1870 - Chega a Cuiabá, notícia do final da guerra do Paraguai
Hermes da Fonseca, autor da boa nova |
Chega a Cuiabá, procedente de Corumbá, o vapor Corumbá, com a notícia da morte do marechal Francisco Solano Lopes em 1º de março. A embarcação é portadora ao presidente da província do seguinte ofício:
Comando das forças em operações e da Fronteira do Baixo Paraguai, em Corumbá, 15 de março de 1870. - Ilmo. e Exmo. Sr. - por mim e em nome de todos da força de meu comando, me congratulo com V. Exa., e dou meus parabéns pelo feliz sucesso que coroou o heroísmo e os esforços do Império, lavando a mancha do insulto que um louco lhe atirou em face.O patriotismo inexedível e a heróica pertinácia do primeiro brasileiro, S. M. o Imperador, o valor, a sabedoria, a energia do nosso ínclito Marechal Comandante em Chefe, S. Alteza o Senhor Príncipe Conde d'Eu; a incansável atividade, a resignação do bravo general José Antônio Correa da Câmara e dos seus comandados, concluindo com o monstro sanguinário que assombrou a humanidade em nossos dias depois de tantos séculos, levou o Brasil à altura que lhe compete entre as nações - Deus guarde à V. Exa. - Ilmo. sr. Comendador Luiz da Silva Prado, Digníssimo Vice-presidente da província. - Hermes Ernesto da Fonseca, coronel.
General, no novo regime, Hermes da Fonseca chegaria à presidência da República.
FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, (2a edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 145.
23 de março
1905 - Rondon descobre o Pantanal do Desengano no rio Negro
Pantanal do Rio Negro, explorado por Rondon |
Em sua exploração ao Pantanal sul-matogrossense Rondon inicia, finalmente, o reconhecimento do grande pantanal do Desengano entre os rios Negro e Aquidauana. Os detalhes estão no diário do sertanista:
"Cedo largamos as chalanas na direção E.S.E. Qualquer rumo seria possível naquele pantanal - vastíssimo, coalhado de capões de mato alto de bacuris e buritis, a se estender por todo o vão entre o rio Negro e o Aquidauana que o alimenta no tempo das águas. Quando cessam as chuvas, toma a parte central do pantanal o aspecto de grande brejo, porque lhe fica apenas o fundo lodoso - alimenta-o, então, o rio Negro. Não dá entrada, nessa época, nem mesmo as canoas, e nem se pode atravessar a cavalo, porque é atoladiço. É a região dos buritizais que os caçadores de penas de garças, vindos do rio Aquidauana, avistam de longe e que denominam Brejão dos Buritizais, supondo ser aí a origem do rio Vermelho. Os que penetram pelo rio Abobral dão também notícia do Brejão. Nele não penetram, nem uns nem outros, uma vez que os canais dos rios Vermelho e Abobral desaparecem, para dar lugar ao referido brejo, talvez navegável de dezembro a abril. Naveguei cerca de três léguas, na direção E.S.E., parando em outro capão, dei volta para N.N.O., percorrendo os grandes buritizais. Verifiquei saída d'água para o Sul e para o Poente. Vimos nessas vazantes piraputangas, - o que indica comunicação com o Paraguai. As águas que se dirigem para o Sul são as que, canalizadas mais abaixo dão lugar ao suposto rio Vermelho, uma das bocas por onde saem as águas do rio Negro. As que vão para o Poente se canalizam, igualmente mais abaixo, o também suposto rio Abobral. Depois do almoço, à margem esquerda da vazante que corre para o Poente, penetramos no grande pantanal do Desengano, onde desapareceu o braço do rio Negro, por onde navegamos as duas vezes. Chegamos ao acampamento da baia do Amparo, depois de atravessar o pantanal do Desengano, cerca de meia légua abaixo do ponto em que o rio se sumiu definitivamente. Verifiquei, pois, que ele não se canalizou abaixo, como eu supusera. Suas águas se espalharam na grande bacia, para se canalizarem, certamente em outro rumo."
FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio de Janeiro, página 183.
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