores foram todos empregados na passagem do rio que, segundo parte do major comandante José Tomás Gonçalves, “conservou-se sempre cheio, dando apenas péssimo e perigoso vau. Com dificuldade passaram as nossas 4 peças e armões, havendo sido queimados os carros manchegos, forja e galera, para dar carne às praças como haviam decidido os comandantes de corpos em reunião...(...) Esforcei-me em trazer as quatro bocas de fogo e consegui-o com grande satisfação. Assim pois, no dia 1º de junho achavam-se as forças do lado direito do rio Miranda, com 9 léguas diante de si em boa estrada para chegarem a Nioac. Os paraguaios haviam efetuado a passagem antes de nós e já se achavam em nossa frente”.
FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14a. edição, Edições Mehoramentos, São Paulo, 1942, página 182.
1° de junho
1893 - Desenterrado tesouro entre Campo Grande e Nioaque
Sob o título "Goyaz e Matto Grosso", a Gazeta de Notícias (RJ) publica notícia de um viajante goiano que encontrou e desenterrou um tesouro, contendo duas arcas, na estrada entre Campo Grande e Nioaque. O detalhe é que o sortudo ainda colocou-se à disposição de eventual dono do tesouro para possível resgate do mesmo:
"De viagem pela estrada que conduz de Campo Grande a Nioaque, distante sete léguas do primeiro povoado, o cidadão José Carvalho de Azevedo encontrou uma pedra lavrada por três faces e fincada, notando que aquela pedra só podia ter ali ido parar conduzida por alguém e que devia assinalar alguma coisa, resolveu aí ficar e cavar o lugar, e de fato, depois de uma cova de mais de oito palmos, encontrou um e depois outro caixão contendo valores em ouro, bem como ouro em pó. Por esta estrada passou a força para o Paraguai, havendo aí um grande fogo.
Se alguém se julgar com direito ao achado e dando os sinais certos se lhe indicará, dirigindo-se ao capitão José Carvalho de Azevedo - cidade de Rio Verde, Estado de Goiás".
FONTE: Gazeta de Notícias (RJ) em 1° de junho de 1893.
1905 – Iniciada linha telegráfica para Bela Vista
A temperatura caiu terrivelmente, descendo o termômetro abaixo de zero, sem que frio tão rigoroso constituísse obstáculo. A 15 passamos para Guavirá, onde matei uma onça parda. Em cada um dos pontos onde nos detínhamos, caçava eu três ou quatro onças, a ponto de já ter perdido a conta.
(...) Não foi possível traçar um só alinhamento ligando dois pontos, porque extenso e formidável brejo se lhes interpunha. Foi necessário projetar diversos alinhamentos, a fim de contornar as cabeceiras do brejão, entre os córregos de Guavirá e Derrota.
A linha chegou à Bela Vista em 30 de junho. Estava terminada a missão Rondon no Sul de Mato Grosso, relativa à extensão de rede telegráfica:
Coroamos, assim, nossos trabalhos no sul do Estado com um golpe de ação, construindo essa linha em um mês, com 100 praças apenas –
FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 193.
1° de junho
1911 – Bento Xavier invade fronteira
Bento Xavier, primeiro à esquerda, na revolução federalista do Rio Grande do Sul |
Continuando sua campanha contra o governo do Estado, iniciada em 1907, o fazendeiro gaúcho Bento Xavier, que se encontrava exilado no Paraguai, retorna ao Brasil, com um forte grupo armado e inicia sua “guerra” com o major Gomes, comandante de polícia em Bela Vista , que relata a investida rebelde e delata a cumplicidade do comandante da guarnição do Exército naquela cidade fronteiriça com o chefe revolucionário:
Relatório - Ao Exmº Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques. D. D. Presidente do Estado de Mato Grosso - 1911.
Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Exª os fatos ocorridos com a praça policial e civis sob meu comando durante o último Movimento Revolucionário havido no Sul do Estado. A 1º de junho do corrente ano, pela manhã, tive conhecimento de que Bento Xavier da Silva, seus filhos, irmãos e adeptos indivíduos estes processados, inimigos do Governo, das autoridades e povo, invadiram nossas fronteiras, por duas partes com grupos armados, vindos do Paraguai, arrebanhando cavalos, recrutando gente e cortando fio telegráfico. Neste mesmo dia, um grupo de gente armada, comandado pelo próprio Bento Xavier, atacou a vivo fogo as imediações da fazenda denominada “Vaquilha”, uma escolta de seis praças e um civil que se dirigiam para a serra a fim de efetuar a captura dos criminosos Ananias Mello e seus companheiros; resultando desse ataque a morte do civil Reginaldo de Mattos e extravio das praças que, milagrosamente, se escaparam. Em seguida, Bento Xavier e seus sequazes dirigiram-se à Fazenda do Sr. Afonso Loureiro e aí praticaram as maiores depredações, procurando aprisionar o dono da fazenda, que conseguiu fugir à sanha daqueles vândalos. Ainda nesse dia, procurando fazer a defesa dos interesses do passo violado, congreguei elementos, convidando amigos, comprando alguns cavalos e outros petrechos indispensáveis para a organização da força, visto nessa ocasião só existirem em quartel 28 praças de polícia, tendo então me dirigido ao Sr. Cap. Antero Aprígio Gualberto de Mattos, comandante interino do Regimento de Cavalaria a fim de solicitar recursos de armamento e munição, visto não haver suficiente na polícia para armar o pessoal voluntário que se me apresentou. Qual não foi a minha surpresa quando eu soube que o dito Capitão Antero se achava no território paraguaio em conferência com o criminoso militar José Vicente Pereira Netto, pessoa que tinha delegações de Bento Xavier para entrar em arreglos com o já referido Cap. Antero de Mattos, comandante do 3º Regimento. Nada mais esperando desta autoridade, que levada por baixos sentimentos políticos, deixava de cumprir com seus deveres de comandante de guarnição e fronteira, para ir confabular com uma horda de salteadores, que todos os anos invadem, a nossa fronteira com proteção das autoridades anarquizadas do Paraguai. Limitado aos meus únicos recursos e dos amigos, comprei algumas armas, munições de guerra, etc.
Outro confronto entre a força de Bento Xavier e as tropas policiais do major Gomes dar-se-ia a 11 de junho.
Uma das bandeiras de Bento Xavier era a divisão de Mato Grosso.
Relatório - Ao Exmº Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques. D. D. Presidente do Estado de Mato Grosso - 1911.
Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Exª os fatos ocorridos com a praça policial e civis sob meu comando durante o último Movimento Revolucionário havido no Sul do Estado. A 1º de junho do corrente ano, pela manhã, tive conhecimento de que Bento Xavier da Silva, seus filhos, irmãos e adeptos indivíduos estes processados, inimigos do Governo, das autoridades e povo, invadiram nossas fronteiras, por duas partes com grupos armados, vindos do Paraguai, arrebanhando cavalos, recrutando gente e cortando fio telegráfico. Neste mesmo dia, um grupo de gente armada, comandado pelo próprio Bento Xavier, atacou a vivo fogo as imediações da fazenda denominada “Vaquilha”, uma escolta de seis praças e um civil que se dirigiam para a serra a fim de efetuar a captura dos criminosos Ananias Mello e seus companheiros; resultando desse ataque a morte do civil Reginaldo de Mattos e extravio das praças que, milagrosamente, se escaparam. Em seguida, Bento Xavier e seus sequazes dirigiram-se à Fazenda do Sr. Afonso Loureiro e aí praticaram as maiores depredações, procurando aprisionar o dono da fazenda, que conseguiu fugir à sanha daqueles vândalos. Ainda nesse dia, procurando fazer a defesa dos interesses do passo violado, congreguei elementos, convidando amigos, comprando alguns cavalos e outros petrechos indispensáveis para a organização da força, visto nessa ocasião só existirem em quartel 28 praças de polícia, tendo então me dirigido ao Sr. Cap. Antero Aprígio Gualberto de Mattos, comandante interino do Regimento de Cavalaria a fim de solicitar recursos de armamento e munição, visto não haver suficiente na polícia para armar o pessoal voluntário que se me apresentou. Qual não foi a minha surpresa quando eu soube que o dito Capitão Antero se achava no território paraguaio em conferência com o criminoso militar José Vicente Pereira Netto, pessoa que tinha delegações de Bento Xavier para entrar em arreglos com o já referido Cap. Antero de Mattos, comandante do 3º Regimento. Nada mais esperando desta autoridade, que levada por baixos sentimentos políticos, deixava de cumprir com seus deveres de comandante de guarnição e fronteira, para ir confabular com uma horda de salteadores, que todos os anos invadem, a nossa fronteira com proteção das autoridades anarquizadas do Paraguai. Limitado aos meus únicos recursos e dos amigos, comprei algumas armas, munições de guerra, etc.
Outro confronto entre a força de Bento Xavier e as tropas policiais do major Gomes dar-se-ia a 11 de junho.
Uma das bandeiras de Bento Xavier era a divisão de Mato Grosso.
FONTE: Major Gomes, Relatório do Governo do Estado de Mato Grosso, 11-09-1911.
FOTO: acervo Museu Dom Diogo de Souza, Bagé, RS.1º de junho
1912 - Nasce em Nioaque, Hélio Serejo, o menestrel dos ervais
FUNDAÇÃO DE CULTURA/MS
Hélio Serejo, à direita
Nasce em Nioaque, Hélio Serejo. Viveu a infância, a juventude e maioridade na fronteira, mais precisamente em Ponta Porã, onde produziu a maior parte de sua
obra. Escritor, cronista, contista, memoralista e poeta, publicou ao longo de sua carreira cerca de 60 livros. Pertenceu a várias entidades, entre outras, ao Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, a Academia Matogrossense de Letras e a Academia Sul-Matogrossense de Letras, onde ocupou a cadeira nº 30.
obra. Escritor, cronista, contista, memoralista e poeta, publicou ao longo de sua carreira cerca de 60 livros. Pertenceu a várias entidades, entre outras, ao Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, a Academia Matogrossense de Letras e a Academia Sul-Matogrossense de Letras, onde ocupou a cadeira nº 30.
Para Geraldo Ramon Ferreira, seu confrade na ASL, Serejo, "construiu a sua consistente obra literária nas sendas da fronteira guarani, nas lides ervateiras da região, nas paragens nativas no Sul do então Mato Grosso, num ambiente de mestiçagem assim descrita pelo historiador Lenine Póvoas:
Indios, donos da terra, falando guarani; povos de origem espanhola; gaúchos fugidos das lutas de chimangos e maragatos, elementos que desciam da baixada cuiabana; mineiros que se alongavam à procura de campos para criar; todos se amalgamaram, misturando seu sangue, seus costumes, seus idiomas, suas tradições, seu folclore, sua música, daí resultando uma civilização fronteiriça de características inconfundíveis.
Sua obra completa em 11 volumes, foi republicada em 2008 pelo Instituto Histórico de Mato Grosso do Sul.
Por muitos anos residiu em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, mudando-se para Campo Grande, em 2005, onde faleceu em 8 de outubro de 2007.
A ponte rodoviária da BR-267, que liga o Porto XV de Novembro (MS) e Santo Anastácio (SP) tem o seu nome.
FONTE: Geraldo Ramon Pereira, (artigo), Correio do Estado, 26/06/2022.
1° de junho
Seis meses após sua posse, Mané Mariano foi a Campo Grande para receber o dinheiro de uma boiada. Lá ele tinha uma amante e esta um filho.
O filho da prostituta encontrou o prefeito e lhe pediu dinheiro emprestado. Mané Mariano respondeu-lhe que no momento não tinha. Depois disso Mané foi ao frigorífico para o acerto final, retornando ao hotel em que se hospedara. Ao chegar foi recepcionado pelo rapaz, com uma faca na mão.
O rapaz sangrou Mané Mariano e foi para a rua Aquidauana, onde escondeu a faca e em seguida foi encontrar sua amante, na rua 7, passando a pagar uma rodada de cerveja para as moças da casa.
A PRI-7, a todo o momento, noticiava o crime.
O prefeito tinha um sobrinho que era 3° sargento do exército; servíamos na mesma companhia. Ele respondia pelo comando da guarnição naquele dia. Pedi-lhe algumas horas de licença, gentilmente concedida. Eu também tinha uma namorada polaca na rua 7. Tinha recebido o pagamento e fui visitá-la encontrando a rodada. Peguei a polaca, pedi uma cerveja e sentamo-nos na mesa ao lado.
O rapaz estava no banheiro e quando chegou esbravejou e gritou passando a agredir-me. Foi quando tirei um cabo de aço que carregava na cintura e dei-lhe uma surra desarmando-o.
Em seguida baicou a cavalaria e tive que fugir. Em casa passei a observar o revólver; era um Smith & Wesson 32, dos pequenos. Logo concluí que o malandro não tinha condições de ter uma arma igual aquela. Fui bater na delegacia onde narrei o acontecido. Em seguida o delegado determinou a três policiais que me acompanhassem para trazer o rapaz à delegacia. Prendemos Mário Silvestre, e, ao retornarmos à delegacia, o delegado nos comunicou que o o revólver era produto de roubo.
O rapaz, recolhidos à cela "paraíso dos inocentes", confessou o crime, entregando o relógio, a guaiaca e o restante do dinheiro roubado.
Mário Silvestre dos Santos era o nome do assassino.
Latrocínio foi a tipificação criminal.
FONTE: João Ferreira Neto, Raízes de Coxim, Editora UFMS, Campo Grande, 2004, página 192.
FOTO: gentilmente cedida por familiares da vítima.
1° de junho
1959 - Grupo separatista do Sul do Estado publica manifesto
Lançado no início do ano em Campo Grande, o grupo intitulado Movimento Divisionista de Mato Grosso (MDM) lança manifesto à população. O documento tem os seguintes signatários: Anísio de Barros, Nelson Benedito Neto, Cícero de Castro Faria, Adauto Ferreira, Diomedes Rosa França, José Fragelli, Salviano Mendes Fontoura, Paulo Jorge Simões Correa, Oclécio Barbosa Martins, Diomedes Rosa Pires, Eduardo Machado Metelo, Martinho Marques, Carlos de Sousa Medeiros, Nestor Muzzi, Nelson Mendes Fontoura, Lício Proença Borralho e Nelson Borges de Barros.
Essa campanha, sob o lema "Dividir para multiplicar" e simbolizada por uma tesoura cortando o mapa de Mato Grosso, teve existência efêmera, como explica a historiadora:
"O Manifesto foi propagandeado no final da década, ocasião em que Jânio Quadros, um matogrossense de nascimento, foi candidato a presidente da República. Esperando obter a sua concordância quando ele se hospedou em uma chácara em Campo Grande, pouco antes da campanha eleitoral, uma comissão de separatistas o procurou, mas assim que tomou conhecimento do símbolo do movimento, uma tesoura que cortava o mapa de Mato Grosso em duas partes, teria dito: 'Esta tesoura corta o meu coração'. Suas palavras foram água na fervura".
FONTE: Marisa Bittar, Mato Grosso do Sul, a construção de um Estado, Editora UFMS, Campo Grande, 209, página 289.
1951 - Prefeito de Coxim é assassinado em Campo Grande
Às 22 horas é assassinado no Hotel Estação, em Campo Grande,
Manoel Lino D'Ávila, o Manoel Mariano, prefeito de Coxim (UDN). Em sua edição de 3 de junho, o jornal O Estado de Mato Grosso, de Cuiabá, sob o título Assassinado em Campo Grande o prefeito de Coxim, a seguinte notícia:
Circulou ontem à noite pela cidade a notícia procedente de Campo Grande, que divulgamos em primeira mão, de haver sido assassinado naquela cidade, o prefeito de Coxim, sr. Manoel Lino d'Ávila, mais conhecido por Manoel Mariano, com 12 tiros e nove facadas.
Não se conhece maiores detalhes sobre a dolorosa tragédia em que tombou sem vida o prefeito de Coxim, Manoel Lino d'Ávila, da UDN, cidadão respeitável e que gozava do melhor conceito na sociedade coxinense.
No próximo número daremos circunstanciado relato da tragédia.
Tido a princípio como crime político, chegando a causar animosidade entre moradores do distrito de Rio Verde, onde residia a vítima, e de Coxim, descobriu-se tratar-se de latrocínio. Epaminondas Gomes de Arruda, que na época do homicídio servia o exército em Campo Grande, entrevistado anos depois pelo jornal "Correio do Povo", de Coxim, esclareceu o episódio:
Circulou ontem à noite pela cidade a notícia procedente de Campo Grande, que divulgamos em primeira mão, de haver sido assassinado naquela cidade, o prefeito de Coxim, sr. Manoel Lino d'Ávila, mais conhecido por Manoel Mariano, com 12 tiros e nove facadas.
Não se conhece maiores detalhes sobre a dolorosa tragédia em que tombou sem vida o prefeito de Coxim, Manoel Lino d'Ávila, da UDN, cidadão respeitável e que gozava do melhor conceito na sociedade coxinense.
No próximo número daremos circunstanciado relato da tragédia.
Tido a princípio como crime político, chegando a causar animosidade entre moradores do distrito de Rio Verde, onde residia a vítima, e de Coxim, descobriu-se tratar-se de latrocínio. Epaminondas Gomes de Arruda, que na época do homicídio servia o exército em Campo Grande, entrevistado anos depois pelo jornal "Correio do Povo", de Coxim, esclareceu o episódio:
Seis meses após sua posse, Mané Mariano foi a Campo Grande para receber o dinheiro de uma boiada. Lá ele tinha uma amante e esta um filho.
O filho da prostituta encontrou o prefeito e lhe pediu dinheiro emprestado. Mané Mariano respondeu-lhe que no momento não tinha. Depois disso Mané foi ao frigorífico para o acerto final, retornando ao hotel em que se hospedara. Ao chegar foi recepcionado pelo rapaz, com uma faca na mão.
O rapaz sangrou Mané Mariano e foi para a rua Aquidauana, onde escondeu a faca e em seguida foi encontrar sua amante, na rua 7, passando a pagar uma rodada de cerveja para as moças da casa.
A PRI-7, a todo o momento, noticiava o crime.
O prefeito tinha um sobrinho que era 3° sargento do exército; servíamos na mesma companhia. Ele respondia pelo comando da guarnição naquele dia. Pedi-lhe algumas horas de licença, gentilmente concedida. Eu também tinha uma namorada polaca na rua 7. Tinha recebido o pagamento e fui visitá-la encontrando a rodada. Peguei a polaca, pedi uma cerveja e sentamo-nos na mesa ao lado.
O rapaz estava no banheiro e quando chegou esbravejou e gritou passando a agredir-me. Foi quando tirei um cabo de aço que carregava na cintura e dei-lhe uma surra desarmando-o.
Em seguida baicou a cavalaria e tive que fugir. Em casa passei a observar o revólver; era um Smith & Wesson 32, dos pequenos. Logo concluí que o malandro não tinha condições de ter uma arma igual aquela. Fui bater na delegacia onde narrei o acontecido. Em seguida o delegado determinou a três policiais que me acompanhassem para trazer o rapaz à delegacia. Prendemos Mário Silvestre, e, ao retornarmos à delegacia, o delegado nos comunicou que o o revólver era produto de roubo.
O rapaz, recolhidos à cela "paraíso dos inocentes", confessou o crime, entregando o relógio, a guaiaca e o restante do dinheiro roubado.
Mário Silvestre dos Santos era o nome do assassino.
Latrocínio foi a tipificação criminal.
FONTE: João Ferreira Neto, Raízes de Coxim, Editora UFMS, Campo Grande, 2004, página 192.
FOTO: gentilmente cedida por familiares da vítima.
1959 - Grupo separatista do Sul do Estado publica manifesto
Lançado no início do ano em Campo Grande, o grupo intitulado Movimento Divisionista de Mato Grosso (MDM) lança manifesto à população. O documento tem os seguintes signatários: Anísio de Barros, Nelson Benedito Neto, Cícero de Castro Faria, Adauto Ferreira, Diomedes Rosa França, José Fragelli, Salviano Mendes Fontoura, Paulo Jorge Simões Correa, Oclécio Barbosa Martins, Diomedes Rosa Pires, Eduardo Machado Metelo, Martinho Marques, Carlos de Sousa Medeiros, Nestor Muzzi, Nelson Mendes Fontoura, Lício Proença Borralho e Nelson Borges de Barros.
Essa campanha, sob o lema "Dividir para multiplicar" e simbolizada por uma tesoura cortando o mapa de Mato Grosso, teve existência efêmera, como explica a historiadora:
"O Manifesto foi propagandeado no final da década, ocasião em que Jânio Quadros, um matogrossense de nascimento, foi candidato a presidente da República. Esperando obter a sua concordância quando ele se hospedou em uma chácara em Campo Grande, pouco antes da campanha eleitoral, uma comissão de separatistas o procurou, mas assim que tomou conhecimento do símbolo do movimento, uma tesoura que cortava o mapa de Mato Grosso em duas partes, teria dito: 'Esta tesoura corta o meu coração'. Suas palavras foram água na fervura".
FONTE: Marisa Bittar, Mato Grosso do Sul, a construção de um Estado, Editora UFMS, Campo Grande, 209, página 289.
Um comentário:
E aí? Qual o final disso?
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