terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

26 de abril

26 de abril

1892 – Golpe militar: Jango Mascarenhas organiza resistência

Prefeitura de Nioaque, fotografia do início do século passado

O líder sulista, João Ferreira Mascarenhas, promove reunião na Fazenda Estância, de Atanásio de Almeida Melo, no município de Nioaque para falar do golpe contra o presidente Manoel Murtinho, em Cuiabá e organizar a resistência ao coronel Barbosa que, a partir de Corumbá, na condição de comandante militar do Estado, chefiava o movimento rebelde, inspirado na posição política do general Antonio Maria Coelho, solidário ao marechal Deodoro, presidente deposto e, consequentemente, em oposição ao vice-presidente Floriano Peixoto, que assumiu o governo, com poderes ditatoriais em 23 de novembro de 1891.

Miguel Palermo, seguidor de Jango e seu colaborador registrou: 
 
“...as ideias manifestadas por Mascarenhas triunfaram, tendo-se disposto juntar o povo, restabelecer a legalidade e obstacular todos os atos do coronel Barbosa e seus adeptos na comarca, respondendo assim, em concordância com os movimentos da capital estadual.
Formou-se uma comissão especial, composta dos cidadãos João Ferreira Mascarenhas, Atanásio de Almeida Melo, Antônio Vicente de Azambuja, Joaquim Augusto de Oliveira César e Eduardo Peixoto Freire Geraldes, os quais firmaram um manifesto que, circulando de casa em casa e de morador em morador, com a máxima celeridade, cativou em pouco tempo os corações patriotas do município"


Na circular Jango Mascarenhas proclamava:

"Tenho compreendido que chegou o momento de poder demonstrar à Nação inteira os elementos valiosos com os quais contamos neste torrão do Estado, a nossa índole, a nossa vontade e o nosso amor à Pátria - e certamente um grande sacrifício, mas devemos juntar-nos para que os inimigos da ordem e da tranquilidade pública conheçam o próprio dever e respeitem a soberania popular, ultrajada por poucos ambiciosos, sustentados por um coronel insubordinado e rebelde ao governo federal e por oficiais indisciplinados que diariamente mancham a farda que deveriam manter impoluta".

O exército popular, organizado por Jango Mascarenhas, ocupou Miranda, tomou o quartéis do exército de Nioaque e Ponta Porã e assumiu o controle no Sul do Estado, assegurando o sucesso do contragolpe na região e contribuindo decisivamente com o restabelecimento da ordem constitucional no Estado, sob o comando de Generoso Ponce. Manoel Murtinho reassume o governo e Jango Mascarenhas consolida sua liderança política no Sul do Estado, voltando à Intendência de Nioaque".



FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque evolução política e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992. Página 50.


26 de abril 

1892 - Confirmada república de Mato Grosso



Crescem os rumores da proclamação da República Transatlântica de Mato Grosso, feita por militares de Corumbá, resultante da golpe militar de 1892, que destituiu o governador Manoel Murtinho. O Jornal do Commercio, do Rio, transcreve notícia de jornal La Prensa da Argentina, desta data com o seguinte teor:

"O Rápido, que entrou no porto de Assunção as 7 horas da manhã de hoje, foi portador das mais graves do estado brasileiro de Mato Grosso.

Este paquete brasileiro havia saído há poucos dias deste porto em sua carreira ordinária até Corumbá. Chegando à vila Conceição encontrou-se o seu comandante com oito oficiais da armada brasileira, que o informaram de que vieram a bordo do vaporzinho Rio Verde até este porto, por terem resolvido não aderir à revolução. Estes oficiais chegaram hoje a Assunção a bordo do Rápido.

Estivemos esta tarde com o general Ewbank, nomeado presidente de Mato Grosso, em cuja presença deram-nos aqueles oficiais as notícias que transmitimos a nossos leitores.

Já se conhecia a decisão do povo de Corumbá de impedir que o general Ewbank tomasse posse da presidência, e que o coronel João da Silva Barbosa havia sido eleito para encarregar-se provisoriamente da direção dos negócios militares.

Posteriormente operou-se o regresso do general Ewbank a Assunção, do que também se teve oportunamente, conhecimento nesta capital.

O exército e a armada fazendo causa comum com o povo, depois de se recusarem a receber o general Ewbank, declararam-se agora nação independente, separando-se completamente da União Federal do Brasil.

O coronel Barbosa assumiu o comando do exército e da armada. Esta compõe-se do monitor Piauhy e das canhoneiras Fernandes Vieira e Iniciadora, sob as ordens imediatas do capitão-tenente Francisco Vieira que achava-se há pouco em Assunção.

Tanto a armada como o exército estão animadíssimos e dispostos a repelir qualquer força mandada pelo governo do Rio de Janeiro.

Mato Grosso constitui-se em República unitária e indivisível, adotando para sua bandeira as cores branca, azul e verde e uma estrela amarela. O Rio Verde já trazia esta nova bandeira.

Observa-se grande vigilância pelos navios do capitão Vieira, desde o rio Apa.

O arsenal de Ladário foi tomado pelo revolução.

O Diamantino estava disposto a seguir viagem hoje mesmo para Montevideo, levando os oito oficiais que transmitiram pelo telégrafo uruguaio estas notícias para o Rio de Janeiro.

O general prolongará a sua permanência em Assunção a espera dos resultados".

FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 5 de maio de 1892.



26 de abril

1913 - Campo Grande tem sua primeira lei ecológica





Entra em vigor lei de iniciativa do vereador Amando de Oliveira que considera de utilidade pública terrenos que contenham matas e todas as aguadas e fontes que ainda se encontrem em terras devolutas. É intendente (prefeito) do município o sr. José Santiago.

FONTE: Edna Antonelli (coordenadora) 100 anos do Legislativo de Campo Grande, Prefeitura/Camara Municipal de Campo Grande, 2005, página 13.

26 de abril

1913 - Greve de ferroviários em Aquidauana. 

Reclamando atraso em seus pagamentos, ferroviários de Aquidauana, entram em greve, segundo toda publicada em jornal de Cuiabá:

"O pessoal da Noroeste declarou-se em greve hoje, não concorrendo ao serviço por falta de pagamento de seis meses de salários atrasados.

Os grevistas, em atitude pacífica, reclamam além dos salários atrasados, redução das horas de trabalho e morada gratuita nas casas construídas pela empresa.

Não correu trem de passageiros para Miranda.

Os grevistas tem tratado com toda deferência o engenheiro chefe, repelindo, porém, tentativas de conciliação, declarando só voltarem ao serviço depois de pagos os seis meses atrasados.

São gerais as simpatias aos grevistas, diante de sua justa e ordeira conduta". 

Apesar de justa e ordeira, por parte dos trabalhadores, houve extremada reação do comandante militar de Aquidauana ao movimento, conforme delata telegrama do advogado dos grevistas, Ries Coelho, em telegrama enviado ao jornal O Matto-Grosso, de Cuiabá:

"Por haverem recorrido ao meu patrocínio, requeri habeas-corpus a grande número de trabalhadores da Noroeste, violentamente presos na estação por não quererem trabalhar, logo após a chegada do trem de Miranda, pelo major Martins Pereira à frente da força do Exército, armada e embalada. Fui ameaçado mesmo pelo major em altas vozes, em frente ao hotel, perante muitos cidadãos, que já deram atestado por escrito, de que serei o primeiro a tomar bala, caso se der qualquer perturbação da ordem, aliás até agora não alterada, apesar das provocações.

Estão presos no quartel do Exército diversos trabalhadores, parecendo que não há autoridades civis ou que isto aqui é praça de guerra".


FONTE: O Matto-Grosso, Cuiabá, 5 de maio de 1913.

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