terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

27 de abril

27 de abril

1867 – Taunay dá notícias de Bela Vista no Paraguai



Homenagem a Taunay no quartel de Aquidauana



Pouco antes de partir para a fazenda Laguna, onde se daria o primeiro grande confronto com forças paraguaias, do forte Bela Vista, o tenente Taunay manda à sua irmã, no Rio, sua única carta de território paraguaio:

“Estamos presentemente destruindo a estacada que constituía este forte. Boas fogueiras ardem ao pé dos grossos paus de aroeira formando uma atmosfera agradável para combater o frio intenso que já se começa a sentir. Diante de nossos postos avançados estão os paraguaios que, conhecendo a nossa falta de cavalaria, observam do alto de uma eminência o incêndio da fortificação que defenderam tão mal.


Hoje achou a seguinte resposta a uma intimação que lhes foi dirigida em termos muito delicados:

 
Al Comandante de la fuerza brasileira – Lãs fuerzas Paraguayas siempre tienen oficiales com quienes hablar: pero em el estado pleno de guerra entre el Imperio y la Republica, solo com la espada em mano podrán tratar com vosotros... Los tiros que hábeis disparado contra nosotros, no nos ofendem; sobran campos para las armas republicanas.


Estiveram polidos e já é muito. A letra é linda e do próprio punho do major Urbieta, como reconheceram os fugitivos que estão entre nós. Entretanto, se tivéssemos aqui uns 50 soldados bem montados estaríamos de posse de imensa bagagem que os inimigos puderam por a salvo de nossa perseguição.

A posição de Lopez deve estar desesperada; senão ele teria mandado reforço depois de um mês de aviso de próximo ataque. Se esta guerra pudesse terminar breve e pudéssemos, enfim, abraçar-nos, daríamos por bem empregada a longa ausência de dois anos. O correio vai partir, adeus, mil saudades a Mamãe do grande filho condecorado. Alfredo".




FONTE: Taunay, in Mensário do Jornal do Comércio (Tomo XXI, volume II), Rio, fevereiro de 1943, página 349.





27 de abril

1892 - Deputado desmente separação de Mato Grosso

Passando por Montevideo em direção ao Rio de Janeiro, o deputado federal e oficial do exército, Caetano de Albuquerque, um dos autores do golpe que derrubou o governador Manoel Murtinho, desmente a notícia de que os rebeldes haviam proclamado a independência de Mato Grosso. As explicações do parlamentar foram publicadas no jornal La Razon:

"Tomo a liberdade de salientar a publicação destas linhas, cujo objetivo é desfazer a falsa notícia que em muito está prejudicando o Estado de Mato Grosso, que eu tenho a honra de representar no Congresso Brasileiro. Corre como certo aqui e em Buenos Aires, que Mato Grosso separou-se da União constituindo uma república independente. Asseguro ao sr. diretor que semelhante versão não tem fundamento algum, e gravíssimo erro, senão insensatez seria pretender que aquele estado rompesse os laços de solidariedade nacional. A semelhante tentativa eu opor-me-ia franca e energicamente, como altamente antipatriótica.

Em Mato Grosso pretende-se que o governo do digno marechal Floriano Peixoto reconheça, como é de justiça, a validade das eleições do mês de janeiro. Pelas notícias do Rio aqui publicadas, vejo que o governo central acha-se sob a ação de perversas informações, nem de outra forma poderia explicar a atitude desumana que ele está tomando em relação a um estado de escassa população, em uma contenda em que não é difícil um acordo.

Publicando estas linhas no seu importantíssimo jornal, prestaria V. um obséquio de muito valor a que subscreve-se seu atento servidor.- Caetano de Albuquerque, deputado por Mato Grosso.- Montevideo, abril 27".

FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 7 de janeiro de 1893.


27 de abril

1921 – Novo código de Campo Grande



Arlindo de Andrade, o segundo da esquerda e os funcionários da intendência
Aprovado pela Resolução n. 48, de 27 de abril de 1921, passa a circular o novo código de posturas da cidade, também conhecido como Código do Dr. Arlindo, por ter sido uma iniciativa do intendente Arlindo de Andrade Gomes, “composto de 578 artigos e um quase igual número de parágrafos, ricos em detalhes, vazado em linguagem elegante e correta, tão rico em detalhes que transcende da matéria peculiar nos diplomas de tal gênero”, segundo Ulisses Serra.

“O legislador foi precavido, prescrevendo um sem-número de cautelas, inclusive quando proíbe a queima de bolas ardentes, busca-pés, morteiros e outros quaisquer fogos que pudessem lesar transeuntes, moradores e proprietários.

 
Foi generoso ao vedar, no artigo 323, touradas com mau trato aos animais e sem precatar-se convenientemente os artistas, como se isso fosse possível em diversões pela sua própria natureza violentas e emocionais".



O primeiro código de Campo Grande é de 30 de janeiro de 1905 e foi sancionado na administração do intendente Manuel Taveira.


FONTE: Ulisses Serra, Camalotes e guavirais, Editora Clássica Científica, São Paulo, 1971, página 45.



1961 – Jânio Quadros na reunião dos governadores





O presidente Janio Quadros, recém empossado, abre em Cuiabá, reunião dos governadores do Centro-Oeste. Era governador de Mato Grosso, pela segunda vez, o ex-prefeito de Campo Grande, Fernando Correa da Costa.

“Para Mato Grosso traçou-se um vigoroso, amplo e racional esquema de atividades, desde a constituição de grupos de trabalho para estudos relativos à defesa e adensamento, no seu próprio habitat, da poaia, da seringueira e da erva mate; navegação dos rios; prolongamento da Estrada de Ferro Araraquarense até Cuiabá; remodelação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, a exemplo do que se faz no território de São Paulo; pavimentação do eixo rodoviário Porto Quinze de Novembro, Campo Grande e Cuiabá; prosseguimento da construção da rodovia Cuiabá a Porto Velho e Acre, na penetração da Amazônia, até financiamento pelo BNDE e Caixa Econômica de empreendimentos de eletrificação de várias cidades".



FONTE: Demósthenes Martins, História de Mato Grosso, edição do autor, Campo Grande, sd., página 129.


27 de abril


1977 – Libelo contra a divisão de Mato Grosso






O governador de Mato Grosso, José Garcia Neto (foto) encaminha ao general Ernesto Geisel, presidente da República, suas razões contrárias à criação do Estado de Mato Grosso do Sul:

Mato Grosso, a despeito de suas dimensões, que muitos consideravam, no passado, o seu grande infortúnio, é hoje um Estado consolidado e satisfatoriamente integrado pelos meios modernos de transporte e comunicação, mantendo o Governo sob seu efetivo controle as instituições econômicas, sociais e políticas. Suas receitas correntes são maiores que as despesas correntes, o que não ocorre com algumas unidades da Federação.
Dividir Mato Grosso seria, a meu ver, transformar um Estado financeira e economicamente consolidado em duas unidades inviáveis, que não teriam sequer condições de atender às exigências das resoluções 62 e 93 do Senado Federal, quanto à capacidade de endividamento. Contrariaria, ainda, no meu entender, a tese vitoriosa no mundo inteiro das fusões, que visam diminuir as despesas administrativas, do que são exemplos o Mercado Comum Europeu e o Comecon, já não falando da própria experiência brasileira da fusão dos Estados do Rio e da Guanabara e de nossa adiantada legislação incentivando a fusão das empresas privadas que deflagrou um processo de associação a que aderiram numerosas organizações, entre as quais as instituições de crédito de mais de um século.


O desequilíbrio financeiro que a Divisão de Mato Grosso provocaria, geraria problemas de tal monta que o governo federal teria, para solucioná-los, que carrear grandes recursos para custeio da administração dos dois Estados, os quais somariam, no primeiro ano, cerca de 380 milhões de cruzeiros, a preços de 1977, quando neste mesmo ano o orçamento de Mato Grosso apresenta superávit de 70 milhões de cruzeiros, entre as receitas correntes e as despesas obrigatórias, inclusive amortização de dívidas".

 



FONTE: Pedro Valle, A divisão de Mato Grosso, Royal Court, Brasília, 1996, página 41.

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