1867 – Camisão toma fazenda Machorra do governo paraguaio
Na guerra do Paraguai, a força expedicionária brasileira, em ação no Sul de Mato Grosso, toma do exército inimigo e saqueia a sede da fazenda Machorra, de propriedade do marechal Lopez, localizada em território brasileiro, mais precisamente às margens do córrego José Carlos, afluente do rio Apa.
O relato de Taunay fecha do capítulo VII de sua Retirada da Laguna:
Uma linha de paraguaios, assaz extensa, fazia frente ao ataque, ao passo que grande número dos seus se encarniçava, com uma espécie de furor, em destruir a fazenda, incendiando quanto parecia poder arder. Ocupava-se nosso comandante da vanguarda em examinar uma ponte que cumpria atravessássemos para envolver o inimigo. Foi então que o tenente-coronel Juvêncjo lhe comunicou a ordem de estacar. Não permitiam as circunstâncias, porém, que a ela antecedêssemos. Concordaram os oficiais na imprescindível necessidade de se ocupar a posição, custasse o que custasse.
Imediatamente a nossa linha de atiradores atirou-se a correr para a frente oposta, e pela própria ponte, porfiando todos em ardor.
Recuaram os paraguaios mas em boa ordem. Tinham ordens, certamente, para não empenhar combate, mas somente reunir e tanger à retaguarda, cavalos e bois que não queriam deixar-nos; e deviam se numerosos, tanto quanto nos permitia avaliar a poeira que sua marcha ocasionava.
Foi o recinto ocupado: o tenente-coronel Eneias, ali, deu imediatamente nova formatura ao seu batalhão e o manteve numa série de posições que lhe valeu, posteriormente, não só a aprovação do Coronel como gerais parabéns. Foram os nossos os primeiros recebidos. Aplaudiram todos o espírito de disciplina de seus subordinados e o afã com que, logo à primeira voz, começaram a desentulhar o terreiro de objetos que o atravancavam, sem coisa alguma subtrair, assim como de quanto estava no interior da casa.
Autorizado pelas regras de guerra, permitiu-se o saque, também descrito com naturalidade por Taunay:
Vislumbrava-se um resto de crepúsculo, ainda quando o grosso da coluna chegou. Foi este o momento do atropelo e da balbúrdia: tantos objetos se avistaram sem dono, misturados e fadados à destruição. Cada qual tomou o seu quinhão, sendo exatamente os mesmos beneficiados aqueles que à presa mais tinham direito, pois o haviam comprado e adiantado por uma série de meses de privações e fome.
Das oito ou dez casas da Machorra, duas estavam reduzidas a cinzas que os próprios paraguaios lhes haviam posto. Foram as outras preservadas pelos nossos soldados. Alguns pedaços do madeiramento, alguns mourões abrasados serviam para cozinhar as batatas, a mandioca e as aves do inimigo. A Machorra, denominada fazenda do marechal Lopez, não passava realmente de terra usurpada, cultivada por ordem sua, além da fronteira.
O trabalho dos invasores, frutuoso como fora, vinha acrescer ao banquete a satisfação de um sentimento de reivindicação nacional. Autorizou-o o Coronel com um ar prazenteiro que jamais até então lhe percebêramos".
A invasão do Paraguai dar-se-ia no dia seguinte com tomada de Bela Vista.
FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, (14ª edição brasileira), Edições Melhoramentos, S.Paulo, 1942, página 56.
FOTO: O Globo. Meramente ilustrativa.
20 de abril
1892 – Mato Grosso continua aparecendo na Europa
A notícia da independência de Mato Grosso, aventada por militares rebeldes de Corumbá, continua repercutindo na Inglaterra. No último dia 15, a notícia circulou no Daily Telegraph, desta vez está no Times londrino:
Os argentinos bem conhecem as vantagens que podem ganhar com um tamanho sucesso no Brasil e que sabe se não pensam em fazer com Mato Grosso o que os Estados Unidos fizeram com o Texas – primeiramente separando-o do México, em segundo lugar anexando-o. (...) agora que os argentinos favorecem certamente a independência de Mato Grosso é provável que a secessão daquela província seja o começo de um novo conflito internacional na América do Sul.
FONTE: Paulo Cimó Queiroz, As curvas do trem e os meandros do poder - o nascimento da Estrada de Ferro Noroeste, Editora UFMS, Campo Grande, 1997, página, 89.
20 de abril
1967 – Justiça absolve Pedrossian
Em sessão plena, o Tribunal de Justiça do Estado, tendo como relator o desembargador Wilian Drosghic (foto), decide arquivar o processo-crime instaurado contra o governador Pedro Pedrossian, por motivo de sua demissão a bem do serviço público do cargo de engenheiro da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. A decisão foi tomada em virtude do Procurador Geral do Estado, Benjamim Duarte Monteiro, ter pedido arquivamento, por não ter encontrado nos autos do inquérito administrativo indícios ou provas sérias para oferecimento da denúncia.
FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 321.
20 de abril
1933 - Getulistas convocam povo para eleições de 3 de maio
Itrio Correa da Costa, líder do partido getulista |
À frente o prefeito nomeado Ytrio Correa da Costa, de Campo Grande, a União Cívica Nacional, partido do governo provisório do presidente Getúlio Vargas, publica conclamação "Ao Povo de Mato Grosso," a comparecer às eleições para a Assembleia Nacional Constituinte:
Nesta hora histórica para a nacionalidade, em que o povo brasileiro, tocado de intensa vibração cívica, se prepara para o grande comício eleitoral de 3 de Maio p. vindouro; nesta hora em que os grandes líderes do pensamento revolucionário se congregam, sob a bandeira da grande e invicta União Cívica Nacional para a defesa daqueles mesmos postulados e daqueles mesmos ideais que impeliram a Nação à arrancada gloriosa de Outubro de 30, hoje consubstanciados no ante-projeto constitucional e que o eminente Dr. Getúlio Vargas e seus dignos representantes civis e militares vêem concretizando belamente, não nos cabe a nós, nem a nenhum amigo do Governo Provisório, outro dever que o de cerrarmos fileiras, sem distinção de credos partidários, em frente única coesa e forte, para a sustentação da Nova República e de seu governo nas urnas.
Calem-se, portanto, os ressentimentos e divergências acaso existentes, para que inspirados pelo fogo sagrado do amor à grande causa e, sobretudo, imbuídos de uma espiritualidade superior, de desinteresse e de renúncia, possamos ter a honra de concitar a todos os nossos concidadãos, seja revolucionários ou não, mas amigos do Governo, a se arregimentarem sob o mesmo lábaro para a sustentação do ideal comum.
É preciso que Mato Grosso demonstre aos olhos da Nação Brasileira, que está igualmente integrado na Revolução para cujo advento e para cuja vitória tanto concorreu. É preciso que honremos as nossas tradições de civismo e correspondamos ao sacrifício de tantos mártires de nossa ressurreição administrativa e política.
Eia, povo de Mato Grosso!
"Unamo-nos, nobre e patrioticamente pelos laços indissolúveis do entranhado amor à causa e marchemos resolutos e certeiros, para o prélio e para a vitória.
VIVA A REVOLUÇÃO!
Campo Grande, 20 de Abril de 1933.
as). Ytrio Correa da Costa, Coronel Antonino Menna Gonçalves, Alfredo Correa Pacheco, Alvino Correa da Costa, Deusdedith de Carvalho, Adhemar Benevolo e Francisco Ferreira de Souza.
FONTE: Arquivo Público Estadual, Mato Grosso do Sul, trajetória 30 anos, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2007, página 43.
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