segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

21 de abril

21 de abril

1867 - Tropas de Camisão ocupam o forte Bela Vista no Paraguai



Forte de Bela Vista do Paraguai, em esboço de Taunay



Na guerra contra o Paraguai, coluna brasileira, que viveria a dramática retirada da Laguna, entra em território inimigo e ocupa o forte de Bella Vista. O relato é do cadete Taunay:

“No dia seguinte, 21 de abril, às 8 da manhã, deram os clarins do quartel general o toque de marcha: nada menos significativa do que transpormos a fronteira, entrar em território paraguaio e atacar o forte de Bela Vista, que, deste lado, é a chave de toda aquela região. Não havia quem não compreendesse o alcance da operação, redobrando por este motivo a animação geral. Cada um envergava o mais luzido uniforme; e como às nossas antigas bandeiras não prestigiasse ainda feito notável algum, foram substituídas por outras, cujas cores vivas se destacavam no céu formoso das campinas paraguaias.


Deixando a Machorra, adotara-se a ordem compacta. Dos dois lados da coluna, e para facilitar o movimento, os atiradores, que a flanqueavam, cortavam a macega; pois mudara a natureza do terreno. Não mais tínhamos a grama curta e fresca dos prados que acabávamos de atravessar. Estava o solo coberto desta perigosa gramínea que atinge a altura de um homem, e a que chamam macega, e cujas hastes duras e arestas cortantes tornam, em muitos lugares do Paraguai, a marcha tão penosa. Transpusemos o Apa em frente a Bela Vista; o 20° de infantaria de Goiás formava a vanguarda, sob o comando do capitão Ferreira de Paiva. Avançando à frente dos batedores, a quem comandava, jovem e valente oficial, de nome Miró, fadado à morte próxima, víamos o velho Lopes, apressurado, montando belo cavalo baio, um daqueles animais que o filho e os companheiros deste haviam tomado aos paraguaios.

Estava no auge da alegria, o olhar como o de um rapineiro, a fitar Bela Vista, que começávamos a avistar. De repente, no momento em que acabávamos de chegar ao seu lado, percebemos que a fisionomia se lhe anuviara: 'A perdiz, disse-nos, voa do ninho e nada nos que deixar, nem os ovos'. Mostrava ao mesmo tempo tênue fumo que subia aos ares. 'São as casas de Bela Vista que incendiaram'.

Foi a notícia levada ao Coronel que, avisado também por um sinal do alferes Porfírio, do batalhão da frente, fez acelerar a marcha. Começamos a correr, precipitando-se a linha de atiradores do 20° para o rio; mas à sua frente já se antecipara pequeno grupo de que fazia parte o nosso guia. Com grande espanto nosso não pareciam os inimigos pretender disputar-nos o passo; retiravam-se do Apa como já se haviam afastado da Machorra, indo estacar a uma distância grande, imóveis sobre os cavalos".

Em 22 de maio seguinte, o comandante da coluna, coronel Camisão liberou o seguinte relatório:

O programa que apresentei às forças, ao partir da Colônia de Miranda, acha-se concluído em toda a sua brilhante plenitude. O inimigo fugiu aos primeiros passos da briosa força brasileira e nos abandonou seus entrincheiramentos, incendiando as suas propriedades e devastando brutalmente o trabalho de longos anos. - O conflito em que devia patentear-se a coragem que é própria do soldado brasileiro, não se deu: bastou a simples demonstração de sua placidez e energia. - Deus, em sua resplandecente justiça permitiu a completa reação da injusta invasão do distrito de Miranda, tocando-nos a glória imensa de executá-la em todo o seu elastério. - Orgulhoso por me achar à testa de tão distinta expedição, louvo em extremo, nesta ocasião, aos empregados do quartel deste comando, srs. engenheiros, médicos, oficial pagador, comandantes dos corpos de caçadores e de cavalo, provisório de artilharia, dos batalhões ns. 17, 20 e 21, todos os srs. oficiais e praças pelo entusiasmo no desejo de encontrar o inimigo e alegria ao marchar ao seu encontro, que se manifestaram em todas as ocasiões, desde a saída de Miranda, não só nos corpos que formavam a vanguarda, os quais desenvolveram muita atividade e vigilância, como nos demais, o que patenteou-se na passagem do rio Apa, o qual apesar de seu péssimo vau foi em poucos minutos transposto, ainda mesmo pela artilharia, cujo trem pesado faria crer em longa demora, dando-se o mesmo com o cartuchame. Ainda merece os meus elogios o bravo e denodado guia dessas forças José Francisco Lopes, o qual, impelido pelos sentimentos de pai e cidadão, pois tem a sua família prisioneira nesta República, nunca se esquivou a trabalhos e perigos, assim como os mais paisanos e fugitivos que ora me acompanham.

Sem resistência, o forte, que apenas consistia em sólida estacada de madeira, foi ocupado pelos brasileiros, assim como a vila. 


FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, (16ª edição brasileira) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, páginas 59 e 154.



21 de abril

1919 - Pedra fundamental da biblioteca pública de Campo Grande


Projeto do prédio da primeira biblioteca de Campo Grande
Na administração municipal de Rosário Congro, é criada a primeira biblioteca da vila de Campo Grande, em terreno doado pela municipalidade, em local onde funcionou o Rádio Clube , o fórum e, finalmente, a Câmara de Vereadores. Arlindo de Andrade, que foi o primeiro juiz de direito da comarca e fundador do primeiro jornal (O Estado de Mato Grosso), foi um dos dirigentes da Sociedade Organizadora da Biblioteca Pública de Campo Grande, responsável pela administração da entidade, juntamente com seu colega advogado, José Jaime Ferreira de Vasconcelos.


FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 44.



21 de abril

1930 - Instalada a primeira escola normal de Campo Grande

Anexa ao ginásio estadual, na avenida Afonso Pena é instalada a primeira escola normal de Campo Grande. Seu primeiro diretor foi o professor Tessitore Júnior. O ato inaugural foi presidido pelo juiz de direito da comarca, Laurentino Chaves. que pronunciou "de improviso e com uma eloquência tão sua", proferiu discurso considerado "verdadeiro alarma contra o materialismo avassalador e absorvente ora dominando os homens". O prefeito Antero Paes de Barros, agradeceu ao governador Aníbal de Toledo pelo investimento do Estado no ensino público da cidade.

Em homenagem a Tiradentes, cuja data se comemorava, fez uso da palavra o capitão Eudoro Correa de Arruda.


FONTE: A Cruz (Cuiabá), 26/05/1930.






21 de abril

1951 - Circula o número 1 do jornal "O Progresso" de Dourados



Com direção do advogado Weimar Torres passa a circular em Dourados o semanário O Progresso. O título foi uma homenagem do editor ao seu genitor, o também advogado e jornalista José dos Passos Rangel Torres, que manteve um jornal com o mesmo nome em Ponta Porã. O Progresso estreou com um título ufanista e profético - VERTIGINOSA! A marcha de Dourados para o progresso - secundado por um lead que traduzia a azáfama da cidade naquele meado de século: "De uma terra inexpressiva e esquecida, passa Dourados a ser uma das regiões mais famosas da Pátria. Gente de toda parte se instala no município para explorar suas magníficas matas. Mais de 2.400 pessoas chegadas depois do recenseamento. Grandes vendas de terra, cinema, luz elétrica, linha de aviões diários, loteamento em massa, mais e mais casas de comércio, valorização acelerada dos imóveis, cafezais, produção imensa de algodão e cereais, instalação de grandes serrarias, um instantâneo polifórmico de uma esplêndida realidade".


FONTE: Regina Heloiza Targa Moreira, Memória Fotográfia de Dourados, UFMS, Campo Grande, 1990, página 117.




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